domingo, 29 de maio de 2016

22. As Taxas de Natalidade e de Mortalidade e suas eventuais conotações espirituais

Jober Rocha*

As chamadas Taxas de Natalidade variam entre as diversas regiões e países, conforme as épocas, sendo, tradicionalmente, mais baixas nos países desenvolvidos e mais elevadas nos países menos desenvolvidos. São calculadas pelos Demógrafos e Estatísticos e utilizadas por profissionais de várias áreas; além de consultadas por políticos, administradores, executivos, etc. 
        Definida pela equação matemática i = (n/p)1000, onde i é a taxa, n é o número anual de nascidos vivos e p é a média populacional anual, ela é considerada como o número de nascidos vivos anuais, por 1000 habitantes, do país, da unidade da federação ou do município em questão. O nascido vivo, em oposição ao nascido morto, é entendido como o resultado da expulsão ou da extração completa do produto da fecundação, que respire ou manifeste quaisquer outros sinais vitais. O aumento ou a diminuição destas taxas, por países, não são atribuídos, apenas, a uma eventual maior ou menor fertilidade dos homens e das mulheres, mas, também, a fatores outros, tais como: características sociais (pobreza, riqueza), culturais (maior ou menor grau de escolaridade, tradições locais e familiares, etc.), fisiológicas (doenças, malformações físicas, genética, etc.), tecnológicas (maior ou menor disponibilidade de meios contraceptivos) e religiosas (preceitos, recomendados aos seguidores, que tenderiam a inibir ou a estigmatizar as relações sexuais, como já destacava Santo Agostinho em sua obra ‘Confissões’: - “...e bom é ao homem não tocar em mulher; o que está sem mulher pensa nas coisas de Deus, de como o há de agradar; mas o que está ligado pelo matrimônio, pensa nas coisas do mundo e em como há de agradar a mulher”). 
       A Taxa de Mortalidade ou coeficiente de mortalidade, por sua vez, é um índice demográfico que reflete o número de mortes registradas, em média, por mil habitantes, em uma determinada região e em um período de tempo, geralmente, de um ano.
    No presente texto, entretanto, examinaremos algumas outras características das Taxas de Natalidade e de Mortalidade, eventualmente relacionadas com aspectos de natureza espiritual; aspectos estes que, até hoje, têm sido negligenciados e desconsiderados por aqueles profissionais que se dedicam ao estudo do assunto.
     Conforme bem destaca a doutrina espiritualista, a passagem dos espíritos pela vida encarnada é necessária para que estes possam se desincumbir dos propósitos evolutivos espirituais, comuns a todos eles. A reencarnação, por sua vez, concederia ao espírito a oportunidade de corrigir erros cometidos em existências anteriores, em razão, basicamente, da ignorância. Ainda, segundo esta doutrina, quem decidiria o momento da reencarnação, e onde esta se daria, seria o próprio espírito, mediante seu livre-arbítrio ou de uma compulsória e imperiosa necessidade.
     Segue daí que o fato de alguns espíritos decidirem encarnar em corpos com deficiências, com limitações físicas e mentais, em famílias com condições sócio-econômicas desfavoráveis, em famílias com situações de conflito, em países ou regiões subdesenvolvidas, etc., poderia ser explicado, a luz da doutrina, como uma prova espiritual a que o espírito se submete para consertar o resultado de más ações vividas em existências anteriores. Assim, se o espírito se resignar a estas suas novas limitações, aceitar e superar a atual condição em que encarnou, tenderia a evoluir espiritualmente.
      Pelas razões expostas anteriormente é que se procura explicar o fato de a maioria dos espíritos, encarnados em nosso planeta, viver em condições precárias, de ordem financeira, de saúde, de educação, de segurança e de habitação: ou seja, eles escolheram estas condições para evoluir espiritualmente, de maneira mais rápida do que aqueles que escolheram nascer nos países mais desenvolvidos (onde tudo funciona, a renda é mais elevada e são maiores as possibilidades de levar uma vida tranquila e feliz). Segundo as crenças, a maior parte dos espíritos encarnados possuiria débitos ou carmas de vidas anteriores que necessitaria ser resgatado através de sofrimentos e das condições precárias de suas existências atuais.
       A maior parte das religiões existentes no mundo adota, mais ou menos, as mesmas interpretações da doutrina espiritualista para a metafísica da vida e da morte. Sem nenhuma intenção de fazer humor, de usar de mordacidade ou de vir a ser sarcástico com as coisas da Ciência e da Religião, creio que alguns dos questionamentos formulados a seguir, poderiam ser submetidos à criteriosa analise de pensadores, religiosos e filósofos, interessados na matéria, em busca de respostas que satisfizessem aos interessados neste assunto e, segundo presumo, àqueles meus mais perspicazes leitores:
Seria possível que as taxas de natalidade entre os vários países (e, nestes, entre as suas diversas unidades federativas) fossem previamente determinadas pelos próprios espíritos quando ainda desencarnados? Sendo estes que decidiriam quando e onde iriam encarnar, segundo as doutrinas religiosas, com estas suas decisões, evidentemente, influenciariam as taxas de natalidade das várias regiões do nosso globo terrestre;
Qual seria a verdadeira razão para que maior número de espíritos esteja encarnando nos países menos desenvolvidos; já que, as taxas de natalidade destes países são as mais elevadas? Poderia se inferir deste fato que, nestes países, as oportunidades para a evolução dos espíritos seriam, realmente, maiores do que as oportunidades que se ofereceriam para os mesmos espíritos nos países mais desenvolvidos? A alta taxa de natalidade em um país subdesenvolvido poderia indicar preferências dos espíritos (e do Criador, evidentemente) por aquele terrível campo de provas espirituais, representado pelo país em questão? Em sendo isto verdade, os países e as regiões subdesenvolvidas poderiam, cada vez mais, ter as suas condições gerais pioradas, de tempos em tempos e com a aquiescência do próprio Criador, de modo a se tornarem campos de prova sempre mais difíceis, para testar a evolução espiritual daqueles seres mais necessitados desta evolução? 
Por que a grande maioria dos espíritos que escolheram encarnar em países mais pobres e menos desenvolvidos, pouco tempo depois de encarnada, deseja se mudar (mediante a emigração) com seus corpos físicos para os países mais ricos e mais desenvolvidos, onde as oportunidades são maiores e as condições de vida melhores e mais fáceis, ao invés de permanecer naqueles mesmos países em que originalmente encarnou em busca, segundo as teorias religiosas afirmam, da expiação de carmas anteriores pelo sofrimento e como meio de obter um maior desenvolvimento espiritual?
Por que nos países menos desenvolvidos as taxas de mortalidade também são maiores do que as mesmas taxas nos países mais desenvolvidos (da mesma forma como a vida média e a longevidade nos países mais desenvolvidos, são também maiores do que aquelas dos países menos desenvolvidos)? Será que os espíritos que resolveram encarnar nos países menos desenvolvidos (para terem maiores oportunidades de evoluir) e nestes países permaneceram, sem emigrar para outros mais desenvolvidos, se arrependem no meio da jornada daquela decisão que tomaram antes da encarnação e resolvem desencarnar mais cedo? Será que alguns poucos anos de sofrimento vivendo em países subdesenvolvidos já são suficientes para a evolução espiritual requerida, podendo, assim, o espírito desencarnar mais cedo. Será que estes poucos anos nas regiões mais pobres do planeta, chegam a equivaler (em termos desta evolução espiritual) a muitos anos de vida confortável em países desenvolvidos; posto que, sendo nestes países, a vida média e a longevidade, maiores, isto poderia indicar que os espíritos que neles houvessem encarnado necessitariam de mais tempo para obter igual evolução? 
      Como vêm os meus caros leitores, as questões envolvendo o mundo espiritual e as Taxas de Natalidade e de Mortalidade são muito mais complexas do que imaginam os Demógrafos, os Estatísticos e os profissionais das várias áreas que analisam e se utilizam daquelas taxas em seus estudos, como os Atuários, os Economistas e os Cientistas Sociais. A componente espiritual, tendo, eventualmente, o poder de interferir na formação destas taxas, seja para elevá-las seja para reduzi-las, deveria ser mais bem estudada e ter o seu estudo inserido, até mesmo, nas grades curriculares de nossas Universidades, notadamente nos cursos de Demografia, de Estatística e de Economia. Por outro lado, questões filosóficas importantes, que passam despercebidas dos fiéis quando adotam determinadas religiões deveriam ser alvo de análises mais detalhadas por parte dos pensadores religiosos, evitando, com isso, contradições doutrinárias que poderiam induzir alguns fiéis a descrença, por serem eles mais fiéis à Lógica do que à Religião...

_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

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