78. Continuação de Diário de um ‘Maluco Beleza’ (Capítulo 16)
Jober Rocha
Capítulo 16
Quarta Feira, 19 de março
Acordei com muita fome e comi, logo de manhã, umas oito ou dez bananas e uns cinco ou seis pedaços de pão, pois pretendia passar o resto do dia meditando, pesquisando e escrevendo.
Como a imprensa nada noticia que não seja relativo a esportes, novelas e crimes, às vezes recorro à internet para me informar sobre o que se passa pelo Brasil e pelo mundo. No bar do Everaldo, bem perto de casa; ou seja, mais ou menos a uns dois quilômetros daqui, encontro um terminal de computador onde posso acessar a WEB e navegar pelo mundo todo.
Foi assim, que me inteirei de algumas noticias recentes (destacando medidas já adotadas, e outras a serem, ainda, adotadas nos principais países ocidentais), quais sejam: a obrigatoriedade de implantação de chips nos corpos dos cidadãos norte americanos (em teoria para que possam fazer jus ao sistema de saúde daquele país); a obrigatoriedade da implantação de ‘chips’, em crianças nascidas em toda a União Européia (nos adultos a implantação será obrigatória também, em futuro próximo); a concessão, pelos Estados Unidos e pela União Européia, às empresas mais ricas do mundo, do direito de controlar o que todos nós vemos na Internet. É o chamado apocalipse da Internet, como está sendo conhecido.
Tais medidas têm passado despercebidas em muitos países; já que, a mídia a elas não tem dado o destaque que merecem em razão do impacto que trarão sobre a liberdade humana, até agora mais ou menos protegida pelos regimes ditos democráticos.
A internet, desde sua implantação, tem se baseado em uma visão democrática da rede, sendo esta, normalmente, utilizada para difundir idéias e conhecimentos, salvar vidas, ajudar pessoas, combater injustiças e a corrupção, levantar e divulgar problemas comunitários, etc.etc.etc.
Países como os Estados Unidos e a União Européia, segundo notícias recentes, pretendem conceder às empresas mais ricas do mundo, o direito de mostrar os conteúdos que desejarem, de forma mais rápida; enquanto bloqueiam ou diminuem a velocidade daquelas empresas que não possam pagar para obter o mesmo destaque aos seus conteúdos. A internet sem neutralidade funcionaria, assim, de forma similar a TV por cabo (fechada), na qual o pacote de programação comprado filtraria tudo aquilo que poderia ou não ser visto.
Segundo técnicos na matéria, as melhorias até hoje verificadas na velocidade e no funcionamento da internet (que permitiram a transmissão de vídeos de maneira mais rápida, por exemplo), têm beneficiado também a mídia independente (alternativa), além de todos os seus usuários. Isto é conhecido como ‘neutralidade da rede’ e era protegido por leis nos USA, até que um tribunal americano as revogou.
Mais recentemente, o Parlamento Europeu analisou a aprovação de regulamentação que davam, aos provedores de acesso à Internet, o direito de controlar o que vemos na WEB, diminuindo a velocidade dos sites que não concordassem em pagar uma determinada taxa.
Isto tudo têm sido feito sem ouvir a sociedade; isto é, se trata de medidas impostas de maneira ditatorial; ou seja, de cima para baixo.
Alguns provedores de Internet, que serão beneficiados, têm se mobilizado no sentido de pressionar os políticos a favor da aprovação destas medidas, que controlariam o acesso a rede.
Em nosso país, isto também esta sendo colocado em pauta no Congresso Nacional e deverá passar a vigorar, após a aprovação do Marco Civil da Internet. A aprovação do referido Marco, contendo proposição neste sentido, privilegiará determinadas questões, em detrimento de outras, estabelecendo uma censura silenciosa sobre determinados temas, que não sejam do interesse dos maiores e mais ricos provedores. Com isto, se estaria criando uma barreira econômica, a impedir o surgimento da mídia alternativa. Na ausência da neutralidade, somente empresas com grandes recursos financeiros poderiam fazer frente às taxas cobradas pelos provedores e dispor de maior velocidade para divulgar seu material.
O usuário, por sua vez, possuiria faixas de plano da Internet, similar ao que hoje ocorre na TV a cabo (fechada). Para cada faixa, haveria um pacote de assuntos com diversos conteúdos (músicas, e-mail, vídeos, etc.). Com este Marco aprovado, as críticas políticas, sociais, econômicas, etc., desaparecerão, para sempre, da Internet.
Relativamente à implantação do chip nos cidadãos norte-americanos esta nova lei de Saúde, aprovada em março de 2010, requer um chip que seria colocado em todos os cidadãos, compulsoriamente. O chip, com capacidade de ser rastreado, não só irá conter a informação pessoal dos indivíduos, mas também conterá dados referentes à sua conta bancária e relativos a sua movimentação financeira. O microchip seria, portanto, obrigatório e, sem ele, os norte-americanos não terão direito aos serviços de saúde.
No referente à Comunidade Européia entraria em vigor, em toda a Europa, a obrigação de apresentar as crianças, nascidas naquela comunidade, para instalar o microchip sob a pele, que deveria ser aplicado em hospitais públicos no momento do nascimento. O microchip em questão seria fornecido gratuitamente e conteria informações relativas ao indivíduo (nome, tipo de sangue, data do nascimento, etc.), sendo também um poderoso detector GPS que irá funcionar com uma micro-bateria substituível, periodicamente, nos hospitais do Estado. O chip contendo GPS permitiria uma margem de erro de detecção igual ou inferior a 5 metros. Ele seria conectado diretamente a um satélite que iria gerenciar as conexões. A instalação seria totalmente indolor, segundo notícias, em razão do chip ser implantado sob a pele, na mão, no cotovelo esquerdo ou na testa, entre os olhos, áreas livres ou com menos terminações nervosas.
Com base no exposto, vê-se que caminhamos, celeremente, para a redução drástica das liberdades individuais de todos os cidadãos do mundo. Como um rebanho, caminhamos docilmente para nosso destino neste que seria um caso de servidão consentida sem precedentes na história da humanidade. As servidões, originadas da escravidão, nunca foram aceitas pacificamente e os escravos sempre foram obtidos como presas de guerra, sendo mantidos na posse de seus captores ou vendidos em mercados de escravos. Neste caso presente, os escravos estariam, sem se rebelar, estendendo os próprios punhos (no caso, as mãos, os cotovelos ou as testas) aos grilhões que os sujeitariam (a ele e a seus descendentes), eternamente, ao Estado e, consequentemente, às elites dominantes.
Ao falarmos em elites dominantes (considerando nosso planeta com uma população de cerca de sete bilhões de seres humanos), constatamos que, apenas, 161 pessoas controlam 140 corporações que, praticamente, dominam todo o sistema econômico e político do mundo. Destes sete bilhões de indivíduos, apenas trinta e dois milhões podem ser consideradas ricas, segundo padrões internacionais.
A chamada Nova Ordem Mundial, que congregaria elites Ocidentais, Sino Soviéticas e Muçulmanas, em busca da implantação de um governo único no planeta (cuja totalidade de países seria reduzida a apenas dez), está bem próxima de ser implantada (tão somente resolvam algumas diferenças estruturais referentes a aspectos religiosos destas elites e de seus povos). O objetivo seria – quem sabe? – o estabelecimento de uma única religião como já pretendiam os Cavaleiros Templários no início dos anos 1000 D.C., em Jerusalém. Medidas neste sentido já teriam sido tomadas, com a criação, na Alemanha, de uma catedral onde diversas religiões adorariam e cultuariam um mesmo Deus. O próprio papa da Igreja Católica, em seus pronunciamentos, tem pregado esta religião única.
Karen Hudes, advogada do Banco Mundial durante 20 anos, divulgou um relatório no qual informa como as elites dominam o mundo, através de um núcleo fechado de instituições financeiras. “A meta é controlar tudo, governos e indivíduos. Nos querem a todos como escravos da dívida, querem a todos os nossos governos escravos da dívida e querem a todos os nossos políticos dependentes das gigantescas contribuições financeiras que eles canalizam para as campanhas. Como as elites também são donas de todos os principais meios de informação, esses meios nunca revelaram o segredo de que existe algo, fundamentalmente, errado na maneira como nosso sistema trabalha” – declarou Karen Hudes, em “Confessions of a former World Bank insider”.
Todas estas medidas mencionadas que, sem alarde da grande mídia (vinculada a estas 140 corporações), vêm sendo implantadas sem questionamentos, já fariam, portanto, parte do projeto de implantação da Nova Ordem Mundial.
Uma grande questão, ainda sem resposta, é a seguinte: conseguirão as elites mencionadas, implantar tais medidas e, conseqüentemente, a chamada Nova Ordem Mundial, a partir de regimes democráticos ou os governos deverão, antes, se transformarem em ditaduras, para que o povo, perdendo parte de suas liberdades seja, compulsoriamente, obrigado a aceitar a servidão?
Uma possível resposta a como devemos proceder, com relação a esta questão, já havia sido formulada no século XVI, por Étiene de La Boétie, em seu ‘Discurso da Servidão Voluntária’ (Martin Claret Editora):
- “Não é preciso combater nem derrubar esse tirano. Ele se destrói sozinho, se o país não consentir com sua servidão. Nem é preciso lhe tirar algo, mas só não lhe dar nada. O país não precisa se esforçar para fazer algo em seu próprio benefício, basta que não faça nada contra si mesmo. São, por conseguinte, os próprios povos que se deixam, ou melhor, que se fazem maltratar, pois seriam livres se parassem de servir. É o próprio povo que se escraviza e se suicida, quando, podendo escolher entre ser submisso ou ser livre, renuncia à liberdade e aceita o jugo; quando consente com seu sofrimento, ou melhor, o procura”.
Será que nenhum progresso ocorreu no espírito humano, desde as palavras de La Boétie, no século XVI?
Será que os povos aceitarão, pacificamente, a perda de suas liberdades fundamentais; posto que, o que agora está em jogo não é mais a supremacia de um país ou de um povo sobre os demais, mas, sim a perda da liberdade de todos os indivíduos?
Será que o destino da raça humana é, mesmo, o da eterna servidão consentida?
Como a Imprensa Brasileira nada diz a respeito, nem os Sindicatos, nem os Partidos Políticos, nem a União dos Estudantes Nacionais, nem as Religiões, nem as Organizações Não Governamentais, suponho que estas medidas foram todas tomadas em benefício das populações e que eu é que não consegui perceber o verdadeiro alcance social delas, em razão do meu estado débil de saúde mental. Rogo a Deus que meu médico leve a patologia do meu caso para professores norte-americanos da University of Crazy e que eles, com toda a Ciência e conhecimento da mente humana que possuem, consigam vislumbrar um tratamento adequado para o meu caso.
(Continua no dia seguinte – nota do autor)
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