115. Porque, historicamente, os Judeus têm sido tão perseguidos?
Jober Rocha*
Alguns historiadores, bem como a maior parte das pessoas comuns, atribuem a perseguição sofrida pelos Judeus, ao longo da historia humana, aos seguintes fatores:
* Trata-se de um povo que não busca a miscigenação e a integração com outros povos; isto é, um povo misantropo, que desconfia e tem tendência para antipatizar com outros povos;
* Foi o povo responsável pela crucificação e morte de Jesus Cristo;
* Sua religião prevê a realização de rituais, onde crianças são sacrificadas, hóstias profanadas, etc.;
* O dinheiro constitui, para eles, a coisa mais importante na vida;
* Possuem um projeto de dominação mundial, relatado em uma publicação apócrifa, denominada “Os Protocolos dos Sábios do Sião”, etc.
Em nossa opinião, a perseguição movida contra os judeus não começou na Alemanha, na época da Segunda Grande Guerra, ou mesmo na Palestina, com os árabes, após a decisão britânica de ali instalar judeus oriundos do mundo inteiro. A perseguição talvez possua outra razão, pouco divulgada e pouco conhecida, e as causas anteriormente citadas, embora possam conter uma ou outra verdade, buscariam, apenas, esconder o verdadeiro motivo.
Objetivando esclarecer a referida tese, começaremos pelo início, falando sobre as origens do povo judeu. Judá fazia parte do Reino de Israel, que, de acordo com a Bíblia, era a nação formada pelas 12 Tribos de Israel, um povo descendente de Jacó, Isaac e Abraão. Segundo Wikipédia, conhecido como a biblioteca da WEB, encontramos a seguinte matéria sobre os judeus:
*“A origem de judeus é tradicionalmente datada de aproximadamente 2000 a.C. na Mesopotâmia, quando a destruição de Ur e da Caldeia obrigou a população a imigrar para outros lugares. A família de Abraão estava entre aqueles que imigraram para a Assíria. Abraão é considerado o fundador do Judaísmo”.
*“A Estrela de Merenpta, datada de 1200 a.C, é um dos mais antigos registros arqueólogos do povo judeu na Terra de Israel, onde o judaísmo, a primeira religião monoteísta, se desenvolveu. De acordo com relatos da Bíblia, os judeus desfrutaram períodos de autodeterminação, primeiramente sob juízes bíblicos, de Otniel até Sansão. Depois, em aproximadamente 1000 a.C, o Rei Davi estabeleceu Jerusalém como a capital do Reino Unido de Israel e Judá, também conhecido como a Monarquia Unida, e, de lá, reinaram as Doze Tribos de Israel”.
*“Em 970 A.C, Salomão, o filho do Rei Davi, tornou-se rei de Israel. Dentro de uma década, Salomão começou a construir o Templo de Jerusalém conhecido como o Primeiro Templo. Depois da morte de Salomão (em 930 a.C), as dez tribos do norte se dividiram para criar o Reino de Israel. Em 722 a.C, os Assírios conquistaram o Reino de Israel e expulsaram os judeus, começando a Diáspora judaica. Num tempo de mobilidades e jornadas limitadas, os judeus se tornaram os primeiros e mais visíveis imigrantes. Naquele tempo, como hoje, os imigrantes eram tratados com suspeitas”.
*“O período do Primeiro Templo acabou em 586 a.C quando os Babilônicos conquistaram o Reino de Judá e destruíram o Templo de Jerusalém. Em 538 a.C, depois de 50 anos de Cativeiro Babilónico, o rei Ciro II da Pérsia permitiu que os judeus regressassem para reconstruir Jerusalém e o templo sagrado. A construção do Segundo Templo foi completada em 516 a.C. durante o reino de Dario I da Pérsia, setenta anos apos a destruição do Primeiro Templo. Quando Alexandre, o Grande conquistou o Império Persa, a Terra de Israel ficou sob controle helenístico e depois sob controle da Dinastia ptolomaica que depois a perdeu para o Império Selêucida. A tentativa dos selêucidas para reformar Jerusalém como uma polis helenística chegou ao máximo em 168 a.C. com a sucedida revolta dos Macabeus de Matatias o Sumo Sacerdote e os seus cinco filhos contra Antíoco IV Epifânio, e o estabelecimento deles do Reino Hasmoneu em 152 a.C com Jerusalém novamente como sua capital. O Reino Hasmoneu durou mais de cem anos, mas quando o Império Romano se fortaleceu, instalou Herodes como um "rei cliente" judeu, ou seja, aquele que governa um estado satélite (estado independente que tem muita influência de um outro país). O Reino de Herodes também durou cem anos. O fato dos judeus serem derrotados na Grande Revolta Judaica em 70 d.C., a primeira das Guerras judaico-romanas, e na Revolta de Bar Kokhba em 135 d.C. contribuiu para os números e a geografia da diáspora, pois uma grande parte da população judaica da Terra de Israel foi exilada e muitas pessoas foram vendidas como escravos por todo o Império Romano. Desde então, judeus começaram a morar em quase todos os países do mundo, principalmente na Europa e no Oriente Médio, sofrendo discriminação, precnceito, opressão, pobreza e até genocídio. Houve períodos, todavia, de prosperidade cultural, econômica e individual em vários locais, como em Al-Andalus e na Haskalá”.
*“Até o final do Século XVIII, os termos ‘judeu’ e ‘aderente do judaísmo’ eram praticamente sinônimos, e o judaísmo era a principal ligação entre os judeus, independentemente do grau de aderência de cada um. Após o Iluminismo, e sua contraparte judaica Haskalá, uma gradual transformação ocorreu, durante a qual muitos judeus afirmavam que, embora sendo membros da nação judaica, não significava com isto que estavam aderindo a fé judia”.
*“O substantivo hebreu "Yehudi" (plural Yehudim) originalmente se referiu à tribo de Judá. Depois, quando o Reino de Israel se separou do Reino de Israel Meridional, este começou a se referir pelo nome de sua tribo predominante; ou seja, como o Reino de Judá. O termo originalmente se referiu às pessoas do reino meridional, embora o termo B'nei Yisrael (Os filhos de Israel, ou israelitas) era ainda usado para os dois reinos. Depois que os assírios conquistaram o reino setentrional, deixando o reino meridional como o único estado israelita, a palavra Yehudim gradualmente tornou-se a referir às pessoas que se aderiram à fé judaica, ao invés de somente às pessoas do Reino de Judá. A palavra portuguesa judeu é, no final das contas, derivada da palavra Yehudi. A primeira utilização desta palavra no Tanakh (Bíblia Hebraica ou Velho Testamento) para referir-se às pessoas da fé judaica está no Livro de Ester”.
*“A arqueologia vem demonstrando que, durante os séculos IX e VIII a.C., Judá não passava de uma região atrasada, predominantemente rural, prejudicada pelo isolamento geográfico e com uma população politeísta formada principalmente por pastores nômades e somente foi mencionado por fontes estrangeiras, pela primeira vez, em 750 A.C.; isto é, dois séculos após a formação do reino de Israel. Este, por outro lado, localizado numa região mais privilegiada para a agricultura e rota de comércio entre os portos fenícios e os Estados da Mesopotâmia, gozou de grande desenvolvimento anterior, durante os séculos IX e VIII a.C., estendendo suas fronteiras entre os territórios aramaicos ao norte da Galiléia, instalando palácios em diversas partes do reino e formando um poderoso exército”.
*“A maior parte do que conhecemos sobre a vida de Herodes nos é relatado pelo historiador judeu Flávio Josefo, que, provavelmente, usou o trabalho de Nicolau de Damasco como fonte, porque quando termina Nicolau, na época de Aquelau, o relato de Josefo se torna mais resumido. Segundo Josefo, a legitimidade de seu reinado era contestada pelos judeus por ele ser um idumeu. Numa tentativa de obter essa legitimidade, ele casou-se com Mariana (ou Mariamne), uma hasmoniana filha do alto sacerdote do Templo. Ainda assim, ele vivia temeroso de uma revolta popular, razão pela qual teria construído como refúgio, a fortaleza de Massada”.
*“Em 40 a.C., quando Matatias Antígonas, o último rei da dinastia hasmoniana entrou na Judéia com a ajuda de uma potência vizinha, Herodes fugiu para Roma, onde António lhe assegurou a realeza da Judéia com um exército romano, em 37 a.C. Otaviano (o futuro imperador Augusto), após a batalha de Ácio, em 31 a.C., manteve-o no poder”.
*“A sua corte era helenizada e culta. Ele fundou as cidades gregas de Sebaste (Samaria) e Cesaréia, com o seu belo porto. Também construiu fortalezas e palácios, incluindo Massada e o magnífico Templo, o Herodium. Presidiu aos Jogos Olímpicos”.
*“Herodes destronou os reis da dinastia hasmónea, que tinham governado Israel mais de um século. Essa dinastia tinha contado com o apoio dos saduceus. Por isso, Herodes era mal visto entre os saduceus. Em contrapartida, ele pôde contar com o apoio da facção moderada dos fariseus, conduzida por Hillel. Contou também com o apoio dos judeus da diáspora, mesmo naquela época de número considerável. Já a relação com os essênios era mais complicada. Por um lado, os essênios detestavam Roma e não aprovavam que Herodes governasse em nome de Roma. Por outro lado, Herodes era um amigo de Menahem, o essênio, e respeitava os essênios”.
*“Herodes construiu varias obras em seu reino, cuja monumentalidade ainda hoje é admirada. Delas subsiste como documento mais bem conservado, o Túmulo dos Patriarcas, em Hebron”.
*“Ao morrer, em 2 d.C., Herodes deixou disposto em testamento, a partilha do reino entre três de seus filhos sobreviventes: Herodes Arquelau, Herodes Antipas e Herodes Filipe”.
Antipas, filho de Herodes o Grande, é conhecido através dos relatos do Novo Testamento, e alguns autores identificam-no com Jesus Ben Pantera, filho natural de Mariamne (Maria) com o romano Tibério Cláudio Nero (ou Tibério Pandira/Pantera, mais tarde imperador romano conhecido como Tibério Julius César). Herodes Filipe seria seu irmão gêmeo, conhecido também como Judas Tomé Ben Pantera. C. J. A. Rosière, em seus livros “O Mito Jesus”, “O Pantera”, “A Mulher Sem Nome’ e “A Linhagem”(Novo Mundo, 2009), afirma: “Após doze anos de pesquisas, cheguei a conclusões que mudam totalmente a história do cristianismo e do mundo ocidental”.
Segundo a tese do mencionado autor, Jesus não era filho de Deus, nem sequer sobrinho distante. Jesus era filho biológico do romano Tibério Cláudio Nero (conhecido como Pandira ou Pantera), pertencente à elite romana e que fora adotado pelo imperador Augusto César, já que seu irmão Cláudio Nero Drusus era casado com Antônia Menor, sobrinha do imperador Augusto.
Na época em que servira nas forças romanas sediadas na Palestina, Pandira conhecera Maria, a mãe de Jesus, com quem teve um caso amoroso do qual nasceram gêmeos (um deles Jesus/Yeshu/Yeshai/Jehosuah ben Pandira ou Herodes Antipas e o outro conhecido como Judas Tomás/ Jehudá Tomé ben Pandira ou Herodes Felipe (uma pessoa, naquela época, poderia ser conhecida por vários nomes, de acordo com a função desempenhada, além de seu nome batismal. Poderia carregar um nome sacerdotal acrescido de um título patriarcal, além de um nome titular). Mais tarde Tibério chegou a ser também imperador romano, sob o nome de Tibério Julius César e foi divinizado, como ocorria com todos os imperadores romanos.
Neste particular, pode-se afirmar que Jesus era, sim, filho de Deus. Na época da suposta crucificação de Jesus, Tibério era o imperador romano, o que poderia explicar a frase atribuída a Jesus: Pai, porque me abandonaste? Algumas obras de pintores famosos apresentam não um, mas dois meninos Jesus no colo de Maria ou de José, como é o caso de pinturas de Poussin; a obra Madona das Rochas de Leonardo da Vinci e a decoração encomendada por Berenger Saunière para a Igreja de Rennes-le-Château, onde Maria e José aparecem, um de cada lado do altar, ambos segurando um menino Jesus. Neste contexto, José (na verdade Herodes, o grande, pretendente de Maria e não um simples carpinteiro) teria aceitado ser o padrasto dos filhos ilegítimos do imperador Tibério Július César e Maria (na verdade Mariamne, da casa real de Judá).
O casal José e Maria (Herodes e Mariamne) teria viajado para Qumran para que Mariamne desse a luz em uma casa conventual Essênia – em Belém da Judeia – destinada ao nascimento e a criação de crianças geradas fora do casamento. Jesus, como primogênito, filho de um amor ilícito do imperador romano com Mariamne, seria o próximo na linha de sucessão do império romano, caso o imperador não tivesse filhos legítimos. Tal situação poderia ser (como foi na realidade) motivo para uma intriga e, mais ainda, uma conspiração de alto nível envolvendo a pretensão, por direito legal, a sucessão ao trono imperial romano por parte de um filho, ainda que ilegítimo, de um imperador romano com uma mulher da casa real de Judá.
Tal fato seria motivo, mais do que suficiente, para que a elite romana da época não só omitisse todo o evento, criando um vazio histórico, como, também, destruísse todos os documentos referentes a Jesus, sua família e seus descendentes. Mais ainda, trezentos anos após a suposta morte de Jesus, para um império romano em decadência, nada melhor do que a expectativa da criação de um poder que o substituísse de alguma forma, mantendo intacta a hegemonia de Roma e o predomínio da elite romana; daí os interesses e subterfúgios do imperador Constantino, ao convocar o Concilio de Niceia em 325 D.C., para, juntamente com os seguidores de Jesus (o homem), criar um mito religioso de grandes proporções, que ensejasse a formação de uma religião em torno do denominado ‘filho de Deus’. Maiores detalhes sobre estes assuntos podem ser encontrados no texto de número 49 ‘Contradições Dogmáticas’, deste mesmo blog 'O Interpelador'.
Em conformidade com F. Fernandes em “Jesus Este Ilustre Desconhecido”, publicado em ‘Cristianismo’ e disponível em www.diariodeunsateus.net, encontramos:
*“Nem a Arqueologia, nem a História, nem o Antigo Testamento contém uma única referência ao personagem Jesus. Apenas o Novo Testamento fala nele. Nos documentos históricos contemporâneos, ou posteriores à época de Jesus, nunca se fala dele e apenas quatro historiadores o mencionam: Flávio Josefo, cujos escritos sobre Jesus concluiu-se ser uma falsificação grosseira, isto é, uma tentativa de fazer ‘colar’ o nome do historiador à prova existencial do suposto Jesus. Plínio, o Jovem, faz referência numa carta a Trajano em que fala, vagamente, que os cristãos “afirmavam que as culpas ou erros se redimiam no fato de encontrar o dia esperado antes da alba, para cantar um hino a Cristo como se fora um deus…”. Suetonio (referindo-se a alguém que no ano 45, estava em Roma): “ uma vez que os judeus fomentavam contínuos distúrbios instigados por Crestos, Claudio expulsou-os de Roma”. Crestos é a tradução do original latino Chrestus; nome derivado do grego Chrestos, que quer dizer – Bom, Valente -. Mais do que um erro de transcrição de Christus, este era um nome comum na época. Tácito cita algumas vezes os cristãos nos seus “Annales”, dizendo que estavam em Roma no tempo de Nero, entre 54 e 65, escrevendo que “Cristo foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério”. Estas são as passagens “não cristãs”, da antiguidade, que, de alguma maneira, referem-se a Jesus . Demasiado vagas para se poderem considerar uma prova convincente da sua existência. O que não significa que não tenha existido. Houve inúmeros personagens reais, que não deixaram rasto na história oficial. Mas isso não significa que, para provar a existência de Jesus, só possamos confiar nas fontes do Novo Testamento, porque, então, o Mahabharata ou a Ilíada provariam a existência de divindades que nenhum cristão estaria disposto a aceitar como reais. Além disso, as eventuais coincidências nos evangelhos com fatos objetivos, não constituem prova alguma da veracidade dos seus personagens. A descrição dos fatos, na Ilíada, é tão real que, baseando-se nela, Heinrich Schlieman conseguiu localizar, em 1873, as ruínas de Troia; mas isso não nos autoriza a confirmar a veracidade do relato da batalha, ou a existência dos heróis e deuses homéricos.”
*“As referências a Jesus, fora da Bíblia, são pouco críveis para um filho de Deus. Vamos, agora, ver dentro desta”.
*“Relativamente ao seu nascimento, Mateus escreve que «nasceu em Belém, região da Judeia, no tempo em que Herodes era o rei do país…», enquanto Lucas escreve que «por aquele tempo o imperador Augusto ordenou que se fizesse um recenseamento em todo o mundo. Este primeiro recenseamento foi efetuado, sendo Cirenio governador de Síria». Uma vez que Herodes morreu no ano quatro antes da nossa Era, os relatos são temporalmente contraditórios. Nesse período não se registrou nenhum fenômeno atmosférico que possa ser interpretado como a estrela dos reis magos, nenhuma matança de crianças, nem nenhum recenseamento romano. Este último, pelo simples fato de que naquele tempo a Judeia não estava sob o domínio romano. Assim sendo, estes relatos não correspondem à verdade”.
*“Nos quatro evangelhos Jesus é chamado de Nazareno, mas só nos capítulos iniciais de Mateus e Lucas se conta sobre o seu nascimento e se situa o mesmo em Belém. Tal como sobre o nascimento, também sobre a morte de Jesus não dispomos de relatos criveis. O único dado que sabemos é que aconteceu “sob o reinado de Pôncio Pilatos”, entre o ano 26 e 36 depois da Nossa Era. Não há registro dos, dificilmente esquecidos, prodígios que acompanharam a sua morte. É certamente falso que «desde o meio dia e até às três da tarde, toda aquela terra ficou às escuras», não poderia haver um eclipse do sol de três minutos e muito menos de três horas, durante o plenilúnio. Surpreendentemente, nenhum historiador da época parece ter-se apercebido que naquele momento «o céu se rasgou em dois de alto a baixo, a terra tremeu, as rochas se partiram, os túmulos se abriram e muitos homens de Deus que estavam mortos ressuscitaram»”.
*“As explícitas raízes judias, do nascimento e morte de Jesus, revelam semelhanças flagrantes com os mitos religiosos de outras civilizações: os egípcios Hórus e Osíris, o persa Mitra, os gregos Hércules e Dionísio, inclusive com o asteca Quetzalcoatl. O nascimento, a partir de uma virgem, com a morte e posterior ressurreição, constituem óbvios arquétipos universais partilhados pelas mitologias de várias culturas. Mas a cópia mais ou menos propositada não fica por aqui: o dia 25 de Dezembro dia do nascimento de Jesus é um plágio da festa do “Sol Invictus” ,o Deus Sol que o imperador romano Heliogábalo importou da Síria no ano 218. O imperador Aureliano instaurou o seu culto no ano 270, consagrando-lhe um templo a 25 de Dezembro do ano 274, durante a festa do “Natal do Deus Sol”, dia do solstício de Inverno segundo o calendário Juliano. E em 17 de Março de 312, o imperador Constantino estabeleceu o “Dies Solis” (que ainda hoje se chama Sunday em inglês), dia de descanso romano. A substituição do culto ao “Deus Sol” pelo culto ao Deus-Cristo “eu sou a luz do mundo”, foi oficializada em 350, pelo papa Júlio I, com a imposição do dia 25 de Dezembro como nascimento de Jesus. Mas este culto não conseguiu eliminar facilmente o culto ao “Deus Sol”, como demonstra o Sermão de Natal do papa Leão Magno em 460: «É tão estimada esta religião do Deus Sol que alguns cristãos antes de entrarem na basílica de São Pedro, dedicada ao único Deus vivo e verdadeiro, viram-se para o sol e inclinam a cabeça em honra do astro fulgente. Este ato lamentável, que é repetido em parte por ignorância e em parte por mentalidade pagã, angustia-nos»”.
*“No evangelho de João, Jesus aparece como uma reencarnação de Moisés e das passagens do Êxodo. O primeiro milagre de Jesus, a transformação da água em vinho, é uma cópia da primeira praga do Egito; a transformação do Nilo em sangue. A multiplicação dos pães é uma adaptação do episódio do maná no deserto. A caminhada sobre as águas corresponde à divisão das águas do Mar Vermelho. A ressurreição de Lázaro, à libertação do Egito, etc., trata-se de compilações, mais ou menos fiéis e livres, dos vários trabalhos anteriores. O próprio Lucas o afirma: «muitos trataram de escrever a história dos fatos sucedidos tal como nos ensinaram [...] também a mim me pareceu oportuno escrever estas coisas para que comproves a verdade de tudo quanto te ensinaram». Ou seja; são relatos mais ou menos fiéis e livres de ensinamentos orais, mas não necessariamente de Jesus. Já na primeira metade do séc. II, as “Interpretações dos ditos do Senhor” da autoria de Papías, assinalavam que Marcos se remetia aos sermões de Pedro, mas que estes haviam tido um fim catequista e não historiográfico: havia-se “inspirado” indiretamente nos sermões de Cristo, mas não os havia reproduzido literalmente. Os livros de Papías, que pretendiam remeter os ditos dos apóstolos para uma tradição oral, foram classificados pela “História Eclesiástica” de Eusébio, como um conjunto de «estranhas palavras e ensinamentos do Salvador, e outras coisas mais míticas»”.
*“Está claro, desde o início, que os evangelhos não são obras históricas, mas sim vocacionais e que falam de um personagem mais ou menos idealizado e mitificado, quando não simplesmente inventado. A credibilidade dos evangelhos é tal, que apenas quatro são considerados canônicos e todos os outros são considerados apócrifos e rejeitados pela Igreja como autênticos. Naturalmente em questões de cânon (regra) tudo é relativo; por exemplo: nos livros do Antigo Testamento, os Macabeus, que atualmente a Igreja Católica considera canônicos, são considerados não canônicos pelos próprios judeus e apócrifos pelos protestantes, e a decisão definitiva sobre o cânon católico do Antigo Testamento não vai além de 1546 quando o Concílio de Trento estabeleceu a lista atual e declarou «anátema sobre quem não admita como sagrados e canônicos estes livros completos, com todas as suas partes, tal como são lidos na Igreja Católica». Tal fato não impede que a igreja Etíope admita ainda mais três livros como canônicos. Muitos dos evangelhos considerados apócrifos perderam-se, mas outros se conservaram e narram episódios completamente diferentes da vida de Jesus, da Virgem e dos apóstolos. Aqui a posição da Igreja varia entre uma clara aceitação de alguns documentos como oficiosos, e uma explícita recusa de outros como oficialmente heréticos. Não deixa de ser curioso que o evangelho de Pedro, parcialmente encontrado em 1886, descreva a “paixão” de Cristo de maneira análoga à dos sinópticos, mas desde uma perspectiva política diversa, anti-judía e pró-Pilatos”.
Voltando ao Wikipédia, temos que:
*“Em 6 D.C, a cidade, assim como grande parte da região ao redor, entrou sob controle direto dos romanos como na Judeia. Herodes e seus descendentes até Agripa II, permaneceram ‘reis-clientes’ até 96 D.C. O domínio romano sobre Jerusalém e região começou a ser contestado a partir da primeira guerra judaico-romana, a Grande revolta judaica, que resultou na destruição do Segundo Templo em 70 D.C. Em 130 D.C. o imperador romano Adriano romanizou a cidade, e ela foi renomeada para Aelia Capitolina. Jerusalém, mais uma vez, serviu como a capital da Judeia durante o período de três anos da revolta conhecida como a Revolta de Bar Kokhba. Os romanos conseguiram recapturar a cidade em 135 D.C. . Adriano rebatizou toda a Judéia de Síria Palestina”
*“Nos cinco séculos seguintes à revolta de Bar Kokhba, a cidade permaneceu sob domínio romano, até cair sob domínio bizantino. Durante o século IV, o Imperador romano Constantino I construiu partes católicas em Jerusalém, como a Igreja do Santo Sepulcro. Jerusalém atingiu o pico, em tamanho e população, no final do Período do segundo Templo de Salomão: A cidade se estendia por dois quilômetros quadrados e tinha uma população de 200 mil pessoas. A partir do império de Constantino, até o século VII, os judeus foram proibidos de entrar em Jerusalém”.
Pelo exposto, as vicissitudes do povo judeu tinham sido as mesmas sofridas por muitos outros povos: guerras, dominações, etc. Nada, entretanto, que justificasse a perseguição, sem tréguas, movida contra eles pelo Império Romano a partir de determinada data histórica; que pode ser identificada como a da elevação de Constantino ao trono do império. As revoltas dos judeus contra o domínio romano, até então, davam origem a massacres de seu povo, destruição de seus templos, etc., coisas estas que, no entanto, ocorriam com quaisquer outros povos que se opusessem aos romanos.
Anteriormente, após a suposta morte de Jesus, os perseguidos pelos romanos eram os seguidores de Jesus (os cristãos), judeus ou não judeus, em Jerusalém ou em qualquer parte do império.
Na ocasião, existiam judeus na Pérsia, no Egito, no interior da África, em Londinum e nas cortes da Espanha, na Grécia e nas ilhas próximas, em Roma, ao norte da Ásia Menor, nos desertos próximos à Palestina; bem como nos desertos para além do Nilo, nas regiões do outro lado do Mar Cáspio e, acima, nas terras antigas de Gog e Magog.
O professor Bart. D. Ehrman argumenta em seu livro “Quem Jesus foi? Quem Jesus Não Foi?” (Ediouro. 2010), que: “Com o passar do tempo, o antijudaísmo cristão aumentou cada vez mais, com autores cristãos começando a acusar os judeus de todo tipo de vilanias, não apenas de interpretar equivocadamente suas próprias escrituras. Alguns autores cristãos argumentavam que a destruição da cidade de Jerusalém, coração do judaísmo, pelos romanos em 70 D.C. tinha sido o “julgamento dos judeus por Deus”, por terem matado seu próprio messias. Assim, acabou por entrar em cena alguns autores cristãos que levaram essa lógica um passo à frente. À medida que os cristãos começavam a ver o próprio Jesus como divino, alguns passaram a sustentar que, por serem responsáveis pela morte de Jesus, na verdade os judeus eram culpados de matar Deus”.
“A partir da metade do século II, a virulência aumenta ainda mais. Autores cristãos como Justino Mártir e Tertuliano escreveram tratados visando diretamente atacar os judeus e a sua religião. Este tipo de antijudaísmo não existia nos mundos romanos, grego e em outros, antes do advento do cristianismo, sendo, portanto, uma invenção cristã”. (Grifo nosso).
O que se nota como uma perseguição sistemática, especificamente aos Judeus, começou, pode-se dizer, um pouco antes de Constantino estabelecer as bases daquela nova religião – o cristianismo - no Concilio de Niceia, no ano 325 d.C., e estendeu-se até os dias atuais, passando pela Segunda Guerra Mundial com o conhecido Holocausto.
Os judeus da Palestina, na verdade, nunca aceitaram a dominação romana e, muito menos, os deuses romanos. Um levantamento dos fatos históricos demonstra que ocorreram algumas revoltas judias contra o império romano. Outros povos e nações também haviam se rebelado contra Roma anteriormente (como os Cartagineses); porém, nenhum foi alvo de tanta perseguição durante tanto tempo. Os cartagineses que travaram três guerras contra Roma e foram finalmente derrotados, em 146 a.C., tendo sua cidade destruída (o que abriu caminho para a expansão de Roma por todo o Mar Mediterrâneo), não sofreram, posteriormente, a tenaz perseguição sofrida pelos judeus.
A única explicação plausível para o que ocorreu a estes é que, durante e após o suposto complô desfechado para a implantação de um império Roma/Judá, a ser comandado por Jesus, o povo judeu, em sua maioria, não ofereceu apoio a trama, não acreditou no messianismo de Jesus e nem, posteriormente, adotou a religião cristã que Roma estabeleceu para o império, após o Concilio de Niceia.
Assim, voltamos a destacar que, na vigência do império romano, a perseguição aos judeus deveu-se, com toda a certeza, a alguns fatos, quais sejam: a insubmissão e as revoltas do povo hebreu com relação aos romanos; aos judeus não adotarem a nova religião cristã, proposta por Roma; bem como, ao fato de conhecerem a verdadeira história sobre os fatos que a antecederam e o conhecimento sobre a existência de descendentes de Jesus (que, a rigor, deveriam ser os verdadeiros herdeiros de seu legado espiritual e não a Igreja criada por Roma). Como os judeus viviam espalhados, tanto no Ocidente quanto no Oriente, os romanos e os sacerdotes daquela nova religião criada por Constantino, com certeza, temiam a disseminação da descrença por todo o império (através dos judeus, que se deslocavam pelo mundo todo com frequência) ou, até mesmo, a reivindicação, pelos cristãos, do comando sobre aquela nova religião para os familiares de Jesus e seus descendentes, vivendo na França e na Inglaterra, logo após a suposta morte de Jesus na cruz. Cumpria, pois, silenciar, converter ou expulsar os judeus do território sob o domínio de Roma, para que não contaminassem, com o vírus da descrença, os atuais e futuros adeptos daquela nova religião.
No início do século IV, os cristãos já superavam os judeus em número e constituíam cerca de 10% da população do império romano.
Posteriormente, a partir dos Séculos XVI e XVII d.C., veio juntar-se aos motivos já mencionados, o fato de os judeus serem vistos como uma ameaça aos demais povos e países por seu suposto poder econômico e pelas idéias que pregavam (como o liberalismo econômico e democrático de John Locke e de Adam Smith). A Maçonaria, entidade de origem judaica, liberal e democrática, pregando a fraternidade entre os homens, assustava, ademais, os déspotas e políticos de todas as correntes e de todas as nações.
A seguir, apresentamos, com base em “A Short Review of a Troubled History”, de Fritz B. Voel, um retrospecto sobre as perseguições sofridas pelos judeus (incrementadas e apoiadas pela Igreja Romana a partir do Concilio de Niceia em 325 d.C.), desde o ano 70 d.C. até o ano 1945 d.C. Notemos que, embora extensa a listagem, estes são, apenas, alguns acontecimentos historicamente confirmados e, sem dúvida, existirão milhares de outros acontecimentos dos quais a História jamais tomou conhecimento:
*“No ano 70 d.C. Os romanos, sob Tito, retaliam contra um levante judaico; destruíram Jerusalém e o Templo, escravizaram muitos líderes e dispersaram o povo judaico".
* "Em 79 D.C., Tito sucedeu Vespasiano como imperador. Judeus e cristãos sofreram sob ele e o imperador Domiciano”.
*“Entre 88 e 97 d.C. os judeus foram responsabilizados pela perseguição de Nero aos cristãos”.
*“Entre 113 e 116 d.C. a segunda revolta judaica contra Roma, sob o imperador Trajano, não obteve sucesso”.
Note-se que, por esta época, judeus e cristãos eram, ambos, perseguidos pelos romanos, pois estes acreditavam que tanto uns quanto os outros queriam destruir o Império Romano.
*“No ano de 135 d.C. a terceira rebelião judaica contra Roma foi esmagada e seu líder, Bar Kochba, a quem muitos judeus aceitaram como Messias, foi morto”.
*“No ano 200 d.C. o imperador Severo criou leis impedindo que pagãos, sob pena de severa punição, abraçassem o Judaísmo, e o bispo de Alexandria, Orígenes, escreveu: “Podemos então asseverar com absoluta certeza que os judeus não retornarão à sua situação anterior, pois têm cometido os mais abomináveis crimes, formando a conspiração contra o Salvador da raça humana… Por isso, a cidade em que Jesus sofreu foi necessariamente destruída, a nação judaica expulsa do seu país e outro povo (quer dizer a Igreja) foi chamado por Deus para ser a eleição abençoada”.
*“No ano 300 d.C, Eusébio, bispo de Cesaréia, declarou que os judeus em cada comunidade crucificaram um cristão no seu festival de Purím, como rejeição de Jesus. Usava a mesma acusação de assassínio ritual, feita pelos pagãos Demócrito e Apião, que os romanos haviam feito antes contra os primeiros cristãos. Eusébio distinguiu os hebreus, que eram boas pessoas segundo o Antigo Testamento, e judeus que caracterizou com maus”.
*“Em 306 d.C. o Sínodo Eclesial e Elvira (Espanha) baniu todos os contatos comunitários entre cristãos e os maus hebreus, e estabeleceu que cristãos não podiam casar com judeus”.
*“Em 324 d.C., quando Constantino chegou a ser elevado a posição de imperador, declarou-se cristão e estimulou os seus súditos a se converterem ao Cristianismo. Restabeleceu as leis dos seus antecessores, que proibiam aos judeus viverem em Jerusalém e se engajarem em qualquer atividade de fazer prosélitos”.
*“Em 325 d.C. o Concílio Eclesial de Niceia, convocado por Constantino para assentar uma controversa teológica referente à natureza de Cristo, continuou os esforços de separar a Cristandade do Judaísmo, decidindo que a Páscoa Cristã não pudesse mais ser determinada pela páscoa dos hebreus (Peçah): ‘Porque é demasiadamente imprópria que nestes mais santos festivais sigamos os costumes dos judeus. De agora em diante, não tenhamos mais nada em comum com esse odioso povo’ ”.
*“No ano 337 d.C. o imperador Constantino declarou: “Deixem a minha vontade ser religião e lei da Igreja”! Um dos seus primeiros atos foi proibir, sob pena de morte, o casamento entre um judeu e uma mulher cristã”.
Percebe-se, claramente, que à medida que as bases do cristianismo foram sendo estabelecidas pelo imperador Constantino, os judeus começaram a ser fortemente hostilizados pelo império romano (hostilidade esta anteriormente dirigida pelos romanos, justamente, contra os próprios cristãos). Tal hostilidade, agora, possuía um caráter distinto da anterior que era motivada pela não aceitação, por parte dos hebreus, do domínio romano e dos seus deuses pagãos. A razão da hostilidade, agora, era devida a não aceitação, pelos judeus, da nova religião criada por Constantino e destinada a ser, a partir de então, a religião oficial de todo o Império Romano.
*“Entre 367 e 376 d.C. Hilário de Poitiers escreveu e falou de judeus como gente perversa, para sempre maldito por Deus. S. Efrém se refere, nos seus hinos, a sinagogas como sendo prostíbulos”.
*“Entre 379 e 395 d.C. o imperador Teodósio protegeu os judeus, das perseguições da Igreja aos heréticos. Crisóstomo e Ambrósio de Milão – ambos mais tarde declarados santos – quiseram incluir judeus na perseguição. Crisóstomo: ‘Os judeus são os mais desvalidos de todos… São os pérfidos assassinos de Cristo. Eles veneram o diabo e a sua religião é uma doença’ ”. Ambrósio criticou o imperador por reconstruir uma sinagoga e propôs que ele mesmo a queimasse. Gregório de Nissa caracterizou judeus como assassinos de profetas, companheiros do diabo, raça de víboras, sinedrio de demônios, inimigos de tudo que é belo, porcos e cabras na sua lasciva grosseria. O Concílio de Laodicéia proibiu que os cristãos respeitassem o Sábado Judaico”.
*“Entre 395 e 408 d.C. o imperador bizantino Arcádio resistiu ao fanatismo cristão. Não permitiu a destruição de sinagogas. S. Epifânio caracterizou os judeus como desonestos e indolentes”.
*“Entre 408 e 450 d.C. Teodósio II proibiu aos judeus de construírem novas sinagogas”.
*“Em 415 d.C. Cirilo, o bispo de Alexandria, incitou a população contra os judeus e os expulsou. O bispo Severo queimou uma sinagoga e incitou pessoas a agredirem e perseguirem judeus nas ruas. Muitos judeus converteram-se ao Cristianismo por medo. S. Agostinho, o bispo de Hipo, declarou: ‘O verdadeiro judeu é Judas Iscariotes, que vendeu o Senhor por prata. O judeu nunca pode entender as Escrituras e, para sempre, vai carregar a culpa pela morte de Jesus’ ”.
*“Em 418 d.C. o bispo Severo, de Maiorca, forçou judeus a se converterem. Violenta luta de rua irrompeu com a população incitada pelo bispo. A sinagoga foi queimada. Finalmente, os líderes da comunidade judaica se renderam e 540 judeus foram convertidos. S. Jerônimo, que estudara com cientistas judaicos na Palestina e traduziu a Bíblia ao latim (a Vulgata), escreveu sobre a sinagoga: *“Se a chamares um prostíbulo, um covil e vício, um lugar de depravar a alma, um abismo de qualquer desastre concebível ou qualquer coisa que quiser, estarás, ainda, dizendo menos do que merece”.
*“No ano de 489 d.C. cristãos puseram fogo nas sinagogas de Antioquia e jogaram os corpos de judeus chacinados no fogo”.
Após a queda do império romano do ocidente, ocorrida em 476 d.C., o cristianismo já havia se estabelecido como a religião oficial de todos os territórios, antes sobre o domínio romano, tanto no ocidente quanto no oriente, onde os judeus continuavam a sofrer hostilidades, perseguições, confiscos e mortes, incentivadas e promovidas pela Igreja de Roma.
*“Em 506 d.C. cristãos agrediram e destruíram a sinagoga de Dafne perto de Antioquia. A congregação foi chacinada”.
*“Em 519 d.C a população cristã de Ravena agrediu judeus e queimou a sinagoga”.
*“Em 528 d.C. sob o imperador Justiniano, a Lei Romana foi sistematizada e codificada como Corpus Iuris Civilis, também conhecido como o Código Justiniano. A Lei e a Doutrina Eclesiástica chegaram a ser política de estado. Aos judeus não era permitido testemunhar contra cristãos. Não podiam celebrar Peçah antes da Páscoa e não lhes era permitido, senão, uma versão prescrita da Escritura nas suas sinagogas. Era-lhes proibido usar orações consideradas antitrinitárias”.
*“Em 535 d.C. o Sínodo Eclesiástico de Clermont decretou que judeus não poderiam ocupar cargos públicos ou ter autoridade sobre cristãos”.
*“No ano de 538 d.C. aos judeus foi (outra vez) proibido ter criados ou escravos cristãos; o que, efetivamente, excluía os judeus da agricultura. O Terceiro e o Quarto Concílios de Orleans proibiram aos judeus de aparecer em público durante os períodos da Paixão e da Páscoa”.
*“Em 554 d.C. o bispo Avito de Averna tentou converter judeus sem resultado. Então incitou o povo a destruir sinagogas. Os judeus tiveram de escolher entre batismo e expulsão. Um judeu se converteu. Durante a procissão, depois do seu batismo, um judeu o borrifou com óleo rançoso. Isso enfureceu a população e muitos judeus foram mortos. 500 judeus aceitaram, então, ser batizados. Os restantes fugiram para Marselha”.
*“Em 561 d.C. o bispo de Uzes, na França, forçou os judeus da sua diocese a decidirem entre batismo e expulsão”.
*“Em 582 d.C. João de Éfeso transformou sete sinagogas em igrejas. Sob o rei merovíngio Chilperico, todos os judeus no seu reino tinham de escolher entre a conversão ou ter os seus olhos arrancados”.
*“Em 589 d.C. o rei espanhol Sisebuto restringiu severamente os direitos dos judeus no seu reino. Estes não tinham permissão de possuir ou cultivar terras ou de operar em determinados negócios. Mais tarde, editou um ultimato a todos os judeus: converter-se ou ser exilado”.
*“Entre 628 e 629 d.C. o imperador Heraclio ordenou e forçou a conversão de todos os judeus no seu império e renovou os códigos de Adriano e Constantino, que barravam a entrada na Europa dos judeus de Jerusalém. Dagoberto, o rei merovíngio, seguiu o exemplo e Heraclio, forçando os judeus no seu reino, sob ameaça de morte, a se converterem à Cristandade”.
*“Em 633 d.C. o Terceiro Concílio de Toledo, decidiu contra as conversões compulsórias. Contudo, judeus que no passado foram convertidos à força, não podiam mais voltar ao Judaísmo, tendo de separar-se das comunidades judaicas. Crianças judaicas foram tiradas dos seus parentes e criadas em mosteiros. Nem a judeus, nem a judeus convertidos à Cristandade, era permitido ocupar cargos públicos. O Concílio foi presidido por Isidoro, bispo de Hispalis (Sevilha)”.
*“Em 638 d.C. o Quarto Concílio de Toledo decretou que crianças judaicas batizadas como cristãs não seriam devolvidas aos seus pais de sangue. Os convertidos tinham de ser rigorosamente supervisionados pelas autoridades eclesiásticas. Judeus tinham de jurar que haviam abandonado a lei e a prática judaicas. As Punições aplicadas aos judeus variavam de açoites, perda de membros, confisco de propriedade e ser queimado na estaca. Os bispos de Sevilha e de Toledo, Isidoro e Juliano, escreveram documentos polêmicos contra os judeus”.
*“Entre 638 e 642 d.C. não-católicos foram expulsos da Espanha Visigoda”.
*“Em 653 d.C. o Oitavo Concílio de Toledo concordou com o rei Recesvindo, da Espanha, que apareceu perante o Concílio chamando o Judaísmo de uma poluição do seu país e pediu a remoção de todos os infiéis. Os judeus tiveram de assinar um juramento (placitum), que tornou a prática do Judaísmo quase impossível. Violações foram punidas por cremação ou apedrejamento”.
*“Em 655 d.C. o Nono Concílio de Toledo prescreveu que judeus convertidos passassem todas as festas judaicas e cristãs na presença de um bispo”.
*“Em 681 d.C. o rei Erviges, da Espanha, proibiu que judeus praticantes entrassem em portos do mar na Espanha. Mandou que todos os judeus fossem batizados. Os convertidos tinham de ouvir sermões cristãos e não tinham permissão observar as leis judaicas. O Duodécimo Concílio de Toledo confirmou as ordens do rei que decretaram queimar o Talmude e outros livros judaicos”.
*“Em 692 d.C. o Sínodo do Império Romano do Oriente proibiu que cristãos assistissem festas judaicas e que tivessem relações amigas com judeus, além de não poderem ter a assistência de médicos judeus”.
*“Entre 693 e 694 d.C. o Décimo Sexto e Décimo Sétimo Concílios de Toledo, presididos pelo rei Egiza e com a presença do sucessor do bispo Juliano, Félix, restringiram outra vez, severamente, os direitos dos judeus, acusando-os de minarem a Igreja, de massacre de católicos, de conspiração com árabes e de destruição do país. Judeus foram declarados escravos, suas propriedades foram confiscadas e suas crianças forçosamente educadas em famílias católicas ou mosteiros”.
A partir de 711 d.C., tropas islâmicas oriundas do Norte da África, sob o comando do general Tarique, cruzaram o estreito de Gibraltar, penetraram na Península Ibérica e venceram a Rodrigo, o último rei dos Visigodos da Hispânia. Durante os séculos seguintes os muçulmanos foram ampliando as suas conquistas na Península Ibérica, tomando conta do território conhecido, em árabe, como El-Andalus (Andaluzia), território este que governaram por quase oitocentos anos. Os judeus que viviam na região estavam acostumados a conviver com os árabes, desde os tempos da dominação romana na Palestina, e foram acusados e responsabilizados por ajudarem os novos invasores em suas conquistas. Os árabes, na ocasião, eram bem relacionados com os judeus e tolerantes com respeito à religião judaica.
*“Em 722 d.C. o Judaísmo foi proscrito no império por Leão III e os judeus batizados à força. Alguns foram mortos e queimados nas suas sinagogas”.
Notem os leitores que o Vaticano começou a surgir em 756 d.C., no domínio de Pepino, o Breve, rei dos Francos.
*“Em 829 d.C. o arcebispo de Lião, S. Agobard, escreveu nas suas epístolas que judeus nasceram escravos e que estariam roubando crianças cristãs para vendê-las aos árabes”.
*“Em 845 d.C. os bispos de Lião, Rheims, Sens e Bourges convocaram o Concílio de Meaux para renovar restrições antijudaicas. O imperador Charles de Bald recusou implantá-las no Concílio de Paris (846)”.
*“Em 855 d.C. Luís II, rei da Itália, expulsou judeus. Em sermões realizados durante o período da Páscoa, a população de Beziers foi encorajada a vingar a crucificação de Jesus. A nobreza de Toulouse tinha por alguns anos o privilégio de, publicamente, esbofetear as orelhas do presidente da comunidade judaica nas Sextas Feiras Santas. Mais tarde, isso foi mudado para um pagamento anual que os judeus tinham de fazer”.
*“Entre 1009 e 1012 d.C. como resultado da destruição do Santo Sepulcro, em Jerusalém, pelos muçulmanos, comunidades judaicas foram atacadas por populares em Orleans, Ruão, e Roma. Judeus que recusaram a conversão foram expulsos de Mogúncia, sob o domínio do imperador Henrique II, na primeira perseguição séria movida contra os judeus na Alemanha”.
Vejam que tudo era motivo para perseguição aos judeus. Um ataque dos Muçulmanos ao centro de peregrinação católica, em Jerusalém, era retaliado sobre os judeus que viviam na Europa, como se eles fossem os responsáveis pelo acontecimento ou cúmplices dos atacantes.
*“Em 1021 d.C. Roma foi golpeada por um terremoto e um vendaval, na Sexta Feira Santa. Vários judeus foram detidos e acusados de terem metido um prego através de uma hóstia no dia anterior, causando, em razão disto, o desastre natural. Sob tortura confessaram profanação de hóstia e foram mortos por cremação. Profanação de hóstia chegou a ser uma acusação muito difundida. Foi muitas vezes agravada por rumores de que a hóstia sangrara. Para as incultas e supersticiosas massas cristãs, isto confirmava o dogma da Eucaristia”.
As acusações, normalmente, partiam de sacerdotes católicos e objetivavam insuflar as massas contra os judeus. As comunidades judias na Europa, não eram tão populosas que ultrapassassem as populações dos reinos ou impérios europeus e não eram tão belicosas a ponto de quererem derrubar os reis e governantes dos locais onde residiam. Qual, então, a razão pela qual, em todos os países católicos, os judeus fossem sempre perseguidos e atacados, muito embora constituíssem minorias (que muitas vezes viviam segregados, em guetos)? A única razão plausível era porque eles constituíam uma ameaça perene a fé católica dos povos romanizados, em razão do conhecimento que dispunham sobre a fraude engendrada, pelo Império Romano, com a criação da Igreja de Roma. As únicas maneiras de silenciarem aqueles potenciais revolucionários eram: a conversão, a expulsão da cidade, do reino ou do país, e a morte.
*“Em 1063 d.C. quando soldados, em sua marcha, atacaram comunidades judaicas durante a guerra para expulsar os sarracenos da Espanha, o papa Alexandre II preveniu aos líderes dos exércitos franceses a não fazerem mal aos judeus”.
*“Em 1078 d.C. o papa Gregório VII decretou que judeus não poderiam ocupar cargos públicos ou ser superiores de cristãos. Em 1081, Afonso VI, de Toledo, Espanha, foi repreendido pelo papa por colocar judeus em cargos de Estado. Judeus tinham de pagar taxas extras para sustentar a Igreja”. Notem que a perseguição, neste caso, parte do próprio papa e não do monarca espanhol.
*“Entre 1095 e 1096 d.C. o papa Urbano II convocou a cristandade para a primeira Cruzada contra os turcos seljúcidas, objetivando salvar a Europa Oriental e a Terra Santa. O duque de Lorena tentou formar um exército para esta Cruzada. Para coletar dinheiro, espalhou o rumor de que iria matar os judeus para vingar a morte de Cristo. Os judeus da Renânia lhe pagaram 500 peças de prata como resgate. O imperador Henrique IV mandou que os cavaleiros o seu império não atacassem os judeus. Cruzados massacraram judeus de Ruão e de outras cidades na Lorena. Comunidades judaicas, na Alemanha, sustentaram o exército de Pedro o Eremita, tentando, assim, evitar ataques dos Cruzados. Estima-se que 10.000 judeus foram massacrados na França e na Alemanha. Emich de Leisinger com seu exército de milhares de Cruzados ignorou a ordem do imperador, começando uma campanha de terror contra os judeus. Em Speyer matou doze. O restante da comunidade foi protegido pelo bispo de Speyer, que puniu alguns dos assassinos cortando-lhes as mãos. O conde Emich, então, conduziu o seu exército a Worms. O bispo de Worms não podia proteger os judeus na sua diocese. O arcebispo de Mogúncia e autoridades civis deram asilo sagrado aos judeus e fecharam as portas da cidade ao conde Emich. Os soldados do conde arrombaram as portas da cidade e mataram 1.000 judeus. Os judeus de Colônia tinham fugido, e apenas dois foram mortos e a sinagoga foi queimada. Quando os soldados moviam-se, descendo o vale do Reno, uma estimativa de cerca de 12.000 judeus foram assassinados nas cidades ao longo do rio Reno. Bandos e tropas moveram-se pelo vale do Mosela, matando judeus no seu caminho. À comunidade judaica de Trier foi dada proteção pelo bispo, sob condição de conversão. Muitos foram batizados, outros se suicidaram. Os Cruzados e Guilherme o Carpinteiro, executaram outros. O cavaleiro Volkmar chegou a Hungria com 10.000 homens, para juntar-se ao exército de Pedro o Eremita. Atacou a comunidade judaica em Praga. O bispo Cosmo e líderes a cidade tentaram, em vão, parar os massacres. Quando Volkmar tentou atacar os judeus em Nitra, os húngaros vieram em sua defesa e derrotaram os Cruzados. Gottschalk, um cavaleiro do exército de Pedro, o Eremita, chefiou a seção sob seu comando massacrando a comunidade judaica de Ratisbona”.
*“Em 1099 d.C. os Cruzados, sob Godofredo de Bouillon, conquistaram Jerusalém. Massacraram os muçulmanos e conduziram judeus, rabanitas e caraítas, para dentro da sinagoga, onde os queimaram vivos”.
*“Em 1100 d.C. ocorreu o primeiro ‘pogrom’ de judeus em Kiew. Em vários distúrbios, os populares pilharam lares e saquearam o distrito judaico”.
*“Em 1120 d.C. o papa Urbano II declarou que os judeus deveriam ser tolerados. Na sua convocação à nova Cruzada, falou favoravelmente sobre os judeus. Embora as Cruzadas fossem dirigidas contra os muçulmanos, na Terra Santa, os bandos que se formaram, marchando pela Europa, trouxeram incontáveis sofrimentos aos judeus que, junto com os muçulmanos, eram vistos como inimigos da Cristandade”.
*“Em 1140 d.C. o monge cisterciense Rudolf, atiçou populações contra os judeus na França e na Alemanha. Massacres correram em Colônia, Worms, Speyer e Estrasburgo. Os arcebispos de Mogúncia e Colônia solicitaram à Bernardo de Clairvaux que contivesse Rudolf e ordenasse ao povo que não molestassem os judeus. Como isso não surtisse nenhum efeito, Bernardo, finalmente, veio à Alemanha e mandou Rudolf de volta ao mosteiro. Embora Bernardo se opusesse a matar os judeus, também os considerou demônios e convocou uma Segunda Cruzada”.
*“Em 1140 d.C. ocorreu a primeira acusação de assassínio contra judeus relatada, em Norwich, Inglaterra. Líderes judaicos foram mortos. Pedro o Venerável de Cluny, tentou fazer Luís VII, da França, voltar-se contra os judeus. Quis que os judeus financiassem as Cruzadas”.
*“Em 1146 d.C. a pregação do monge Rudolf continuou a produzir t efeito em ataques do povo, massacres e batismos forçados, através de todo o vale do Reno. Simão o Pio, de Trier, e uma mulher judia, de Speyer, foram mortos quando se recusaram a ser batizados, apesar de tentativas de autoridades civis e eclesiásticas para proteger os judeus”.
*“Em 1147 d.C. Durante a segunda cruzada, os Cruzados, na Alemanha, assassinaram 20 judeus em Würzburg. Em Belitz, todos os judeus foram cremados. 150 judeus foram assassinados na Boêmia. Ataques a comunidades judaicas também ocorreram na França”.
*“Em 1171 d.C. ocorreu uma acusação de assassinato ritual judaico em Blois, França. Toda a comunidade judaica, de 34 homens e 17 mulheres, foi torturada e queimada”.
*“Em 1181 d.C. ocorreu uma acusação de assassinato ritual, em Bury, St. Edmund, Inglaterra. O mesmo ocorreu em 1183, em Bristol, e em 1192, em Winchester”.
*“Em 1188 d.C. quando Richard I foi coroado, populares atacaram a comunidade judaica em Londres e Iorque. Richard puniu os desordeiros. Aos cidadãos judeus, batizados à força, foi permitido retornar à sua fé”.
*“Em 1190 d.C. o rei Ricardo, da Inglaterra, era capaz de proteger os judeus enquanto se mantivesse no país. Quando o deixou, para uma nova Cruzada, os agregados cruzados na Inglaterra atacaram comunidades judaicas. Os bairros do Port of Lynn, em Norfolk, foram queimados e os judeus massacrados. Judeus de Norwich refugiaram-se no castelo real. 1.500 judeus foram assassinados em Iorque. A comunidade em Stanford foi pilhada e os que não alcançaram o castelo foram mortos”.
*“Em 1191 dC., na França, a cidade de Bray foi cercada pelo rei Filipe. Os judeus tinham escolha entre o batismo e a morte. A comunidade cometeu suicídio. Filipe queimou 100 pessoas. As Crianças menores de 13 foram poupadas”.
*“Em 1194 d.C. os judeus de Londres tinham de pagar 3 vezes mais a importância que cidadãos cristãos tinham de pagar para o resgate de Ricardo I”.
*“Em 1195 d.C. um presbítero, Fulk of Neuilly, que quis reformar a Igreja, pregou, através da França inteira, contra a usura e exigiu que usurários devolvessem os seus ganhos aos pobres. Populares usavam seus sermões para atacar os judeus e os barões os usavam para expulsar os judeus dos seus domínios e confiscar as suas propriedades”.
*“Em 1209 d.C. na cruzada cristã contra os cátaros ou albigenses (considerados como uma heresia cristã), 20.000 pessoas, inclusive a comunidade judaica, foram massacradas quando a cidade de Beziers foi tomada de assalto”.
*“Em 1215 d.C. o Quarto Concílio de Latrão, presidido pelo papa Inocêncio III, ordenou que os judeus usassem um distintivo amarelo em forma de um anel. Esta foi a primeira vez, no ocidente, que se exigiu dos judeus que se distinguissem do resto da população por seu vestuário (O Código de Omar, anteriormente, havia decretado isso, antes, nos países muçulmanos). Aos judeus não era permitido vestir as suas melhores roupas aos domingos ou andar, em público, em dias especiais como Páscoa”.
*“Em 1218 d.C. o rei Henrique II transformou esse decreto conciliar em um decreto secular, ordenando a todos os judeus, na Inglaterra, que usassem um distintivo na roupa exterior, durante todo o tempo, para distingui-los dos cristãos”.
*“Em 1222 d.C. durante o Concílio de Canterbury, os bispos ingleses emitiram uma injunção, impedindo que cristãos vendessem provisões a judeus. Para neutralizar isso, o responsável pela justiça do rei, Hubert de Burgh, emitiu uma ordem que proibiu aos súditos do rei, sob pena de prisão, de recusarem-se a prover judeus com os bens necessários para a vida”.
*“Em 1231 d.C. o papa Gregório estabeleceu a Inquisição para coibir as denominadas heresias cristãs que brotaram pela Europa, devido a maiores liberdades surgidas no Renascimento. A Inquisição objetivava coibir tais denominadas heresias, antes e que se espalhassem às massas. Tribunais, compostos em sua maior parte por monges, serviam de polícia, juiz e júri. Autoridades seculares executaram as torturas e queimações na fogueira, de impenitentes hereges, pois os inquisidores não queriam sujar as mãos de sangue. Os judeus, naturalmente, eram especialmente vulneráveis a ataques durante esses expurgos”.
*“Em 1232 d.C. o papa Gregório IX repreendeu os bispos da Alemanha, alegando que os judeus ali estariam sendo tratados demasiadamente bem. Proibiu relações amigas entre cristãos judeus”.
*“Em 1235 d.C. o bispo de Lincoln declarou que: ‘os judeus teriam de viver em cativeiro, para os príncipes da terra. Têm o labéu de Caim, sendo condenados a migrar pela face da terra. Mas, teriam também o privilégio de Caim: não deveriam ser mortos’ ”.
*“Em 1236 d.C. as comunidades judaicas em Anjou, Poitou, Bordeaux e Angouleme foram atacadas por cruzados. 500 judeus escolheram a conversão e mais de 3.000 foram assassinados. O papa Gregório IX, que originalmente convocara a Cruzada, ficou escandalizado com essa brutalidade, criticando o clero por não a tê-la prevenido”.
*“Entre 1239 e 1242 d.C. por ordem do papa Gregório IX, todas as cópias do Talmude tiveram de ser entregues às ordens dos franciscanos e dominicanos, para serem examinadas. Parece que o decreto do papa somente foi executado na França. Livros judaicos e o talmude foram apreendidos também na Inglaterra, havendo cremação de livros. Em Paris, 24 carradas de cópias do talmude foram queimadas. O papa Inocêncio IV parou as confiscações e mandou devolver as cópias de talmude, embora não sem expurgar as passagens que pareciam objetáveis à Igreja”.
*“Em 1244 d.C. em Londres, judeus foram acusados de assassínio ritual e taxados em uma alta importância em dinheiro, como punição”.
*“Em 1247 DdC. quando a acusação de assassínio ritual chegou a ser muito difundida, causando muitas atrocidades, o papa Inocêncio ordenou uma investigação da acusação, que provou ser uma invenção antijudaica”.
*“Em 1255 d.C. o corpo morto do Pequeno S. Hugo de Lincoln foi descoberto numa fossa sanitária, perto da casa dum judeu. Sob tortura, este confessou que Hugo havia sido assassinado em um ritual. O rei Henrique III ordenou seu enforcamento e depois que fosse arrastado pelas ruas, atado em um cavalo. 100 judeus foram levados a Londres para serem processados. 18 foram enforcados sem processo. 2 foram perdoados e um absolvido”.
*“Entre 1261 e 1264 d.C. estudantes, presbíteros e monges de Canterbury atacaram o bairro judaico. Populares saquearam a seção judaica de Londres em 1262 e 1264”.
*“Em 1263 d.C. um debate ocorreu em Barcelona, Espanha, diante do rei Tiago I, nobreza, bispos e líderes monges. O Rábi Moisés ben Naleman teve de defender o talmude contra um judeu convertido, Pablo Christiani, que tentou provar a eficiência da cristandade a partir do talmude. O rei Tiago ordenou apagar passagens do talmude, que eram objetáveis aos cristãos”.
*“Em 1267 d.C. o Sínodo de Viena decretou que cristãos fossem proibidos de participar de cerimônias judaicas. Judeus eruditos foram proibidos a discutir com cristãos simples. Os judeus tinham de usar chapéus cornudos, chamados de pileum cornutum. As pessoas realmente acreditavam que os judeus tinham chifres, que estavam escondendo embaixo desses chapéus, sendo criações do diabo. Tomas de Aquino (1226-1275) disse que os judeus não poderiam ser tratados como vizinhos, mas deveriam viver em perpétua servidão”.
*“Em 1270 d.C. os Judeus foram massacrados na Alemanha: em Weissenberg, Magdeburg, Sinzig, Erfurt e outras cidades. Em Sinzig, a comunidade foi trancada na sinagoga no Sábado e queimada viva”.
*“Em 1272 d.C. a sinagoga principal de Londres foi fechada. A razão apresentada foi que o canto perturbava a devoção dos monges na vizinhança. Os judeus tinham de reunir-se em casas particulares, mas até isso era restrito por ordem do bispo de Londres”.
*“Em 1275 d.C. o Statutum Judeismo foi aprovado na Inglaterra sob o rei Eduardo I. A lei proibiu aos judeus cobrarem juros, restringiu a área física onde pudessem viver, obrigou judeus com mais de sete anos a usarem o distintivo e exigiu que os acima de doze anos pagassem uma taxa anual na Páscoa. Mas a lei permitiu também que judeus, pela primeira vez, arrendassem terra para lavoura e se tornassem comerciantes e artesãos”.
*“Em 1278 d.C. Eduardo I acusou-os de moedeiros. Buscas de casa em casa tiveram lugar em toda Inglaterra e 680 judeus foram jogados na Torre de Londres. Muitos foram enforcados e tiveram suas propriedades confiscadas pela coroa”.
*“Em 1280 d.C. na Polônia, autoridades civis tentaram atrair judeus estabelecendo vida judaica numa base racional. Mas a Igreja insistiu que os judeus ficassem isolados do resto da população. O Sínodo de Buda introduziu o distintivo judaico. Na Espanha, os judeus foram forçados a ouvir sermões de conversão, feitos por monges, em suas próprias sinagogas. Fanáticos populares agrediram judeus, contra as ordens das autoridades civis”.
*“Em 1281 d.C. a maioria dos judeus espanhóis foi presa nas suas sinagogas, em um Sábado de janeiro, mas solta com a promessa de pagar uma grande importância em dinheiro, de resgate”.
*“Em 1282 d.C. o arcebispo de Canterbury fechou todas as sinagogas na sua diocese”.
*“Entre 1283 e 1285 d.C. dez judeus foram assassinados por populares em Mogúncia, depois de terem sido acusados de assassínio ritual. 26 judeus foram mortos como resultado de uma acusação de assassinato ritual em Bacharach. 40 judeus foram assassinados, depois de uma acusação de assassinato ritual em Oberwesel. Em Munique, 180 judeus foram queimados vivos na sinagoga, depois de uma acusação de assassinato ritual”.
*“Em 1290 d.C. o rei Eduardo I, em Concílio, mandou que todos os judeus, sob pena de morte, deixassem o país até o dia primeiro de novembro daquele ano”.
*“Em 1298 d.C. severas perseguições tomaram lugar na Francônia, Bavária e Áustria. Um nobre alemão, de nome Rindfleisch (era chamado de Judenschlächter - açougueiro de judeus) juntou um pequeno exército e começou a matança de judeus, de cidade em cidade. Em cerca de seis meses queimou e massacrou um número estimado de 100.000 judeus, em 140 comunidades, incluindo Würzburg, Ratisbona, Nuremberga, Augsburg, Heilbronn e Rottingen”.
*“Em 1306 d.C. sob Filipe IV, todos os judeus do seu reino (aproximadamente 100.000), foram presos em 22 de julho. Foi-lhes dito que deixassem o país dentro de um mês. Não podiam levar senão roupas e provisões para um dia. Suas propriedades, deixadas para trás foram usadas por Filipe para preencher a tesouraria real, já que esta fora exaurida pelo seu feudo com o papa e sua guerra contra os flamengos”.
*“Em 1308 d.C. o bispo de Estrasburgo, João de Dirpheim, inquiriu os judeus de Sulzmatt e Rufach sob acusação de profanação de hóstia. Foram queimados vivos”.
Em 1307 d.C, os Cavaleiros da Ordem do Templo começaram a ser perseguidos pelo papa Clemente V e pelo rei da França Filipe IV. O Grão Mestre da ordem, Jacques de Molay, foi queimado vivo, em 18 de março de 1314, em Paris. Consta que a Ordem do Templo, mais rica e poderosa que a Igreja Católica, pretendia participar de um projeto, originado em Jerusalém, que visava unificar as três religiões (Judaísmo, Catolicismo e Islamismo). Esta mesma proposta tem sido feita, na atualidade, pelo próprio Vaticano através do papa Francisco, já tendo sido edificada em Berlim, na Alemanha, uma igreja única para as três religiões mencionadas.
*“Em 1315 d.C. o rei Luis X chamou de volta os judeus que tinham sido expulsos da França. Eles, em troca, impuseram condições, que foram atendidas. Mas, outra vez, tinham de usar distintivos nas roupas”.
*“Em 1320 d.C. o papa João II ordenou a inquisição em Toulouse. Lá e em Perpignan, o talmude foi queimado. Durante a Cruzada dos Pastores, 40.000 pastores e camponeses marcharam de Agen a Toulouse, matando qualquer judeu que não quisesse ser batizado. Em Verdun, 500 judeus fugiram para uma torre. Quando foram assediados, cometeram suicídio. 120 comunidades judaicas, no sul da França e no norte da Espanha, foram exterminadas”.
*“Em 1328 d.C Milhares de judeus foram assassinados por populares, ao redor de Estella, quando um monge pregou inflamados sermões antijudaicos”.
*“Em 1338 d.C. o bispo João de Dirpheim causou o massacre de judeus em Estrasburgo, durante o aniversário da Conversão de S. Paulo”.
*“Em 1348 d.C. quando a peste grassava na Europa, os judeus na Espanha foram acusados de planejarem envenenar os poços dos cristãos. Na França, Espanha e Suíça, os judeus foram assassinados porque o povo acreditava que teriam envenenado os poços ou o pretendiam fazer. No mês de setembro, o papa Clemente VI editou bula declarando os judeus inocentes da acusação de causar a praga. Exortou o clero a proteger os judeus e até excomungou assassinos. Mas os populares não puderam ser controlados. 10.000 judeus foram assassinados por populares poloneses nas cidades perto da Alemanha, apesar da proteção real dada pelo rei Kasimir. O prefeito de Estrasburgo, Konrad von Winterthur, junto com outras autoridades, defendeu os judeus contra os ataques de populares e as acusações do bispo. Os conselhos de outras cidades tentaram o mesmo”.
*“Em 1349 d.C. a comunidade judaica de Basiléia foi queimada e morta em uma estrutura especialmente construída. 2.000 judeus pereceram em Estrasburgo. Em Worms, 400 judeus foram queimados. Em Oppenheim, os judeus queimaram-se a si mesmos, temendo a tortura. O mesmo aconteceu em Frankfurt. Em Mogúncia, 6.000 judeus foram queimados e mortos, quando o populacho pôs fogo nas suas casas. Em Erfurt, a comunidade judaica de 3.000 pessoas foi massacrada, e em Breslau todos os judeus pereceram. Em Viena, os judeus cometeram suicídio, aconselhados por seu rábi, para evitar tortura. As comunidades judaicas de Augsburg, Würzburg e Munique foram destruídas. Os judeus foram expulsos de Heilbronn. Os judeus de Nuremberga, que não fugiram, foram queimados e mortos em um lugar que, desde então, é conhecido como Judenbühl. Os judeus de Königsberg foram massacrados. Em Bruxelas, aproximadamente 500 judeus morreram em um massacre”.
*“Em 1354 d.C. 12.000 judeus foram massacrados em Toledo, Espanha”.
*“Em 1357 d.C. quando a peste voltou, outra vez, na Francônia, os judeus foram novamente incriminados de haverem envenenado os poços. A peste, também chamada a Morte Preta, matou milhares. Durante esse tempo, o mito de conspiração judaica foi inventado, mito esse que, apesar de ser absurdo, continua sendo acreditado por muitos, até os dias atuais”.
*“Entre 1366 e 1369 d.C. quando a guerra civil grassava entre os reis Pedro e Henrique de Trastamora, muitos judeus foram massacrados por mercenários empregados por ambos os lados”.
*“Em 1384 d.C. os judeus de Nördlingen foram atacados e massacrados”.
*“Em 1389 d.C. Populares atacaram e massacraram milhares de judeus em Praga”.
*“Em 1391 d.C. a Inquisição virou-se contra os judeus que se tinham convertido à Cristandade. Em muitos casos, eles continuaram secretamente a praticar o Judaísmo, sendo, por isso, considerados heréticos. Por toda a Inquisição, um número estimado e 50.000 judeus foram mortos, e outros 160.000 batizados à força. Em muitas cidades da Espanha, sinagogas e mesquitas foram transformadas em igrejas, e comunidades judaicas sofreram terríveis perseguições. Depois, 300 judeus foram assassinados ou cometeram suicídio em Barcelona, e 11.000 judeus permitiram que fossem batizados”.
*“Em 1399 d.C. em Posen, Polônia, um rábi e 13 anciãos da comunidade judaica foram lentamente queimados e mortos, acusados de terem apunhalado a hóstia e a jogado numa cova. Rumores circularam de que a hóstia teria sangrado, o que, naturalmente, confirmava o dogma da Eucaristia”.
*“Em 1407 d.C. os exaltados sermões do monge e reformador Vicente Ferrer causou ações opressivas contra os judeus na Espanha e agressões de populares. É relatado cerca de 20.000 batismos forçados em Castela e Aragão”.
*“Entre 1413 e 1415 d.C. Dom Fernando de Aragão convocou debates em Tortosa. Foram instituídos para facilitar a conversão dos judeus à Cristandade. Os líderes judaicos de Aragão foram forçados a debater com um judeu convertido, Jerônimo de Santa Fé. As disputas prolongaram-se por um ano e nove meses, com resultados negativos para as comunidades judaicas”.
*“Em 1419 d.C. o papa Martinho V e os reis espanhóis restauram direitos judaicos. Sinagogas e cópias de Talmude foram-lhes devolvidas”.
*“Em 1422 d.C. a Cruzada contra os hussitas, na Boêmia e Moravia, causaram muito mal às comunidades judaicas. Na sua marcha a Praga, o exército do imperador alemão, Sigismundo, com mercenários holandeses, destruiu comunidades judaicas ao longo do rio Reno, na Turíngia e na Bavária, tudo para vingar o insultado Deus dos cristãos”.
*“Entre 1427 e 1429 d.C. uma bula, editada pelo papa Martinho V, proibiu os capitães do mar de transportarem judeus à Terra Santa. Também, numa outra bula, exigiu a proteção dos judeus, estabelecendo direitos da comunidade, entre estes, o que permitia aos judeus estudarem em universidades”.
*“Em 1431 d.C. uma acusação de assassinato ritual levou à destruição de comunidades judaicas alemãs em Ravensburg, Überlingen e Lindau”.
*“Em 1432 d.C. os judeus foram expulsos de Saxônia”.
*“Em 1434 d.C. o Concílio de Basiléia, presidido pelo papa Eugênio IV, revogou as liberdades que Martinho V tinha conferido. Os judeus tinham de viver em bairros separados das cidades, de assistir a sermões de conversão e não tinham permissão de frequentar universidades”.
*“Em 1443 d.C. os judeus de Veneza tinham de usar o distintivo amarelo”.
*“Em 1451 d.C. o papa Nicolau V, numa bula, confirmou as velhas exclusões de judeus da sociedade cristã e de todas as profissões honestas. João de Capistrano foi nomeado pelo papa para orientar a Inquisição dos judeus. Nos seus sermões repetia as acusações de assassinato ritual e de profanação de hóstia, o que acarretou perseguições contra os judeus, em Breslau, sob o rei Ladislau da Silésia”.
*“Em 1454 d.C. quando o exército polonês e os prussianos, que foram atiçados pelos sermões de Capistrano na Polônia, culparam a tolerância real para com os judeus pelas calamidades, os direitos judaicos foram retirados e populares atacaram comunidades judaicas”.
*“Em 1457 d.C. tropas polonesas, em marcha para a Cruzada contra os turcos, atacaram os judeus de Cracóvia, matando cerca de 30”.
*“Em 1492 d.C. todos os judeus foram expulsos da Espanha católica”.
Noah Gordon, em sua obra ‘O Último judeu’ (Rocco, 2000), relata o sofrimento e as perseguições impostos aos judeus da Espanha, pela Igreja Católica, a partir de 1492, através da Inquisição. Yonah Toledano (personagem principal) e sua família, bem como todos os judeus residentes na cidade de Toledo e nas demais cidades espanholas, tiveram como alternativas assumir o catolicismo como religião, se mudar para outro país ou padecer nas câmaras de tortura, nas fogueiras e no garrote vil.
*“Entre 1500 e 1530 d.C. os dominicanos batizaram muitos judeus. Esses convertidos, porém, não estavam muito mais seguros dos ataques de populares. Alguns destes convertidos escreveram livros antijudaicos extremamente hostis, pretendendo causar dano à Judiaria: Vítor de Carben em 1505, João Pfefferkorn (quatro peças sarcásticas) em 1505-09 e Antônio Margharita em 1530. Os dominicanos também rejeitaram o estudo da língua hebraica”.
Noah Gordon, em sua obra ‘O Último judeu’ (Rocco, 2000), relata o sofrimento e as perseguições impostos aos judeus da Espanha, pela Igreja Católica, a partir de 1492, através da Inquisição. Yonah Toledano (personagem principal) e sua família, bem como todos os judeus residentes na cidade de Toledo e nas demais cidades espanholas, tiveram como alternativas assumir o catolicismo como religião, se mudar para outro país ou padecer nas câmaras de tortura, nas fogueiras e no garrote vil.
*“Entre 1500 e 1530 d.C. os dominicanos batizaram muitos judeus. Esses convertidos, porém, não estavam muito mais seguros dos ataques de populares. Alguns destes convertidos escreveram livros antijudaicos extremamente hostis, pretendendo causar dano à Judiaria: Vítor de Carben em 1505, João Pfefferkorn (quatro peças sarcásticas) em 1505-09 e Antônio Margharita em 1530. Os dominicanos também rejeitaram o estudo da língua hebraica”.
*“Em 1509 d.C. o imperador Maximiliano autorizou João Pfefferkorn a destruir qualquer coisa que fosse blasfema ou hostil à Cristandade. Começou em Frankforte no rio Meno, onde vasculhou lares judaicos e sinagogas, confiscando mais que 1.500 manuscritos”.
*“Em 1517 d.C. no tempo da Reforma, o papa editou uma bula: Cum nimis absurdum. Essa bula é reconhecida como o documento cristão, antijudaico, mais devastador jamais escrito. Requisitou que os judeus usassem distintivos de ignomínia, vivessem em guetos e vendessem qualquer propriedade fora dos muros do gueto”.
*“Entre 1521 e 1523 d.C. em ‘O Magnificat’ e no tratado ‘Que Jesus Cristo Nasceu Judeu’, Martim Lutero reagiu contra o tratamento rude de judeus, esperando que eventualmente pudessem se converter. A Reforma contribuiu para mais liberdade para os judeus. Em países protestantes gozavam de maior tolerância e tinham menos restrições, podendo desenvolver uma cultura mais dinâmica do que em países católicos. Mesmo assim, os judeus continuaram vivendo vidas precárias em qualquer lugar. Nos países católicos, a ‘guetorização’ chegou a ser a norma. A cultura judaica era sufocada, e o novo estereótipo de judeu de gueto foi adicionado aos muitos já existentes”.
*“Em 1541 d.C. João Eck, o polemista católico romano, escreveu um tratado contra o livro de David Ganz, um judeu. Ganz esperava que o protestantismo fosse mais tolerante com o judaísmo. O panfleto de Eck, ‘Refutação dum Livro Judaico’, revivifica todas as antigas acusações: assassinato ritual de crianças, profanação de hóstia, etc. Além disso, chama os protestantes da Alemanha de aduladores e amadores de judeus”.
*“Em 1543 d.C. essa acusação pode ter contribuído para a mudança da atitude de Lutero com relação aos judeus. Transpirou uma série de tratados, intitulados “Sobre Judeus e as suas Mentiras, Sobre Shem Hamforas: Suas sinagogas devem ser incendiadas… suas casas devem, igualmente, ser demolidas e destruídas… Deixem-nos ganhar seu pão pelo suor dos seus narizes, como ordenado às crianças de Abraão”. Isto reverteu à posição medieval de perigo do ataque de Eck contra o protestantismo e à crença nas histórias de Eck de que os judeus matariam crianças para os seus rituais. No tratado, nas últimas palavras moderou sua posição, mas seguiu a tradição de interpretar o Antigo Testamento em termos cristológicos. Esses panfletos mostraram-se impopulares e teriam sido esquecidos, se os nazistas não os tivessem ressuscitado na Edição de Munique (primeiro vol. 3, 1934). Alguns homens famosos do tempo da Reforma, que eram simpáticos aos judeus, eram João Brenz (1499 – 1570), o reformador da Suábia, e os teólogos André Osiander (1498-1552) e Matias Flacius (1520-1575)”.
*“Em 1554 d.C. em Genebra, Teodoro Beza publicou um livro intitulado ‘Porquê Heréticos devem ser Punidos pelos Magistrados’. Essa era uma réplica ao eloqüente apelo de Sebastião Castellio, por liberdade religiosa. Castellio fora removido de Genebra, pelo reformador João Calvino, porque duvidava que o ‘Cântico dos Cânticos’ fizesse parte das Escrituras”.
*“Entre 1580 e 1620 d.C. a República dos Sete Países Baixos (Holanda) chegou a ser muito tolerante com os judeus. Chegou a ser um porto para judeus que fugiram da Inquisição. Ali, os argumentos de Castellio por liberdade religiosa prevaleciam sobre a influência de Beza. Quando os Países Baixos estavam sob o reinado de Carlos da Espanha, os judeus foram expulsos”.
*“Em 1582 d.C. na Scots Confession (Confissão Escocesa), cap. 18, o reformador João Knox manteve a doutrina calvinista original de intolerância, distinguindo “a prostituta” (Roma) e as sujas sinagogas de a verdadeira Igreja”.
*“Em 1622 d.C. o rei Cristiano da Dinamarca e outros, convidaram judeus a residirem nos seus países, quando a Guerra dos Trinta Anos grassava na Europa Central”.
*“Entre 1646 e 1647 d.C. a Confissão de Westminster, por ato do parlamento escocês, substituiu a Confissão Escocesa, definindo a Igreja em termos universais sem difamações anti-romanas ou anti-semíticas nos seus capítulos sobre a Igreja”.
*“Entre 1648 e 1649 d.C. durante a rebelião dos Cossacos e camponeses russos na Polônia, Ucrânia, Rússia Branca e Lituânia, as mais cruéis torturas foram inventadas para os judeus. Milhares morreram sob prolongada brutalidade. Crianças não foram poupadas. Há relatos de raptos e de horríveis chacinas, bem como de gente sendo morta devagar com lanças, de mulheres fendidas e gatos vivos costurados dentro delas. A cidade de Hamburgo expulsou os judeus”.
*“Em 1654 d.C. Pedro Stuyvesant enviou para casa uma carta anti-semita, das colônias no Novo Mundo à Companhia da Índia Ocidental, indicando que os judeus ali também estavam em dificuldades. Os puritanos da Inglaterra viam os judeus como desafio ao evangelismo cristão”.
*“Em 1718 d.C. Carlos XIII, da Suécia, abriu o país à imigração judaica. Todavia, restrições econômicas e de viagem foram impostas”.
*“Em 1744 d.C os judeus foram expulsos da Boêmia e em 1745 d.C. da Morávia, sob a imperatriz Maria Teresa”.
*“Em 1753 d.C. sob a Imperatriz Isabel Petrovna, cerca de 35.000 judeus foram expulsos da Rússia”.
*“Em 1768 d.C. a expansão da Rússia e a derrota da Polônia, confrontaram os russos com largamente estabelecidas comunidades judaicas, que anteriormente não estavam sob o seu domínio. A Czarina Catarina II, a Grande, estabeleceu um território, o assim chamado Recinto de Residência. Era para impedir a população judaica de influenciar a sociedade russa e para ser um pára-choque entre a Rússia e os seus vizinhos ocidentais. Os judeus precisavam de licenças especiais para viajar fora do Recinto. Perseguições a judeus continuaram violentamente na Polônia, Lituânia e Rússia, aonde os judeus fugiram dos cruzados e da Inquisição na Europa Ocidental”.
*“Em 1791 d.C. aos judeus foi dada cidadania na França. A idade do Iluminismo (ou da razão) produziu um racionalismo que foi aplicado a assuntos sociais e econômicos. O sentido limitante de nacionalidade trouxe outra vez dificuldade para os judeus, porque estavam vivendo espalhados através de muitas nações”.
*“Em 1796 d.C. os Países Baixos concederam aos judeus plena igualdade e cidadania”.
*“Entre 1808 e 1810 d.C. o Czar Alexandre I quis integrar os judeus na sociedade russa, ordenando que deixassem as aldeias onde estavam residindo. Um número estimado em cerca de 500.000 judeus deixou o campo e rumaram para dentro das cidades, onde milhares morreram de fome, de frio ou de doença. Medo de epidemia causou a revogação da lei”.
*“Entre 1814 e 1820 d.C., aos judeus da Dinamarca, foi concedida a emancipação quase completa. Cidades alemãs ainda expulsaram regularmente os judeus: Lubeque, Brema, Würzburg e outras cidades da Francônia, Suábia e Bavária. Os assim chamados distúrbios HEP! HEP! (um grito de cruzados: Hierosolyma est Perdita – Jerusalém está perdida) tomaram lugar em Francoforte, Darmstadt, Bayreuth, Karlsruhe, Düsseldorf, Heidelberga, Würzburg e até em Copenague”.
*“Em 1821 d.C. milhares de judeus fugiram da Grécia, depois de distúrbios antijudaicos”.
*“Em 1844 d.C. Karl Marx (um judeu) publicou seu Tratado Sobre a Questão Judaica, ‘Zur Judenfrage’, repetindo os antigos estereótipos que os cristãos usaram”.
*“Em 1845 d.C. o socialista francês, Afonso Toussenel, publicou o seu ataque anti-semítico “Os Judeus, Rei da Época - Les Juifs, Rois de L’epoque”.
*“Em 1848 d.C. a revolução trouxe a emancipação dos judeus, mas já em 1851 as constituições de Prússia e de Áustria incluíram outra vez restrições antijudaicas”.
*“Em 1850 d.C. ocorrem distúrbios contra judeus na cidade de Nova-York, iniciados por um policial irlandês”.
*“Em 1855 d.C. Comte de Gobineau publicou seu Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas, “Essai sur L’inequalité des Races Humaines”. O moderno anti-semitismo usou isso pesadamente”.
*“Em 1868 d.C. Hermano Gödsche publicou sua novela Biarritz sob o pseudônimo e Sir John Racliffe. Num capítulo intitulado de ‘No Cemitério Judaico de Praga’ descreve um secreto encontro, a meia-noite, de representantes das 12 tribos de Israel, recebendo diretivas do Diabo sobre como dominar o mundo. Em 1872, só esse capítulo foi reimprimido como um panfleto em St. Petersburg, Rússia, com a declaração de que embora a história fosse ficção, basear-se-ia em fato real. O panfleto foi reimpresso, mais tarde, em Moscou, Odessa e Praga”.
*“Em 1869 d.C. os judeus receberam status igual ao de cidadão na Alemanha”.
*“Em 1870 d.C. o gueto em Roma foi formalmente abolido – contra os desejos do papa Pio IX – e os judeus chegaram a ser considerados cidadãos no reino da Itália”.
*“Em 1871 d.C. o padre Augusto Rohling, de Praga, publicou seu panfleto O Judeu do Talmude, ‘Der Talmudjude’. Era um vicioso ataque antisemita, vastamente circulando entre católicos”.
*“Em 1873 d.C. Guilherme Marr publicou seu panfleto Vitória da Judiaria sobre o Germanismo, ‘Der Sieg des Judentums über das Germanentum’. Aqui, o termo anti-semitismo foi usado pela primeira vez”.
*“Em 1875 d.C. o Kulturkampf (Luta de Cultura) de Bismark contra os católicos na Alemanha, foi interpretado por católicos como sendo influenciado pelo capital judaico, como vingança pela perseguição da igreja romana aos judeus”.
*“Em 1878 d.C. Adolfo Stoecker, o fundador do Partido Socialista Cristão de Trabalhadores na Alemanha, era cometido de forte antisemitismo. Mais que 100.000 judeus romenos imigraram para os Estados Unidos, para evitar inanição por causa das leis discriminatórias no seu país”.
*“Em 1879 d.C. o professor Henrique von Treitschke, da universidade de Berlim, fez-se um nome no mundo, não somente como historiador, mas também como moderno anti-semita. Numa coleção de ensaios Uma Palavra sobre a nossa Judiaria, ‘Ein Wort über unser Judentum’, declara, por exemplo, que antisemitismo é uma reação natural do sentimento nacional alemão contra um elemento estranho que usurpara, largamente demais, um lugar na nossa vida”.
*“Em 1881 d.C. uma petição com 250.000 assinaturas foi submetida a Bismark pelo ‘Movimento Berlim’, exigindo severas restrições, na Alemanha, a vida judaica. O primeiro de muitos severos ‘pogroms’ contra os judeus foi iniciado pela Sagrada Liga na Rússia, formada por cerca de 300 oficiais de exército. Os ‘pogroms’ causaram uma das maiores emigrações na história judaica. Eugênio Duhring publicou seu A Questão Judaica como um Problema de Raça, Costume e Cultura, ‘Die Judenfrage als Rassen-, Sitten- und Kulturfrage’: ‘A origem do desprezo geral, sentido pela raça judaica, jaz na sua absoluta inferioridade em todos os campos intelectuais. Os judeus mostram uma falta de espírito científico, uma fraca compreensão de filosofia, uma inaptidão para criar em matemática, arte e até música. Fidelidade e reverência com respeito a qualquer grande e nobre são-lhes alheias. Por isso, a raça é inferior e depravada. A obrigação dos povos nórdicos é a de exterminar tais raças parasitas, como exterminamos serpentes e bestas de presa’. Comícios do Movimento Berlim terminaram em distúrbios de bandos movimentando-se pelas ruas gritando Juden raus! (Judeus fora!), atacando judeus ou pessoas de aparência judaica, quebrando janelas de comércios judaicos”.
*“Em 1882 d.C. o padre E. A. Chabauty publicou Os Judeus, nossos Mestres, ‘Les Juifs, nos Maitres’, sobre nações cristãs sendo atacadas por conspiração judaica”.
*“Em 1886 d.C. a Aliança Anti-semítica Alemã era formada por partidos da ala direita. Eduardo-Adolfo Drumont publicou seu A França Judaica, ‘La France Juive’, uma obra violentamente anti-semítica, de grande circulação”.
*“Em 1887 d.C. Otto Boeckel, um dos líderes da Aliança Anti-semítica Alemã, foi eleito ao Reichstag (Parlamento) em Berlim. Karl Lüger, um político da esquerda, fez público o seu anti-semitismo. Chegou a ser o maior líder do anti-semitismo austríaco. Em Mein Kampf (Minha Luta), Hitler atribui seu anti-semitismo à influência de Lüger”.
*“Em 1889 d.C. Max Liebermann von Sonnenberg, que fora um líder no Movimento Berlim, fundou o Partido Anti-semítico Social Alemão, Deutsch-Sociale Antisemitische Partei, em Bochum, Vestfália. O primeiro jornal anti-semítico na Hungria apareceu em Pressburg”.
“Entre 1890 e 1891 d.C. quatro milhões de judeus fugiram para a Europa Ocidental e para a América, devido à perseguições na Europa Oriental. Mas aqui também – na Terra da Liberdade – os judeus foram restritos, sofrendo as antigas acusações. O Sionismo desenvolveu-se na Europa. Hermano Ahlwardt publicou seu A Luta de Desespero dos Povos Arianos Contra a Judiaria, ‘Der Verzweiflungskampf der Arischen Völker mit dem Judentum’, pintando a Judiaria como polvo que controlasse qualquer setor da nação alemã. Partidos antisemítas ganharam cinco vagas no Reichstag (Parlamento) alemão”.
*“Em 1892 d.C. Eduardo Drumont fundou o jornal francês La Libre Parole para popularizar seu anti-semitismo”.
*“Em 1893 d.C. Partidos antisemítas ganharam dezesseis vagas no Reichstag (Parlamento) alemão”.
*“Em 1894 d.C. o processo e o conselho de guerra do oficial francês Alfredo Dreyfus (um judeu) por traição, foi, mais tarde, provado que havia sido causado por oficiais anti-semitas de alta patente do exército e gente no ministério de guerra, que forjou os documentos. O Caso Dreyfus causou distúrbios anti-semíticos na França”.
*“Em 1899 d.C. Houston Steward Chamberlain publicou sua obra As Fundações do Século Dezenove (The Foundations of the Nineteenth Century). Levou a teoria racial de Gobineau à sua conclusão lógica, proclamando os germânicos como a melhor raça e exigindo uma cruzada contra os judeus”.
“Entre 1900 e 1910 d.C. centenas de ‘pogroms’ (ataques violentos e maciços, com destruição simultânea de seus bens, negócios e centros religiosos) contra os judeus foram iniciados e mantidos na Rússia e na Ucrânia. Uma breve versão dos ‘Protocolos dos Sábios do Sião’ foi publicado por Pavolackai Krushevan no seu jornal Znamya, em St. Petersburg. A aceitação da veracidade da sua publicação pela polícia secreta do Czar, pelos cristãos e, mais tarde, por outros países, demonstrou como o antijudaísmo cristão havia predisposto o povo a crer naquela fantástica propaganda anti-semita. S. A. Nilus publicou o texto inteiro dos Protocolos na terceira edição do seu livro ‘O Grande e o Pequeno’ em St Petersburg. G. Butmi publicou sua versão dos Protocolos denominada ‘Os Inimigos da Raça Humana’, em St. Petersburg (quatro edições em dois anos)”.
*“Em 1911 d.C. Werner Sombart publicou seu livro ‘O Judeu e o Moderno Capitalismo’. Afirma que Judaísmo e capitalismo são praticamente sinônimos. Declarou em seu livro: Interesses intelectuais e habilidade intelectual são mais fortemente desenvolvidos no judeu, que forças físicas ou manuais. (Compare com o ano de 1881, onde Duhring declarara exatamente o contrário)”.
*“Em 1914 d.C. leis antijudaicas foram abolidas, para que judeus pudessem lutar para a Santa Mãe Rússia, na Primeira Guerra Mundial”.
*“Em 1915 d.C. o grão-duque Sergei, comandante-em-chefe dos exércitos russos, decretou a recolocação de todos os judeus no interior da Rússia, temendo que tomassem partido dos alemães. 600.000 foram transportados, à força, ao interior da Rússia. Cerca e 100.000 deles morreram de abandono às intempéries e de inanição”.
*“Entre 1918 e 1920 d.C. aproximadamente 200.000 judeus sofreram morte violenta durante a fratricida guerra civil da Rússia e da guerra russo-polonesa em 1920. Ocorreu, principalmente, na Ucrânia, mas houve também massacres em massa de judeus em Minsk, Pinsk e Vilna pelo exército polonês (fato documentado pelo governo dos EUA) e em Yekaterinburg, Sibéria. Em julho de 1919, mais de 2.000 judeus foram massacrados pelo Exército Branco sob o comando do almirante Kolchak. Os judeus foram acusados, pelos bolcheviques, de serem capitalistas e opostos a eles, e pelos Russos Brancos de serem Vermelhos e comunistas. Sofreram mais pelos Brancos, que não fizeram diferença entre eles e os Vermelhos. Lenin prescrevia ‘pogroms’, mas o tratamento melhor que os judeus recebiam dos Vermelhos dava mais prova aos Brancos de que os judeus eram comunistas. Torturas terríveis e massacres de judeus aconteceram na Ucrânia sob o general Denikin, cujo Exército Branco no sul da Rússia era armado e financiado, principalmente, pelos aliados, mormente o britânico. Na Declaração Balfour, a British Foreign Secretary (Ministério do Exterior Britânico) declarou a Palestina como sendo o lar nacional (national home) para os judeus. As nações árabes protestaram. Os Protocolos dos Sábios do Sião foram, primeiramente, publicados na Inglaterra. Em distúrbios de Berlim e Munique, os judeus foram culpados pela Alemanha ter perdido a Primeira Guerra Mundial”.
“Entre 1920 e 1921 d.C. Gottfried zer Beek (Ludwig Müller) publicou os Protocolos dos Sábios do Sião, em alemão. Alcançaram seis edições. A versão de Müller chegou a ser a versão oficial dos nazistas, em 1929. Os Protocolos foram publicados também na França, Estados Unidos e Polônia. O Retorno à normalidade reviveu a Klu Klux Klan nos Estados Unidos, e restrições de todas as espécies foram impostas as pessoas de descendência hebraica. Hitler fez o seu primeiro discurso importante contra os judeus em 13 de agosto, exigindo que se tirasse deles todos os seus direitos. Aproximadamente 1.450.000 judeus imigraram para os Estados Unidos em um período de cerca de 30 anos. Para frear a imigração, o presidente Harding e o Congresso Americano reescreveram as leis, limitando a imigração, por nacionalidade e por ano, a três por cento do número das pessoas dessa nacionalidade já existentes nos Estados Unidos e que constavam no censo de 1910. Outra severa restrição de imigração foi legislada em 1924”.
*“Em 1925 d.C. Hitler publicou seu ‘Mein Kampf’ (Minha Luta): “Se, com a ajuda do seu credo marxista, o judeu está vitorioso sobre outros povos do mundo, sua coroa será a grinalda do funeral da humanidade… Hoje creio que estou agindo de acordo com a vontade do Criador Onipotente: defendendo-me contra o judeu, luto pela obra do Senhor”.
Hitler era católico e, em 12 de abril de 1942, discursando em Munique, afirmou: “Como um Cristão amoroso e como um homem, leio a passagem que nos conta como o Senhor finalmente se ergueu em Sua força e apanhou o azorrague para expulsar do Templo a raça de víboras. Como foi esplendida a sua luta em defesa do mundo e contra o veneno judeu. Hoje, depois de 2 mil anos, é com muita emoção que reconheço, mais profundamente do que nunca, o fato de que foi em nome disso que Ele teve que derramar Seu sangue na cruz. Como cristão tenho o dever de não me deixar enganar, tenho o dever de lutar pela verdade e pela justiça. E como homem, tenho o dever de zelar para que a sociedade humana não sofra o mesmo colapso catastrófico que sofreu a civilização do mundo antigo 2 mil anos atrás – uma civilização que foi levada a ruína por esse mesmo povo judeu.”(Grifo nosso).
Não seria o caso de que a mentira estivesse sendo vendida como verdade, e a injustiça como justiça; como tantas vezes se fez ao longo da História Humana? Estaria Hitler a serviço de elites, em sua guerra de expansão do Reich Alemão, e, também, a serviço do cristianismo, em sua campanha pela exterminação do povo judeu?
*“Entre 1926 e 1933 d.C. os ‘pogroms’ continuaram na URSS, Polônia, Romênia, Hungria, Grécia e México. Na Alemanha, cemitérios judaicos e sinagogas foram profanados”.
*“Em 1933 d.C. Hitler chegou ao poder na Alemanha. Os judeus foram excluídos do serviço civil, profissões legais e universidades. Não tinham permissão de ensinar em escolas e não podiam ser editores de jornais”.
*“Em 1934 d.C. grupos antijudaicos formaram-se por todo o Canadá. O anti-semitismo era espalhado em muitos magazines e jornais”.
*“Em 1935 d.C. os judeus perderam sua cidadania na Alemanha”.
*“Em 1936 d.C. os Palestinos rebelam-se contra o Sionismo e a decisão britânica de oferecer, aos judeus, terras árabes. Durante o ano de 1936, meio milhão de judeus foram assentados na Palestina. Os britânicos tentaram bloquear o fluxo de imigração e negociar com organizações paramilitares judaicas. Nos expurgos de Stalin, muitos judeus perderam suas vidas na URSS. O Cardeal Hloud, o primaz da Polônia, em uma carta pastoral exortou os católicos a boicotarem negócios judaicos”.
*“Em 1937 d.C. os campos de concentração de Sachsenhausen, Buchenwald e Lichtenburg foram estabelecidos na Alemanha. Todos os professores judaicos perderam os seus empregos na Itália. Crianças judaicas foram segregadas. Os Protocolos dos Sábios do Sião foram publicados na Itália e circularam largamente”.
*“Em 1938 d.C. durante a noite de 9-10 de novembro, cerca de 7.000 lojas e negócios judaicos foram pilhados e destruídos, a maioria das sinagogas queimadas e 91 judeus mortos na Alemanha. Cerca de 30.000 judeus mais ricos foram levados para campos de concentração. Mais tarde, a maioria deles foi solta e recebeu papéis de emigração, depois que todas as suas posses foram confiscadas. Apenas cem mil judeus podiam emigrar da Alemanha, Áustria, Boêmia e Morávia, tendo antes que haver transferindo tudo que tinham aos nazistas. Os judeus foram excluídos da vida pública, de escolas e universidades. Tinham de usar distintivos amarelos, em forma da Estrela de David na roupa, durante o tempo todo. Foram acusados de qualquer coisa de errado que ocorresse embaixo do sol, e estavam sempre com receio de sofrer uma batida policial ou, ainda, de ser morto nas ruas”.
*“Entre 1939 e 1941 d.C. o início da Segunda Guerra Mundial trouxe uma mudança da antiga política de emigração para a nova política de exterminação. Milhares de judeus foram arrebanhados pelos comandos de ação (Einsatzkommandos) da SS, que seguiam atrás da frente alemã que avançava, e foram fuzilados ou levados para campos de concentração na Polônia. A GESTAPO (Geheime Staatspolizei = Polícia Secreta do Estado) arrebanhava os Judeus, os Ciganos, as Testemunhas de Jeová, os Comunistas e os Homossexuais, além de outros, e os colocavam em campos de concentração”.
*“Em 1942 d. C. a conferência de dezesseis oficiais nazistas, de alta patente, em Berlim-Wannsee, planejou a solução final, a completa exterminação dos judeus Europeus”.
*“Entre 1942 e 1945 d.C. aproximadamente seis milhões de judeus, entre eles cerca de um milhão de crianças, foram mortos em campos especiais de extermínio, todos situados na Polônia que estava ocupada pelo exército alemão. O mais proeminente desses campos era Auschwitz. Holocausto é um termo bíblico que significa oferta queimada. O povo judaico se refere a esse evento mais devastador da sua história como à Shoáh. Muitas Igrejas na Alemanha aceitaram Hitler como herói nacional. Algumas lhe resistiram. Mas a Cristandade, como um todo, falhou miseravelmente ou o fez de caso pensado, ao não resistir ao mal praticado contra os judeus e a outras minorias, pelos nazistas (Grifo nosso). E quando judeus refugiados bateram as portas das nações que se opunham aos nazistas, esses refugiados foram rejeitados. Em todo o mundo ocidental, as Igrejas ficaram caladas, enquanto os judeus necessitavam de ajuda e estavam sendo massacrados. O Holocausto é, portanto, também a culminação do antijudaísmo cristão durante todos estes séculos (Grifo nosso). A própria catequese antijudaica paralisava os cristãos, impedindo-os de agirem, apropriadamente, quando forças seculares, anticristãs e pagãs, assumiram a linguagem de antijudaísmo das Igrejas Cristãs. No início havia, apenas, a palavra antijudaica – no fim, a Solução Final”.
Ao longo de quase dois mil anos, o ódio aos judeus tem sido a norma corrente e, em grande medida, tem sido patrocinado pelas principais religiões cristãs: o Catolicismo, o Luteranismo e o Calvinismo. Martinho Lutero odiava abertamente os judeus e, embora condenasse a Igreja Católica e a corrupção desta para objetivos escusos, apoiava as políticas papais de ‘pogroms’ contra os judeus. Lutero chegou a afirmar: “Os judeus merecem ser enforcados em penhascos, sete vezes mais elevados do que os mais ordinários ladrões. Temos de ser vingativos com os judeus e matá-los”. “Ungodly wretches” assim ele chamou os judeus em um de seus livros.
Os judeus, que sempre viveram bem com os árabes ao longo da história, somente a partir da decisão britânica de oferecer terra aos judeus na Palestina, ocorrida em 1936, despertaram crescente animosidade por parte daquele povo. Na atualidade, com o enorme poderio militar desenvolvido pelo Estado de Israel, bem como a importância e a influência econômico-financeira de seus cidadãos, nos Estados Unidos e na Europa, os judeus deixaram de ser alvo da perseguição sistemática da igreja católica (que pouco fez em defesa deles, durante a campanha de exterminação dos judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial). Os alvos da igreja, agora, passaram a ser os evangélicos e suas seitas (que crescem em importância na América do Sul, do Norte e na África, ocupando espaço – ou um mercado - que antes pertencia à igreja católica), bem como os muçulmanos que invadiram a Europa com sua religião e cultura. Os espíritas, que também adotam a Bíblia católica e cujo efetivo apresenta um crescimento apenas vegetativo, são tolerados e sobre as religiões orientais (budismo, bramanismo, hinduísmo, etc.), por se tratarem de religiões de massa de países populosos, como Índia, China, Japão, países do Sudeste da Ásia, etc., pouco pode a igreja católica fazer para combatê-las ou para ocupar-lhes o espaço. As religiões de origem africana, denominadas Candomblé e Umbanda e trazidas pelos escravos, que se instalaram entre as populações pobres e entre os afro-descendentes, em nosso país, sempre foram perseguidas e combatidas pela igreja católica de Roma.
O professor Bart D. Ehrman, em seu livro já citado, afirma que: “O antisemitismo como chegou até nós é a história das reações especificamente cristãs aos judeus não cristãos. É uma das piores invenções da igreja de Roma”(Grifo nosso).
Jacopo Fo, Sergio Tomat e Laura Malucelli em ‘O Livro Negro do Cristianismo’ Ediouro, declaram: “Nos últimos tempos surgiu uma nova discussão sobre a figura do papa Pio XII (1939-1958) e de seu possível envolvimento no nazismo e no extermínio de judeus. No final de 2005, uma comissão católico-judaica internacional, criada em 1999 e composta de seis historiadores (três judeus e três católicos) não foi capaz de dar resposta satisfatória”.
Inúmeras perguntas ficaram sem resposta: Porque o papa não condenou as atrocidades nazistas contra os judeus, durante a Segunda Grande Guerra? Porque a Santa Sé se opôs a transferência dos judeus para a Palestina? Porque o Papa deu a sua aprovação ao antisemitismo de Pétain, em Vichy?
É fato reconhecido, por historiadores, que a Santa Sé ajudou na fuga de cerca de cinco mil criminosos nazistas, ao fim da segunda Guerra mundial, dentre os quais estava o Dr. Mengele, Walter Rauff, Adolf Eichmann, Erick Priebke e Franz Stangl. Por outro lado, segundo estes historiadores, existem documentos, tanto na Alemanha quanto nos Estados Unidos, que parecem demonstrar as transferências de fundos nazistas do Reichsbank e de bancos suíços controlados pelos nazistas, para o Instituto de Obras Religiosas – IOR (Banco do Vaticano).
O atual papa Francisco realizou, no dia 29 de julho de 2016, uma visita aos campos de concentração nazista de Auschwitz e Birkenau, na Polônia, ambos os campos símbolos de horror da Segunda Grande Guerra e palco da morte de milhões de judeus.
O líder católico escreveu uma mensagem no "Livro de Honra" às vítimas, no Museu Memorial de Auschwitz: "Senhor, tende piedade do teu povo e perdoai tanta crueldade”! Após a visita por Auschwitz, o sucessor do papa Bento XVI foi ao campo de Birkenau, onde voltou a rezar em silêncio perante as lápides que lembram as vítimas do Holocausto Judeu. Francisco foi o terceiro líder da Igreja Católica a visitar aquele local. Antes dele, o papa João Paulo II e o papa Bento XVI fizeram viagens à Polônia, como líderes da Igreja Católica.
Seria este um reconhecimento tardio, por parte da Igreja de Roma, do seu papel histórico, especificamente na perseguição aos judeus, como aquele feito pelo papa João Paulo II, em 1992, quando se celebrava os 500 anos da viagem de Cristóvão Colombo à América. Naquela ocasião, durante missa realizada em Santo Domingo, capital da República Dominicana, o papa polonês pediu que os fiéis latinoamericanos perdoassem aqueles que “cometeram crimes e causaram dor e sofrimento aos vossos antepassados”, dando a entender um reconhecimento da responsabilidade da Igreja nesses crimes.
Da mesma forma, em março de 2000, João Paulo II também pediu desculpas com relação ao papel da sua igreja, no que respeita a evangelização forçada de populações inteiras, as Cruzadas contra os muçulmanos, aos ataques aos judeus e aos árabes, dentre outros. De maneira idêntica, no ano de 2004, voltava a pedir perdão pelos erros cometidos pela sua igreja, nos últimos dois mil anos, utilizando métodos que nada tem a ver com a palavra do criador (referindo-se, neste caso, a Inquisição). Aquele papa descreveu a sua ação como uma tentativa para "purificar a memória" de uma triste história de ódio e rivalidades.
O papa Francisco, anteriormente a sua declaração deste ano, na Polônia, durante o Encontro dos Movimentos Populares e Indígenas, realizado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, havia declarado que pedia, humildemente, perdão pelas ofensas da própria Igreja contra os povos originários, e também pelos injustificáveis crimes cometidos em nome de Deus, durante a chamada 'Conquista da América'.
Conforme podemos ver, após tanta perseguição e sofrimento, o povo judeu possui razões de sobra para ser como é e para desejar possuir um território seu, como desejam todos os demais povos. Os pedidos de perdão, partidos dos responsáveis máximos da Igreja de Roma, não são suficientes para reparar toda a dor e sofrimento pelos quais têm passado este povo, desde a implantação do cristianismo como religião. Por incrível que pareça, muito mais do que os muçulmanos (cuja religião prega a guerra contra os infiéis; ou seja, os não muçulmanos), os grandes algozes dos judeus têm sido, ao longo da História, os cristãos (cuja religião prega a paz e o amor a todos os indivíduos).
_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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