terça-feira, 12 de julho de 2016

95. A Fraternidade Humana


Jober Rocha*

                                                                                                            

               Joseph Fouche foi um fervoroso adepto da Revolução Francesa, revolução esta cujo lema era Liberdade, Igualdade e Fraternidade e que, em 1789, derrubou a monarquia na França.
                     Delegado à Convenção que se seguiu, votou pela morte do rei Luis XVI. Nomeado para o posto de chefe de polícia, Fouche ficou famoso por sua eficiência e insensibilidade, estabelecendo uma rede de espiões e agentes secretos que cobria todo o território francês.
                     Partidário de Napoleão Bonaparte aconselhou o imperador a renunciar, após a derrota de Waterloo, e assumiu ele próprio a chefia do governo provisório que, a seguir, se formou.
                  Foi considerado, por Balzac, um dos personagens mais interessantes da história da França.
                    Conta antiga lenda que uma amizade bem forte ligava Fouche a Maximilien Robespierre; pois, Charlotte, irmã de Robespierre chegou a ser noiva de Fouche.
                      A Convenção Nacional, encarregada por Robespierre de redigir um texto que norteasse a Revolução Francesa, apresentou inúmeras exigências, expressas em uma ‘Instruction’.
                 Uma dessas exigências referia-se à Fraternidade (dizem que, inclusive, sugerida pelo próprio Fouche) e o documento mencionava: 

“Todo homem que possui mais do que o necessário deve ser chamado para essa contribuição extraordinária, e esta taxa deve ser proporcional às grandes exigências da pátria; portanto, teríeis que apurar de forma generosa e realmente revolucionária quanto cada um pode contribuir, fraternalmente, com a coisa pública. Não se trata de exatidão matemática nem do escrúpulo meticuloso com o qual se deve trabalhar na divisão das contribuições públicas; trata-se de uma medida extraordinária, que deve ter o caráter da circunstância que a fez nascer. Agi, pois, grandiosamente; tomai tudo o que um cidadão tem de inútil; porque o supérfluo constitui uma violação evidente e gratuita dos direitos do povo. Todo homem que gasta mais do que as suas necessidades o obrigam, abusa da liberdade. Assim, deixando-lhe o estritamente necessário para viver, todo o resto pertence, à República”.

                        Aprovado o texto final que nortearia os rumos da revolução, em uma das reuniões da Convenção todos os delegados (como representantes da sociedade que eram), foram obrigados a responder, individualmente, em plenário e sob a forma de um juramento, a determinado questionário onde eram feitas as mesmas perguntas para todos eles, como prova de fidelidade dos próprios membros ao texto e aos principios da Convenção.
                    Chegando a vez de Fouche, foi-lhe perguntado (como também havia sido, anteriormente, feito aos demais):

- Se você possuísse duas casas em Paris, doaria uma para a República?
- Sim - respondeu Fouche.
- E se você tivesse duas carruagens de luxo, doaria uma para a República?
- Sim - novamente respondeu Fouche.
- E se tivesse um milhão em ouro na sua conta bancária, doaria meio milhão para a República?
- É claro que doaria - respondeu Fouche.
- E se você possuísse dois patos em seu quintal, doaria um para a República?
- É claro que não - respondeu Fouche.
- Você acabou de declarar que doaria uma casa, uma carruagem e meio milhão em ouro, mas que não doaria um pato para a República se tivesse dois; porque diz isto? - inquiriu o interrogador.
- É porque os patos eu tenho - respondeu Fouche.

_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.


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