terça-feira, 31 de dezembro de 2019


346. Armas: as grandes educadoras das populações bárbaras

Jober Rocha*



Bárbaro é um termo utilizado para se referir a uma pessoa tida como não-civilizada. O termo também pode se referir individualmente a uma pessoa bruta, cruel, belicosa e insensível.
Segundo os historiadores, foram chamados de bárbaros os povos de origem germânica que, entre 409 e 711, nas migrações dos povos bárbaros, invadiram o Império Romano do Ocidente, causando sua queda em 476 d.C.
De uma maneira geral, os bárbaros formavam hordas armadas que invadiam territórios ocupados por outros povos, de forma violenta e feroz, matando pessoas e dizimando e destruindo tudo o que se lhe opunha resistência.
Os povos chamados bárbaros, dentre os quais destacamos os hunos, os vândalos, os francos, os godos, os visigodos, os ostrogodos, os anglos, os saxões, etc. foram inicialmente contidos pelo império romano em virtude da supremacia deste em armas, em técnicas de combate e em logística. As razões posteriores da queda do Império Romano são atribuídas pelos modernos historiadores, notadamente a: baixa eficácia numérica dos exércitos romanos; deficiências de saúde e do efetivo da população romana; perda da força da Economia; baixa competência dos imperadores; mudanças religiosas ocorridas, revoltas constantes dos povos submetidos e deficiente administração civil. Tais fatores determinantes foram agravados pelas invasões barbaras, evidentemente.
Desde então, seja na paz ou na guerra, as armas passaram a desempenhar papel fundamental na solução dos conflitos, seja como fator de dissuasão, seja como fator defensivo ou ofensivo.
Coletivamente, aqueles povos mais e melhor armados passaram a ser respeitados pelos demais povos menos e pior armados, notadamente após o domínio da energia nuclear. No campo individual, a posse de uma arma supre as deficiências físicas naturais existentes entre os indivíduos. O porte de uma arma tende, pois, a igualar os seres humanos, embora a destreza no manejo da mesma seja um fator diferencial importante.
A partir, portanto, da fabricação e da utilização de armas, as pendências e os conflitos deixaram de ser, sempre, vencidos pelos mais fortes fisicamente. Os mais fracos também passaram a poder disputar, de igual para igual, os seus direitos reais ou presumidos.
Neste contexto, a parcela de qualquer população que se encontre desarmada será, sempre, vítima potencial ou efetiva da parcela desta população que se encontra armada. A solução mais correta e igualitária, até então utilizada, tem sido aquela adotada em países desenvolvidos como os USA e Canadá, por exemplo, onde todos os cidadãos possuem o direito constitucional de adquirir armas e munições para sua defesa pessoal, familiar e de seus bens.
Conforme qualquer habitante das grandes cidades brasileiras sabe, nas periferias onde dominam as facções criminosas do tráfico de drogas, nenhum cidadão ousa desafiar as ordens dos chefes do tráfico. Qualquer desafio significa a morte. Isto se deve não por que a população periférica seja inteiramente composta por covardes, mas, sim, em virtude das quadrilhas que dominam estas áreas estarem todas fortemente armadas. As armas, conforme podemos constatar, são, pois, as grandes educadoras a dizerem o que pode e o que não pode ser feito por aqueles que não as possuem. Os cidadãos desarmados, mesmo armados de bons argumentos, têm que se render aos maus argumentos daqueles indivíduos bem armados. Esta regra, a meu ver, poderia ser formulada como a ‘Primeira Lei  Fundamental da Educação Psicossocial’, a ser ensinada nas escolas do país pelos professores ideologicamente submissos aos postulados marxistas e defensores do Estatuto do Desarmamento em vigor.
Notícia recente na mídia informa sobre a ocorrência no domingo, 29 de dezembro de 2019, de um atentado em igreja no Estado Norte Americano do Texas, que deixou duas pessoas mortas e uma gravemente ferida. Fiéis armados, segundo a nota, reagiram ao agressor, matando-o e impedindo que a tragédia tomasse proporções maiores.
O agressor foi prontamente abatido por um dos fiéis, logo após ter começado a atirar dentro da igreja West Freeway Church of Christ (Igreja de Cristo em West Freeway), localizada em White Statement, próxima a Fort Worth.
Professores de escolas e universidades, médicos em hospitais, sacerdotes em igrejas, naquele país, foram autorizados a portar armas para as suas defesas e de terceiros, nestes locais de grandes aglomerações e sujeitos a atentados promovidos por terroristas e maníacos.
Se o fato tivesse ocorrido no Brasil, por exemplo, o número de vítimas teria sido muitas vezes maior, pois, aqui, portar armas é proibido para a população civil. Os únicos que são vistos portando armas, ostensivamente ou não, de uma maneira geral, são os policiais; os magistrados e membros do Ministério Público; os agentes da ABIN; os guardas municipais das capitais ou nas cidades com mais de 50 mil habitantes; a polícia legislativa da Câmara e do Senado; os seguranças de autoridades públicas; os militares em serviço; diversas entidades pessoas jurídicas e os membros de facções criminosas que dominam os morros e as periferias das grandes cidades.
Antes e durante o regime militar que governou o Brasil, de 1964 até 1985, a compra e a venda de armas e munições eram liberadas ao público civil, com um mínimo de exigências.
O famigerado Estatuto do Desarmamento instituído pela Lei 10826 de 23 de dezembro de 2003, durante o governo Lula, regulamentada pelo decreto 5123 de 1º de julho de 2004 e publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte, veio dispor sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição, de forma restritiva.
Pouco depois, no ano de 2005, o governo promoveu um referendo popular para saber se a população concordaria com o artigo 35 do referido estatuto, que tratava sobre a proibição da venda de arma de fogo e munição em todo o território nacional. Realizado o referendo o artigo foi rejeitado por 63,94% dos votos "NÃO" contra 36,06% dos votos "SIM". Mesmo assim, a venda de armas e munições foi dificultada ou proibida em uma campanha desfechada pelas esquerdas visando desarmar a população, com vistas a minimizar a eventual resistência armada popular à implantação do Socialismo Bolivariano no país, constante do programa de governo do Partido dos Trabalhadores e incentivado pelo Foro de São Paulo, nos moldes daquele regime marxista implantado na Venezuela e em outros países do Continente.
As pesquisas e os estudos que subsidiaram a proibição do comercio de armas e munições no Brasil foram sempre tendenciosos e seguiram na contramão das pesquisas sérias conduzidas nos Estados Unidos e na Europa. Para estas pesquisas externas, a posse de armas pelas populações civis era fator inibidor da criminalidade e poupador de vidas humanas, conforme centenas, senão milhares, de ocorrências registradas ao redor do mundo e analisadas por entidades públicas e privadas, sérias, demonstraram.
A ideologia, no entanto, falou mais alto no Brasil e, à revelia de estudos sérios e confiáveis conduzidos por entidades especializadas no assunto, o que prevaleceu foi a opinião de políticos a serviço da ideologia marxista, que viam no desarmamento da população a chave para inibir uma eventual reação popular contra a substituição do regime democrático capitalista por um regime comunista autoritário e de partido único, conforme previsto nos planos do Partido dos Trabalhadores, no poder desde o ano de 2003 com a posse de Luís Inácio da silva.
Um major do Corpo de Fuzileiros navais dos USA, chamado L. Caudill em um texto denominado ‘As armas são a civilização’, declarou:
“As pessoas só têm duas maneiras de lidar umas com as outras: pela razão ou pela força. Se você quer que eu faça algo para você, você terá, ou de me convencer via argumentos, ou de me obrigar a me submeter à sua vontade pela força. Todas as interações humanas caem em uma dessas duas categorias, sem exceções. Razão ou força, só isso”.
“Quando eu porto uma arma, você não pode lidar comigo pela força. Você precisa usar a razão para tentar me persuadir, porque eu tenho meios de anular suas ameaças ou o uso da força”.
“Quem advoga o banimento das armas de fogo está optando automaticamente pela lei do mais jovem, pela lei do mais forte, pela lei do bando, e isso é o exato oposto de uma sociedade civilizada. Um marginal, mesmo armado, só consegue ser bem sucedido em uma sociedade onde o Estado lhe garantiu o monopólio da força”.
“Portanto, a sociedade mais civilizada é aquela onde todos os cidadãos podem estar igualmente armados e só podem ser persuadidos, nunca forçados“- conclui L. Caudill.
Alguns historiadores afirmam que Samuel Colt, inventor e fabricante norte-americano de armas de fogo, ao produzir o revolver de seis tiros, em 1836, teria declarado:
“Deus fez os homens diferentes; Sam Colt tornou-os iguais”! (God made men different; Sam Colt made them equal).
Outros historiadores mencionam que a frase realmente dita por Samuel foi: “Abraham Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais”!
Segundo os historiadores, Benjamin Franklin, inventor e homem de Ciência, teria dito em determinada ocasião:
“Quando todas as armas forem propriedade do governo, este decidirá de quem são todas as outras propriedades”!
O fato é que as armas de qualquer tipo, notadamente as armas de fogo, desde que foram inventadas, sem dúvida alguma diminuíram as diferenças físicas entre as pessoas e, como já dito anteriormente, seu uso generalizado deu lugar a persuasão nas soluções sobre assuntos contraditórios, eliminando, gradativamente, o uso da força e contribuindo para fazer ideias e interesses conflitantes, finalmente, se harmonizarem de forma pacífica.
Em muitos países e em épocas diversas, autoridades autocráticas, ilegítimas, absolutistas, venais, etc., adotaram o procedimento de proibir o porte e o uso de armas pelos cidadãos, sejam elas quais fossem. Temiam que armas em mãos das populações pudessem ser usadas contra as próprias autoridades, em razão de seus reconhecidos desmandos, injustiças flagrantes praticadas, atos de tirania exercidos e de suas crescentes impopularidades junto ao povo.
 Em resposta a tais proibições, surgiram as artes marciais, conhecidas como ‘as artes dos pés e das mãos’ ou ‘o caminho suave’. Os seus praticantes conseguiam suprir a falta de armas, com a rapidez e a violência de determinados golpes de pés e mãos, usados para a defesa e para o ataque. Em determinadas épocas, foram introduzidas nas artes marciais algumas técnicas de defesa e de ataque com armas brancas de vários tipos e aplicações distintas; bem como, a utilização de bastões de madeira de diversos tamanhos e configurações.
Quanto mais democrática e livre seja qualquer sociedade, mais direitos possuem os seus cidadãos, dentre eles, destacando-se, o direito inalienável de defender a si próprio, à sua família, os seus bens e as suas propriedades.
Quem pensa de forma diferente está comprometido ideologicamente com regimes totalitários de natureza marxista; ou faz parte de facções criminosas; ou pertence a movimentos terroristas; ou integra uma elite cleptocrática que se locupleta financeiramente em razão da inocência, do servilismo, da covardia e da despolitização da população, ou, finalmente, é um completo idiota que não tem a menor percepção do que ocorre a sua volta, seja em termos políticos, econômicos, militares e psicossociais.
Voltando as palavras de L. Caudill: “Quando eu porto uma arma não é porque estou procurando encrenca; é exatamente por que quero ser deixado em paz. A arma na minha cintura significa que eu não posso ser forçado a nada, somente persuadido. Eu não porto uma arma porque tenho medo, mas, sim, porque ela me permite não ter medo. Ela não está lá para intimidar os que querem interagir comigo pela razão, mas para desencorajar os que pretendem fazê-lo pela força. A arma remove a força da equação … e é por isso que portar uma arma é um ato civilizado”!
No caso do nosso país, como bem entendeu o presidente Bolsonaro e sua equipe, a única solução efetiva, a curto e médio prazo, visando reduzir os índices de criminalidade insuportáveis causados por décadas de leniência oficial com respeito às facções criminosas surgidas espontaneamente ou incentivadas pela esquerda (todas elas representando braços armados dos governos de esquerda que visavam a implantação de um governo comunista no país e que possuem armas de guerra em quantidades surpreendentes, como também munições à vontade) é a liberação para que todos os cidadãos brasileiros possam adquirir armas e munições no comércio, como sempre puderam fazer antes dos nefastos e incompetentes governos de esquerda assumirem o poder.
É do conhecimento geral a impossibilidade efetiva das nossas polícias protegerem a integridade física e patrimonial dos cidadãos, em razão dos seus reduzidos efetivos e das carências técnicas, financeiras e administrativas que apresentam. Por este motivo, cabe ao próprio cidadão providenciar a sua defesa, a da sua família e a dos seus bens e propriedades. Para que isto seja feito, ele necessita, evidentemente, de uma arma; pois aqueles que o afrontarão estarão fortemente armados.
Um dos maiores exércitos do mundo, praticamente indestrutível em uma guerra de ocupação tradicional, consiste na legião de atiradores desportivos, colecionadores e caçadores dos USA. Possuem treinamento, armamento e munição capaz de fazer frente a qualquer exército invasor que tente dominar o território norte-americano.
Desde os primórdios da colonização daquele país, as armas de fogo desempenharam um papel crucial na conquista do território e no estabelecimento do direito à propriedade e a segurança individual e coletiva, igualando os cidadãos e fazendo a lei valer para todos.
As próprias autoridades norte-americanas, na atualidade, incentivam à produção e o comércio de armas e munições, desburocratizando todo o processo, bem como oferecem subsídios à construção de 'bunkers' (abrigos fortificados) em localidades isoladas no campo, para que a população tenha meios de resistir a uma eventual invasão partida de algum país hostil ou a uma catástrofe ou calamidade em que os poderes públicos sejam impossibilitados de agir e se instaure o caos e a convulsão social.
Nosso país, como sempre, está na contramão da história e totalmente despreparado para situações como as descritas. Nossas autoridades, em sua grande maioria, são despreparadas para os cargos que ocupam e trabalham, normalmente, contra os interesses populares. São, todavia, profissionais em maquinações lesivas à Economia; à Política em seu melhor sentido e ao desenvolvimento das Forças Armadas, consideradas inimigas e não compatíveis (em efetivos e equipamentos) com a sexta economia mundial, lugar que hoje em dia ocupamos no Concerto das Nações.
Que nos espelhemos naqueles países que respeitam as leis; onde ninguém pode argumentar que está acima delas; onde as penas dos condenados são cumpridas de forma integral; onde a liberdade de pensamento e de imprensa existe realmente; onde a maioria da população é composta de pessoas patriotas que amam seu país e respeitam as suas autoridades que nada mais são do que servidores públicos; onde todos os cidadãos, apesar de poderem contar com uma organização policial e judiciária de primeiro mundo, possuem a plena liberdade de providenciar a sua própria defesa, de seus familiares e de suas propriedades.
Que tenhamos sempre em mente uma frase que alguém já disse e que será sempre atual: - Quando a presa está armada o predador dorme com fome!


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro titular da Academia Brasileira de Defesa – ABD e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos. CEBRES







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