111. Coincidências ou possível apropriação de ideias alheias na Literatura?
Jober Rocha*
1. Introdução
Uma das inúmeras preocupações de grande parte dos escritores, notadamente daqueles que se dedicam à produção de artigos científicos, têm sido com a reprodução, por outros, de frases, parágrafos, períodos, ou, até mesmo, de capítulos inteiros de seus relatórios de pesquisas, teses e monografias (inclusive dos próprios resultados e conclusões destes trabalhos), sem a menção do nome do autor original.
Tal fato, por ser mais fácil de detectar no mundo moderno em razão da informatização e da WEB, consistiria, assim, em um plágio passível de comprovação, tendo dado origem a denúncias públicas e questionamentos junto aos competentes órgãos de classe, além, evidentemente, de demandas extrajudiciais e judiciais.
Embora isto ocorra mais freqüentemente com obras de cunho científico, também ocorre com obras literárias, quando períodos inteiros de textos dos autores originais são transcritos em obras de outros autores, sem fazer nenhuma menção aos seus criadores.
Mais difícil de ser detectada, entretanto, é quando a ideia (ou o tema) central da obra literária é copiada com algumas simples (e nem sempre evidentes), modificações nos personagens e nos roteiros; que fazem com que aquela velha ideia seja apresentada como uma ideia nova; principalmente quando a nova obra é escrita em outra língua, em outro país e em uma época posterior à do trabalho original. Estes casos eram, e ainda são, bem mais difíceis de serem percebidos e comprovados.
Antigamente só àqueles que tinham o costume de ler muito, e em várias línguas, eram, muitas vezes, os que percebiam a semelhança entre os temas de duas obras, escritas em épocas distintas, por autores diferentes, em línguas diversas, com personagens diversos, cenários e locais diferentes. Este tipo de percepção, entretanto, tem se tornado possível no mundo contemporâneo, em razão do maior desenvolvimento cultural dos indivíduos, da expansão das editoras e da indústria gráfica, da versão e da tradução de muitas obras para vários idiomas, da maior divulgação sobre autores e suas obras de literatura na mídia, dos efeitos da globalização, do uso da internet, etc.
Em tempos idos, uma obra escrita por um autor inglês, por exemplo, podia ter, pela mão de um autor francês, português ou espanhol, sua ideia central mantida e seus personagens, cenários e locais modificados, ser escrita em outra língua que não o inglês, e divulgada no Brasil ou em outros países, dezenas de anos depois, sem que ninguém daquilo se apercebesse; a não ser um ou outro leitor assíduo, com fluência em vários idiomas, que viajasse pela Europa e pelos USA visitando livrarias e bibliotecas, adquirindo e lendo livros.
Sem, todavia, afirmar poder tratar-se de plágios de ideias ou de personagens, por ser este um assunto muito controverso, de difícil comprovação e não muito grave (já que, a rigor, quando suspeitado o eventual plagio de ideia, este trata apenas da utilização do mesmo tema e não de uma cópia idêntica a do outro, que possa ser questionada), encontrei, em algumas de minhas leituras, obras muito semelhantes em sua ideia central, embora com personagens, cenários, locais e diálogos diferentes. Outras, com personagens semelhantes, embora tratando de estórias e cenários distintos.
Tais obras, mencionadas a seguir, serão objeto de alguns comentários em que analisarei as semelhanças encontradas. Para confirmar, ou não aquilo que digo, seria conveniente que os leitores que ainda não as leram (bem como aqueles que já as leram há algum tempo) tomassem conhecimento dos textos através de uma leitura atual detalhada e percebessem, por si mesmos, como os assuntos ou temas e os personagens são semelhantes, embora tudo o mais seja diferente.
As obras que mencionei, como tendo temas semelhantes, são:
1. A CONFISSÃO DE LÚCIO, de Mario de Sá-Carneiro (1890/1916) e CARTA AO MEU JUIZ, de George Simenon (1903/1989);
2. O CRIME DO PADRE AMARO, de Eça de Queirós (1845/ 1900) e O VERMELHO E O NEGRO, de Stendhal (1783/ 1842); e
3. O MÉDICO E O MONSTRO, de Robert Louis Stevenson (1850 / 1894) e FRANKENSTEIN, de Mary Shelley (1797/ 1851).
As obras que possuem personagens semelhantes foram escritas por Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.
As obras que possuem personagens semelhantes foram escritas por Edgar Allan Poe, Arthur Conan Doyle e Agatha Christie.
Evidentemente que, em havendo o suposto plágio de ideias, este sempre partiria do livro do escritor mais recente, com relação ao livro do escritor mais antigo. Note-se que os períodos de vida dos escritores, cujos livros são objeto desta análise, são muito próximos: quando Sá-Carneiro faleceu, Simenon tinha 13 anos; Eça de Queirós nasceu três anos após a morte de Stendhal; e quando Mary Shelley morreu, Stevenson tinha um ano de idade. Pode-se afirmar, sem erro, que os escritores comparados foram contemporâneos e aqueles mais novos, com certeza, devem ter lido os livros dos escritores mais antigos.
No campo das ciências sempre ocorreu, no passado e com alguma freqüência, que dois ou mais cientistas trabalhassem isoladamente, em países distintos, com pesquisas e desenvolvimento tecnológico semelhantes, e que seus resultados, idênticos ou muito parecidos, fossem divulgados na mesma época ou pouco tempo depois, sem que um deles tivesse plagiado a ideia ou o trabalho do outro. É o caso, por exemplo, de Santos-Dumont e dos irmãos Wright.
Na Literatura, entretanto, isto sempre foi mais difícil de ocorrer. Nos casos citados embora não afirmemos, categoricamente, tratar-se de plágio de idéias, os livros em questão foram publicados com dezenas de anos de diferença um do outro, dando tempo para que um escritor tomasse conhecimento da obra do outro, antes de escrever a sua.
Vejam bem, não afirmo que houve plágio, pois tal afirmação ninguém jamais a poderá provar. O que, sim, existe, são indícios de ideias semelhantes ocorridas no livro do segundo autor, anos depois do primeiro haver publicado o seu, e não dois livros de autores diferentes publicados simultaneamente, com temas iguais ou muito parecidos, como no caso citado anteriormente, que é costume ocorrer com cientistas.
O presente texto objetiva, unicamente, evidenciar que personagens e temas literários podem ser consciente ou inconscientemente, apropriados entre autores e passarem, assim, despercebidos da grande massa de leitores, durante muito tempo ou, até mesmo, para sempre.
Ao comentar, inicialmente, as semelhanças encontradas entre as obras mencionadas e, posteriormente, entre os personagens, em cada um dos quatro itens deste estudo, aqueles leitores que tiverem interesse poderão encontrar ao final, no Anexo 1, breves descrições sobre a vida de cada um dos autores citados e, no Anexo 2, podem ser encontrados também os resumos das obras referidas nesta análise.
2. Comentários Sobre as Obras
À continuação, são tecidos alguns comentários sobre as eventuais semelhanças encontradas nos livros mencionados.
2.1. Semelhanças entre 'A Confissão de Lúcio' e 'Carta a Meu Juiz'
Ambos os livros (‘A Confissão de Lúcio’ transcorre na França e em Portugal; e ‘Carta a Meu Juiz’, transcorre na França), escritos em primeira pessoa, representam cartas escritas por condenados e explicando as razões para o seu crime. A diferença de tempo, ocorrida entre as publicações dos dois livros é de 34 anos.
Ambos os livros possuem como tema central, um triângulo amoroso. Em ‘As Confissões de Lúcio’ o triângulo é formado por Lúcio, Ricardo (seu amante homossexual) e Marta (a figura feminina do amante homossexual, na imaginação doentia de Lúcio). Em ‘Carta a Meu Juiz’, o triângulo amoroso é formado por Charles, Martine (amante de Charles) e Armande (esposa de Charles).
Os dois livros possuem cunho psicológico, no qual os personagens principais ao longo de suas cartas vão deixando claro, para o leitor, todos os seus desajustes psicológicos e mentais, que culminam com o crime cometido e pelo qual foram eles condenados e encarcerados.
Em ambos os livros os amantes morrem pela mão do personagem principal, que faz a narração. Em ambos os livros o assassino queria matar a outra personalidade da vítima, personalidade esta que o feria e magoava em razão de ciúmes doentios, por ele nutridos para com ela.
Os enredos secundários, evidentemente, são diferentes entre os dois livros.
2.2. Semelhanças entre os temas de 'O Vermelho e o Negro' e de 'O Crime do Padre Amaro'
Ambas as obras (‘O Vermelho e o Negro’ transcorre na França, e ‘O Crime do Padre Amaro’ em Portugal), possuem como pano de fundo a crítica à Igreja Católica e como temas principais a pessoa de um padre, sem vocação e hipócrita, que mantém relações amorosas (e sexuais) com mulheres da cidade em que vive. A diferença de tempo, ocorrida entre a publicação dos dois livros é de 45 anos.
Em ‘O Vermelho e o Negro’, o padre Julien Sorel envolve-se, primeiro, com a senhora De Rênal e, depois, com Mathilde de La Mole (noiva do jovem senhor De Croisevois), que acaba por engravidar do referido padre e desfaz o noivado com De Croisevois.
Em ‘O Crime do Padre Amaro’, o jovem padre Amaro Vieira envolve-se amorosamente (e sexualmente) com Amélia (jovem filha da dona do local onde ele se hospedava e noiva do escrevente de cartório senhor João Eduardo), a qual engravida do padre Amaro e desfaz o noivado com João, acabando por morrer de parto.
Em ambos os livros, o padre (principal personagem) é hipócrita, dissoluto, egoísta e ambicioso.
Os enredos secundários, evidentemente, são distintos entre os dois livros.
2.3. Semelhanças entre ‘Frankenstein’ e ‘O Médico e o Monstro’
Ambas as obras podem ser consideradas de terror e tratam da criação de monstros humanos. A diferença de tempo ocorrida entre as duas obras é de 68 anos.
Em ‘Frankenstein’ (que transcorre na Suíça), Vitor Frankenstein, estudante de Ciências Naturais e de Fisiologia, interessado em descobrir a natureza das coisas, descobre como animar a matéria sem vida e constrói, com partes de cadáveres, um monstro humano que lhe causa temor e repulsa. Este novo ser comete inúmeros crimes de morte por onde passa e o seu criador, Vitor, a partir de então, passa a persegui-lo por várias partes do mundo.
Em ‘O Médico e o Monstro’ (que transcorre em Londres), o Dr. Henry Jekyll, médico e pesquisador científico, possui um laboratório nos fundos de sua casa e acaba por descobrir uma poção capaz de separar o seu lado bom daqueles seus impulsos mais sinistros. Assim, com o uso da poção, transforma-se, periodicamente, em um monstro deformado, livre de consciência, o Sr. Edward Hyde. O Dr. Henry Jekyll, fazendo uso da poção, passou a gozar da liberdade moral que a criatura desfrutava, vindo, pouco tempo depois, a transformar-se na horrível criatura, mesmo sem a ingestão da poção e começando a cometer vários assassinatos. Incapaz de retornar novamente a sua forma normal, ele esperava ser executado por seus crimes ou, então, que Hyde viesse a se matar.
Em ambos os livros a criatura acaba causando temor e repulsa ao criador, por sua aparência e pelos crimes cometidos. As duas obras terminam sem uma definição sobre o destino final das monstruosas criaturas. Os enredos secundários, evidentemente, são distintos entre os dois livros
3. Comentários sobre os Personagens
Os personagens a serem comparados pertencem às obras dos seguintes escritores: Edgar Allan Poe (19.01.1809 – 07.10.1849), Arthur Conan Doyle (22.05.1859 – 07.07.1930) e Agatha Christie (15.09.1890 – 12.01.1976). Todos eles foram escritores que se destacaram no romance policial e no conto de mistério. Conan Doyle nasceu dez anos após a morte de Poe e, sem dúvida alguma, leu as obras deste autor. Agatha nasceu em 1890, quando Doyle tinha 31 anos e, com toda a certeza, leu as obras dos dois anteriores. Digo sem dúvida e com toda certeza, por que os dois últimos autores escreviam sobre temas de mistério policial, da mesma forma que Poe, e viviam ambos na Inglaterra. Era impossível não conhecerem, como escritores de mistério, os livros e personagens de Poe; escritor já famoso nos USA e na Europa, quando os dois últimos começaram a fazer sucesso.
O primeiro destes escritores, Poe, considerado o inventor do gênero ficção policial, era norte-americano e criou o personagem C. Auguste Dupin, que é um detetive fictício, criativo e analítico, que aparece pela primeira vez no livro ‘Os Assassinatos da Rua Morgue’. O personagem Dupin residia com um amigo anônimo, que sempre narrava as suas aventuras. Eles moravam juntos em uma casa no Fauburg Saint-Germain, em Paris. Dupin era procurado pelo chefe de polícia de Paris para resolver (ou aconselhar a polícia) sobre casos insolúveis; casos estes que ele resolvia com o simples uso de suas faculdades mentais e da lógica dedutiva, após analisar o caso e fazer algumas investigações particulares com o seu amigo anônimo.
O segundo escritor, Arthur Conan Doyle, escocês, foi o criador do detetive Sherlock Holmes (dizem que inspirado em um seu professor na Universidade de Edimburgo, quando cursava Medicina, mas creio que foi inspirado em Auguste Dupin, tal a semelhança psicológica entre eles e a forma como resolviam seus casos policiais misteriosos) e do seu amigo Dr.Watson, com quem Holmes morava junto em Londres. Holmes apareceu pela primeira vez em ‘Um Estudo em Vermelho’ e, da mesma forma que Dupin, usava apenas o intelecto, o método científico e a lógica dedutiva, para resolver os casos que lhe eram apresentados, principalmente pela polícia londrina. Da mesma forma que o amigo anônimo de Dupin, o Dr.Watson era quem narrava às aventuras policiais de Sherlock Holmes.
O terceiro escritor se trata da inglesa Agatha Christie, que se destacou no romance policial com o personagem Hercule Poirrot; detetive belga, morador em Londres, que resolve os casos mais intrincados, para a Scotland Yard, da mesma forma que os dois personagens anteriormente citados, isto é, apenas com o raciocínio, com a dedução e com método. Poirrot apareceu pela primeira vez no romance ‘O Misterioso Caso de Styles’.
Críticos literários reconhecem a influência de Poe nas obras de Conan Doyle e de Agatha Christie; porém, creio existir mais do que uma simples influência. Com relação aos dois primeiros autores, seus personagens principais possuem ajudantes, que moram sob o mesmo teto e que são os narradores dos contos que descrevem as aventuras deles. Os detetives criados pelos três autores possuem muitas semelhanças e usam os mesmos métodos dedutivos para a solução dos casos, a eles trazidos pela polícia ou por particulares. Como já dito, os personagens dos dois primeiros escritores vivem juntos sob o mesmo teto e um deles narra aventuras do outro, que são resolvidas, apenas, com o raciocínio lógico e dedutivo.
4. Conclusões
A rigor, em Literatura, falar em plágio de ideias pode consistir em uma imprecisão, se não psíquica ou física, ao menos de lógica. As ideias surgem em nossas mentes a todo instante e não podemos afirmar que elas surgiram, apenas, em nossa mente e não na dos demais seres humanos; pois, não sabemos quais ideias afloram nas outras mentes, a cada momento.
Mesmo falar em plágio de temas ou de assuntos, também, pode ser inapropriado, já que não se pode impedir ninguém de escrever e publicar aquilo que criou, seja lá sobre que tema for (a não ser quando vigora a censura, por parte do Estado). Por outro lado, conforme ocorre na música, uma melodia ouvida hoje, e guardada no inconsciente, pode aflorar, anos depois, como uma criação musical própria.
O tema de um livro lido há trinta anos, pode vir à mente de um escritor (que dele já se esqueceu), como uma demonstração de sua própria criatividade. Creio que se pode, apenas, constatar a semelhança entre assuntos desenvolvidos, em suas obras, pelos escritores. Muitos escritores aproveitam-se, eles mesmos, se seus antigos livros e temas para, modificando-os um pouco e expandindo mais alguns assuntos, criarem novos livros (neste caso, estariam aqueles autores plagiando a si mesmos). Um pintor, quase sempre, faz uso daquilo que observa para transformá-lo, a sua maneira, em uma obra de arte, podendo criar algo novo sobre temas ou ideias originadas de outros pintores.
Por sua vez, um mesmo tema pode ser visto de maneiras diferentes, por todos aqueles que sobre ele queiram discorrer. Assim, fica muito difícil se falar em plágio de temas ou de idéias, tanto em Literatura quanto em Música, Pintura, Escultura, ou qualquer outra forma de Arte; notadamente, quando se tratam de expoentes máximos da Literatura mundial e das demais Artes.
Tal fato, no entanto, não nos impede de constatar semelhanças entre trabalhos produzidos por aqueles artistas, seja qual for a sua arte. A semelhança, entretanto, se for muito próxima, pode despertar uma dúvida na mente daqueles que apreciaram duas obras distintas, de autores diferentes; porém, muito parecidas: - Será que o mais novo não copiou a ideia ou os personagens, do mais antigo, fez algumas modificações nos roteiros secundários e divulgou um novo livro?
ANEXO 1
Os Autores
Para facilitar o meu trabalho, as bibliografias dos autores considerados, foram obtidas junto a diversos endereços da WEB.
A1.1. Mário de Sá-Carneiro
Em http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=337 , encontramos que “Mário de Sá-Carneiro nasceu em Lisboa, no dia 19 de maio de 1890. Os primeiros anos de sua vida são marcados pela dor causada pela morte da mãe, em 1892, quando ele tinha apenas dois anos. Em 1911, matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra e, no ano seguinte, transfere-se para a Universidade de paris para dar continuidade ao curso de Direito, que não conseguiu concluir. Ainda, em 1912, publica a pela teatral “Amizade” e o volume de novelas “Principio”. Nessa época, começa a corresponder-se com Fernando Pessoa. Nessa correspondência já é refletido o agravamento de seus problemas emocionais e as idéias de morte e suicídio. Em 1914, além de publicar as obras “Dispersão” e “A Confissão de Lúcio”, Sá-Carneiro intensifica sua correspondência com Fernando Pessoa, a quem envia seus poemas e projetos de obras, revelando crescentes sinais de pessimismo e desespero. Em 1915, como integrante do grupo modernista em Portugal, participa do lançamento da revista “Orpheu”. No segundo volume dessa revista, publica o poema futurista “Manucure”, que, ao lado do poema “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa), provocam impacto e polêmicas nos meios literários. Ainda em 1915 regressa à Paris, onde passa por constantes crises de depressão, que são agravadas por causa de suas dificuldades financeiras. Em 1916, numa carta a Fernando Pessoa, anuncia sua intenção de suicídio, o que, efetivamente, ocorre no dia 26 de abril, em um quarto do Hotel Nice, em Paris. A obra se Sá Carneiro está intimamente relacionada a sua vivência pessoal, ou seja, revela toda a sua inadaptação ao mundo e a constante busca do seu próprio Eu. Isso faz com que o poeta mergulhe no seu mundo interior e, diferentemente de Fernando Pessoa, que se desdobrou em heterônimos, atinja a autodestruição”.
A1.2. George Simenon
Pesquisando a vida de George Simenon, no endereço a seguir: http://www.lpmeditores.com.br/site/default.asp?TroncoID=805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=64 encontramos que “nas primeira horas da sexta-feira, dia 13 de fevereiro de 1903, nasce em Liège, na Bélgica, Georges Joseph Christian Simenon, filho do contador Desiré Simenon e Henriette. Supersticiosos, os pais registram o primogênito como nascido às 23 horas e 30 minutos do dia 12. Em 1906, nasce Christian, único irmão de Georges, que desempenhará um papel crucial nas relações da família: torna-se o preferido de Henriette, que relegará Georges a um segundo plano. No colégio jesuíta Saint-Servais, Georges toma consciência da sua inferioridade social: a maioria dos seus colegas são internos, enquanto ele freqüenta a escola em regime de semi-mensalidade, especial para crianças modestas. O futuro escritor abandona os estudos antes de completar o secundário e, adolescente, enquanto pula de aprendiz de confeiteiro a bibliotecário, revolta-se contra o meio medíocre em que vive. Por essa época é tomado de um fascínio por cabarés e pelo mundo da prostituição, que permanecerá no seu imaginário. Aos 15 anos torna-se repórter de generalidades no jornal católico Gazette de Liège, onde assina com pseudônimo. Os textos de Georges Sim são apreciados pela fluidez e pelo tom cáustico, e ele passa a fazer a cobertura literária e artística. Escreve também colunas humorísticas e colabora com outros periódicos, depurando o seu estilo, demonstrando uma proficuidade precoce (de 1919 a 1922 escreve quase 800 textos) e acumulando um reservatório de causos e histórias que será o recheio da sua obra romanesca.
É durante o tenso período do “entre-guerras” que Simenon se estabelece como escritor. Em 1920, escreve o seu primeiro romance, Au pont des arches, publicado no ano seguinte sob o pseudônimo de Georges Sim. Em meados da década de 20, muda-se para Paris com a estudante de Belas-Artes Régine Renchon, com quem se casara em 1923 e sobre quem declarará, mais tarde, ter sido mais uma amiga do que uma verdadeira paixão. Na França, trabalha como secretário particular. Um de seus clientes: o marquês Raymond d’Estutt de Tracy, cuja propriedade Paray-le-Frésil vai se tornar, na ficção, Saint-Fiacre, local de nascimento do comissário Maigret.
Para sobreviver, Simenon escreve romances populares – histórias melosas ou relatos de aventuras – em ritmo industrial e sob os mais diversos pseudônimos: Jean du Perry, Georges Sim, Christian Brulls, Luc Dorsan, Gom Gut, Georges Martin-Georges, Georges d’Isly, Gaston Vialis, G. Vialo, Jean Dorsage, J. K. Charles, Germain d’Antibes, Jacques Dersonne. O casal contrata os serviços de Henriette Liberge, que trabalhará durante anos na família, tornando-se amante do escritor. Um caso escandaloso com a cantora de jazz afro-americana Josephine Baker, que faz sucesso na Paris da década de 20, dá o tom da vida amorosa do já popular escritor (mais tarde, em entrevista ao cineasta Federico Fellini, ele dirá ter mantido relações com 10.000 mulheres). Em 1928, os Simenon viajam de navio durante meses através de canais da França. Será apenas uma das muitas viagens que se tornarão hábito da família e que fornecerão à obra do escritor vasta paisagem e tipos peculiares.
Em setembro de 1929, o comissário Maigret faz sua primeira aparição na história Train de nuit, ainda num papel secundário, e ainda escrito sob pseudônimo (Christian Brulls). Mas em 1930, no folhetim La maison de l’inquiétude, Maigret trata de um inquérito do início ao fim. Simenon oferece à editora Fayard uma série de romances com o personagem. A proposta é aceita na condição de que Simenon produza, também, romances populares. Pietr-le-Letton, o primeiro romance do comissário Maigret assinado por Georges Simenon é publicado em 1930 no periódico Ric et Rac. No ano seguinte, a coleção Maigret, com os títulos Monsieur Gallet, décédé e Le pendu de Saint-Pholien, é lançada com estrondo. O comissário da Polícia Judiciária francesa rivalizará com os mais célebres personagens de romances policiais, como Sherlock Holmes e Hercule Poirot, e será, sem dúvida, o mais humano dos detetives da literatura, movido por enorme compaixão humana e para quem a compreensão psicológica dos suspeitos é tão útil quanto o raciocínio. O sucesso da série é imediato e seguem-se Le charretier de la providence, Le chien jaune, La nuit du carrefour, Un crime em Hollande, entre outros. No total, além de livros de contos, serão 75 romances com o seu personagem mais famoso, nos quais Maigret desvenda os mais variados tipos de crimes, tendo, como pano de fundo, painéis e críticas sociais. Os romances começam a ser adaptados para o cinema, e o prestígio do autor entre a crítica cresce.
Simenon começa a publicar romances pela Gallimard (maior editora francesa da época), mantendo sempre o fluxo de romances também pela Fayard. A sua crescente popularidade é atestada pelo fato de, no final da década de 30, começarem a surgir processos de difamação de pessoas que se identificaram com personagens de um ou outro livro. (Grifo Nosso)
Os anos da virada da década de 30 para a década de 40 trazem o nascimento de Marc, o único filho do casal Régine-Georges (em 1939) e o acirramento das tensões políticas pré Segunda Guerra mundial: durante a ocupação nazista, a publicação de livros na França é dificultada (Simenon rompe a sua média de quatro ou cinco livros por ano e publica alguns títulos através da pequena editora belga La Jeune Parque). Em 1945, vai para os Estados Unidos com a família, onde, com o auxílio de um novo agente literário, reorganiza o controle da sua obra. Muda-se para o Canadá e começa a publicar pela francesa Presses de la Cité, que será sua editora até a morte.
Em 1946 os Simenon instalam-se em Tucson, no estado norte-americano do Arizona, acompanhados de perto pela tradutora-intérprete Denyse Ouimet, amante do escritor. Este é profundamente abalado pela morte de Christian, o irmão caçula, na Indochina. A reação da mãe de ambos é, segundo Simenon: “Que pena, Georges, que tenha sido Christian a morrer”.
No final da década de 40 o prestígio literário de Simenon cresce na América do Norte e em outros locais fora do eixo França-Bélgica, e surgem os primeiros estudos críticos sobre a sua obra.
Em 1949, nasce Jean, o primeiro dos três filhos que o escritor terá com Denyse (os outros serão Marie-Jo, nascida em 1953, e Pierre, em 1959). Simenon é cogitado para Prêmio Nobel, torna-se membro da Academia Real de Língua e Literatura francesas da Bélgica e é eleito presidente da Mystery Writers of America, a mais importante associação de autores de crime e mistério. Na década de 50 o escritor volta a residir na França e, no final da década de 60, com o desgaste matrimonial, apresenta sintomas de depressão. Teresa Sburelin, camareira de Denyse (que começa a mostrar sinais de crise nervosa e alcoolismo) será a última companheira de Simenon.
Em 1972, decide parar de escrever. Maigret et M. Charles é o 192º e último romance assinado por Georges Simenon. Com o auxílio de um magnetofone, dita vários livros – formas livres de monólogo e reflexões gerais – que serão publicados pela Presses de la Cité. Marie-Jo, única filha do escritor, comete suicídio em 1978, e ele retoma a pluma para escrever Memóires intimes (Denyse processa o ex-marido por causa de várias passagens). Simenon falece em 4 de setembro de 1989, aos 86 anos”.
A1.3. Henri-Marie Beyle (Stendhal)
Na biblioteca virtual www.wikipedia.org , encontramos que “Henri-Marie Beyle, mais conhecido como Stendhal (Grenoble, 23 de janeiro de 1783 — Paris, 23 de março de 1842) foi um escritor francês reputado pela fineza na análise dos sentimentos de seus personagens e por seu estilo deliberadamente seco. Órfão de mãe, desde 1789, foi criado entre seu pai e sua tia. Rejeitou as virtudes monárquicas e religiosas que lhe inculcaram e expressou cedo a vontade de fugir de sua cidade natal. Abertamente republicano, acolheu com entusiasmo a execução do rei e celebrou inclusive a breve detenção de seu pai. A partir de 1796 foi aluno da Escola central de Grenoble e em 1799 conseguiu o primeiro prêmio de matemática. Viajou a Paris para ingressar na Escola Politécnica, mas adoeceu e não pôde se apresentar à prova de acesso. Graças a Pierre Daru, um parente longínquo que se converteria em seu protetor, começou a trabalhar no ministério de Guerra. Enviado pelo exército como ajudante do general Michaud, em 1800 descobriu a Itália, país que tomou como sua pátria de escolha. Desenganado da vida militar, abandonou o exército em 1801. Entre os salões e teatros parisienses, sempre apaixonado de uma mulher diferente, começou (sem sucesso) a cultivar ambições literárias. Em precária situação econômica, Daru lhe conseguiu um novo posto como intendente militar em Brunswick, destino em que permaneceu entre 1806 e 1808. Admirador incondicional de Napoleão, exerceu diversos cargos oficiais e participou nas campanhas imperiais. Em 1814, após queda do corso, se exilou na Itália, fixou sua residência em Milão e efetuou várias viagens pela península italiana. Publicou seus primeiros livros de crítica de arte sob o pseudônimo de L. A. C. Bombet, e em 1817 apareceu Roma, Nápoles e Florença, um ensaio mais original, onde mistura a crítica com recordações pessoais, no que utilizou por primeira vez o pseudônimo de Stendhal. O governo austríaco lhe acusou de apoiar o movimento independentista italiano, pelo que abandonou Milão em 1821, passou por Londres e se instalou de novo em Paris, quando terminou a perseguição aos aliados de Napoleão.”Dandy” afamado, frequentava os salões de maneira assídua, enquanto sobrevivia com os rendimentos obtidos com as suas colaborações em algumas revistas literárias inglesas. Em 1822 publicou Sobre o amor, ensaio baseado em boa parte nas suas próprias experiências e no qual exprimia ideias bastante avançadas; destaca a sua teoria da cristalização, processo pelo que o espírito, adaptando a realidade aos seus desejos, cobre de perfeições o objeto do desejo. Estabeleceu o seu renome de escritor graças à Vida de Rossini e às duas partes de seu Racine e Shakespeare, autêntico manifesto do romantismo. Depois de uma relação sentimental com a atriz Clémentine Curial, que durou até 1826, empreendeu novas viagens ao Reino Unido e Itália e redigiu a sua primeira novela, Armance. Em 1828, sem dinheiro nem sucesso literário, solicitou um posto na Biblioteca Real, que não lhe foi concedido; afundado numa péssima situação económica, a morte do conde de Daru, no ano seguinte, afetou-o particularmente. Superou este período difícil graças aos cargos de cônsul que obteve primeiro em Trieste e mais tarde em Civitavecchia, enquanto se entregava sem reservas à literatura. Em 1830 aparece sua primeira obra-prima: O Vermelho e o Negro, uma crónica analítica da sociedade francesa na época da Restauração, na qual Stendhal representou as ambições da sua época e as contradições da emergente sociedade de classes, destacando sobretudo a análise psicológica das personagens e o estilo direto e objetivo da narração. Em 1839 publicou A Cartuxa de Parma, muito mais novelesca do que a sua obra anterior, que escreveu em apenas dois meses e que por sua espontaneidade constitui uma confissão poética extraordinariamente sincera, ainda que só tivesse recebido o elogio de Honoré de Balzac. Ambas são novelas de aprendizagem e partilham rasgos românticos e realistas; nelas aparece um novo tipo de herói, tipicamente moderno, caracterizado pelo seu isolamento da sociedade e o seu confronto com as suas convenções e ideais, no que muito possivelmente se reflete em parte a personalidade do próprio Stendhal. Outra importante obra de Stendhal é Napoleão, na qual o escritor narra momentos importantes da vida do grande general Bonaparte. Como o próprio Stendhal descreve no início deste livro, havia na época (1837) uma carência de registos referentes ao período da carreira militar de Napoleão, sobretudo a sua atuação nas várias batalhas na Itália. Dessa forma, e também porque Stendhal era um admirador incondicional do corso, a obra prioriza a emergência de Bonaparte no cenário militar, entre os anos de 1796 e 1797 nas batalhas italianas. Declarou, certa vez, que não considerava morrer na rua algo indigno e, curiosamente, faleceu de um ataque de apoplexia, na rua, sem concluir a sua última obra, Lamiel, que foi publicada muito depois da sua morte. O reconhecimento da obra de Stendhal, como ele mesmo previu, só se iniciou cerca de cinquenta anos após sua morte, ocorrida em 1842, na cidade de Paris”.
A1.4. Eça de Queirós
No endereço http://www.brasilescola.com/literatura/eca-queiros.htm, encontramos que “José Maria Eça de Queirós nasceu em Póvoa do Varzim, em 1845. Passou a infância e juventude longe dos pais, pois estes não eram casados. Estudou Direito na Universidade de Coimbra. Ligou-se, por essa ocasião, ao grupo renovador chamado “Escola de Coimbra”, Responsável pela introdução do Realismo em Portugal. Eça não participou diretamente da “Questão Coimbra”, de 1865, a polêmica em que jovens defensores de novas idéias literárias, artísticas e filosóficas, liderados por Antero de Quental, se defrontaram com os velhos românticos, ultrapassados e conservadores, liderados por Visconde de Castilho.
Dedicou-se ao jornalismo depois de formado e viajou pelo Oriente. Em 1871, participou das “Conferências Democráticas do Cassino Lisbonense”, nova etapa da campanha que implantou em Portugal as novas perspectivas culturais do Realismo falando sobre o “Realismo como nova expressão da arte”.
Eça de Queirós e o representante maior da prosa realista em Portugal. Grande renovador do romance abandonou a linha romântica, e estabeleceu uma visão critica da realidade. Afastou-se do estilo clássico, que pendurou por muito tempo na obra de diversos autores românticos, deu a frase uma maior simplicidade, mudando a sintaxe e inovando na combinação das palavras. Evitou a retórica tradicional e os lugares comuns, criou novas formas de dizer, introduziu neologismos e, principalmente utilizou o adjetivo de maneira inédita e expressiva. Este novo estilo só teve antecessor em Almeida Garrett e valeu a Eça a acusação de galicismo e estabeleceu os fundamentos da prosa moderna da Língua Portuguesa.
Enfim, no dia 16 de Agosto de 1900 Eça morre em Paris. Deixava um episódio literário que veio a ser publicado aos poucos”
A1.5. Mary Shelley
Em WWW.LPM-editores.com.br, consultando a vida e obra de Shelley, encontramos que “Mary Shelley nasceu em Londres, em 30 de agosto de 1797. Esposa do poeta inglês Percy B. Shelley, escreveu Frankenstein para participar de um concurso de histórias de terror, realizado na intimidade do castelo de Lord Byron. Mesmo competindo com grandes gênios da literatura universal, acabou redigindo aquela que foi considerada uma das mais impressionantes histórias de horror de todos os tempos. A história do Dr. Victor Frankenstein e da monstruosa criatura por ele concebida, tem fascinando gerações de leitores, desde que foi publicada há mais de cem anos. Brilhante história de horror, escrita com fervor quase alucinatório, Frankenstein representa um dos mais estranhos florescimentos da imaginação romântica”.
A1.6. Robert Louis Stevenson
Na biblioteca virtual www.wikipedia.org , encontramos que “Nascido em Edimburgo em 1850, Robert Louis (originalmente, Lewis) Balfour Stevenson era filho de um próspero engenheiro civil. Seu pai desejava que ele seguisse sua profissão, porém, a má saúde e a fraca disposição de seu filho significavam que teriam de decidir-se por uma carreira alternativa. Escolhendo o curso de Direito como um compromisso, Stevenson matriculou-se na Universidade de Edimburgo, porém, sua crescente desilusão com a respeitabilidade presbiteriana da classe de seus pais, conduziu a freqüentes discussões e ele distanciou-se da família, preferindo, em vez disso, levar uma vida boêmia. Sua fascinação pela vida do baixo mundo da cidade e pelos caracteres bizarros que nela encontrava forneceu um rico material para suas histórias posteriores. Em 1875, quando Stevenson completou seus estudos de Direito, já estava determinado a tornar-se um escritor profissional. Quando ainda se encontrava no princípio da casa dos vinte anos, ele começou a sofrer de severos problemas respiratórios, que o clima escocês não fez nada para melhorar. Na tentativa de aliviar seus sintomas, ele passou grande parte de sua vida viajando para climas mais quentes; e foi enquanto vivia na França, em 1876, que conheceu sua futura esposa, Mrs. Fanny Osbourne, uma mulher dez anos mais velha do que ele. Em 1879, ele a seguiu até a Califórnia, viajando em um navio de imigrantes, e depois ambos se casaram, assim que o divórcio dela foi oficializado. As primeiras obras publicadas de Stevenson, Uma Viagem pelo interior (1878) e Viagens com um burro nas Cervennes (1879), baseadas em suas próprias aventuras, foram seguidas por um fluxo constante de artigos e ensaios. Todavia, foi somente em 1883 que apareceu sua primeira obra de ficção extensa, A ilha do tesouro. Uma fase grave de doença, seguida por um período de descanso em Bournemouth, colocou Stevenson em contato com Henry James e os dois ficaram grandes amigos. O reconhecimento que Stevenson recebeu após a publicação de A ilha do tesouro, cresceu com a publicação de O estranho caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde (O médico e o monstro) e Raptado, em 1886. Em 1888, ele levou sua família para os Mares do Sul, novamente em busca de um clima que melhor se coadunasse com suas condições de saúde. Após estabelecer-se em Samoa, ganhou reputação como contador de histórias, especialmente entre os nativos. Morreu de uma hemorragia cerebral, enquanto trabalhava em sua obra-prima inacabada, Weir of Hermiston, em 1894. A criação calvinista de Robert L. Stevenson e sua constante luta contra a má saúde, conduziram à preocupação com a morte e o lado mais escuro da natureza humana, como é revelado em seu trabalho. A despeito da afirmação de Stevenson de que “a ficção é para o homem adulto o que o brinquedo representa para a criança”, ele havia, no final de sua vida, dominado uma enorme variedade de tipos de ficção, desde os contos de aventuras históricas e romances de espadachins, até as histórias de horror em estilo gótico.
Anexo 2
As Obras Literárias
As obras analisadas tiveram, também para facilitar o meu trabalho, alguns de seus resumos obtidos através da WEB. Assim, a seguir, apresentamos os resumos dos livros em questão.
A2.1. A Confissão de Lúcio
No que respeita ao livro ‘A Confissão de Lúcio’, este romance de Sá-Carneiro, publicado em 1913, trata de um triângulo amoroso, formado por Lúcio (poeta e escritor), Ricardo (escritor) e Marta (esta a imagem feminina de Ricardo, amante de Lúcio em uma relação homossexual). Na obra, de cunho psicológico e autobiográfico, narrada em primeira pessoa, Lúcio explica, em carta, as razões pelas quais matou Ricardo (seu amante) e foi condenado à prisão. Em 1895, Lúcio vai estudar direito em Paris. Encontra outro português, Gervásio, que o apresenta a uma exótica mulher americana e ao poeta Ricardo. Esta mulher dá uma festa indescritível de sensualidade, a que comparecem os três rapazes portugueses. Um mês depois da festa a amizade de Ricardo e Lúcio está mais que consolidada. Ricardo dá a entender que desejava manter uma relação afetiva com Lúcio, mas sentia não ser uma mulher. Gervásio some de cena. 1896 – Após dez meses de longos de convivência com Lúcio, Ricardo retorna, inexplicavelmente, a Portugal. Durante um ano escrevem-se cartas: Ricardo duas e Lúcio três. Em 1897, no mês de dezembro, Lúcio também volta a Portugal e encontra o amigo vivendo com Marta (durante a leitura, percebe-se que, na mente doentia de Lúcio, a única forma de se relacionar sexualmente com Ricardo, seria considerá-lo como uma mulher, razão pela qual, em seus desvarios, cria a imagem de Marta, esposa de Ricardo).
Durante vários meses freqüenta a casa do amigo e acaba tornando-se amante de Ricardo, na pessoa de Marta. Um dia descobre que ele (ela) tem outro amante e sente ciúmes: "aquele corpo esplêndido, triunfal, dava-se a três homens – três machos se estiraçavam sobre ele, a poluí-lo, a sugá-lo!... Três? Quem sabia se uma multidão? ... e ao mesmo tempo esta idéia me despedaçava, vinha-me um desejo perverso de que assim fosse... " Enciumado, espiona a mulher (Ricardo) e vê quando ela entra na casa de um amigo russo. Torturado pelas emoções conflituosas, Lúcio deixa Portugal e volta para Paris.
Em 1900, um empresário, Santa-Cruz de Vilalva, o encontra em Paris e pede para encenar uma peça sua em Portugal. Lúcio concorda e, mais tarde, reescreve o final, levando-o a Portugal para mostrar ao empresário. Este não aceita o novo final e Lúcio impede a montagem do espetáculo. Lúcio encontra Ricardo e o agride verbalmente. Ricardo confessa que, como Marta, possuía os amigos que ele amava. Lúcio vai com ele até a sua casa e, lá chegando, atira na figura de Marta que vê em sua mente (imagem feminina de Ricardo), matando aquele a quem amava Ricardo, atingido pelo tiro. Lúcio é acusado pelo crime e vai preso. Aproximadamente 10 anos depois, porque não se esclarece o tempo de duração do processo, Lúcio termina de cumprir a pena e vai para um lugar retirado, no interior. Aí escreve a sua confissão que é datada de 1913, quando escreve sua história.
A2.2. Carta a Meu Juiz
Este romance de Simenon foi publicado em 1947, com o título de Lettre a Mon Juge, e possui cunho psicológico e autobiográfico, sendo narrado em primeira pessoa. Trata de um triângulo amoroso formado por Charles Alavoine (médico), Martine Englebert (sua amante) e Armande (sua segunda esposa). Na obra, Charles, da prisão onde está encarcerado, explica, em carta, ao juiz que o condenou, as razões pelas quais havia matado a sua amante.
Na carta Charles fala sobre seu nascimento e sua vida entre um pai e uma mãe excessivamente apagada, mas possessiva, seus estudos de medicina, seu casamento sem amor com sua primeira esposa (Jeanne) com quem teve duas filhas. Sua segunda esposa, Armande, entrou na casa como enfermeira, durante a doença de suas filhas, para impor, rapidamente, seus gostos e seu modo de vida e se casar com Charles. Com isto, depois da boa vida burguesa que levava em La Roche-sur-Yon, impôs seu modo de vida, pessoal e profissional (ela administra sua clientela e interfere com os seus diagnósticos médicos e lhe indica como se vestir, as pessoas locais de boa companhia para apadrinhar, etc.
Esta submissão, Charles aceitou muito bem no início. Mas este segundo casamento de conveniência, não era o amor louco que ele precisa. A partir de uma de suas viagens para Nantes, conhece Martine Englebert. Muito diferente de sua esposa (ele é repelido, inicialmente, por seu comportamento que considera vulgar), rapidamente ele entende a profunda angústia que habita naquela mulher. Imediatamente, Charles percebe que não poderá viver sem Martine e, a pretexto de precisar de um assistente, ele a faz compartilhar da sua vida. Esse triângulo amoroso não pode durar muito tempo e depois de confessá-lo à sua mulher e a sua mãe, o casal de amantes vai viver em Issy-les-Moulineaux , e ele trabalhar junto a classe operária em um subúrbio de Paris . Lá, Charles tenta apagar (com a ajuda de Martine que deseja esquecer, também, o passado), traços e comportamentos de sua vida dissoluta. Charles, em seus delírios psicóticos de ciúme, enxerga duas Martines, a que o ama e a que o trai e chega a conclusão da impossibilidade desse seu projeto de vida. Assim “resolve"matar a outra Martine", matando a única.
A2.3. O Vermelho e o Negro
No endereço a seguir http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Vermelho_e_o_Negro
encontramos o seguinte resumo de O Vermelho e o Negro:
O Vermelho e o Negro é a história de Julien Sorel, o ambicioso filho de um carpinteiro, na aldeia fictícia de Verrières, no Franco-Condado.
O romance é composto por duas partes: a primeira transcorre na província, como tutor dos filhos dos Rênal e, depois, no seminário em Besançon; a segunda, em Paris, como secretário do marquês de La Mole.
O primeiro livro apresenta Julien Sorel, que preferia gastar seu tempo lendo ou sonhando com a glória do Exército de Napoleão, a trabalhar como carpinteiro no quintal do pai, ao lado de seus irmãos. Julien Sorel acaba se tornando um acólito do Cura Chélan, que mais tarde lhe assegura um lugar de tutor para os filhos do prefeito de Verrières, Sr. de Rênal.
Sorel, que parece ser um clérigo piedoso e austero, na realidade, tem pouco interesse na Bíblia, além de seu valor literário e a forma como ele pode usar passagens memorizadas para impressionar as pessoas importantes (passagens que ele, aliás, aprendeu em latim).
Após a sua chegada a casa dos Rênal, Julien Sorel apaixona-se pela Sra. de Rênal (mulher tímida e ingênua). A Sra. de Rênal era bondosa com este, e, pouco a pouco, sem se aperceber, apaixona-se por Julien, envolvendo-se com ele. A relação de adultério entre estas duas personagens será revelada, mais tarde, pela camareira da Sra. de Rênal, Elisa. Esta pretendia casar com Julien Sorel, que negou o seu amor. Então, para se vingar, Elisa contou a toda a cidade que a sua patroa e o empregado eram amantes (perante isto, os habitantes reconheceram que Julien era um homem moderno). Depois desta revelação à cidade, chegou a vez do Sr. de Rênal receber em sua casa uma carta anônima, acusando sua mulher e Julien de serem amantes. As ordens do Cura Chélan são para que Sorel vá para um seminário, em Besançon. Apesar de seu ceticismo inicial, o diretor do seminário, o abade Pirard (um jansenista e, portanto, ainda mais odiado que os jesuítas na diocese), começa a gostar de Sorel e torna-se seu protetor. Quando o abade Pirard deixa o seminário, desgostoso com as maquinações políticas da hierarquia da Igreja, salva Sorel da perseguição que iria sofrer na sua ausência, recomendando-o como secretário do Marquês de La Mole, um legitimista católico.
O Livro II, que começa antes da Revolução de Julho, narra a vida de Sorel em Paris, com a família do senhor de La Mole. Apesar de se movimentar na alta sociedade e de seus talentos intelectuais, a família e seus amigos menosprezam Sorel, devido à sua origem plebéia. O ambicioso jovem está consciente do materialismo e da hipocrisia da elite parisiense. O espírito contra-revolucionário da época torna impossível mesmo para homens bem-nascidos, com intelecto e sensibilidade estética superiores, participar dos assuntos públicos na nação.
O Sr. de La Mole, que gostava de Sorel, leva-o para uma reunião secreta e o envia em uma perigosa missão para a Inglaterra, onde ele retransmite a um destinatário não identificado, uma carta política que ele aprendeu de cor. Sorel aprende a mensagem de forma mecânica, mas não consegue avaliar o seu significado. É, na realidade parte de uma conspiração legitimista, e o destinatário é presumivelmente um aliado do duque d'Angoulême, então no exílio na Inglaterra. Assim, arrisca sua vida para servir a essa facção a que mais se opõe. Ele se justifica pensando, apenas, em ajudar o senhor de La Mole, um homem que ele respeita.
Mathilde de La Mole, filha do empregador de Sorel, ao longo dos meses anteriores, estava dividida entre o crescente interesse em Sorel, por suas admiráveis qualidades pessoais, e sua repugnância em se envolver com um homem de sua classe. Ela seduz e rejeita Sorel duas vezes, deixando-o muito feliz e orgulhoso por ter ultrapassado seus pretendentes aristocráticos. Durante a missão diplomática, o príncipe russo Korasoff lhe propõe um plano para conquistar Mathilde. Seguindo estas instruções, a um custo emocional grande, ele finge desinteresse nela e provoca seu ciúme, utilizando uma coleção de 53 cartas prontas, de amor, que recebeu do príncipe para atrair a Sra. de Fervaques, uma viúva do círculo social da família.
Mathilde de la Mole volta para Sorel e, finalmente, revela que está grávida. Antes do retorno de Sorel para Paris durante a missão, ela se tornou oficialmente noiva de um de seus muitos pretendentes, o Sr. de Croisenois, um homem jovem, amável, rico e que iria herdar um ducado.
O Sr. de La Mole fica lívido com a notícia da gravidez, mas começa a ceder em face da determinação de sua filha e de sua afeição real por Sorel. Ele concede à Sorel uma propriedade, que lhe traz uma renda e um título de nobreza, e um posto no exército. Ele parece pronto para abençoar o casamento entre os dois, mas sofre uma dramática mudança quando recebe uma carta, escrita pela Sra. de Rênal, a pedido de seu confessor, avisando que Sorel é nada mais do que um alpinista social, que ataca as mulheres vulneráveis.
Ao saber, por Mathilde, da decisão do Sr. de La Mole de nunca abençoar o casamento, Sorel corre para Verrières e atira em sua ex-amante, durante a missa na igreja da cidade. Ela sobrevive, mas os capítulos finais do livro seguem o caminho de sua condenação e execução pelo crime.
Apesar dos incansáveis esforços para salvar a sua vida por Mathilde, Sra. de Rênal e os eclesiásticos dedicados a ele desde seus primeiros anos, Sorel é condenado à morte. Não há lugar na sociedade francesa, contemporânea, para um homem nascido sem nobreza e fortuna, e suas pontes foram queimadas.
Embora o amor de Mathilde permaneça o mesmo, suas visitas à prisão, com seu componente romântico exibicionista, aborrecem a Sorel.
Quando Sorel descobre que não matou Sra. de Rênal, seu amor por ela, que permaneceu no fundo da sua mente durante todo seu tempo em Paris, ressuscita. Ela vem visitá-lo regularmente em seus últimos dias, e morre de tristeza depois que ele é decapitado. Mademoiselle de La Mole reencena a história da rainha da França, Margarida de Navarra, do século XVI, visitando o corpo de seu amante morto, Boniface de La Mole, e beijando os lábios de sua cabeça decepada. Mathilde de La Mole leva a cabeça de Julien Sorel ao seu túmulo e transforma o seu local de enterro em um santuário decorado com esculturas italianas.
A2.4. O Crime do Padre Amaro
No endereço http://www.resumosdelivros.com.br/e/eca-de-queiroz/o-crime-do-padre-amaro/ encontramos o seguinte resumo de O Crime do Padre Amaro:
“Romance anticlerical dos mais ferozes, é ambientado em Leiria, onde o Padre Amaro Vieira, ingênuo e psicologicamente um fraco, vai assumir sua paróquia. Hospedando-se na casa da Senhora Joaneira, acaba por se envolver sexualmente com sua filha, Amélia. Amaro conhece, então, o cinismo dos seus colegas, que em nada estranham sua relação com a jovem. Grávida, Amélia acaba por morrer no parto e Amaro entrega a criança a uma "tecedeira de anjos". Morta também a criança, Amaro, agora um cínico descarado, prossegue com a sua carreira. O romance, que critica violentamente a vida provinciana e o comportamento do clero, foi, durante décadas, leitura proibida em muitas escolas de Portugal e do Brasil. A intenção de Eça ao escrever o Crime do Padre Amaro não era apenas a denúncia dos vícios do clero devasso, mas também apresentar a vida mesquinha da cidade provinciana portuguesa.
Assim, só Amaro e Amélia, as personagens centrais, são criticadas pelo narrador. Também as personagens secundárias são utilizadas para revelar as mazelas da sociedade em que estão inseridas. O Padre Amaro Vieira, o protagonista do romance, era filho de dois criados do marquês de Alegros. Perde os pais ainda criança e é educado no meio da criadagem da marquesa, o que faz com se torne "enredador. Muito mentiroso." A marquesa decide que se ele tornaria padre, e assim, aos quinze anos, é mandado ao seminário. É um fraco tanto física quanto psicologicamente. Aceita o sacerdócio passivamente. Por influência do conde de Ribamar, obtém a paróquia de Leiria, onde se hospeda na casa da S. Joaneira. Lá conhece Amélia, filha de sua hospedeira, e ela torna-se sua amante. O ambiente da casa da marquesa, onde fora criado, e o seminário, moldaram o caráter de Amaro. Já sacerdote em Leiria, espanta-se, no início, com o cinismo explícito dos seus colegas de batina, mas todas essas situações, somadas ao ambiente de servilismo beato da casa onde está hospedado, fazem com que ele se atole em ações desonrosas, como entregar seu filho a uma "tecedeira de anjos" e a criança acaba por morrer. No final do romance, ele tornou-se idêntico aos seus pares.
Uma conversa entre Amaro e o cônego Dias, mostra, de forma clara, como Amaro e os outros eclesiásticos representam o clero sem vocação e hipócrita. Os dois estão refletindo sobre os excessos da Comuna, afirmam que seus seguidores merecem a masmorra e a forca porque não respeitam o clero e "destroem no povo a veneração pelo sacerdócio", caluniando a Igreja. Então, uma mulher provocante passa diante deles e ambos trocam olhares cúmplices. O cônego exclama: "- Hem, seu Padre Amaro?... Aquilo é que você queria confessar?" E Amaro responde: " - Já lá vai o tempo, padre-mestre - disse o pároco rindo - já as não confesso senão casadas!" Amélia Caminha, a co-protagonista do romance, concentra, em sua figura, o resultado trágico de uma formação num meio provinciano e atrasado, centrado em torno do poder eclesiástico. A sua casa é um beatério, centro de convivência dos poderosos e amorais sacerdotes da cidade, em que impera a superficialidade dos rituais e uma deformação dos conceitos religiosos cristãos.
Nesta sociedade, a Igreja é parte ativa do poder político, que a utiliza nas suas manobras eleitoreiras e lhe dá privilégios sociais, prestígio e poder. Amélia vive, portanto, rodeada de cônegos e padres. Aos 23 anos, alta, forte e "muito desejada", possui um temperamento sentimental, romântico e fortemente sensual. Órfã de pai, sua mãe é amante do cônego Dias e ela é uma devota simplória e passiva, atraída pelo ritual católico. Namora João Eduardo, escrevente de cartório. Conhece, então, o Padre Amaro, pároco da Sé de Leiria, hóspede na casa de sua mãe. Apaixona-se e entrega-se a ele com total submissão. Fica grávida e esconde-se numa quinta próxima à cidade, acompanhada de uma fanática beata, irmã do cônego Dias. Recebe a visita do abade Ferrão, único sacerdote decente do romance. Ele tenta recuperá-la para uma vida normal e digna e quer tirá-la da influência nefasta de Amaro. No entanto, Amélia morre no parto.
Personagens secundárias O narrador do romance, na terceira pessoa, apresenta as personagens secundárias com grande dose de ironia e certa antipatia. Como bem o colocou Benjami Abdala Jr: "Fica muito clara a antipatia do narrador pelo círculo de amigos da S. Joaneira (Maria Assunção, Josefa Dias, Joaquina Gansoso e o beato homossexual Libaninho). O mesmo ocorre em relação aos colegas de Amaro (cônego Dias, padre Natário e padre Brito), pois o narrador parece convencido antecipadamente de seus vícios e grosserias. O único religioso que se exclui desse círculo é o abade Ferrão, apresentado como uma personagem coerente com seus ideais.
A ironia do narrador não é restrita aos religiosos, estendendo-se para o contexto social de Leiria. Várias personagens são apresentadas de forma sarcástica: o jornalista Agostinho Pinheiro; o venal Gouveia Ledesma, o burguês reacionário Carlos. Nesse ambiente, João Eduardo, noivo de Amélia, enciumado com as atenções da moça ao padre Amaro, escreveu um anônimo "Comunicado" na Voz do Distrito, criticando a convivência de padres com amantes. Rompe-se o noivado: “Amélia torna-se amante do padre Amaro."
A2.5. Frankenstein
No endereço a seguir, http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20100610182626AAi8HGb
encontramos o seguinte resumo, para o livro Frankenstein:
“A história tem o seu início com as quatro cartas que Robert Walton envia para a
Irmã, Margaret, detalhando sua viagem de exploração ao Pólo Norte. Em certo ponto, seu navio é cercado pelo gelo, impossibilitando a continuação da viagem. Nesse período, os marinheiros avistaram, em um trenó, uma criatura gigantesca rumando para o norte. Na manhã seguinte, após o gelo se romper, Robert e seus homens resgataram um homem, a beira da morte, que estava flutuando em uma placa de gelo. Depois de alguns dias de repouso no navio, esse homem, cujo nome era Victor Frankenstein, relata a Robert sua história de infortúnios. Victor conta como foi sua vida e relata como a sua amada, Elizabeth, entrou para sua família; como era interessado em descobrir a origem das coisas; a morte de sua mãe e o desejo que ela tinha em que Victor e Elizabeth se casassem.
Antes de casar-se, Victor vai para a Universidade de Ingolstadt estudar Ciências Naturais. Após dois anos de estudo, resolve estudar Fisiologia e descobre como animar a matéria sem vida. Então constrói, com partes de cadáveres, um ser gigantesco e lhe da vida. Quando a Criatura abre os olhos e respira, Vitor percebe que infundiu vida em um ser que lhe causa terror e repulsa. Victor, então, cai em um sono repleto de pesadelos e, ao despertar, vê a face horrenda da Criatura. Sai correndo desesperadamente pela noite chuvosa e só para quando encontra, descendo de uma carruagem, o amigo de infância, Henry Clerval que veio estudar em Ingolstadt. Ambos vão à casa de Victor que fica tão feliz em não mais encontrar a Criatura e desmaia, ficando acamado durante alguns meses e tendo Henry como enfermeiro.
Ao ter a saúde restabelecida, Victor começa a estudar Literatura junto com Henry. Um dia, recebe a notícia de que Willian, seu irmão mais novo, estava morto. Ele retorna imediatamente à Genebra e visita o lugar onde seu irmão foi morto. Lá, vê a Criatura e logo deduz que ela era a responsável pela morte de Willian. Ao chegar a casa, seu irmão Ernest diz que Justine Mortiz era culpada pela morte de Willian, porque a jóia que ele usava naquele dia foi encontrada em seu poder. Justine foi julgada e condenada à morte pelo crime. Melancólico, com a morte de Justine, Victor vai passear pelas montanhas e encontra, novamente, a Criatura. Ela implora a Victor para que ouça sua história. Ela conta que após receber vida, pegou algumas roupas e seguiu para a floresta. Ali, aprimorou seus sentidos e aprendeu algumas coisas. Devido à escassez de comida, refugiou-se sob uma cabana. Nesse lugar a Criatura observou o comportamento de seus moradores. Uma família composta por um velho cego, de nome De Lacey, e seus filhos Felix e Aghata. Eles viviam em Paris e tiveram seus bens confiscados porque Felix ajudou um comerciante turco a fugir da prisão. O turco, em gratidão, prometeu a mão da filha Safie a Felix. Como ela não sabia falar a Língua Inglesa, Felix começa a ensinar-lhe esse idioma. A Criatura assiste a estas aulas e aprende a falar. Depois, encontra uma pasta com alguns livros e toma conhecimento da leitura e escrita. Nessa época, ela encontra, entre as roupas, o diário de Victor, onde descobre sua origem e seu criador e passa a odiá-lo. Esse ódio aumenta quando a Criatura sente-se rejeitada pelos homens. A Criatura vai para Genebra, para encontrar-se com o criador. Um dia, enquanto descansava, vê um menino brincando na floresta. Movida por impulso, agarra o menino que começa a gritar dizendo que seu pai M.Frankenstein o castigaria. Ao ouvir esse nome a Criatura mata o garoto. Logo depois, encontra uma jovem adormecida em um celeiro e coloca em sua roupa a jóia que retirou do garoto. Ao terminar sua história, a Criatura pede a Victor para criar uma fêmea para lhe fazer companhia. Victor concorda com essa idéia e viaja para Inglaterra para construir a nova criatura. Após construir a nova criatura, Victor percebe que está cometendo outro erro e a destrói antes de lhe dar vida. Isso desperta a ira vingativa do monstro, que promete estar presente em sua noite de núpcias. Victor abandona a ilha e chegando à Irlanda é acusado da morte de seu amigo Henry. Ao ver o corpo, desespera-se e cai em um profundo coma. Após recuperar a saúde Victor é absolvido das acusações e retorna à Genebra decidido a casar-se com Elizabeth. Após o casamento, o casal segue para sua noite de núpcias. Victor arma-se e aguarda que a Criatura venha ao seu encontro. Ouve um grito terrível e encontra Elizabeth morta no leito nupcial. Através das vidraças, vê a figura sinistra da Criatura que some no lago.
Movido pela vingança, Victor passa a perseguir a Criatura por várias partes do mundo. “Essa perseguição só acaba quando fica preso em um bloco de gelo no mar e é salvo por Robert”. “Assim, termina a narrativa de Victor Frankenstein”.
A2.6.O Médico e o Monstro
No endereço a seguir,
http://www10.brinkster.com/ricardomoraes/pt/res/resmedmo.htm
encontramos o seguinte resumo de O Médico e o Monstro:
“Durante seu passeio semanal, um advogado chamado Utterson, conhecido por sua sensibilidade e confiabilidade, ouve seu amigo Enfield narrar um caso de assalto. Um homem sinistro chamado Hyde havia atacado e espancado uma garotinha, desaparecendo por uma porta em um beco. Pouco depois, ele reaparecera e pagara uma indenização aos pais aterrorizados com um cheque assinado por um respeitável cavalheiro. Uma vez que tanto Utterson quanto Enfield desaprovam mexericos, eles concordam em deixar o assunto de lado. Entretanto, um dos melhores amigos e cliente de Utterson, o Dr. Jekyll, tinha feito um testamento transferindo todo o seu patrimônio para este mesmo sr. Hyde. Em pouco tempo, Utterson começa a ter pesadelos, nos quais uma figura sem rosto vagueia por uma versão assustadora de Londres.
O advogado visita Jekyll e um amigo comum de ambos, o Dr. Lanyon, para tentar saber mais. Lanyon diz que não tem mais visto Jekyll; eles haviam tido uma séria discussão sobre os rumos das pesquisas de Jekyll, as quais Lanyon havia classificado como bobagens não científicas. Intrigado, Utterson investiga um pouco mais o assunto. Ele descobre que Hyde freqüentava um determinado edifício; trata-se de um laboratório colado aos fundos da casa de Jekyll. Ao encontrar Hyde, Utterson fica espantado ao notar que ele é extremamente feio, mas de uma forma estranha, como se estivesse deformado. Para surpresa de Utterson, Hyde oferece de boa vontade o seu endereço. Jekyll diz a Utterson para não se preocupar muito sobre o sr. Hyde.
Passa-se um ano. Certa noite, uma criada afirma que viu Hyde espancar brutalmente até a morte o idoso Sir Danvers Carew, membro do Parlamento e cliente de Utterson. A polícia entra em contato com Utterson, que suspeita que Hyde possa ser o assassino. Ele leva os policiais até o apartamento de Hyde, tendo uma sensação de irrealidade em meio ao clima deprimente - a manhã está escura e envolta em neblina. Quando eles chegam ao apartamento, o assassino tinha fugido e a polícia busca por provas inutilmente. Pouco depois, Utterson visita Jekyll novamente, o qual afirma ter acabado com qualquer relação com Hyde. Ele mostra a Utterson um bilhete, supostamente escrito por Hyde para Jekyll, pedindo desculpas pelo transtorno que tinha causado a ele e dizendo adeus. Nesta noite, entretanto, o assistente de Utterson comenta que a caligrafia de Hyde tem uma notável semelhança com a de Jekyll.
Por alguns meses, Jekyll age de forma especialmente amigável e sociável, como se um peso tivesse sido retirado dos seus ombros. Mas então Jekyll repentinamente começa a recusar visitantes e Lanyon morre de alguma espécie de choque relacionado com Jekyll. Entretanto, antes de morrer, Lanyon entrega uma carta a Utterson, com instruções para não abri-la antes da morte de Jekyll. Enquanto isso, Utterson vai caminhar com Enfield e ambos vêem Jekyll numa janela do seu laboratório. Os três homens começam a conversar, mas subitamente um olhar de horror aparece no rosto de Jekyll. Ele fecha a janela repentinamente e desaparece.
Cerca de uma semana mais tarde, Poole, o mordomo de Jekyll, visita Utterson em estado de desespero. Ele diz que seu patrão tinha se trancado no porão nas últimas semanas, e agora a voz que sai de lá não se parece em nada com a de Jekyll. Utterson e Poole vão até à casa de Jekyll, passando por ruas desertas, sinistras e açoitadas pelo vento. Ao chegarem, eles encontram os criados com medo, amontoados num dos cômodos. Depois de discutirem por algum tempo, os dois decidem arrombar a porta do laboratório. Lá dentro, eles encontram o corpo de Hyde, vestindo as roupas de Jekyll, e aparentemente morto por suicídio. Eles também encontram uma carta de Jekyll para Utterson, prometendo explicar tudo.
Utterson leva o documento para casa, onde ele começa lendo primeiramente a carta de Lanyon. Ela revela que o abatimento e a morte eventual de Lanyon foram causados pelo choque ao ver o sr. Hyde tomar uma poção e se transformar no Dr. Jekyll. A segunda carta é um testamento de Jekyll. Ela explica como Jekyll, buscando separar seu lado bom dos seus impulsos mais sinistros, descobrira uma maneira de transformar-se periodicamente em um monstro deformado livre de consciência - o sr. Hyde. No início, Jekyll continua, ele tinha apreciado se transformar em Hyde e gozar a liberdade moral que a criatura possuía. Eventualmente, no entanto, ele descobrira que estava se transformando involuntariamente em Hyde durante o sono, mesmo sem tomar a poção. Neste ponto, Jekyll havia decidido parar de se transformar em Hyde. Certa noite, entretanto, a necessidade de tomar a poção havia sido forte demais, e, depois da transformação, ele havia imediatamente corrido para a rua e assassinado violentamente Sir Danvers Carew. Horrorizado, Jekyll tentara com mais insistência impedir a transformação, e parecia ter conseguido. Entretanto, certo dia ele estava sentado num parque quando se transformou subitamente em Hyde; foi a primeira vez que isso tinha acontecido quando ele estava desperto.
A carta continua descrevendo a busca desesperada de Jekyll por ajuda. Longe do seu laboratório e caçado pela polícia como assassino, Hyde precisou da ajuda de Lanyon para apanhar suas poções e tornar-se Jekyll novamente. Mas, quando ele transformou-se na presença de Lanyon, o choque daquela visão havia causado a lenta morte de Lanyon. Enquanto isso, Jekyll retornara para casa, apenas para se achar cada vez mais indefeso, pois as transformações passaram a acontecer cada vez mais freqüentemente, e precisavam de maiores doses da poção para revertê-las. Fora a iminência de uma dessas transformações que fizera Jekyll interromper a conversa que estava tendo na janela com Utterson e Enfield.
Eventualmente, a poção acabara, e Jekyll não conseguira achar um dos ingredientes vitais para fazer mais. Sua capacidade de retornar à sua forma normal gradualmente fora desaparecendo. Jekyll conclui sua carta dizendo que, naquele mesmo momento, ele sabia que estava prestes a se tornar em Hyde permanentemente, e ele se indagava se Hyde iria enfrentar a execução pelos seus crimes ou escolheria se matar.
_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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