domingo, 3 de julho de 2016

81. Continuação de Diário de um ‘Maluco Beleza’ (Capítulo 21)

Jober Rocha


Capítulo 21
Segunda Feira, 24 de março


                  Um antigo colega de repartição pública do qual me lembrei agora com saudade, morava na zona sul, possuía dois filhos e era bem casado. Trabalhava em minha seção e ia para o trabalho, todos os dias, em seu carro conversível. Possuía um colega de infância que morava perto dele e que, também, trabalhava no centro da cidade. 
                       Em uma determinada ocasião aconteceu um episódio que o obrigou a pedir transferência para outra repartição. Este episódio, que irei relatar a seguir, ficou sendo do conhecimento de todos os demais colegas e motivo de chacotas, razão pela qual ele solicitou a sua transferência.
                         Naquele dia o amigo lhe telefonara pela manhã pedindo carona para o trabalho, já que o carro do amigo enguiçara dentro da garagem.
                          Atendendo ao pedido, meu colega apanhou-o em casa e dirigiu-se, como sempre fazia, pelo caminho mais curto para o centro da cidade.
                     Naquele dia, entretanto, por causa de um acidente mais à frente, a estrada, que era de mão dupla, estava completamente congestionada.
                Eles ficaram vários minutos parados e o trânsito não fluía. Notando, porém, que o engarrafamento era apenas no sentido do centro, ocorreu ao meu colega voltar e pegar outra estrada que, embora mais longa, deveria estar vazia naquela hora.
                         Estavam parados em frente a um Motel chamado Palácio da Luxúria, à esquerda da mão em que seguiam. Como não dava para fazer a volta na própria estrada, meu colega resolveu entrar pelo portão do motel, fazer a volta lá dentro e sair pelo mesmo portão, em direção contrária ao centro da cidade.
                       Foi exatamente o que fez. Só que, após haver contornado por dentro do terreno do motel, na saída, parando no portão para esperar um carro que passava na hora, deu de cara com o seu chefe e com alguns colegas de trabalho. Todos eles, em um mesmo veículo, estavam parados na pista que seguia para o centro, em razão daquele engarrafamento, bem em frente ao motel. Eles o reconheceram de imediato, naquele carro conversível amarelo e, sem nada dizer, apenas sorriram em sua direção.
                        Aqueles sorrisos meu colega compreendeu na hora o que significavam, ao perceber que haviam visto a seu lado o amigo e vizinho, a quem desconheciam, e ambos saindo juntos pela manhã de um motel na estrada.
                       Ao chegar ao trabalho bem mais tarde, já que a outra estrada que tomara também estava congestionada, ele notou que todos o olhavam de maneira estranha, alguns com risinhos disfarçados. Teve até a impressão de haver ouvido, por detrás de uma porta fechada, alguém as gargalhadas dizendo:- Aquele cara nunca me enganou!

(Continua no dia seguinte – nota do autor)




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