quarta-feira, 30 de maio de 2018


222. A nossa Torre de Babel


Jober Rocha*



                                     A Torre de Babel, segundo o Livro do Gênesis da Bíblia, era uma torre que teria sido construída por descendentes de Noé, após o chamado Dilúvio Universal. Os versículos de 1 a 9, do capítulo 11 do Gênesis, contam sobre um grupo de pessoas que, antes do aparecimento das diversas línguas no planeta, foi morar no Oriente. 
                                                 Tais pessoas teriam dito, mais ou menos, o seguinte: - "Vamos construir, para nós, uma cidade e uma torre que chegue até o céu. Assim, ficaremos famosos. Do contrário, seremos dispersos por toda a superfície da terra!"
                                                   Outras fontes da Literatura Rabínica judia, afirmam que a construção da torre teria sido uma rebelião contra os desígnios do criador, pois, segundo estas fontes: - "Deus não tem o direito de escolher o mundo superior só para Si mesmo, e de deixar o mundo inferior para nós; por isso, iremos construir uma torre com um ídolo no topo, segurando uma espada, para que pareça como se pretendesse guerrear com Deus”.
                                                   Diversos povos, localizados longe uns dos outros por distâncias continentais, também possuíam tradições semelhantes de insatisfação, com relação aos desígnios do Criador para com eles.
                                                      O fato é que, segundo as tradições, Javé (o Deus criador) teria descido, então, à Terra para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam e, vendo o que faziam, decidiu confundir-lhes as línguas, para impedir que prosseguissem com a sua empreitada, dizendo (para alguém que o acompanhava naquela ocasião e cujo nome a lenda deixou de mencionar): - "Desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que não entendam a linguagem um do outro."
                                                      No Brasil da atualidade parece que o velho Javé, Criador de todas as coisas e conhecedor dos grandes vícios e das pequenas virtudes de seus filhos, temeroso da implantação pelos políticos de um governo comunista venal que, aliado ao narcotráfico e às facções criminosas, passasse a ditar as regras (não só em nosso país, mas em toda a América do Sul) buscando enriquecer grupos e pessoas em uma verdadeira Torre de Babel de lucros ilícitos, resolveu ajudar algumas de suas criaturas humanas concedendo inspiração e coragem a um pequeno grupo de juízes, promotores e delegados de polícia, para que investigassem à fundo, apurassem responsabilidades e condenassem em Primeira Instância, políticos, executivos e empresários pertencentes à diversas quadrilhas especializadas em desviar dinheiro dos cofres públicos.
                                                     Ao mesmo tempo em que assim procedia, lembrando-se da solução que havia aplicado no passado contra os antigos construtores da velha Torre de Babel, pensou em algo parecido que não implicasse na criação de novas línguas, pois já haviam sido criadas muitas desde então e, com certeza, os políticos brasileiros, muitos deles analfabetos, não conseguiriam aprender uma nova língua com facilidade.
                                                     A solução que encontrou foi simples e ocorreu-lhe vendo e ouvindo (de um local isolado no centro do infinito, onde costumava se recolher para meditar sempre que tinha um grande problema a solucionar) um discurso da ex-presidente dilma (é em minúsculo mesmo e não um erro de digitação).
                                                       Deus, então, exclamando para si mesmo, disse: - “Embora falando todos eles a mesma língua, o português, que os políticos e as autoridades do Brasil não digam, a partir de agora, coisa com coisa”!
                                                   Imediatamente, todos eles foram acometidos por uma confusão mental involuntária, que fazia com que falassem alguma coisa e se desdissessem logo em seguida, que não conseguissem terminar uma frase coerente, que afirmassem coisas desconexas e que demonstrassem total alheamento da realidade.
                                                       O povo, tradicionalmente ingênuo e pagador de impostos sem reclamar, vendo aqueles comportamentos inusitados, passou, então, finalmente, a questionar baixinho, entre dentes: -“É para isto que eu pago os mais altos impostos do mundo? Para ver pessoas ignorantes como estas proferirem palavras desconexas”?
                                             Em todos os tipos de mídias, onde quer que políticos e autoridades aparecessem falando alguma coisa, o povo passava a desligar os seus aparelhos ou a sintonizar outros canais, já que as opiniões destes políticos e autoridades se contradiziam e nenhuma delas era coerente, notadamente quando falavam da atual greve dos caminhoneiros.
                                                 Os políticos e as autoridades que falavam para o público, não percebiam que nada daquilo que diziam fazia sentido para os demais e os eleitores, que ouviam, desconhecendo os objetivos divinos por detrás do quadro que presenciavam, achavam que o fim dos tempos havia chegado e oravam, pedindo ao Criador uma intervenção qualquer, mesmo que de caráter general (geral), que derrubasse aqueles políticos e colocasse a maior parte deles atrás das grades...
                                               O Criador, tendo outros problemas mais importantes para resolver, como a paz entre as duas Coreias, a Guerra na Palestina, o problema dos refugiados sírios na Europa, a Guerra comercial entre a China e os USA, o programa nuclear iraniano, a crise na Venezuela, etc., aparentemente, fazia vistas grossas como se não ouvisse os reclamos do povo brasileiro.
                                                   E, assim, a hipotética construção da Torre de Babel de lucros fáceis e ilícitos, com a implantação do comunismo no Brasil e no continente, prosseguia com seus objetivos, agora já com menos ênfase é verdade; posto que, alguns dos seus mentores já se encontravam encarcerados e outros, ainda soltos, continuassem não dizendo nada de coerente quando falavam em público para os seus eleitores.
                                                        Com relação ao destino final da antiga Torre de Babel, alguns autores afirmam que terremotos e relâmpagos tinham dispersado o seu barro, já tornado seco pelo sol; os tijolos da cobertura tinham se rachado e a terra do interior tinha sido dispersada em montes pelas redondezas.
                                                      No relato de Gênesis não é mencionado que Deus tenha destruído diretamente a torre; contudo, os relatos no Livro dos Jubileus, em Cornelius Alexandre e de Abydenus, como também de Flávio Josefo em Antiguidades Judaicas, ademais dos Oráculos Sibilinos, atestam a antiga tradição de que Deus derrubou a torre com um grande vento.
                                                  Eu, que algumas vezes sou teísta e outras vezes ateu, reconheço que o mito da Torre de Babel visava, tão somente, explicar a existência das várias línguas faladas no planeta e deixar claro que deveríamos nos conformar com todos os desígnios do Criador. 
                                              Todavia, sempre que posso, contemplo o céu da manhã com o sol nascente surgindo no horizonte e ao final da tarde com o crepúsculo chegando, em busca de eventuais indícios de algum vento forte, que possa transformar-se, de uma hora para outra, em um magnífico furacão de intensidade máxima e imensa força destruidora, que coloque abaixo prédios, palácios, templos, muralhas, torres e esconderijos de quadrilhas onde são maquinados golpes e desfalques contra a população, para gáudio dos homens de bem deste país e expiação dos pecados do sofrido povo brasileiro...



_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.





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