terça-feira, 21 de junho de 2016

60. Ideologia, eu também quero uma para viver!


Jober Rocha*

                                                                                                                               
                        Um dia destes, pelo rádio, ouvi uma antiga canção do finado cantor e compositor brasileiro, Cazuza, que dizia:
“Meu partido é um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas.
Os meus sonhos foram todos vendidos,
Tão barato que eu nem acredito.
Meus heróis morreram de overdose,
Meus inimigos estão no poder.
Ideologia, eu quero uma pra viver”.

                   Quando a canção terminou, meditando sobre a sua letra me ocorreu escrever algumas palavras acerca deste sentimento de vazio que não incomodava, apenas, o finado Cazuza; mas, creio eu, pertencia a toda uma geração na qual, também, estou incluído e que vivenciou a falência das principais ideologias contemporâneas.
           A ideologia, de uma maneira geral, consiste em um conjunto de idéias ou de pensamentos, individuais ou coletivos, que pode estar ligada à ações políticas, econômicas ou sociais.
                          O Filosofo Karl Marx afirmava que as classes dominantes criavam sistemas políticos, econômicos, morais, religiosos e sociais, e as suas ideologias, cujos objetivos eram os de manter as elites, por elas representadas, controlando a vida das populações dominadas.
                      As principais ideologias contemporâneas, algumas delas atualmente em vigor pelo mundo, consistem em: Comunista (e Anti-Comunista), Socialista, Fascista (e Neo-Fascista), Nazista (e Neo-Nazista), Capitalista (e Neo-Capitalista), Anarquista, Conservadora, Nacionalista (e Anti-Nacionalista).
                          Não é objetivo deste simples texto, discorrer sobre estas ideologias; posto que, a maioria dos leitores já possui, ao menos, uma noção básica (dada pelo próprio nome da ideologia), acerca do que se trata. Nosso objetivo é o de comentar que nenhuma delas, até hoje, conseguiu representar os anseios e as aspirações da maioria dos seres humanos, quer nos campos político, econômico e social. 
                          Evidentemente que uma parcela reduzida de indivíduos das classes de renda mais alta, habitando desde os países mais desenvolvidos até os menos desenvolvidos, estará completamente satisfeita com suas vidas e com suas ideologias. Todavia, isto não ocorre com a maioria dos seres humanos que habitam os países do chamado Terceiro Mundo, ou mesmo para os que habitam as periferias pobres das cidades do Primeiro Mundo. 
                            Para estes, as ideologias funcionam como uma prisão sem barras ou como uma servidão de nascimento. Pelo fato de haverem nascido em determinado país e/ou em determinada época, devem submeter-se à ideologia dominante; pois, caso contrário, estarão à margem das leis e passíveis de sofrerem seus rigores. 
                            Se pararmos para indagar por que razão Deus, que é considerado único e objeto central da maioria das diferentes religiões contemporâneas (religiões estas que se opõem umas as outras, por vezes, de forma violenta), é apresentado por elas ao seu público alvo, composto de fiéis ou adeptos, como se este Deus a elas, exclusivamente, pertencesse (sob a alegação de serem as únicas portadoras da verdade e representantes oficiais deste Criador), chegaremos a uma explicação, que é simples: as religiões representam o modo pelo qual as elites dominantes, de cada povo, entendem e permitem que seja professada, no próprio benefício destas elites, a ideia Metafísica daquele povo (ou seja, seus sistemas culturais e de crença, que relacionam a humanidade com a espiritualidade), transformando-a em moralidade, ética e estilo de vida. 
                                Nada tem a ver, portanto, com os desejos ou ensinamentos do Criador, que nunca se pronunciou, diretamente, a respeito dos seus objetivos para com as suas criaturas. Constata-se, portanto, que jamais se viu, sendo livremente professada, uma religião que fosse contrária aos interesses das elites dominantes. Contrária a estes interesses somente a falta de religião (Ateísmo), uma das principais razões, dentre inúmeras outras, pela qual o Comunismo tem sido combatido historicamente em todo o mundo (inclusive internamente, em países comunistas onde o povo rejeita o ateísmo). 
                   As ideologias, para serem implantadas, muitas vezes necessitam destruir aquelas anteriormente instaladas, que vieram substituir. Neste particular, o número de vítimas sacrificadas para que a mudança se realize, monta, por vezes, a casa dos milhões.
                           Para conseguirem implantar o Comunismo na Rússia (primeiro país onde esta experiência foi tentada), apenas no período de 1937-38, três milhões de pessoas foram fuziladas. Oito milhões de seres humanos estiveram presos em campos de trabalhos forçados. Cerca de vinte milhões de pessoas tiveram suas existências devastadas em nome do “mais belo ideal da humanidade”. 
                             Na Revolução Cubana, também de ideologia comunista, calcula-se em cerca de 85.675, o número de vítimas entre assassinados, desaparecidos, feridos ou que fugiram para o exterior. Adicionalmente, cerca de dezesseis mil mortes, ocorreram em combates durante esta revolução. Ao final, a ideologia marxista e a forma de governo comunista acabaram ruindo na própria URSS, após a Glasnost e a Perestroika, ficando restrita apenas à Rússia, à Cuba e a alguns países africanos.
                                No referente à implantação do Nazismo, na Alemanha, informações disponíveis indicam a morte, por assassinato, desnutrição, trabalhos forçados e doenças, de cerca de seis milhões de judeus, dois milhões de poloneses, um milhão de ciganos, quatro milhões de prisioneiros soviéticos, duzentos mil deficientes físicos e mentais, cem mil maçons e cinco mil testemunha de Jeová. Note-se que estes dados são estimativas, pois os valores reais podem chegar ao dobro. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Nazismo deixou de existir, como forma de governo, em todo o mundo.
                         Com relação ao Capitalismo, Gilles Perrault, em seu “O Livro Negro do Capitalismo”, estima em 58 milhões, o número de mortos na Primeira e na Segunda Guerra Mundiais; além de mortes nas várias guerras coloniais, repressões, conflitos étnicos e vitimas da fome e da desnutrição, chegando a uma cifra estimada da ordem de cem milhões de mortes atribuídas ao Capitalismo e a sua implantação no mundo, durante o século XX. 
                                 O Capitalismo tem sobrevivido em meio de crises cíclicas, tem consumido o meio ambiente de uma forma sem precedentes na história da humanidade, tem proporcionado inúmeras guerras motivadas pela disputa de matérias primas e de mercados consumidores, tem acumulado déficits fiscais na maior parte dos países e gerado uma legião de pobres e miseráveis nos países periféricos do Terceiro Mundo.
                                     Relativamente ao Fascismo, após 1922, diversos países foram influenciados por esta ideologia: Itália, Hungria, Suíça, Bulgária, Áustria, Albânia, Brasil, África do Sul, Espanha, Portugal, Romênia, Finlândia, Bélgica, Grã Bretanha, Japão, China, Iraque e Argentina. Embora não disponhamos do número total de mortes causadas pelo Fascismo, em todo o mundo; apenas na Campanha da Abissínia (atual Eritreia), meio milhão de africanos morreram, além de cinco mil italianos. Formalmente, o Fascismo como forma de governo não mais existe; existindo alguns governos Neo-Fascistas, que se escondem por detrás de uma capa democrática.
                                         No que se relaciona com o Anarquismo, movimento inspirado pelo russo Mikhail Bakunin, em meados do século XIX, constata-se que o mesmo influenciou diversos acontecimentos políticos, como, por exemplo, as Comunas de Lyon e de Paris; a Insurreição Anarquista de 1918, no Rio de Janeiro; e a Revolução Espanhola de 1936. Não saberíamos dizer quantos morreram ou foram sacrificados na tentativa vã de sua implantação, que não chegou a concretizar-se.
                                     Movimentos de cunho Nacionalista têm se verificado, ao longo da história, em diversos países do mundo. Na Europa, destacam-se o Pan-Eslavismo, o Pan-Germanismo e o Revanchismo Francês. Na Irlanda, o Movimento Nacionalista Irlandês, colocou em lados opostos católicos e protestantes (dominados e dominadores). Desde 1846, milhares de vítimas têm sido contabilizadas, nesta disputa pelo poder naquele país.
                                  Os movimentos nacionalistas anti-ocidentais, surgidos no Oriente Médio, na África, na Ásia Meridional (incluindo Índia, Paquistão e Sudeste Asiático), têm suas origens nos grupos fundamentalistas existentes no século XIX. No século XX, os Estados Unidos da América e o Reino Unido, no âmbito da Guerra Fria, apoiaram a ascensão destes grupos no Oriente Médio e na Ásia Meridional, como forma de oposição à expansão soviética na região. Após a ascensão destes movimentos, voltaram-se eles contra os próprios países ocidentais que os apoiaram. Ainda durante o período da Guerra Fria, na América Latina, surgiram diversos Movimentos de Libertação Nacional que, embora de cunho nacionalista, tinham, contraditoriamente, por base a ideologia comunista, que é internacionalista.
                                O Socialismo existe em alguns poucos países desenvolvidos da Europa que, no entanto, ainda fazem uso do sistema capitalista de produção. Nestes países, a renda é bem distribuída e os serviços sociais e de infra-estrutura funcionam bem; principalmente, por se tratarem de países ricos, com poucas populações e com elevados níveis educacionais, características estas encontradas em apenas poucos países ao redor do mundo.
                                  Se levarmos em consideração os holocaustos indígenas (durante a colonização do Continente Americano); a Revolta Circasiana, de 1860 (Cáucaso e Chechênia); o Massacre dos Hererós e dos Namaquas (1904/1907), na África; o holocausto Ucraniano (1932/1933), pelos soviéticos; o holocausto dos Curdos (1937/1938), pela Turquia; o massacre dos Armênios (1915/1917), pela Turquia; o massacre dos Sérvios, pelos Alemães, durante a Segunda Guerra Mundial; o genocídio dos Bengalis (1971), pelo Paquistão; o massacre do Timor - Leste (1975/1999), pela Indonésia; o genocídio da Bósnia (1992/1995), pelas forças da Sérvia; o massacre dos Tutsis (1994), em Ruanda; o massacre dos Tibetanos (a partir de 1950), pela China; o genocídio Cambojano (1975/1979), pelo Khmer Vermelho; a Guerra do Vietnam; a Guerra do Afeganistão; a Guerra do Golfo Pérsico e a Guerra da Palestina; além de inúmeras outras não consideradas, veremos que milhões de seres humanos têm perdido as vidas em nome das ideologias de sistemas políticos e econômicos, bem como das religiões, e de suas implantações em todo o mundo.
                                    Alguns autores afirmam que a ‘Nova Ordem Mundial’, uma forma nova de organização política, econômica e social que determinadas elites mundiais (Ocidentais, Sino-Soviéticas e Islâmicas) tentam implantar no nosso planeta, já concebeu a reorganização dos atuais 175 países existentes em, apenas, 10 países, formados por: América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália e África do Sul, Europa Oriental e Rússia, América Latina, Norte da África e Oriente Médio, África Tropical, Sul e Sudeste da Ásia e China.
                                      O Congresso dos Estados Unidos da América do Norte aprovou recentemente (segundo dizem, já seguindo orientações desta Nova Ordem), lei dispondo que todos os cidadãos americanos deveriam, obrigatoriamente, submeter-se ao implante em seus corpos de um Chip (nas mãos ou na testa, entre os olhos), que conteria todos os dados civis, médicos e biológicos dos cidadãos. A partir de determinada data, quem não possuísse o chip implantado não poderia mais se utilizar do sistema público de saúde do país. O argumento, para evitar as críticas que certamente surgiriam, seria o de que os médicos necessitariam dos dados biológicos e de saúde de todos os pacientes (de modo a prestar um melhor atendimento a estes), e os chips permitiriam armazenar tais informações, em benefício de todos. Com a diferença de quase meio século o ‘Big Brother’, mencionado por Orwell em seu livro ‘1984’, instalar-se-ia na maior potência do Mundo. Dali, este sistema, deverá se estender a todos os demais países, consolidando, desta forma, uma rede mundial de dominação e controle sobre todos os seres humanos. 

                                    Curiosamente, no Apocalipse (13.16-18), encontramos: 
“A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis."  

                              Com referência às religiões, por sua vez, o livro ‘Vaticano S.A.’, de Gianluigi Nuzzi, trata da divulgação do imenso arquivo guardado na Suíça, de monsenhor Renato Dardozzi, que foi desde 1974 até finais do século XX, conselheiro das figuras mais importantes do Banco Central do Vaticano, o IOR. No final da sua vida Dardozzi determinou que o arquivo que ele próprio havia elaborado, com todos os processos que acompanhou, se tornasse público. O livro ‘Vaticano S.A’ contém a essência das informações recolhidas por este prelado, sendo um documento de grande interesse histórico que expõe a frenética atividade da igreja Católica Apostólica Romana durante duas décadas, visando, sob a capa de obras de caridade, secretas manipulações políticas, subornos, pagamentos a políticos corruptos e a elementos da Máfia, e, até mesmo, um elaborado sistema de lavagem de dinheiro: um paraíso fiscal inexpugnável em plena cidade de Roma. Segundo o livro, “A Igreja Católica é uma grande empresa religiosa e, ao mesmo tempo, econômico-financeira. Não pode ser dirigida sem dinheiro; daí o bispo americano Paul Marcinkus, secretário do Instituto Para as Obras Religiosas - IOR (mais conhecido como Banco do Vaticano) ter dito de modo apropriado: - Pode-se viver neste mundo sem se preocupar com o dinheiro? Não se pode dirigir a Igreja com ave-marias”! 
                                  Um de seus críticos poderia, no entanto, ressalvar: - Não se pode viver pregando uma coisa e fazendo outra! 

                                 Jacopo Fo menciona, em seu ‘O Livro Negro do Cristianismo’ (Ediouro), que “O Vaticano possui ramificações e emissários em toda parte. Está envolvido não só na história espiritual do planeta, mas, também, nas decisões políticas e nas escolhas operacionais, ora apoiando, ora obstruindo os vários poderes que se alternam. Seus objetivos se mostram pontualmente utilitaristas. A Santa Sé tornou-se uma potência financeira que administra fortunas tão colossais quanto discretas na economia mundial”. 

                             Se hoje as coisas se passam desta forma, não há porque achar que no passado se passariam de modo diferente. Corrupção, suborno, complô, golpes, interesses, sinecuras, nepotismo, sempre fizeram parte da história humana e continuarão a fazer ‘Per Ominia Saecula Seculorum’ (pelos séculos dos séculos).
                                Em 25 de abril de 2012, Philip Pullella, em artigo divulgado pela agencia Reuters, anunciava: “O papa Bento XVI criou uma comissão de cardeais para investigar os ‘vazamentos’ de documentos importantes à mídia, os quais tratavam de corrupção e má gestão no Vaticano; Estado gerido separadamente de Roma, que o rodeia”. Também, Nino lo Bello em seu livro “O Empório do Vaticano” apresenta um relato fundamentado, que revela o Vaticano como centro nervoso das altas finanças mundiais e penetra nos meandros da riqueza do Papa. 
                               A Agência Globo divulgou no Yahoo Notícias, que o jornal italiano "Corriere della Sera" publicou, em 01.09.2012, a última entrevista do cardeal Carlo Martini, ex-arcebispo de Milão, que morreu aos 85 anos. Na conversa, gravada em agosto, o pontífice disse que "a Igreja Católica está cansada e 200 anos atrasada". 
                                    Destaque entre os católicos progressistas, Martini defendia um posicionamento mais liberal da Igreja Católica, pois acreditava que só assim a instituição iria se aproximar novamente das pessoas. Entre as medidas pregadas pelo ex-arcebispo para conter o atual afastamento dos fiéis estavam o reconhecimento do seu passado e a implantação de mudanças radicais na instituição, começando pelo próprio papa. 
                                 "A nossa cultura envelheceu, as nossas igrejas são grandes, e estão vazias; a burocracia aumentou e os nossos ritos religiosos e as vestes que usamos são pomposos.", disse Martini na entrevista, concedida a um padre jesuíta. "Sei que não podemos nos livrar disso facilmente; mas, pelo menos, poderíamos tentar ser como os homens livres e mais próximos dos fieis"- finalizou Martini.

                                   Por sua vez, diversas igrejas protestantes, atuantes no Brasil e em vários países do mundo, têm sido envolvidas em escândalos de lavagem de dinheiro, transferências ilegais de divisas para paraísos fiscais, etc. 

                                   Pelo exposto, constata-se que os dirigentes das principais Igrejas, tanto no Brasil quanto em outros países, freqüentemente, encontram-se envolvidos em operações escusas e ilegais de desvios de dinheiro, subornos de políticos e autoridades, etc. Tais fatos parecem indicar que os dirigentes destas igrejas têm plena consciência das inverdades que pregam; pois, eles mesmos, não seguem os preceitos de suas igrejas, transformando-as em empresas comerciais onde a única coisa que buscam é o lucro fácil, obtido através da crendice dos fiéis. 
                                          Em seu início, a igreja de Roma surgiu como sustentáculo de um sistema de dominação em decadência (o Império Romano), que a utilizou para justificar a origem divina dos governantes e conclamar os povos a não mais se rebelarem contra o ‘Status Quo’ Romano. Com o passar do tempo, ela ganhou vida própria e se transformou em uma empresa que, através de suas seitas e religiões, possui seus próprios objetivos de poder, de dominação e de riqueza. 

                                 No campo político, as notícias recentes, em nosso país, sobre desvio de recursos públicos mediante concorrências fraudulentas, concussão, malversação de verbas, venda de apoio político, advocacia administrativa, compra de votos, fraudes eleitorais, etc. etc. etc., trazem a descrença aos eleitores, para os quais os políticos são todos “farinha do mesmo saco”. O judiciário raramente chega a punir tais crimes com os rigores da lei; já que, as nossas leis dão margem a todo tipo de recursos protelatórios, visando à prescrição das penas; além de os cargos máximos da mais alta corte de justiça serem, todos, de nomeação exclusiva do presidente da república, o que, certamente, faz com que aqueles fiquem devendo favores a este. Tais favores são cobrados em casos de ações judiciais contra os governantes e políticos do partido do governo, ações estas que, eventualmente, tramitem naquela corte.
                                  Os partidos políticos de oposição, em nosso país, por sua vez, buscam o poder, apenas, para fazer o mesmo que criticam no partido da situação.
                                  No que respeita aos sistemas econômicos, a nível mundial, constata-se que tanto o capitalismo quanto a economia estatizada ou centralizada, não foram suficientes para manter o bem estar e a prosperidade das populações, entrando, freqüentemente, em crises cíclicas e dando ensejo a guerras por matérias primas e pelo domínio de mercados, além de serem responsáveis pela destruição do meio ambiente global. 
                                   Diante deste quadro triste e dramático, sobre a falência das nossas instituições, muitos brasileiros honestos já declararam, publicamente, terem vergonha de sua nacionalidade. Ruy Barbosa, em 1914, em sua ‘Oração aos Moços’, já declarava: “... De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
                           Finalizando, a constatação de que as ideologias, as religiões, os sistemas econômicos e os partidos políticos, contemporâneos, não foram (e não são) suficientes e adequados para proporcionarem felicidade, bem-estar e prosperidade aos povos de uma maneira geral, e ao povo brasileiro em particular (proporcionando-os, apenas, para uma reduzida parcela que constituem as elites dominantes); além de haverem sido implantados sobre os cadáveres de milhões de seres humanos, dá margem a que eu concorde com a frase de Cazuza; a qual eu tomei a liberdade de modificar para acrescentar: “Ideologia, religião, sistema econômico e partido político, eu também quero outros para viver”...


_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.


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