40. Conseguiremos algum dia ter as nossas dúvidas esclarecidas?
Jober Rocha*
O Surgimento do Homo Sapiens em nosso planeta, segundo os antropólogos, data de cerca de 130.000 a 200.000 anos atrás. Desde aquela longínqua data, até os dias atuais, os seres humanos utilizaram seu tempo disponível para desenvolver as Ciências, as Artes, as Filosofias e as Religiões. As únicas destas construções humanas que pouco se modificaram, nos últimos cem anos, foram às religiões. Todas as demais sofreram sensíveis mudanças e desenvolvimentos neste período.
Com o advento da Informática, o progresso humano se multiplicou, possibilitando a expansão sem precedentes do desenvolvimento científico e tecnológico.
As artes, também, passaram por aperfeiçoamentos com o surgimento de novas técnicas, novos materiais e novas formas de arte.
No campo filosófico, embora tenham surgido diversas correntes de pensamento, estas, quase sempre, constituem meros aperfeiçoamentos das anteriores; ou seja, as mesmas coisas ditas de outras formas. Friedrich Nietzsche foi um dos poucos filósofos originais, que não se baseou no pensamento de seus antecessores. O fato é que continuam, ainda, sem resposta as três indagações básicas, formuladas pelos filósofos gregos da antiguidade: Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos?
A Ciência ainda não conseguiu respostas suficientes e definitivas sobre estes temas; a Filosofia, tampouco. A arte jamais poderá respondê-las, por lhes fugirem ao escopo.
A Religião, por seu conservadorismo, tem perdido terreno em virtude de apresentar, historicamente, respostas simplistas para temas tão complexos. Em um mundo informatizado, no qual as grandes massas humanas podem ter acesso imediato ao conhecimento mais atual (conhecimento este que evolui diariamente), fica cada vez mais difícil, para nós, acreditarmos nas mesmas explicações que satisfaziam no passado aos nossos ascendentes; principalmente, ao levarmos em consideração que a religião sempre se constituiu, basicamente, em um instrumento de dominação das elites sobre as populações mundiais.
As tentativas de explicação (quer no âmbito científico, filosófico ou religioso), acerca das três perguntas anteriormente formuladas pelos filósofos gregos e que, ainda hoje, continuam sem resposta, não passam de tentativas humanas para responder o irrespondível ou resolver o insolúvel.
A fronteira entre a vida e a morte é tão bem guardada que nenhum ser humano, vivo, conseguiu ainda transpô-la, obter as respostas desejadas (que também estão bem guardadas) e voltar vivo para contá-las aos demais. As raras informações que eventualmente temos são, supostamente, oriundas dos espíritos de seres já desencarnados ou de eventuais Experiências de Quase Morte – EQM. Tais informações são fragmentarias e não permitem, à rigor, uma visão de conjunto sobre toda a problemática envolvendo a criação do universo e da vida.
A se acreditar nestas interpretações, muita coisa haveria ficado de fora, de modo a que permanecêssemos, ainda, na obscuridade. Isto poderia significar que aqueles espíritos do outro lado, saberiam tanto quanto aqueles do lado de cá; isto é, nada ou muito pouco, ou que, talvez, estariam impedidos de nos comunicar tudo àquilo que sabiam.
Como informação é poder, muitos se apresentaram e ainda se apresentam como detentores destas informações, que constituem questões básicas, formuladas desde os primórdios por todos os seres humanos.
Muitos indivíduos, pouco curiosos e pouco questionadores, conseguem alcançar satisfação com as reduzidas e truncadas informações que recebem através das religiões. Outros, materialistas, por não acreditarem em Criador e em vida após a morte, não se preocupam com o assunto ou se acaso se preocupam, é para tentar desmontar a crença daqueles que acreditam; o que não faz sentido.
Outros, ainda, curiosos e questionadores (embora acreditando em Criador e em vida após a morte), não aceitam as explicações religiosas e enveredam por todos os campos do conhecimento humano em busca de respostas que os satisfaçam.
Todavia, como já dito anteriormente, as fronteiras que separam os territórios da vida e da morte estiveram muito bem guardadas, até o presente, quanto à passagem de eventuais informantes conduzindo, sorrateiramente, a Explicação Total e Final. Tanto é assim, que àqueles que estão do lado de lá (já desencarnados) não é permitido passar para o lado de cá, conduzindo esta Informação global e completa.
Da mesma forma, àqueles que estão do lado de cá (encarnados) não é autorizada a passagem para o de lá e o retorno, trazendo, ainda que sub-repticiamente, esta mesma Explicação Total. Talvez seja porque, em ambos os lados daquela fronteira, esta explicação global, total e completa, ainda, não esteja (nem nunca estará?) disponível para nós. Talvez a explicação total e final que buscamos só exista (ou apenas faça sentido), para o próprio Criador da vida e do Universo.
É possível que jamais venhamos a conhecer a verdade total por detrás da Criação; verdade esta, talvez, só acessível aos espíritos que tenham atingido o último degrau da evolução.
Neste contexto, como cobrar dos seres humanos que sigam os desígnios do Criador? Na realidade, não conhecemos pessoalmente o nosso Criador, nem podemos confirmar com plena certeza (embora o bom senso e a boa razão digam que sim) a sua existência. Não conhecemos, realmente, qual o objetivo que tinha para aquelas criaturas que criou; muito embora, o bom senso e a sã razão nos indiquem que deva ter sido o da evolução espiritual.
Pode ser que em um futuro distante, com o transcorrer da evolução humana, venhamos a vislumbrar algum significado maior para a vida dos seres humanos comuns, que, simplesmente, alternam em seu dia a dia o trabalho com o divertimento e o descanso. Pode ser que, através de um eventual contato com civilizações extraterrestres (certamente mais adiantadas tecnologicamente e, possivelmente, mais evoluídas espiritualmente), aprendamos com elas o significado da existência.
A descrença total no Criador e na vida espiritual afigura-me como algo pouco imaginativo, muito simplista e totalmente carente de intuição (característica metafísica dos seres humanos). O argumento de que não podemos provar a existência de um Criador e que, portanto, este Criador não existe, é falho; notadamente, quando consideramos o fato de que, se ainda não sabemos provar, não significa que é impossível provar e que não venhamos a fazê-lo.
Entretanto, se você caro leitor deseja saber qual a minha opinião verdadeira e particular sobre este assunto, eu lhe diria que este assunto não tem (e nunca terá?) solução.
_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário