quinta-feira, 29 de agosto de 2019


302. Por que metade do país é limpeza; mas, a outra metade é podridão...


Jober Rocha*



  A ideia sobre o título e o assunto do presente texto me veio à mente ao ouvir a música ‘Metade’, de Oswaldo Montenegro, enquanto lia um artigo do jornalista Rodrigo Constantino, no jornal Gazeta do Povo. Finda a leitura, me dei conta, verdadeiramente, da nossa triste e trágica realidade. Estamos, sem dúvida alguma, submetidos a uma Guerra Hibrida de grandes proporções, para a qual, nós, os eleitores de Jair Bolsonaro (que desejamos o bem do país, o seu desenvolvimento econômico e social, a liberdade de iniciativa, a livre concorrência, a livre empresa e a livre expressão do pensamento), não possuímos nem treinamento, nem estratégia, nem armas e nem munições.
Para alguns leitores que ainda não conhecem meu modo de pensar tentarei explicar-me melhor, de modo a que não pensem que proponho o rearmamento da população, embora seja totalmente favorável a esta ideia, em virtude da denominada Guerra Híbrida ou Guerra de Nova Geração, a que o Brasil e os brasileiros estão sendo submetidos desde já algum tempo.
A chamada Guerra de Nova Geração ou Guerra Hibrida tem sido estudada por muitos estrategistas que sobre ela escreveram. Em um artigo no site Defesa Net, o General Carlos Alberto Pinto Silva define o que seja:
“A Guerra Híbrida é composta de uma guerra política (o uso de todos os meios disponíveis de uma nação para alcançar objetivos nacionais sem entrar em guerra), informacional e de atividades híbridas, e deve ser secreta pelo maior tempo possível”.
 Tratar-se-ia, assim, de “Um conflito no qual os atores, estado ou não-estado, exploram vários modos de guerra simultaneamente (guerra financeira, guerra cultural, guerra midiática, guerra tecnológica, guerra psicológica, guerra cibernética, o amplo espectro do conflito, empregando armas convencionais avançadas, táticas irregulares, tecnologias agressivas, terrorismo e criminalidade, visando desestabilizar a ordem vigente)”.
Ainda, segundo o mencionado artigo “os generais Eduardo Villas-Boas e Alberto Cardoso afirmaram, na noite de 5 de julho de 2019, na apresentação da palestra "Intérpretes do pensamento estratégico militar", durante evento organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG-DF), em Brasília, que o Estado brasileiro está sendo alvo de um ataque indireto de nações estrangeiras que, em suas concepções, utilizam o discurso pela defesa da preservação da Amazônia em favor de seus interesses pelas riquezas do país”.
Dentre as principais conclusões do general, no artigo em foco, destaco:
“O que vinha se apresentando em termos políticos no Brasil até as eleições, no período de transição, e agora após a posse, faz parte de uma estratégia para desestabilizar o governo, pensada e planejada pela esquerda derrotada no pleito eleitoral e aliados socialistas, com seus representantes midiáticos no plano interno e externo, tudo pensado dentro do que ensinam as ideias da Guerra de Nova Geração na fase da Guerra Política”.
No tocante ao texto de Rodrigo Constantino, na Gazeta do Povo, mencionado no início, reputo aquele artigo denominado 'Sobre a surra que a esquerda deu em Bolsonaro' (do qual transcrevo parte, logo a seguir) como uma análise perfeita e acurada do jornalista sobre o que tem ocorrido com o governo de Jair Bolsonaro desde o seu início:
 “A esquerda é um movimento composto por profissionais. Dezenas de milhares de pessoas que nunca fizeram outra coisa na vida se não militar pelo socialismo. Pessoas muito bem conectadas e alinhadas entre si, obedientes aos comandos centrais de cada região, que, por sua vez, estão subordinadas à União Europeia, a filha bastarda da URSS. Do outro lado, o que temos? Temos pessoas comuns, que têm como prioridades o trabalho e a família”.
“Sendo mais claro, à nossa esquerda temos professores de universidades estatais, funcionários públicos, sindicalistas e políticos. Todas essas pessoas têm suas vidas econômicas garantidas por leis. Não podem ser demitidas. Sejam quais forem suas ideias e militâncias, elas têm a certeza de que todo mês receberão um bom salário, sempre acima da média dos da iniciativa privada. Não há crise econômica para elas. Não há recessão. Não há o medo do desemprego”.
“Elas ainda contam com incontáveis movimentos e ONGs disso e daquilo, todas financiadas por governos ou por grandes empresas que deduzem tais gastos do imposto de renda. Movimentos e ONGs invariavelmente controlados por pessoas de esquerda, focados prioritariamente em manter o sistema que paga seus salários, que lhes garantem viagens e proteção. Não existe ativista desempregado. Nenhum líder estudantil sai da faculdade para o mercado. Todos são alocados em governos, sindicatos, movimentos e ONGs”.
“Bolsonaro e sua equipe não conseguiram reagir aos golpes simplesmente porque não sabem como fazer. Eles não contam nem com uma base parlamentar coesa. A única coisa que Bolsonaro tem é o apoio de cidadãos comuns que, cada um a seu modo, reagem e tentam defender seu voto”.
“Apesar de ter acumulado mandatos como deputado federal, Jair Bolsonaro não é político. Não fez amizades. Não participou dos esquemas. Os absurdos que ele diz nas redes sociais e até na imprensa mostram que ele nem aprendeu a falar como um político. Bolsonaro apenas estava lá; e foi eleito porque contra ele havia algo um milhão de vezes pior: o PT”.
“O resultado disso é que temos um governo de amadores. Bolsonaro não sabe o que dizer e o que fazer nas horas que mais precisa. Não tem um gabinete de emergência política para lhe dar suporte, lhe orientar”.
“Lula e Dilma contavam com dezenas de especialistas em guerra política. Pessoas com trinta, quarenta anos de militância dentro e fora do Congresso. Abaixo deles, tinham toda a rede composta por professores universitários, jornalistas, artistas, intelectuais, sindicatos e ONGs de prontidão para distribuir inquestionavelmente todas as narrativas de que a cúpula precisava”.
“O que Bolsonaro têm a seu lado? Ninguém! Nada”!
“Por isso ele apanhou tanto na semana passada. Por isso, vai apanhar muito mais. Mesmo que faça o melhor governo da história do Brasil, ele corre o risco de ser derrubado simplesmente porque não sabe reagir aos ataques”.

Assim, meus caros leitores, vejo, em ambos os artigos mencionados, informações importantes a serem analisadas e lições a serem aprendidas por nós, eleitores de Bolsonaro, e por nossas autoridades, civis e militares, comprometidas com a luta anticorrupção e com o desenvolvimento do país, em bases econômicas capitalistas e atrelado a uma ideologia liberal.
Reconheço que décadas de aparelhamento das instituições governamentais, com ativistas e militantes políticos de esquerda, deixaram fortes sequelas que necessitam ser minimizadas e metástases que precisam ser extirpadas, caso não queiramos perder o bonde da história e entregar, definitivamente, o país a sanha dos comunistas caipiras e de seus líderes internacionais.
Creio que o Brasil de hoje carece de um forte choque de natureza política e psicossocial (tolerância zero para com o crime comum e para com o crime organizado, sob todas as suas formas; proibição do registro de partidos e de organizações políticas ideologicamente alinhados e/ou influenciados pelas ideologias nazista, fascista e comunista).
Para tanto, necessitaríamos de grandes alianças estratégicas com países que nos apoiassem internamente e nos fóruns internacionais, face a algumas medidas excepcionais que necessitariam ser aqui adotadas. Da mesma forma, precisaríamos, internamente, do apoio de elites políticas, militares, empresariais e religiosas, que optassem conscientemente pelo capitalismo, com paz social, segurança e a certeza de um futuro promissor no concerto dos países desenvolvidos do Primeiro Mundo; ao invés de fazerem opção pelo comunismo venal, com convulsão social, violência, forte influência do narcotráfico, corrupção generalizada e incerteza quanto ao nosso destino; como foi, infelizmente, a triste escolha feita por parte das elites venezuelanas que, hoje, devem estar arrependidas da decisão que tomaram em passado recente.
Metade do nosso país é limpeza, representada por pessoas honestas, trabalhadoras, estudiosas, pacíficas, educadas, respeitadoras, religiosas e pagadoras de impostos; em resumo, que possuem as mãos limpas.  É justamente esta metade que sustenta a outra metade, que é apenas podridão e representada pelos criminosos comuns; pelos membros das facções de narcotraficantes; pelos corruptos dos três poderes da república; pelos empresários apadrinhados, que se apropriam de verbas públicas distribuídas em concorrências fraudadas e superfaturadas; pelos vendilhões e traidores da pátria que, a troco de dinheiro e por estarem ideologicamente comprometidos, buscam entregar o país à sanha do comunismo internacional.
Metade é simplesmente um critério que busca dividir o todo em duas partes iguais. Evidentemente, não é meu proposito dividir a nossa população, como fizeram os governos esquerdistas ao buscarem separar negros de brancos, pobres de ricos, heterossexuais de homossexuais, sulistas de nortistas, etc. Quando falo em ‘metade é limpeza’ uso, apenas, um parâmetro fornecido pela própria eleição, em que Bolsonaro saiu vitorioso com cerca de 55% dos votos. Não quero com isto dizer que os 45% que não votaram em Bolsonaro fazem parte da ‘metade podridão’. Sei que a podridão está restrita aos ideólogos, aos militantes e aos ativistas políticos, que não hesitam em vender a sua pátria ao comunismo apátrida; bem como, aos criminosos de todos os matizes que tiveram plena liberdade de ação durante os governos de esquerda.
Se desejamos um futuro melhor para nós mesmos e para os nossos filhos e netos, a metade a qual pertencemos tem que ter a coragem de fazer prevalecer os seus princípios éticos e os seus valores morais, sobre a postura cínica daqueles que não possuem nem ética nem valores. Afinal, nós estamos do lado certo; isto é, do lado que trabalha, produz, paga impostos e respeita as leis. Não pertencemos e nem apoiamos a uma determinada cleptocracia que, há tempos, vem nos mantendo submissos aos seus casuísmos legislativos, judiciários e executivos, frequentemente desrespeitando a Constituição Federal sempre que algo a impede de alcançar seus objetivos espúrios ou de ver implantadas as suas lesivas maquinações contra o povo e o Estado brasileiros
Mesmo sem contar com treinamento, com estratégia, com armas e com munições nesta Guerra Hibrida atual, cujos efeitos sentimos diariamente na mídia interna e externa, na economia, na política, na cultura, na justiça, etc., contamos com algo que a outra metade não possui; isto é, com o fato de que a razão está do nosso lado. Ela, felizmente, nos pertence e, como dizia William Shakespeare, “Fortes razões fazem fortes ações”.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.




quarta-feira, 28 de agosto de 2019

301. A Reunião na Capital Federal


Jober Rocha*



                                       Naquela segunda-feira ensolarada, na sala de reuniões de um certo gabinete na Capital Federal, inúmeras autoridades se encontravam presentes para deliberar sobre assunto da maior gravidade, com impactos nos três poderes da república e, até mesmo, repercussões de ordem internacional.
                                                   Após bebidos os sucos de frutas vermelhas, de praxe, degustados os chás ingleses em porcelana de Sèvres, saboreadas as 'galletas' espanholas, alguém disse com voz rouca, sobressaindo-se ao burburinho do ambiente:
                                                       - Bem, meus amigos, vamos dar início a esta nossa reunião!
                                                       Todos se acomodaram nas espaçosas e macias poltronas de couro, recebendo a brisa fresca do ar condicionado central, cada um tendo diante de si, sobre a grossa e espelhada mesa de mogno, um bloco de notas, uma caneta Mont Blanc e uma taça de cristal contendo a famosa e saborosa água mineral Fillico, japonesa, cuja garrafa custava US$ 100,00.
                                                       Aquele que comandava a reunião disse, afetando um tom sério e doutoral:

                                            - Excelências, considerando a gravidade do momento, de ordem de Sua Excelência Máxima, estamos aqui reunidos para discutir e deliberar sobre determinado assunto sigiloso do qual todos já tomaram conhecimento antecipadamente e que requer uma medida urgente e drástica por parte das mais altas autoridades deste país; isto é, de nós mesmos!
                                              - Assim, espero que cada um dos senhores, nesta oportunidade, dê a sua colaboração propondo alguma alternativa, no âmbito da sua atribuição constitucional, e que esteja realmente disposto a implantar a solução proposta em sua esfera de atividades e alçada decisória, de maneira firme e patriótica, doa a quem doer! 
                                               - Quem quiser se pronunciar primeiro, que levante a mão!
                                          Um dos presentes antecipou-se aos demais e levantou rapidamente a sua mão, sendo, então, convidado a falar. Iniciou dizendo estas palavras:

                                                   - Excelências, data vênia, creio que assunto de tamanha gravidade requer medidas excepcionais, que não podem ser postergadas. Sou de opinião que, em se tratando de algo tão subjetivo e de consequências tão deletérias para o futuro da administração da coisa pública, a única solução cabível é a de recorrermos a algum método não tradicional de gestão e de aferição de resultados e de responsabilidades; posto que, aquele método até então utilizado tem se mostrado inadequado aos condicionantes atuais da problemática pela qual passamos!
                                                  - Assim, proponho que contratemos determinada firma de um amigo meu, especialista neste tipo de assunto, a qual, com muito mais propriedade do que nós, simples autoridades constituídas dos três poderes da república, poderá, usando de uma abordagem não tradicional, propor alguma solução viável e factível para o atual problema!
                                                    Outro dos presentes levantou a mão e foi autorizado a se pronunciar.

                                                  - Digníssimas excelências, sou levado a concordar com as sapientíssimas palavras de meu antecessor. O assunto é por demais sério. Não podemos olvidar que tanto o povo brasileiro quanto a comunidade internacional aguardam um pronunciamento oficial deste colendo grupo. Este ‘desideratum’ ou aspiração de uma solução, deverá, portanto, ser produto desta nossa reunião de hoje. Assim, quero deixar patente que concordo com o aspecto teórico da questão, levantada por aquele nobre colega que me antecedeu!
                                                 - Entretanto, discordo de maneira factual com relação a proposta que fez de contratação da empresa de um amigo dele. Digo isto, por que também tenho um amigo que possui empresa similar, operando no mesmo ramo de diagnósticos prospectivos e de cenários alternativos. Em virtude disto, creio que estaríamos melhor assessorados caso contratássemos a empresa do meu amigo, ao invés de contratarmos a empresa do amigo dele!
                                              - Meu amigo é bastante sensível a questões financeiras e, com toda a certeza, sabedor de que o Orçamento da União ainda não foi aprovado, bem como a proposta da nova Previdência Social também não, com toda a certeza oferecerá um preço bem baixinho para as pesquisas de campo necessárias e para os trabalhos de modelagem sobre os possíveis cenários alternativos que se descortinam no horizonte político, econômico, militar e psicossocial da pátria!

                                              Aquele que falava foi interrompido por um terceiro que, levantando a mão, pediu a palavra. Autorizado pelo dirigente da reunião, ele se pronunciou da seguinte forma, para os demais membros presentes:

                                                 - Excelências, concordo peremptoriamente com tudo aquilo que até aqui foi dito. No entanto, na qualidade de autoridade nacional, conhecedora de inúmeros segredos de Estado, faço saber aos meus ilustres pares que este assunto requer muito discernimento e muita análise retrospectiva e prospectiva; em suma, quero deixar bem claro que se trata de um caso inusitado a ser tratado com todo o rigor requerido em situações análogas, mas, também, com a cautela que merecem casos como este, cuja repercussão extrapola as nossas fronteiras. Em vista disso, proponho que contratemos uma empresa estrangeira, de amigo meu, altamente gabaritada para propor soluções em casos como este, no qual as idiossincrasias, particulares e individuais, mantém as partes interessadas irredutíveis. Este é justamente o caso com o qual nos defrontamos no presente momento!

                                                      - Assim, data vênia, creio que uma empresa estrangeira, com experiência internacional em eventos semelhantes, se desincumbiria muito melhor do que qualquer outra nacional. Pensem, ademais, na cobertura que está sendo dada pela imprensa mundial. Uma empresa estrangeira, com trânsito na mídia mundial, poderia nos prestar serviços inestimáveis, neste particular!

                                                       Um senhor sisudo, de barba bem feita, colarinho engomado, gravata francesa e trajando um belo terno italiano, levantou a mão pedindo vez para falar. Em seu pulso percebia-se um caro relógio de ouro e no dedo anular um grande anel com uma safira reluzente. Após ser autorizado a se expressar, disse aos presentes:

                                                   - Excelentíssimas autoridades presentes, reconheço que a nossa missão é excessivamente árdua e demanda muito sacrifício e total abnegação às coisas de Estado. Todavia, esta é a nossa função precípua como autoridades que somos. Como diria alguém do povo “Nós ganhamos muito é para isso mesmo”! 
                                                      - Assim, meus caríssimos compatriotas, sugiro que deixemos as coisas como estão. Em breve todos se esquecerão do assunto, tanto internamente quanto no exterior. Quanto mais remexermos neste lixo, mais o mau cheiro subirá aos céus, podendo chegar a contaminar até mesmo este ar puro de que desfrutamos na capital federal!
                                                - Desta forma, conforme já vi ocorrer em inúmeros casos semelhantes, a posição de avestruz, com a cabeça enterrada no buraco, é a mais aconselhável para ser adotada por nós, autoridades da república, neste momento crucial!
                                                     - Se não acreditam no que digo, contratem a empresa de um amigo meu, especialista em casos como este, que, estou certo, irá dar o mesmo veredicto que acabei de proferir!

                                            Logo a seguir, outro dos presentes levantou sua mão e foi-lhe concedida a palavra. Porém, ao iniciar a sua fala, foi logo interrompido por vários garçons e copeiras que serviam aos presentes um pequeno desjejum, composto por Fritatta de lagosta, seguida de Cupcake ‘Golden Phoenix’. 

                                                    Findo o desjejum, que consumiu uns quinze a vinte minutos, a autoridade que falava pode continuar com o seu pronunciamento.

                                                       - Nobres excelências, conforme minha modesta opinião de alguém que tem acompanhado este assunto desde longa data, sou de parecer que poderíamos adotar um meio termo, qual seja: fazer de conta que não sabemos de nada e que o assunto não tem a importância que lhe atribuem, mas, ao mesmo tempo e de forma sigilosa, contratarmos estudos que nos indiquem o melhor caminho a trilhar neste caso! 
                                                   - Evidentemente, não proporei a contratação da empresa de um amigo, como vários aqui já fizeram. Isto por que amigos, por serem apenas amigos, muitas vezes, abusam descaradamente de nossa confiança, solapando os objetivos que pretendíamos alcançar de forma tão custosa. Farei, pois, muito melhor, pois sugiro contratarem a empresa de meu irmão. Este irmão, o qual estimo muito, jamais irá me trair conforme poderia vir a fazer algum amigo. Por ser meu irmão, já prometeu que cobraria apenas os gastos que tivesse com os trabalhos. Não iria ter nenhum lucro, segundo me assegurou. Faria isto por mim, seu irmão querido, e pela pátria!

                                                Outro dos presentes, mais jovem e com ar vivaz e inteligente, levantou a mão sendo prontamente autorizado a falar. Iniciou dizendo:
                                            - Minhas mais humildes vênias por me dirigir a autoridades tão sapientes, magnânimas e poderosas. Todos sabemos que não temos a menor condição, sozinhos, de realizar tarefa de tamanha magnitude, mormente tendo contra nós a opinião popular e parte da mídia independente; isto é, aquela que não conseguimos cooptar com as verbas de que dispomos para a propaganda e a publicidade sobre as nossas entidades e suas áreas de atuação. Assim, sugiro que chamemos as forças armadas para nos assessorar nesta difícil empreitada. Digo isto, por que sei que eles fariam todo o trabalho sem nada cobrar e em um curto prazo de tempo. Por outro lado, como estão acostumados à vida dura e em um meio inóspito, nada exigirão em troca; isto é, não pedirão dinheiro, não farão questão de boas instalações, não exigirão apoio logístico, nem desejarão manchetes nos jornais destacando o seu trabalho!
                                                       - Creio que seria a solução mais barata e mais eficiente. Ao final dos serviços, algumas poucas medalhas e um ou outro elogio coletivo em boletim seriam suficientes para eles. Pensem na economia que faríamos. Pensem nas nossas despesas quotidianas, que não são poucas. Poderíamos economizar muito e ver os trabalhos concluídos com eficiência e presteza. Afinal, isto é o que se espera de forças armadas patrióticas como as nossas. Vejam bem que eles sempre fazem questão de gritar, ao final de suas formaturas: O país, acima de tudo!

                                                           Logo após, como ninguém mais quisesse fazer uso da palavra (ou se atrevesse), o dirigente da reunião colocou as propostas em votação, tendo vencido a última, do jovem vivaz e de aparência inteligente.
                                 Imediatamente foi redigido um documento convocando os militares a se engajarem naquela meritória e patriótica missão, importante para a segurança e o desenvolvimento nacionais. O documento foi, em seguida, encaminhado para a autoridade militar competente com um carimbo de urgente e outro de secreto.
                                              Durante a saída das autoridades do prédio, aquele cidadão que me narrou o presente fato que presenciou ‘in loco’ (e que era, justamente, o humilde rapaz da limpeza, não notado por nenhum dos presentes), estando lá embaixo com uma vassoura na mão, ainda ouviu duas autoridades conversando em voz baixa enquanto aguardavam os motoristas oficiais chegarem com seus veículos blindados. Uma dizia a outra:
                                            - E agora, como vou fazer para comunicar ao meu amigo empresário que os militares é que irão fazer o serviço? O contrato de assessoria estava até redigido e ele já havia me adiantado algum numerário por conta, para as despesas com o aniversário da Betty na Disneylândia. Temos que arranjar um novo projeto para ele. Pensa aí em alguma coisa cara e depois você me fala pessoalmente. Nada de conversas pelo telefone; lembre-se daquele caso do juiz e do procurador. Quanto a tua parte, pode ficar tranquilo...


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.



domingo, 25 de agosto de 2019

300. O Edital


Jober Rocha*



                                     Reza antiga lenda que em um reino distante, comandado por um monarca ‘macho alfa’, todas as medidas preconizadas ou as decisões tomadas pelo rei eram, logo em seguida, alvo de críticas virulentas por parte de alguns súditos, opositores do regime monárquico; bem como, da mídia local e internacional, interessada em ver o monarca substituído por algum outro soberano, mais razoável naquilo que respeitava a determinadas verbas com as quais muitos reinos cooptavam a mídia e que aquele monarca, em um gesto duro e moralizante, havia suprimido logo que colocara a coroa na cabeça.
                                                 Isto ocorria por que o monarca, sendo um macho alfa, dizia francamente tudo aquilo que pensava e que pretendia fazer, antecipando seus lances no xadrez da administração das coisas do reino.
                                               Certo dia, conversando com um velho sábio que vivia, por vontade própria, trancado na torre do castelo escrevendo ensaios, crônicas e contos, o monarca ouviu deste um interessante conselho: 
                                             - "Majestade, faça a coisa certa, não telegrafe suas intenções ou ações, de forma antecipada, para os súditos hostis e para a mídia inimiga. Ao invés de ser conhecido pelos súditos e perante a história como Rei Capitão I, ‘O implacável’, seja conhecido como Rei Capitão I ‘Paz e amor’".
                                                     O monarca, tendo ficado interessado naquele assunto, pediu ao velho sábio: - Fale-me mais sobre isso!
                                                   O sábio, então, continuou: 
                                                    - "Se vossa majestade usar de toda a sua franqueza, dizendo com honestidade aquilo que pode e o que não pode, muitos que desejam o que não pode e que desdenham daquilo que pode, ficarão contra vossa majestade. Da mesma forma, tendo cortado as verbas da mídia, que o rei anterior distribuía com tamanha prodigalidade, vossa majestade despertou a ira da classe que monopoliza as notícias e, portanto, tudo aquilo que divulgam é contra o seu reinado e as suas decisões".
                                                    - "Só vejo uma saída que, de tão fácil de ser implantada e com efeito tão imediato, poderia salvar vosso reinado e vosso nome perante a história".
                                                  O rei, imediatamente, chegou a sua cadeira mais próximo do velho sábio e, olhando para o interior da sala onde se encontravam, para certificar-se de que se achavam completamente sozinhos, perguntou-lhe baixinho, de modo a que só o velho ouvisse: - E qual é essa saída?
                                                       O velho, coçando o branco cavanhaque e acendendo o seu cachimbo, disse ao monarca: - "Convoque uma entrevista coletiva de imprensa e, em horário nobre, quando todos os súditos estiverem em suas casas, vá para a frente das câmeras e diga, sorrindo e com um ar bonachão, as palavras escritas nesta página". 
                                                      A seguir, o sábio entregou ao rei um velho pergaminho e exclamou: - "Isto é o que os antigos sempre fizeram e deu certo"!
                                                    Olhando aquele pergaminho o rei leu o seguinte texto:

                                            “Meus caros súditos e queridos e inestimáveis colaboradores da mídia. Reconheço que tenho sido muito duro com vocês e que tenho imposto medidas restritivas e controles severos sobre antigos costumes a que todos (ou grande parte de vocês) já estavam adaptados por fazerem parte da velha política de reinados anteriores”.
                                                    “Quero comunicar-lhes que estou, verdadeiramente, arrependido. A partir de hoje, qualquer súdito que tenha alguma queixa, sugestão ou reclamação sobre o meu reinado, poderá fazê-la. Da mesma forma, a mídia, em geral, continuará contando com as tradicionais fontes de recursos do reino, que, no passado, costumavam irrigar e abastecer as suas oficinas, os seus escritórios e as contas correntes de seus proprietários”.
                                                         "Para tanto, bastará que procurem uma repartição qualquer do reino e  leiam o edital que lá estará fixado, bem a vista de todos. Sigam corretamente os termos do edital e verão que todas as queixas serão levadas em consideração, todas as sugestões implantadas, todas as reclamações atendidas, todos os desejos realizados. Quanto a mídia, especificamente, busquem se adequar as novas normas do edital que os antigos recursos financeiros continuarão a fluir, inesgotavelmente”. 
                                                        “Meu reino é de vocês e meu reinado para vocês, como foram os anteriores do Rei Molusco I “Paz e amor’ e da rainha Anta I “Coração valente”.
                                                    “Boa noite a todos e durmam felizes e contentes, pois os velhos tempos estão de volta”!
                                                             Ao terminar de ler o texto, o rosto do monarca estava vermelho de raiva. Pensou em mandar enforcar, imediatamente, o velho sábio que zombava dele com aquele mentiroso e inexplicável texto.
                                                               Percebendo a reação do monarca, o sábio acrescentou: 
                                            - “Rei Capitão I, esqueci de mencionar que basta fazer constar no edital uma quantidade de documentos tão grande, todos com firmas reconhecidas e cuja validade seja de apenas uma semana, que a maioria dos súditos opositores não conseguirá obtê-los”.
                                            “Por outro lado, faça com que a entrega dos documentos seja feita, apenas, em uma única repartição, com um único funcionário para receber. Este funcionário deverá ser míope, hipertenso e diabético, além de possuir mais de 70 anos. Distribua, somente, três senhas diárias”.
                                               “As petições não terão prazo para serem respondidas, nem protocolos para que sejam acompanhadas pelos interessados. Com as chuvas e inundações que acometem o reino todos os anos, muitas repartições antigas são inundadas e os processos acabam sendo destruídos pelas águas”.
                                                “Assim, vossa majestade neutralizará a crítica daqueles admiradores dos antigos monarcas, (que desviavam e deixavam roubar as coisas do reino), dizendo que, no seu reinado, tudo continua da mesma forma como era nos reinados anteriores. As verbas públicas sempre estarão à disposição de todos, desde que cumpram o constante do edital. Da mesma forma, as reivindicações por mais drogas, por mais mordomias, por mais privilégios, por mais tolerância com os crimes e criminosos (de colarinho branco, de colarinho sujo ou descamisado), serão sempre levadas em consideração por vossa majestade, desde que as reivindicações sejam protocoladas de acordo com os termos do edital”. 
                                      “Enquanto isto, saia pelo país cumprimentando as pessoas. Vá as reuniões do Foro de São Pedro e diga que tudo continua igual ao que era antes. Que os delegados dos partidos comunistas e socialistas de países estrangeiros, para obterem os vistos de entrada no território do reino, deveriam, antes, ir as embaixadas e consulados do reino em seus países de origem e anexar, ao pedido de visto, a relação completa dos documentos constantes do recente edital (proclamado por vossa majestade), pegar suas senhas e aguardar serem chamados brevemente. Os delegados do foro que fossem súditos do reino, deveriam, também, obter suas autorizações na repartição específica, de acordo com o contido no mesmo edital”.
                                         “Vá, majestade, as universidades públicas do reino, aos congressos de campesinos sem terras, às reuniões de sindicalistas. Diga a todos eles que nada mudou em seu reinado. Tudo continua igual como era antes, desde que sejam respeitados os termos do referido edital. Que cada um entregue os documentos solicitados, pegue a sua senha e seja feliz”. 
                                      “Verá que, rapidamente, as queixas desaparecerão e a sua imagem pública mudará, como da água para o vinho” – finalizou o velho sábio.
                                                O rei se levantou da cadeira, agradeceu efusivamente ao sábio por aquela jogada de mestre (segundo a qual tudo fazia crer que as coisas seguiam igual àquilo que os súditos, ideologicamente contrários ao seu reinado, críticos de suas medidas saneadoras e acostumados aos ‘malfeitos’ dos reinados anteriores, desejavam; mas, tudo aquilo era impossível de ser conseguido, na prática, em razão da burocracia envolvida) e preparava-se para sair  da torre do castelo quando o sábio, reacendendo seu cachimbo que havia apagado, disse ao monarca: 
                                          - “Há, majestade, ia me esquecendo: contrate também um marqueteiro experiente, pois vossa alteza está precisando muito...”


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

299. Fogueira de Paixões


Jober Rocha*



                                              ‘Possessed’ foi um filme norte-americano de 1947, do gênero filme ‘noir’, dirigido por Curtis Bernhardt e estrelado por Joan Crawford e Van Heflin. No Brasil tomou o nome de ‘Fogueira de Paixões’, em que pese seu verdadeiro título em inglês ser ‘Possuída’. 
                                                      O que ocorria naqueles idos da década de 1940 (a busca por manchetes sensacionalistas que chamassem a atenção do público, embora faltando com a verdade) continua ocorrendo nos dias atuais. A mídia busca com estas suas manchetes atrair um público que, sem elas, mostrar-se-ia, certamente, desinteressado do assunto.
                                           Lembrei-me deste filme em virtude dos episódios recentes envolvendo a floresta Amazônia que, de tão relegada pelas autoridades brasileiras nas três últimas décadas de governos esquerdistas, encontra-se, atualmente, sob sério risco de algum tipo de intervenção internacional.
                                                Noticia recente, na mídia internacional, dá ciência de que o presidente francês Emmanuel Makron, pelas suas redes sociais, teria divulgado: “Nossa casa está pegando fogo. A floresta Amazônica – o pulmão do planeta que produz 20% do nosso oxigênio – está em chamas. É uma crise internacional. Membros do G7, vamos discutir essa situação emergencial em dois dias”. 
                                              Embora isto tenha feito com que eu me recordasse do velho filme de 1947, evidentemente, trata-se de algo bem mais sério do que uma simples estratégia de marketing para despertar o interesse do público.
                                                     Ao mesmo tempo, o Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres, disse estar “profundamente preocupado com os incêndios florestais na Amazônia", reforçando que "não se pode mais arcar com os danos para uma das maiores fontes de oxigênio e biodiversidade”.
                                               Pelo mundo todo, a imprensa deu destaque em suas manchetes para o aumento do número de incêndios que foi detectado na Amazônia.
                                                 Teoricamente, com este objetivo de preservação ambiental, o presidente francês teria, pois, convocado uma reunião emergencial com os países membros do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), para discutir os incêndios que atingem a Amazônia há aproximadamente 18 dias. A reunião seria realizada em Biarritz, no sudeste da França, e a foto usada pelo presidente francês para divulgar o incêndio foi publicada pela primeira vez em 14 de setembro de 2018; portanto, tratando-se de mais um dos chamados 'fakes'.
                                                      Ao tempo em que isto ocorria fora do nosso país, aqui dentro dois senadores e um deputado do partido Rede protocolaram, no Supremo Tribunal Federal, um pedido de abertura de processo de apuração de infrações administrativas contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alegando que houve descumprimento do dever constitucional de proteção ao meio ambiente e dos compromissos internacionais de combate às mudanças climáticas firmados pelo Brasil e ratificados pelo governo, em especial o Acordo de Paris.
                                                    O que está ocorrendo com o Brasil, na atualidade, para merecer tanto destaque na mídia, possui, evidentemente, múltiplas finalidades: uma delas seria combater o atual governo Bolsonaro, visando destituí-lo do poder em virtude de ser ele uma das maiores ameaças à implantação do comunismo no continente sul americano; outra, tentar fazer com que o seu governo malogre e, com isto, permitir que a velha política e os seus representantes  (muitos deles presos, alguns já condenados por corrupção, mas, ainda em liberdade e outros respondendo a ações judiciais) possam retornar ao poder, instaurando novamente a velha cleptocracia que se locupletava, com verbas públicas desviadas, em conluio com empreiteiras; reduzir o nosso papel no comercio exterior como um dos maiores produtores mundiais de alimentos e, ademais, possibilitar, finalmente, uma intervenção na região amazônica, pacífica ou não, por parte daqueles principais países que possuem enorme interesse nos minerais e na biodiversidade da Amazônia, capitaneados e escudados pela Organização das Nações Unidas.  
                                                O professor Denis Rosenfield, em matéria divulgada pelo jornal O Estado de São Paulo, de 19 de agosto de 2019, destacou que “quase 26% da área total do território nacional é preservada pelos próprios produtores rurais, equivalendo a 218 milhões de hectares e correspondendo a cerca de dez países europeus”. Frisou o autor que “nenhum outro país, principalmente os que acusam o Brasil de destruição ambiental, possui um instituto semelhante”. Incluindo, nesta área mencionada por Rosenfield, as terras indígenas e as unidades de conservação ambiental chegar-se-ia a um total de 49,8 % do território nacional. Acrescentando a este percentual as terras devolutas, áreas militares e áreas ainda não cadastradas, atingir-se-ia, de acordo com o professor, o valor de 66,3% da vegetação nativa preservada. 
                                              Qual país no mundo possui algo parecido?
                                             Por trás disto tudo, segundo Denis, “pairaria o fato de o Brasil ser o terceiro maior produtor de alimentos mundiais, caracterizando-se está polêmica, acerca do desmatamento da floresta, como uma velada guerra comercial com a história de cobertura de preocupação mundial com a preservação ambiental”.
                                               Nos incêndios periodicamente ocorridos na região amazônica, conforme é do conhecimento geral, existem as causas naturais, as causas econômicas e as sabotagens. Os primeiros são inevitáveis e fazem parte de um mecanismo natural de renovação da própria floresta. Os segundos são motivados por métodos antigos e baratos de preparar o terreno para o plantio de culturas agrícolas, empregados há séculos por pequenos agricultores locais. O terceiro trata-se da ação de grupo, nacionais e internacionais, interessados na internacionalização da região objetivando a exploração dos recursos ali existentes, tanto minerais quanto vegetais e animais (biodiversidade), reconhecidos como imensos. As queimadas criminosas, fruto de sabotagem, teriam por objetivo, portanto, facilitar a intervenção de países e de organismos internacionais na área, sob o argumento de que os brasileiros não cuidavam do meio ambiente e estavam destruindo o "pulmão do mundo".
                                                Relativamente às recentes queimadas que deram manchetes mundiais e que motivou as declarações do presidente francês, muitos índios da região já declararam que os incêndios têm sido colocados por pessoal de ONGs ligadas a movimentos de esquerda que, face a postura do atual presidente Jair Bolsonaro de colocar um fim na máfia do meio ambiente (pessoas e organizações que, em razão de má gestão - segundo declarou o presidente - enriqueceram nas últimas décadas com recursos vindos do exterior e destinados, teoricamente, a preservação ambiental), tentam apresentar o atual governo como um grande vilão ambiental.
                                               Estes movimentos de esquerda, aliados a mídia esquerdista nacional e internacional, tentam, assim, sabotar o atual governo de todas as formas, objetivando liberar o ex presidente Luís Inácio da Silva, atualmente preso por inúmeros crimes cometidos contra o povo brasileiro, e fazê-lo retornar ao poder com vistas a implantação definitiva do comunismo no Brasil e em muitos outros países do continente.
                                              Ademais, os últimos governos de esquerda, ao criarem inúmeras reservas indígenas, algumas delas em região de fronteira ou mesmo com parte em território nacional e parte em país limítrofe, possibilitaram a criação de verdadeiras nações indígenas dentro da nação brasileira, com autonomia de exploração mineral das suas áreas, à revelia do Estado Brasileiro. Em várias destas nações indígenas os brasileiros (inclusive autoridades) estão proibidos de penetrar, mas estrangeiros possuem livre trânsito.
                                               Os governos de esquerda que saquearam o Brasil nas últimas décadas, ao reduzirem o poder de nossas forças armadas, desmontarem nossa incipiente indústria bélica e desarmarem a população, para facilitar a implantação do comunismo (eufemisticamente chamado de socialismo bolivariano), infelizmente, deixaram o país totalmente vulnerável a uma ação externa como aquela que agora parece iminente.
                                                 Notem os leitores que durante os governos de esquerda tudo parecia correr normalmente bem, segundo a mídia, embora o Brasil estivesse em crise, a corrupção grassando solta, o país sendo vendido para potências comunistas, as dívidas de países africanos perdoadas e nossos recursos do tesouro sendo emprestados a juros subsidiados para países africanos e sul americanos (hoje inadimplentes), tudo em troca de propina para certas autoridades.
                                                    Empresas estrangeiras exploradoras de minérios e fabricantes de produtos para exportação, localizadas na Amazônia e em outros Estados da Federação, possuíam dutos clandestinos com os quais poluíam os rios da região e barreiras de contenção subdimensionadas, que acabaram por ruir provocando verdadeiras catástrofes ecológicas e ambientais. Onde estava a nossa mídia e a mídia externa enquanto estas coisas estavam sendo processadas ou ocorriam? Episódios que levaram anos sendo gestados nos governos de esquerda e que tiveram seus desfechos no início do governo Bolsonaro foram, maldosamente, a ele atribuídos pela mídia (mídia está que teve as verbas públicas, que recebia para fazer apologia dos governos de esquerda, cortadas pelo presidente Bolsonaro).
                                                O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, repeliu, recentemente, às críticas recebidas pelas queimadas registradas na Amazônia. Durante a sua fala em evento realizado em Campo Grande, o chanceler brasileiro disse que "usam falsidades ambientais para enfraquecer o país. Nesses últimos dias, vemos claramente que o Brasil está sendo alvo de campanhas deslocadas de ataques ligados à questão ambiental. O Brasil está emergindo e muita gente não quer ver ele forte, saindo dos sonos de algumas décadas. Isso está muito na imprensa nacional e internacional justamente quando o Brasil está se afirmando como um ator de muito mais peso nas negociações comerciais. Nos preocupa, porque o que está saindo na imprensa consiste em coisas distorcidas, incorretas e que acabam prejudicando nosso esforço de construir uma nova presença do Brasil no mundo”. 
                                                  Enquanto os brasileiros se digladiam por questões ideológicas, o resto do mundo, ávido por nossas riquezas minerais e de biodiversidade, joga mais lenha nesta fogueira de paixões.
                                               Com forças armadas totalmente sucateadas e sem dotações orçamentarias a altura daquelas requeridas por uma oitava economia mundial como a nossa, com uma população totalmente desarmada propositalmente, nosso país é, hoje, uma presa fácil para aqueles que pretendem ocupar a região amazônica. 
                                             Não temos condições de impedir que isto venha a ocorrer nem de oferecer resistência. Em que pese a ufanista e propalada frase de que ‘A Amazônia é Nossa’, apenas a frase é nossa. Além das reservas indígenas, o território da Amazônia já foi, em grande parte, vendido para cidadãos ou empresas, estrangeiros; nela se localizando, segundo levantamentos do Exército Brasileiro e a ABIN, mais de 100.000 ONGs com escritórios ou representantes locais. 
                                                 A ocupação de fato, portanto, já está sendo feita nas últimas três décadas com a complacência de autoridades dos três poderes da república. Resta, agora, a ocupação de direito por potências estrangeiras, o que não deverá tardar muito.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

298. Vulnerabilidades


Jober Rocha*



                                          Segundo constatação de diversos cientistas, a raça humana é extremamente vulnerável. É vulnerável às doenças, às condições climáticas adversas, à poluição e à degradação ambiental, à possibilidade de um conflito nuclear, à queda de corpos celestes de grande tamanho como meteoros, asteroides, etc.
                                               Por outro lado, na era da informática quando tudo é, praticamente, comandado e regido de forma digital, a falha, a sabotagem ou a destruição acidental dos principais centros provedores das ferramentas diárias de comunicação, de diversão e de trabalho de milhões de seres humanos e de empresas, também constitui uma enorme e potencial vulnerabilidade.
                                                    Todos devem, ainda, se lembrar do famoso Bug do Milênio ou Bug Y2K, previsto para ocorrer com os sistemas informatizados na passagem do ano de 1999 para o ano 2000. Como as datas eram representadas por, somente, 2 dígitos, os programas assumiam o "19" na frente para formar o ano completo. Assim, quando o calendário mudasse de 1999 para 2000 o computador iria entender que estava no ano de "19" + "00", ou seja, 1900. 
                                                Os softwares mais modernos, que já utilizavam padrões mais atuais, não teriam problemas em lidar com isso e passariam corretamente para o ano 2000, mas constatou-se que uma infinidade de empresas e instituições de grande porte ainda mantinham em funcionamento programas antigos, em função da confiança adquirida por anos de uso e na sua estabilidade.
                                                      Felizmente, todo esse pânico foi injustificado, porque a maioria das empresas e dos consumidores domésticos havia adquirido computadores novos ou fizeram a atualização para sistemas operativos preparados para o problema.
                                          As vulnerabilidades a que estamos sujeitos, no entanto, podem ocorrer de forma inesperada e em várias expressões do poder nacional, como a política, a econômica, a militar, a psicossocial e a tecnológica.
                                                 Um exemplo de vulnerabilidade política seria o fato de sermos, eventualmente, governados por uma plêiade de criminosos infiltrados nos três poderes da república e que transformassem o governo em uma verdadeira Cleptocracia. 
                                        Um exemplo de vulnerabilidade econômica seria o país, eventualmente, entrar em uma forte recessão por má gestão e, ao mesmo tempo, sofrer uma seca prolongada que prejudicasse fortemente as colheitas e fizesse com que o nível de água dos reservatórios das grandes cidades baixasse a pontos críticos; além de perdermos mercados externos para países mais competentes que o nosso no comércio exterior. 
                                                    Um exemplo de vulnerabilidade militar seria a hipótese de, eventualmente, sermos ameaçados de invasão ou realmente invadidos por país ou países mais fortes militarmente e não democráticos, com grande parte das nossas autoridades militares e civis ideologicamente favoráveis ou já comprometidas com aqueles que nos invadem.
                                              Um exemplo de vulnerabilidade tecnológica seria a hipótese de, eventualmente, em virtude de alguma nova descoberta científica revolucionária por parte de algum ou de alguns países, muitas de nossas empresas (notadamente empreiteiras), com as suas tecnologias já obsoletas, se tornassem, de repente, mais obsoletas ainda ou com custos de produção muito elevados e não competitivos, de modo a que, mesmo pagando vultosas propinas, não conseguissem mais exportar seus produtos ou serviços nem vende-los para o Estado brasileiro.
                                                 Deixei para falar em vulnerabilidade psicossocial por último, em virtude de acreditar que está, talvez, seja a mais grave de todas. Sei que muitos leitores não terão entendido as minhas razões para fazer tal afirmação, por isto, explicar-me-ei melhor:

                                                As mídias, diariamente, mostram a existência, em diversos pontos das grandes cidades, das chamadas ‘cracolândias’, lugares onde se reúnem muitas pessoas para consumirem livremente seus cachimbos contendo as famosas e malditas pedras de crack. Para aqueles poucos que as consomem em locais públicos, milhares ou milhões as consomem em locais privados (suas casas, seus escritórios e seus gabinetes). 
                                                   O mesmo ocorre com aqueles usuários de maconha, de cocaína, de heroína, de ópio, de haxixe, etc.
                                              A todo momento, em milhares ou milhões de residências particulares; dentro de salas de aula em colégios e faculdades; sentados em macias poltronas nos gabinetes de autoridades; no interior de veículos, de navios, de aviões; nas salas de reuniões ou das diretorias de empresas privadas; milhares ou milhões de pessoas acendem seus cachimbos de crack ou cigarros de maconha, cheiram carreiras de cocaína (ou qualquer outra droga) ou as injetam nas veias.
                                            Imaginem, agora, meus caros leitores, a magnitude do problema que teríamos se, de repente, todas as fontes fornecedoras destas drogas, por alguma razão superveniente, fossem dizimadas, destruídas ou impedidas de abastecer esse incomensurável mercado de dependentes químicos que temos no país.
                                                 Praticamente, pararia tudo em todos os setores e em todos os Estados da Federação do nosso país. Isto seria muito pior e mais grave do que um terremoto de nível acima de 7 na escala Richter (que mede a intensidade dos mesmos); mais danoso do que a queda de um grande asteroide, conjugada ao eventual tsunami que produziria; mais perigoso do que um acidente de grandes proporções em uma central nuclear como a de Angra I; pior do que uma epidemia de qualquer vírus letal, já inventado (ou ainda a inventar) por algum laboratório produtor e vendedor de vacinas contra vírus letais.
                                                  É devido ao receio de que algum dia venhamos a passar, realmente, por esta temida vulnerabilidade psicossocial, que as facções criminosas transitam impunemente; que seus principais líderes são tratados como comendadores e dão entrevistas coletivas à mídia, interna e externa; que muitas autoridades fazem ‘vistas grossas’ ao que se passa nas fronteiras do país; que as penalidades ligadas ao consumo destes produtos estupefacientes são cada dia mais brandas.
                                                Chego até a imaginar que, da mesma forma como o Ministério da Agricultura providência estoques reguladores de produtos agrícolas (normalmente de grãos), para serem vendidos na entressafra quando a produção diminui, algum dia o governo irá, também, manter estoques reguladores destes produtos químicos estupefacientes, para serem vendidos ou distribuídos, no caso de uma calamidade qualquer (ou razão superveniente) que impeça o pleno abastecimento do imenso mercado nacional.
                                                    Afinal, não interessa a ninguém (e muito menos ao governo arrecadador de impostos) que o país pare, de uma hora para outra, por falta de combustível tóxico nas veias de milhares, senão milhões, de contribuintes, de eleitores, de fiéis, de consumidores, de telespectadores, de alunos, de professores, de empresários, de políticos; enfim, de profissionais e de autoridades diversas.
                                               Reconheço que somos um país deficiente em planejamento estratégico; em estabelecimento de normas de engajamento que sejam aplicáveis e que funcionem na prática; em regulamentação de coisas úteis e proveitosas; mas, de qualquer forma, alguma coisa tem que ser feita, no sentido de diminuir ao máximo a possibilidade de ocorrência de uma vulnerabilidade psicossocial como esta mencionada, sob risco de uma violenta convulsão social motivada pela falta inesperada e não prevista dos produtos mencionados. Ao menos, que se crie um grupo de trabalho, em Brasília, para estudar a questão...
                                                   Com a palavra as autoridades.



_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

297. Desaparelhar o Estado, sim ou não?


Jober Rocha*



                                      O atual presidente da república Jair Bolsonaro, segundo o comentário de inúmeros analistas políticos que lhe são favoráveis, encontra-se, praticamente, de “pés e mãos amarrados”, em razão de ter assumido o poder após quase três décadas de governos de esquerda, que aparelharam as instituições públicas com milhares de militantes e ativistas políticos.
                                                  O aparelhamento do Estado, conforme rezam os dicionários, ocorre quando os três poderes da república sofrem influências externas nas suas ações e competências; isto é, quando existe uma ideologia que impõe, sobre eles, uma espécie de agenda que não seja aquela de cumprirem, exclusivamente, com os seus papeis constitucionais.
                                              Na atualidade a opinião dominante, de vários analistas políticos e da totalidade dos eleitores de Bolsonaro, é a de que ele deveria, simplesmente, desaparelhar as instituições públicas, desfazendo-se daqueles servidores contratados por razões políticas durante os governos de esquerda. Ocorre que a coisa não é tão simples assim. O presidente tem apenas um poder relativo sobre o Executivo, fugindo do seu controle o Legislativo e o Judiciário.
                                                Porém, a imposição de agendas partidárias e ideológicas no Legislativo e no Judiciário, segundo a opinião de muitos dos analistas políticos, mantém comprometidas as ações destes poderes, pois estas ficam sujeitas às orientações de determinado partido ou ideologia (não necessariamente ainda no poder, como no caso presente do Brasil, em que assumiu um governo de direita depois de décadas de governos de esquerda ) e, com isto, as instituições não têm a imunidade requerida para legislar e para julgar de forma isenta. 
                                              Com base em tudo isto mencionado, a pergunta que se coloca no momento é aquela que dá título ao presente texto: Desaparelhar o Estado, sim ou não? Demitir servidores contratados em governos anteriores de esquerda, com objetivos meramente políticos de aparelhamento da administração pública, que atualmente se recusam a servir a um novo governo que possui outra ideologia; que se negam a colaborar com esse novo governo por razões políticas, mesmo naquelas propostas e medidas que sejam, exclusivamente, voltadas para o bem do país e para o seu desenvolvimento econômico e social; servidores estes que, muitas vezes, torcem contra, se omitem ou até mesmo sabotam decisões tomadas, com vistas ao insucesso do atual governo? Qual a sua opinião sobre isso, meu caro leitor?
                                               Reconheço que, independentemente do aspecto político-ideológico da questão, existe uma componente social e humanitária. Muitos destes ‘apadrinhados’ possuem famílias para sustentar e não encontrariam outros empregos facilmente, pois o país está em recessão, justamente, devido ao excesso de gastos com servidores públicos e suas mordomias; além de má gestão e de desvio de recursos públicos promovido por diversas autoridades de governos passados, responsáveis pela contratação destes mesmos servidores.
                                            Todavia, milhões de cidadãos brasileiros encontram-se atualmente desempregados em virtude destes mencionados desvios de recursos e da má administração dos últimos governos de esquerda. O novo governo que se inicia procura mudar este quadro lamentável, mas, infelizmente, é combatido de dentro por uma quinta coluna infiltrada, que tenta, de todas as maneiras, sabotar as boas iniciativas e impedir que o governo tenha sucesso e o país volte a crescer. O sucesso do atual governo, para eles, significaria o fim da doutrinação esquerdista em nosso país e, talvez, o fim dos regimes socialistas bolivarianos no Continente Sul Americano.
                                           Relativamente ao poder executivo, no entanto, muitos ministérios já trocaram chefes e demitiram alguns funcionários; talvez, não na quantidade necessária para o total desaparelhamento das instituições públicas. As universidades federais, por exemplo, ainda constituem núcleos onde é forte a ideologia marxista e onde graça grande oposição ao atual governo.
                                              O intuito do presente ensaio, portanto, é o de fazer um apanhado geral sobre a forma pela qual os povos e as nações, ao longo da história, sempre fizeram para se livrar daqueles membros considerados indesejados, por trabalharem contra os interesses das populações, das comunidades e dos eventuais donos do poder. Evidentemente, esta pesquisa visa, apenas, levantar a questão trazendo este grave problema à baila. Dou a minha opinião particular e incentivo os leitores a meditarem no assunto.
                                        Todavia, creio que, ao analisarmos este assunto, devemos ter presente o episódio histórico ocorrido com o chefe da tribo celta dos Sênones, conhecido como Breno (Breno é a forma latina do termo celta que significa líder), que dominava a costa do Adriático conhecida como Gália Cisalpina, na Itália, em 387 a.C., e que liderou o exército gaulês na captura e saque da cidade de Roma, após ter vencido os romanos na Batalha do Ália. 
                                          Os romanos, batidos pelos gauleses na ocasião, concordaram em pagar um resgate para libertar a cidade. De acordo com textos históricos preservados até os nossos dias, durante uma discussão sobre o peso do ouro a ser usado para pagar o resgate, Breno teria atirado a sua pesada espada de ferro em um dos pratos da balança, de modo a que os romanos colocassem mais ouro no outro prato para equilibrá-la, e pronunciou a célebre frase: "Vae victis!", cujo significado é: "Ai dos vencidos!". 
                                              Todos sabemos que na luta entre o Bem e o Mal, quando este é o vencedor, ele não perdoa nem contemporiza com o vencido Bem. Da mesma forma deve agir também o Bem, quando vence o Mal e não deseja que este venha novamente retornar, trazendo consigo as suas maldades.
                                                  Podemos, pois, constatar que desde o início da vida humana na superfície do planeta e durante incontáveis séculos, as tribos indígenas e os primitivos povos baniram determinados membros de suas comunidades como punição por infrações graves. Aqueles que conspiravam contra os seus, cometiam crimes ou que não se adequavam aos costumes vigentes, eram, quando não simplesmente executados, segregados do convívio tribal, sendo expulsos para territórios mais distantes.
                                                 Nos Estados Unidos, ainda recentemente, muitas tribos indígenas possuem o costume de expulsar índios considerados como membros não autênticos de um determinado grupo.
                                              A Califórnia atual, onde dezenas de tribos pequenas foram dizimadas, dispersas e, em seguida, recriadas, muitas vezes com índios etnicamente mistos, tornou-se o reduto nacional desta tendência. Rivalidades entre clãs e disputas políticas, muitas vezes, são os motivos alegados para a expulsão.
                                              Por sua vez, na Grécia antiga, o Ostracismo consistia em uma punição na qual o cidadão, normalmente um político, militar ou servidor público, que atentasse contra os costumes, contra a liberdade pública ou contra o Estado, era votado para ser banido ou exilado, por um período de dez anos. 
                                         O Ostracismo, segundo os historiadores, foi criado por Clístenes (conhecido como o Pai da Democracia) e qualquer cidadão punido deveria deixar a cidade no prazo de dez dias, se ausentando da mesma por um período de dez anos. Segundo Aristóteles, o Ostracismo foi integrado à constituição ateniense no século VI a.C. e posto em prática pela primeira vez em 488 ou 487 a.C.
                                           Mais recentemente, o banimento ou o desterro consistiu em uma medida compulsória pela qual um cidadão perdia o direito à nacionalidade de um país, passando a ser um apátrida (a não ser que, previamente, possuísse dupla-cidadania, sendo cidadão de algum outro país). O banimento, historicamente, foi usado como método de condenação por grave oposição política. Banimento, no entanto, não é um sinônimo de exílio nem de cassação, mas pode levar um indivíduo a exilar-se ou asilar-se em outro país, sem direito a permanecer no seu país de origem.
                                                Degredo, por seu turno, é uma palavra usada na Idade Média para se referir a qualquer súdito que estivesse sujeito a restrições legais quanto ao seu movimento.   O termo degredado tornou-se, assim, sinônimo de um condenado ao exílio, em alguma colônia ou possessão distante. A maioria dos degredados eram criminosos comuns, embora muitos fossem presos políticos ou religiosos, e em sua maioria desempenharam um papel importante na era dos descobrimentos Portugueses, tendo uma grande importância no estabelecimento das colonias portuguesas na Ásia, África e América do Sul.
                                     As próprias religiões, que sempre pregaram o amor ao próximo, a caridade e a humildade, estabeleceram mecanismos para se verem livres daqueles seguidores refratários, contestadores ou insubmissos.
                                         A excomunhão, por exemplo, é uma punição religiosa utilizada para se retirar ou suspender um crente ou seguidor de uma filiação ou comunidade religiosa. A palavra significa, literalmente, colocar alguém fora da comunhão.
                                          A base bíblica da excomunhão é o chamado anátema. As referências são encontradas em Gálatas 1:8: - Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que este alguém seja anátema! (De forma similar e jocosa, a esta referência considerada pela religião, caso substituíssemos ‘um evangelho diferente’ por uma ‘ideologia diferente’, muitos poderiam visualizar, nisto, um anátema político e, portanto, um motivo legal para retirar - excomungar - qualquer servidor da entidade pública em que estivesse servindo...)
                                           Dentre os vários motivos para a excomunhão, destacam-se: o cisma (que consiste na recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos), a apostasia (definida como o repúdio total da fé cristã) e a heresia (considerada a negação pertinaz de alguma verdade que se deve crer ou, ainda, a dúvida pertinaz acerca da mesma). De forma similar e jocosa, poder-se-ia ver como motivos políticos para a retirada – excomunhão - de qualquer servidor público, a recusa da sujeição ao presidente ou da comunhão com sua equipe de governo; o repúdio total ao Regime Democrático; a negação pertinaz do Liberalismo Econômico e do Sistema Capitalista.
                                                A excomunhão, portanto, segundo a religião, constituiria uma medida disciplinar que teria um sentido medicinal, ou seja, forneceria a oportunidade do afastamento físico das pessoas envolvidas para que, as mesmas, repensassem as suas atitudes e pudessem, eventualmente, retornar posteriormente. A retirada -  excomunhão - política, de forma similar, forneceria a oportunidade do afastamento de servidores públicos para que, os mesmos, repensassem as suas atitudes e pudessem, eventualmente, retornar ao serviço público.
                                                   Outras formas adotadas pelos Estados modernos, de segregação de indivíduos que se colocam em oposição aos costumes, à moral e às leis vigentes, seja por quais razões forem, costumam ser: a internação em hospitais psiquiátricos, também denominados de hospícios ou manicômios e a prisão em penitenciárias, também conhecidas como presídios, claustros, clausuras, cadeias, cárceres ou prisões. 
                                              Vejam, portanto, meus caros leitores, que, ao longo da história humana, as comunidades sempre trataram de forma bastante dura aqueles seus integrantes que tramavam contra os costumes, as normas, as leis, as religiões e os interesses das comunidades; em suma, elas sempre trataram, no mínimo, de segregar e enviar para bem longe os que trabalhavam contra o progresso, contra a liberdade e contra a segurança das próprias comunidades.
                                         Nossa pretensão, todavia, não chegaria a tanto; mas, apenas, na retirada da máquina pública – excomunhão - daqueles não afinados com o novo governo e com a sua nova ideologia, sabotando ou impedindo a implementação de programas, projetos e medidas. Aqueles outros, comprovadamente envolvidos em ilícitos penais, evidentemente, deveriam ser tratados da forma preconizada nas leis,
                                              Lembremo-nos que o nosso atual presidente foi eleito mediante sufrágio universal, por mais de 57 milhões de eleitores e, infelizmente, encontra-se impedido de fazer valer seus pontos de vista e de ver implantado o seu programa de governo. 
                                             Face a qualquer proposta de mudança na chefia de alguma entidade pública, os seus servidores logo ameaçam greve ou os chefes todos pretendem entregar seus cargos, parando os serviços e criando, assim, uma real ditadura funcional daqueles que são, apenas, servidores públicos e, como tal, devem obediência ao presidente eleito pela maioria dos brasileiros. 
                                              Por outro lado, tanto o Judiciário quanto o Legislativo têm interferido frequentemente em muitos atos do presidente, no sentido de impedi-los, dificultando a governabilidade. Se algo não for feito, teremos, muito em breve, uma grande crise institucional.
                                             E quanto a você, meu caro leitor brasileiro, qual a sua opinião sobre tudo isto?  

_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.