quinta-feira, 1 de agosto de 2019

289. Perdeu Playboy!


Jober rocha*


                                      A exclamação perdeu playboy é constantemente utilizada pelos ladrões comuns brasileiros na hora de assaltar alguém. Assim, quando um ladrão aponta uma arma e pede ao cidadão de bem que lhe passe a carteira, o celular, o veículo que dirige ou qualquer outra coisa que esteja portando consigo, ele dirá, com um sorriso maligno nos lábios e uma avidez por sangue como aquela que, no romance de 1897 do escritor Bram Stoker, fazia suspirar o velho conde Drácula: - Perdeu Playboy!
                                                A frase, dita pelos bandidos, visa deixar a vítima conformada com a situação de fragilidade momentânea que experimenta, ao se defrontar com o cano frio de uma arma engatilhada, e busca evitar que a mesma reaja frente a inexorabilidade do fato de que, realmente, irá perder tudo aquilo que trazia consigo; talvez, até mesmo, a própria vida.
                                               Embora seja esta uma gíria usada por simples criminosos (da mesma forma como eles costumam usar também os palavrões ao ameaçarem as suas pobres vítimas), creio que a expressão se aplicaria como uma luva aos nossos esquerdistas, perdedores das últimas eleições presidenciais; notadamente àqueles da chamada esquerda caviar que costumam frequentar bons restaurantes, viajam de primeira classe nos voos internacionais, consomem bebidas caras e artigos importados de famosas grifes mundiais e que, por tudo isto, são identificados como playboys pelo sofrido povo brasileiro pagador de impostos. 
                                                    Neste universo dos verdadeiros play boys, sejam eles de esquerda, de centro ou de direita, encontram-se artistas, jornalistas, políticos, empresários, filósofos, profissionais liberais, etc.
                                                    Como costuma fazer, ao vivo, o filósofo Olavo de Carvalho durante suas entrevistas públicas, existem algumas ocasiões em que só mesmo os palavrões estão à altura de expressar os nossos incontidos sentimentos de revolta e de indignação, que traduzem os dissabores e os ressentimentos acumulados com respeito à determinadas pessoas e a certos acontecimentos.
                                                   Perdeu playboy, acompanhado de alguns palavrões cabeludos, é o que todos os brasileiros de bem, nestes novos tempos de governo liberal e democrático, deveriam gritar nos ouvidos de determinadas autoridades corruptas dos três poderes da república, que enriqueceram em passado recente quando, então, tudo era permitido em nome de uma ideologia espúria, enganosa e apátrida, que governos venais tentavam implantar em nosso país. As riquezas destas autoridades de que falo, algumas já fora do poder e outras ainda poderosas, foram obtidas mediante ações fraudulentas de toda ordem, nepotismo, sinecuras, malversações; bem como, crimes de traição e de lesa pátria.
                                              Perdeu playboy, acompanhado de alguns palavrões cabeludos, é o que todos os brasileiros de bem, nestes novos tempos de implantação de moralidade administrativa na gestão da coisa pública, deveriam gritar nos ouvidos de muitos profissionais das artes e da mídia, que se locupletaram com as inesgotáveis verbas públicas destinadas, nas duas últimas décadas, à propaganda e à publicidade de supostas ações governamentais de interesse público, muitas das quais simples engôdos para iludirem os públicos interno e externo. As inesgotáveis verbas serviam, também, para cooptar eventuais críticos não alinhados com o partido no poder e sua nefasta ideologia de esquerda.
                                               Perdeu playboy, acompanhado de alguns palavrões cabeludos, é o que todos os brasileiros de bem, nestes novos tempos de apuração de responsabilidades (levada a cabo pela competente e patriótica equipe de policiais, procuradores e juízes encarregada da Operação Lava a Jato) por crimes de malversação e desvio de verbas públicas, concussão, fraudes em concorrências governamentais, tráfico de divisas, formação de quadrilhas, além de corrupção ativa e passiva, deveriam gritar nos ouvidos de todos os criminosos citados, julgados e condenados nos processos instaurados no âmbito da referida operação, alguns já presos e outros aguardando ainda o julgamento de recursos.
                                               Perdeu playboy, acompanhado de alguns palavrões cabeludos, é o que todos os cidadãos de bem deste país gostariam de poder gritar nos ouvidos daquelas autoridades que, embora reconhecidamente envolvidas em atos criminosos, escudaram-se, até agora, em seus imorais foros privilegiados, para escaparem das malhas da lei e do julgamento da história.
                                                   Todavia e infelizmente, quem ainda continua gritando esta frase sarcástica, pelos quatro cantos do Brasil, são os mesmos ladrões ‘pés de chinelo’ que assaltavam e assaltam os passageiros dos coletivos nas estradas e os transeuntes nas vias públicas deste imenso e maltratado país, onde as leis existem para serem violadas impunemente, na maioria das vezes. 
                                                Outros, como os burocratas, do alto de seus bem-remunerados cargos públicos, burocratizaram e burocratizam toda a administração pública com exigências, quase sempre, estapafúrdias e descabidas, encarecendo e entravando o nosso desenvolvimento econômico e social. Estes, embora não gritem a malfadada frase todas as vezes em que agem contra os nossos interesses de cidadãos, fazem com que nos sintamos como playboys perdidos nas salas de recepção, nos escritórios, nos gabinetes e nas secretarias, onde somos, muitas vezes, destratados e jogados de um lado para outro na tentativa de encontrar o caminho para resolver simples e desnecessários problemas burocráticos, por eles mesmos criados.  
                                                Os políticos que praticavam e praticam a chamada velha política do “toma lá, dá cá”, vendendo ou alugando seus mandatos aos que pagam mais, à revelia dos eleitores, são outros que não proferem a conhecida frase, mas que, certamente, a têm em mente quando veem a aproximação de algum de seus eleitores. Os intermediários, os lobistas, os agenciadores e os ‘laranjas’, que ganharam e ganham fortunas com suas maquinações, engenharias financeiras, artifícios jurídicos, fraudes fiscais e contábeis, advocacia administrativa e falsidade ideológica, possibilitando o desvio de recursos governamentais através da associação criminosa entre agentes públicos e entidades ou personalidades privadas, sem nenhum remorso ou arrependimento. Os mercenários da fé, que exploraram e exploram a crendice de gente simples e inocente, vendendo sonhos mirabolantes de riqueza, de sucesso e de saúde nesta existência terrestre e um lugar de destaque no plano astral entre os espíritos iluminados. Os ideólogos e marqueteiros políticos, mestres do disfarce, da enganação, da encenação, da dissimulação, da criação e da destruição de reputações, que enriqueceram e enriquecem ‘vendendo gato por lebre’; isto é, transformando, quase sempre, demônios em verdadeiros anjos. 
                                              Todos estes anteriormente mencionados, embora não usem explicitamente a referida expressão no trato diário com os seus públicos alvos, deixam-na implícita na forma como praticam seus atos de ofício ou exercem suas atividades quotidianas.
                                          Enfim são muitos aqueles que zombam de nós (pobres contribuintes, fiéis, espectadores, consumidores, eleitores, clientes, pacientes, leitores, produtores, vítimas), pensando ou dizendo-nos acintosamente na cara: - Perdeu, Playboy! 
                                              Mas somos nós, também, que fazemos girar a ‘roda gigante da história’. Somos nós que, com as nossas decisões,  podemos fazer acontecer e não acontecer, construir e destruir. 
                                             Elegemos um presidente no qual depositamos as nossas esperanças de um país mais livre, mais igual e mais fraterno. Esperemos que com Jair Bolsonaro no comando, dentro em breve, apenas ouçamos todos dizerem: - Ganhou, cidadão!


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
     Membro da Academia Brasileira de Defesa.



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