52. Universos Paralelos e a Curva do Destino(2)
Jober Rocha (1)
Muita polêmica tem sido levantada pelos cientistas acerca da existência de outros universos, existentes em paralelo ao nosso universo; isto é, coexistindo ao mesmo tempo, porém, em outras dimensões. Nestes universos a vida transcorreria tal como aqui; isto é, normalmente, com os indivíduos vivendo diariamente as suas vidas e desconhecendo a existência dos demais universos.
Os universos mencionados estariam, assim, relacionados ao nosso; ou melhor, derivariam do nosso, que, também, derivaria de outros.
Descobertas recentes, relativas à Física Quântica, indicam existirem outras leis operando no universo de maneiras diferentes daquelas que conhecemos.
O Principio da Incerteza, de Heisemberg, indica que nós, seres humanos, afetamos o comportamento da matéria quântica quando a observamos.
A Interpretação de Copenhagem, do referido principio, afirma que as partículas quânticas não existem em um ou outro estado; mas, em todos os estados possíveis, de uma só vez, condição esta que é denominada de Superposição. Entretanto, a observação humana quebraria a Superposição e levaria a partícula a escolher um estado único de sua Função de Onda.
Segundo a teoria de Hugh Everett, se uma ação humana tem mais de um resultado possível, então, o universo se quebraria quando aquela ação fosse tomada ou, até mesmo, quando o individuo decidisse não tomar nenhuma atitude.
Eliminando o conceito linear do tempo (pois este se moveria em saltos ao invés de em linha reta, e em ramos que seriam tão numerosos quanto o número de conseqüências, para todas as ações que já existiram), cada possível desfecho de cada ação tomada (em resposta a esta ação original), seria, também, registrado em universos paralelos; dos quais, entretanto, não teríamos nenhuma consciência.
Algumas experiências bem sucedidas indicam, ao nível de partículas quânticas (as menores partículas já descobertas), que tais fatos poderiam, realmente, ocorrer.
Verdade ou não, saindo do campo da Física Quântica e entrando nos campos da Biologia, da Psicologia, da Filosofia e da Metafísica, podemos ter a certeza da existência de universos paralelos. Explico-me melhor: cada um de nós, seres humanos, constitui um universo a parte (física, mental e espiritualmente), convivendo no universo de matéria em que co-existimos. Cada um de nós processa as informações que obtém, através dos seus órgãos sensoriais, de maneira distinta da dos outros seres. Os objetivos de vida de cada um são distintos daqueles dos demais; bem como, suas maneiras de analisar o passado, assimilar o presente e planejar o futuro.
O modo pelo qual cada ser humano se relaciona com o mundo em que vive, e com os seres que nele habitam, é único; muito embora, vivamos todos juntos no mesmo planeta.
Pelo fato de fazermos parte de uma espécie animal (a humana, racional), e nos compararmos com outras espécies animais (irracionais) cujos comportamentos são, relativamente, padronizados (previsíveis), somos levados a imaginar que todos nós reagimos da mesma forma aos estímulos recebidos e que, por outro lado, almejamos alcançar os mesmos objetivos durante a existência. Esquecemos que possuímos uma alma, cuja evolução é também única e diferente da dos demais seres humanos. Nosso espírito, ao encarnar, trouxe consigo o carma de vidas anteriores e uma programação determinística de objetivos espirituais a serem alcançados, que, segundo teoria que desenvolvi, podem ser quantificáveis através de uma função ou equação matemática, por mim denominada a Curva do Destino, conforme explicado em obra do mesmo nome, que publiquei no ano de 2011 pela Iglu Editora, de São Paulo, Brasil (2).
Segundo a teoria desenvolvida em ‘A Curva do Destino’, cada espírito, ao encarnar, traria uma missão para esta existência, que poderia ser cumprida totalmente ou não; já que, a evolução espiritual não teria prazo para ocorrer. A evolução da alma humana, por tratar-se de um fenômeno metafísico que ocorreria durante a existência do ser humano, como todo fenômeno possuiria uma função matemática que o descreveria, função esta que poderia ser determinada matematicamente através de Métodos Econométricos (Mínimos Quadrados), com base em informações coletadas para cada individuo, isoladamente, durante um determinado período de sua vida.
A evolução máxima da alma do indivíduo, pré-programada para aquele espírito antes do fenômeno da reencarnação, seria aquela descrita pela sua Curva do Destino original. Para manter-se sempre dentro do envelope desta curva original, bastaria ao ser humano ouvir a voz da sua consciência, em todas as decisões que tomasse. Em assim procedendo, sua evolução espiritual seria a máxima possível de ser obtida nesta encarnação.
Ao deixar de ouvir a voz da consciência (tomando decisões contrárias àquelas ditadas pelo seu Eu interior), e alterando sua programação determinística, o individuo passaria para outra Curva do Destino, cujo envelope descreveria uma evolução espiritual menor do que a da curva original.
O tratamento matemático posterior dado a esta função, através do Cálculo Diferencial e Integral, bem como a sua estimação matemática através dos Métodos Econométricos mencionados, possibilitaria a obtenção de importantes informações sobre esta curva, tais como: existência de pontos máximos e mínimos, pontos de inflexão com mudança de concavidade ou convexidade, a existência de limites matemáticos, etc. O livro A Curva do Destino chega a desenvolver uma possível Teoria da Evolução da Alma, baseando-se na Análise das Funções de Produção ou das Superfícies de Resposta. Cada um dos indivíduos possuiria, assim, uma função matemática particular; posto que, sua evolução espiritual seria, com toda certeza, diferente da dos demais.
A análise da Curva do Destino talvez permitisse, de acordo com a teoria desenvolvida, a determinação de eventos importantes para a evolução da alma e, até mesmo, possibilitasse a determinação da data em que o espírito deixaria o corpo físico, em razão de já não mais ter condições de progredir evoluindo.
Em um determinado sentido, a possibilidade de o indivíduo mudar de curva, em razão de sua própria vontade (deixando de ouvir a voz da razão e seguindo as suas paixões internas), também levaria o mesmo para outro universo (paralelo, na medida em que novos eventos ocorreriam em sua vida, eventos estes diferentes daqueles anteriormente pré-programados no plano espiritual) e sua evolução espiritual se daria de um modo diferente, sendo, no entanto, sempre inferior aquela evolução originalmente planejada.
Não tendo prazo para realizar-se a evolução espiritual, se esta não for alcançada nesta existência, poderia, com certeza, ser atingida em outras encarnações.
Relativamente ao conceito determinístico, pressuposto no fenômeno da reencarnação, constata-se que o mesmo é aceito por algumas grandes religiões, como, por exemplo, o Budismo, o Espiritismo, o Confucionismo, o Hinduismo, etc.
Filosoficamente, Platão foi um dos primeiros a enunciar que “Os espíritos, antes de encarnar, são levados a escolher o modelo de vida a que, posteriormente, ficarão presos”. Tal afirmação corrobora a possibilidade de este fenômeno da evolução espiritual poder ser descrito por uma função matemática.
O conceito determinista, exposto no enunciado de Platão, foi completamente esquecido até a Idade Contemporânea, em razão da noção de livre arbítrio, dominante durante o final da Antiguidade e por toda a Idade Média. Enquanto alguns povos do Oriente mantiveram a crença no determinismo e na reencarnação, em face de suas doutrinas religiosas; no Ocidente, a expansão do cristianismo veio difundir a noção da não reencarnação e do livre-arbítrio, para o bem e para o mal, fazendo surgir, assim, a noção do pecado.
Atualmente a Filosofia comporta várias correntes ou escolas, a saber:
. Determinismo Mecanicista e Teleológico: rejeita a ideia de que os homens possuam livre arbítrio;
. Libertarismo: aceita que os indivíduos possuam livre arbítrio pleno;
. Indeterminismo: aceita que os indivíduos possuem livre arbítrio e que as ações que praticam constituem efeitos sem causas;
. Compatibilismo: aceita que o livre arbítrio existe, mesmo em um universo sem incerteza metafísica; isto é, seria um livre arbítrio que respeitaria as ações ou pressões internas e externas;
. Incompatibilismo; entende que não há maneira de reconciliar a crença em um universo determinístico com um livre arbítrio verdadeiro.
Por sua vez, no que respeita a Ciência, o pensamento científico atual, de uma maneira geral, vê o universo de maneira determinística e alguns pensadores creem, mesmo, que para predizer o futuro é preciso, simplesmente, dispor de informações sobre o passado e o presente. A crença dominante, entretanto, consiste em uma mescla de teorias determinísticas e probabilísticas.
Segundo a teoria apresentada em A Curva do Destino, a interferência divina (ao nível de cada indivíduo; isto é, o milagre que permitiria mudar o seu destino), poderia ocorrer apenas naqueles eventos probabilísticos (objetivando a uma correção de rumos) e não nos eventos determinísticos, pré-programados, que só poderiam ser mudados pelo próprio individuo; já que, dependeriam apenas dele para se concretizar ou não. O livro contempla, ademais, possíveis formas matemáticas para a Curva do Destino, bem como algumas possíveis variáveis independentes ou exógenas, responsáveis pela evolução da alma e necessárias para a estimação da função matemática através dos Métodos Econométricos convencionais.
1. Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
2. A Curva do Destino. Iglu Editora. São Paulo. 2011. Jober Rocha. Disponível pela Internet no site da própria editora e nos sites das livrarias virtuais Saraiva, Siciliano e Cultura.
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