16. Pequenos momentos de felicidade e grandes períodos de tristeza
Jober Rocha*
Qualquer um que já tenha meditado sobre o assunto, sabe que os volumes ocupados pela felicidade, na vida humana, são contados em gotas; enquanto a unidade das tristezas é o litro ou, em alguns casos, o galão. Da mesma forma, felicidade e tristeza possuem unidades de contagem do tempo distintas. A primeira conta-se por minutos e a segunda por anos. A própria unidade de medida que caracterizaria ambas, expressa no título deste ensaio, já dá ideia do tamanho de cada uma: pequenos momentos de felicidade e grandes períodos de tristeza.
A razão pela qual as coisas se passam desta forma, com certeza, é a questão que realmente interessa ao leitor. Inicialmente, podemos imaginar Deuses sádicos, que se comprazem em ver as suas criaturas sofrerem; divindades estas que abominariam ver um ser humano feliz e, por isto, verteriam dos céus, com conta-gotas, a felicidade, enquanto despejariam barris de tristezas sobre as cabeças humanas.
A felicidade, conforme os dicionários ensinam, pode ser definida como um estado de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que os eventuais sofrimentos e inquietudes seriam substituídos e transformados em emoções ou sentimentos, que iriam desde o contentamento até a alegria intensa ou o júbilo. A felicidade teria, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou de paz interior; podendo ser abordada pela ótica da Filosofia, da Sociologia, da Religião, da Ideologia e da Psicologia.
Desde os primórdios da primeira pegada humana sobre a superfície do planeta, ela tem sido buscada pelo homem. Filósofos, pensadores e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade.
Nosso objetivo, entretanto, é o de tentar investigar as razões pelas quais, no mundo moderno, as pessoas, em grande parte, sentem-se e dizem-se infelizes e são levadas a consumir grandes quantidades de drogas e medicamentos que aliviem ou minimizem seus estados patológicos de infelicidade.
São diversas as abordagens desta investigação, como já dito, para tentar determinar porque a felicidade se encontra, quase sempre, ausente na vida de tantos indivíduos. Começaremos, pois, pela abordagem filosófica.
O primeiro filósofo a tratar da felicidade foi Zoroastro (VII A.C.) na Pérsia, atual Irã, ao afirmar que, no final dos tempos, o bem venceria sobre o mal. O bem incluía a beleza, a justiça, a saúde e a felicidade. Quase na mesma época, na China, Lao Tse afirmava que a felicidade poderia ser obtida tendo como modelo a Natureza. Outro filósofo chinês, Confúcio (também da mesma época), afirmava que a felicidade poderia ser atingida mediante o disciplinamento das relações sociais.
Três séculos depois, o filósofo grego Aristóteles (IV A.C.) associou a felicidade à virtude, pois a vida virtuosa seria uma vida feliz. A felicidade consistia, pois, em uma atividade da alma. Assim, um homem feliz seria um homem virtuoso.
Outros filósofos gregos também discorreram sobre o tema, como Epicuro (Epicurismo) e Pirro de Elis (Ceticismo). A escola grega conhecida como Estoicismo, criada por Zenão, afirmava que a felicidade seria alcançada através da tranqüilidade e que esta poderia ser atingida pelo autocontrole e pela aceitação do destino.
Mais recentemente, Jean Jacques Russeau, filósofo francês, afirmava que o ser humano foi originalmente feliz, mas que a civilização havia destruído este estado de felicidade. Para retomá-lo, a educação humana poderia conduzir o homem à sua simplicidade original.
Auguste Comte, com sua Escola Positivista, nomeou a Ciência e a Razão como os elementos fundamentais para se atingir a felicidade.
Relativamente à abordagem religiosa, constatamos que para o Budismo, doutrina surgida na Índia e criada por Sidarta Gautama (VI A.CC.), a felicidade suprema seria atingida, apenas, pela superação dos desejos do EGO. A felicidade consistiria, assim, na ausência ou libertação do sofrimento.
Para o Cristianismo, religião sobre Jesus Cristo surgida a partir do Concilio de Nicéia em 325 D.C., o amor seria o elemento fundamental da harmonia, necessária para o estado de felicidade. Alguns pensadores cristãos afirmavam que a felicidade era a visão da essência de Deus.
No Islamismo, religião fundada por Maomé, a caridade e a esperança em uma vida após a morte, seriam os elementos fundamentais da felicidade.
Com respeito à abordagem psicológica, o psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939), considerado como o criador da psicanálise, defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através daquilo que ele denominou de ‘Princípio do Prazer’. Esta busca, entretanto, seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, Freud deu o nome de ‘Princípio da Realidade’. Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial. A psicologia positiva - que dá maior ênfase ao estudo da sanidade mental e não às patologias - relaciona a felicidade com emoções e atividades positivas.
A abordagem sociológica vincula a felicidade do indivíduo à posse de emprego, de moradia, de alimentação suficiente, de segurança, saúde, laser, diversão, etc. Cientificamente, estudos recentes têm procurado achar padrões de comportamento e pensamento nas pessoas que se consideram felizes. Alguns padrões encontrados seriam:
• Capacidade de adaptação a novas situações
• Buscar objetivos de acordo com suas características pessoais
• Riqueza em relacionamentos humanos
• Possuir uma forte identidade étnica
• Ausência de problemas
• Ser competente naquilo que se faz
• Enfrentar problemas com a ajuda de outras pessoas
• Receber apoio de pais, parentes e amigos
• Ser agradável e gentil no relacionamento com outras pessoas
• Não super dimensionar suas falhas e defeitos
• Gostar daquilo que se possui
• Ser autoconfiante
• Pertencer a um grupo
• Independência pessoal
Ideologicamente, alguns pensadores vinculam a felicidade a aspectos tais como pertencer ou não a determinadas classes sociais, viver ou não em determinados sistemas econômicos, etc. O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) defendeu o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes, como elemento fundamental para se atingir a felicidade humana. Adam Smith (1723-1790) achava que a iniciativa privada e a livre concorrência, eram a base para a riqueza das nações e a felicidade de seus habitantes. J. M. Keynes (1883-1946) propunha uma política intervencionista do Estado, através de medidas fiscais e monetárias, para reduzir os efeitos dos Ciclos Econômicos que, em épocas de depressão, deixavam as populações empobrecidas e infelizes.
A explicação do por que grande parte das pessoas não é, normalmente, feliz, passa, certamente, por todas estas vertentes mencionadas. Quando falamos em grande parte, nos baseamos no fato de que alguém já calculou que se a população atual da Terra fosse reduzida a uma aldeia de 100 habitantes, mantendo-se as atuais proporções entre homens e mulheres, entre as raças, sexos, religiões, cor da pele, riqueza, etc., ter-se-ia o seguinte quadro:
1. Raças – Dos 100 habitantes da aldeia, 60 seriam asiáticos, 12 europeus, 14 africanos, 08 latinos e 06 americanos do norte;
2. Sexo – 52 seriam mulheres e 48 homens;
3. Cor da Pele – 30 seriam brancos e 70 não brancos;
4. Religião – 30 seriam cristãos e 70 não cristãos;
5. Preferência Sexual – 89 seriam heterossexuais e 11 seriam homossexuais;
6. Riqueza – 06 pessoas possuiriam 59 % de toda a riqueza e estas seis seriam norte-americanas; e
7. Das 100 pessoas, oitenta viveriam em condições subumanas; setenta não saberiam ler; cinquenta sofreriam de desnutrição; apenas uma destas cem pessoas teria educação universitária e somente uma destas cem pessoas possuiria um computador.
Considerando a importância de aspectos tais como riqueza, condições de vida, desnutrição e educação, para o alcance da felicidade, podemos constatar que mais da metade dos habitantes do planeta pode se considerar infeliz.
Relativamente a importância da abordagem ideológica, Étienne de la Boétie (advogado francês que ocupou o cargo de conselheiro do Parlamento de Bordeaux), bem antes de Rousseau apresentar o seu ‘Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens’, já havia escrito sobre os tiranos e a servidão. Em seu ‘Discurso da Servidão Voluntária’, escrito entre 1546 e 1548, afirmava:
“É incrível ver como o povo, quando é submetido, cai de repente em um esquecimento tão profundo de sua liberdade, que não consegue despertar para reconquistá-la. Serve tão bem e de tão bom grado que se diria, ao vê-lo, que não só perdeu a liberdade, mas ganhou a servidão”. “É verdade que no início serve-se obrigado e vencido pela força. Mas os que vêm depois servem sem relutância e fazem voluntariamente o que seus antepassados fizeram por imposição. Os homens nascidos sob o jugo, depois alimentados e educados na servidão, sem olhar mais à frente, contentam-se em viver como nasceram e não pensam que têm outros bens e outros direitos, a não ser os que encontraram. Chegam, finalmente, a persuadir-se de que a condição de seu nascimento é natural”. “Os homens submissos, desprovidos de coragem guerreira, perdem também a vivacidade em todas as outras coisas, têm o coração tão fraco e mole que não são capazes de qualquer grande ação. Os tiranos sabem muito bem disso. Por isso, fazem o possível para torná-los ainda mais fracos e covardes”. “A inclinação natural do povo ignorante, cujo número é cada vez maior nas cidades, é desconfiar daquele que o ama e acreditar naquele que o engana. Não penseis que um pássaro caia mais facilmente no laço ou um peixe, por gulodice, morda mais cedo o anzol, que todos esses povos que se deixam atrair prontamente pela servidão, pela menor doçura que os façam provar. É, realmente, assombroso ver como se deixam ir tão rapidamente ao menor afago que lhes seja dispensado”. “O teatro, os jogos, as farsas, os espetáculos, os gladiadores, os animais ferozes, as medalhas, os quadros e outras drogas semelhantes eram para os povos antigos a isca da servidão, o preço da sua liberdade, os instrumentos da tirania. Os tiranos antigos empregavam esses meios, essas práticas e esses atrativos para entorpecer seus súditos sob o jugo. Assim os povos, embrutecidos, achando belos esses passatempos, entretidos por um prazer vão, que passava rapidamente diante de seus olhos, se acostumavam a servir tão ingenuamente (e até pior) como as criancinhas que aprendem a ler vendo as imagens brilhantes dos livros coloridos” “Os tiranos de Roma recorreram também a outro meio: dar com freqüência festas às decúrias públicas, iludindo como podiam essa canalha que se entrega ao prazer da boca, mais que a qualquer outra coisa. O romano mais sensato e esperto não deixaria sua tigela de sopa para recuperar a liberdade da República de Platão. Os tiranos distribuíam em profusão um quarto de trigo, um sesteiro de vinho e um sestércio, e então dava dó ouvir gritar: ‘Viva o Rei !’ Os imbecis não percebiam que recuperavam apenas uma parte do que era seu, e que mesmo a parte que recuperavam o tirano não pudera dar-lhes se, antes, não a tivesse tirado deles mesmos. O que hoje apanhava o sestércio e se empanturrava no banquete público bendizendo a generosidade de Tibério ou de Nero no dia seguinte, obrigado a abandonar seus bens à cobiça, seus filhos à luxúria, seu próprio sangue à crueldade desses imperadores magníficos, não dizia palavra, mudo como uma pedra e imóvel como um tronco. “O povo ignorante sempre foi assim: entrega-se com paixão ao prazer que não pode receber, honestamente, e é insensível ao erro e à dor que não pode suportar sem se aviltar”. “Os primeiros reis do Egito nunca se mostravam em público sem levar ora um gato, ora um ramo, ora um fogo sobre a cabeça, e desse modo se mascaravam e se fingiam de mágicos. Com essas formas estranhas, inspiravam certa reverência e admiração a seus súditos, que só deveriam rir e zombar deles, se não fossem tão estúpidos ou submissos. É realmente lamentável ouvir falar de quantas coisas os tiranos do passado se valeram para consolidar sua tirania, e de quantos meios mesquinhos se serviam, encontrando sempre o populacho tão bem disposto em relação a eles que caia em sua rede mesmo quando mal soubessem armá-la. “Eles sempre tiveram facilidade em enganá-lo e nunca o sujeitaram melhor do que quando mais zombavam dele”. “Os próprios tiranos achavam estranho que os homens pudessem suportar um homem que os maltratasse. “Por isso se cobriam de bom grado com o manto da religião e, se possível, queriam tomar emprestada alguma amostra da divindade para manter sua vida malvada”.
O filosofo francês Jean-Jacques Rousseau, por sua vez, afirmava em seu ‘Discurso sobre a Desigualdade entre os Homens’:
“Tratei de expor a origem e o progresso da desigualdade, o estabelecimento e o abuso das sociedades políticas, tanto quanto essas coisas se podem deduzir da natureza do homem pelas luzes exclusivas da razão, e independentemente dos dogmas sagrados que dão à autoridade soberana a sanção do direito divino. Resulta do exposto que a desigualdade, sendo quase nula no estado de natureza, tira a sua força e o seu crescimento do desenvolvimento das nossas faculdades e dos progressos do espírito humano, tornando-se, enfim estável e legítima pelo estabelecimento da propriedade e das leis. Resulta ainda que a desigualdade moral, autorizada unicamente pelo direito positivo, é contrária ao direito natural todas as vezes que não concorre na mesma proporção com a desigualdade física. “Essa distinção determina suficientemente o que se deve pensar, nesse sentido, da espécie de desigualdade que reina entre todos os povos; pois, é manifestamente contra a Lei da Natureza (de qualquer maneira que a possamos definir), que uma criança mande em um velho, que um imbecil conduza um homem sábio ou que um punhado de pessoas nade no supérfluo, enquanto à multidão esfomeada falta o necessário”.
Modernamente, tendo a servidão sido substituída pelo trabalho assalariado, as mesmas condições continuaram prevalecendo, se não pioraram. Com a instituição do trabalho assalariado, a concorrência pelo emprego e pelos postos de trabalho foi implantada, gerando uma competição danosa entre as populações. Na disputa pelo emprego, os outros concorrentes são considerados rivais, se não inimigos. No desemprego, ao contrário da servidão, o ser humano vê-se despojado do básico para sua sobrevivência, tendo de, muitas vezes, recorrer à caridade pública. Auxílios Desemprego foram instituídos, em muitos países, para minorar os efeitos do desemprego, mas vigoram por prazo reduzido. A falta de emprego e renda contribui, enormemente, para a infelicidade humana.
Com respeito à abordagem psicológica, ademais, constata-se que a Mídia moderna enfatiza (em sua ânsia para expandir o consumo, o Capitalismo e a Economia de Mercado) o uso de conhecimentos sobre a psicologia humana, vinculados ao desejo de ter poder, de possuir beleza física e saúde, de alcançar status social, etc.; oferecendo produtos e serviços que, supostamente, permitiriam alcançar aqueles objetivos. Evidentemente, estabelecida esta ‘cultura’, quem não participa dela, por razões econômicas, sente-se infeliz.
Relativamente à abordagem social, ainda, é patente que aqueles moradores da periferia, em áreas carentes, sem infra-estrutura de saúde, saneamento, transporte, segurança, habitação, etc. não possuem motivos para considerarem-se felizes.
No que se refere à abordagem religiosa, que prega uma vida virtuosa e livre de desejos, acresce, ainda, ser tão difícil, se não quase impossível, viver em um mundo concorrencial regido pelo consumo de bens materiais (consumo este que move a economia e que gera empregos e renda às populações) e pela economia capitalista de mercado (onde as ‘regras do jogo’ são, quase sempre, desumanas e imorais, quando não ilícitas), não desejando consumir ou, para poder fazê-lo, não ser o indivíduo obrigado, com freqüência, a comportamentos viciosos ou ilegais. O dilema enfrentado pelos seres humanos nestas condições (teoria versus práxis) leva-os, muitas vezes, a estados angustiantes de conflito interno, que os conduzem à depressão e ao stress. Muitos recorrem ao uso de drogas e de medicamentos, para poderem continuar convivendo em sociedade. Tais indivíduos, com certeza, não são felizes.
A Ciência, através do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, tem buscado facilitar a vida dos indivíduos, mediante o lançamento de novos produtos, equipamentos e utensílios, que visam diminuir o trabalho, aumentar o conforto e elevar a produtividade do ser humano. Neste particular, ela contribui para aumentar a felicidade. Por outro lado, grande parte dos avanços tecnológicos, ao gerar novos postos de trabalho nos países do Primeiro Mundo (que produzem estes avanços e os divulgam pelos demais países, criando a sua demanda), acaba gerando desemprego nos países menos desenvolvidos (que, não os produzindo, passam a importar estes avanços mais modernos, trocando-os pelos antigos produtos que eventualmente produziam). No balanço entre os prós e os contras do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, eu não saberia dizer se produzem mais felicidades do que aquelas que eliminam. Outro aspecto negativo é que, muitas vezes, as empresas criam a necessidade dos seus produtos e dos seus serviços, através da propaganda, e (objetivando a produção de bens e serviços totalmente supérfluos) consomem o meio ambiente, sem pena e sem remorsos (contaminando o ar, o solo, os rios, os lagos, os mares, etc.), reduzindo a saúde, o bem estar e a felicidade dos indivíduos. Além disto, este Desenvolvimento Científico e Tecnológico tem cerceado a liberdade humana, criando novos mecanismos e tecnologias de controle sobre a vida dos cidadãos (aí incluídos os seus gostos e preferências, as suas posses, os seus dados médicos, a sua localização espacial, o seu passado e o seu presente)
Quanto à abordagem filosófica, temos que o amor pelo conhecimento, puro e simples, é em si mesmo fonte inesgotável de felicidade, embora muitos não possam participar deste prazer em virtude de não saberem ler, de não possuírem educação que os tenha despertado para tal, de não disporem de recursos financeiros que lhes possibilitem adquirir conhecimentos, etc.
Constatamos, assim, que a felicidade depende de diversos fatores, internos e externos ao indivíduo. Muitos são felizes na total carência e na adversidade, dependendo apenas de como encaram a Metafísica da vida e da morte. Outros tantos são infelizes na total abundância e na ventura, em razão de suas convicções Metafísicas, também relativas à vida e à morte.
Aqueles seres mais preocupados com o fato de Ter (matéria), normalmente tendem a ser mais infelizes que os indivíduos preocupados com o fato de Ser (espírito), já que sentem mais as perdas materiais. Contraditoriamente, aqueles indivíduos mais ignorantes (mais pobres de espírito, menos esclarecidos ou mais inocentes), que tendem a contentar-se com o pouco que sabem por desconhecerem quase tudo, são incapazes de uma avaliação do contexto geral e, neste particular, se consideram relativamente felizes em suas existências de pouco saber.
Em vista do exposto, penso que podemos concluir que a felicidade consiste em um fluxo de sentimentos (com duração relativamente pequena no tempo) de satisfação consigo mesmo e com o mundo ao seu redor; fluxo de sentimentos este gerado por vários fatores que incidem interna e externamente aos seres humanos. Os fatores com maior ou menor peso dependerão da concepção Metafísica de cada indivíduo, acerca de questões tais, como: Quem somos nós? De onde viemos? Para onde vamos?
Aqueles que entendem a existência humana como uma escola de aprendizado visando à evolução espiritual, mesmo passando por grandes adversidades poderão não se sentir infelizes, Aqueles materialistas, que vêm a existência humana como um simples acidente, ocorrido na vasta extensão de um Universo sem Criador, mesmo usufruindo das delícias e prazeres proporcionados pela fortuna, pela beleza e pela saúde, poderão não se sentir felizes, pensando que algum dia perderão, inexoravelmente, tudo aquilo de que hoje podem desfrutar.
_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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