346. Armas:
as grandes educadoras das populações bárbaras
Jober
Rocha*
Bárbaro
é um termo utilizado para se referir a uma pessoa tida como não-civilizada. O
termo também pode se referir individualmente a uma pessoa bruta, cruel,
belicosa e insensível.
Segundo
os historiadores, foram chamados de bárbaros os povos de origem germânica que,
entre 409 e 711, nas migrações dos povos bárbaros, invadiram o Império Romano
do Ocidente, causando sua queda em 476 d.C.
De uma
maneira geral, os bárbaros formavam hordas armadas que invadiam territórios
ocupados por outros povos, de forma violenta e feroz, matando pessoas e
dizimando e destruindo tudo o que se lhe opunha resistência.
Os
povos chamados bárbaros, dentre os quais destacamos os hunos, os vândalos, os
francos, os godos, os visigodos, os ostrogodos, os anglos, os saxões, etc.
foram inicialmente contidos pelo império romano em virtude da supremacia deste
em armas, em técnicas de combate e em logística. As razões posteriores da queda
do Império Romano são atribuídas pelos modernos historiadores, notadamente a: baixa
eficácia numérica dos exércitos romanos; deficiências de saúde e do efetivo da
população romana; perda da força da Economia; baixa competência dos
imperadores; mudanças religiosas ocorridas, revoltas constantes dos povos
submetidos e deficiente administração civil. Tais fatores determinantes foram
agravados pelas invasões barbaras, evidentemente.
Desde
então, seja na paz ou na guerra, as armas passaram a desempenhar papel
fundamental na solução dos conflitos, seja como fator de dissuasão, seja como
fator defensivo ou ofensivo.
Coletivamente,
aqueles povos mais e melhor armados passaram a ser respeitados pelos demais
povos menos e pior armados, notadamente após o domínio da energia nuclear. No
campo individual, a posse de uma arma supre as deficiências físicas naturais
existentes entre os indivíduos. O porte de uma arma tende, pois, a igualar os
seres humanos, embora a destreza no manejo da mesma seja um fator diferencial
importante.
A
partir, portanto, da fabricação e da utilização de armas, as pendências e os
conflitos deixaram de ser, sempre, vencidos pelos mais fortes fisicamente. Os
mais fracos também passaram a poder disputar, de igual para igual, os seus
direitos reais ou presumidos.
Neste
contexto, a parcela de qualquer população que se encontre desarmada será,
sempre, vítima potencial ou efetiva da parcela desta população que se encontra
armada. A solução mais correta e igualitária, até então utilizada, tem sido
aquela adotada em países desenvolvidos como os USA e Canadá, por exemplo, onde
todos os cidadãos possuem o direito constitucional de adquirir armas e munições
para sua defesa pessoal, familiar e de seus bens.
Conforme
qualquer habitante das grandes cidades brasileiras sabe, nas periferias onde
dominam as facções criminosas do tráfico de drogas, nenhum cidadão ousa desafiar
as ordens dos chefes do tráfico. Qualquer desafio significa a morte. Isto se
deve não por que a população periférica seja inteiramente composta por
covardes, mas, sim, em virtude das quadrilhas que dominam estas áreas estarem
todas fortemente armadas. As armas, conforme podemos constatar, são, pois, as
grandes educadoras a dizerem o que pode e o que não pode ser feito por aqueles
que não as possuem. Os cidadãos desarmados, mesmo armados de bons argumentos, têm
que se render aos maus argumentos daqueles indivíduos bem armados. Esta regra,
a meu ver, poderia ser formulada como a ‘Primeira Lei Fundamental da Educação Psicossocial’,
a ser ensinada nas escolas do país pelos professores ideologicamente submissos
aos postulados marxistas e defensores do Estatuto do Desarmamento em vigor.
Notícia
recente na mídia informa sobre a ocorrência no domingo, 29 de dezembro de 2019,
de um atentado em igreja no Estado Norte Americano do Texas, que deixou duas
pessoas mortas e uma gravemente ferida. Fiéis armados, segundo a nota, reagiram
ao agressor, matando-o e impedindo que a tragédia tomasse proporções maiores.
O
agressor foi prontamente abatido por um dos fiéis, logo após ter começado a
atirar dentro da igreja West Freeway Church of Christ (Igreja de Cristo em West
Freeway), localizada em White Statement, próxima a Fort Worth.
Professores
de escolas e universidades, médicos em hospitais, sacerdotes em igrejas,
naquele país, foram autorizados a portar armas para as suas defesas e de
terceiros, nestes locais de grandes aglomerações e sujeitos a atentados
promovidos por terroristas e maníacos.
Se o
fato tivesse ocorrido no Brasil, por exemplo, o número de vítimas teria sido
muitas vezes maior, pois, aqui, portar armas é proibido para a população civil.
Os únicos que são vistos portando armas, ostensivamente ou não, de uma maneira
geral, são os policiais; os magistrados e membros do Ministério Público; os
agentes da ABIN; os guardas municipais das capitais ou nas cidades com mais de
50 mil habitantes; a polícia legislativa da Câmara e do Senado; os seguranças
de autoridades públicas; os militares em serviço; diversas entidades pessoas
jurídicas e os membros de facções criminosas que dominam os morros e as
periferias das grandes cidades.
Antes
e durante o regime militar que governou o Brasil, de 1964 até 1985, a compra e a
venda de armas e munições eram liberadas ao público civil, com um mínimo de
exigências.
O
famigerado Estatuto do Desarmamento instituído pela Lei 10826 de 23 de dezembro
de 2003, durante o governo Lula, regulamentada pelo decreto 5123 de 1º de julho
de 2004 e publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte, veio dispor
sobre o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munição, de
forma restritiva.
Pouco
depois, no ano de 2005, o governo promoveu um referendo popular para saber se a
população concordaria com o artigo 35 do referido estatuto, que tratava sobre a
proibição da venda de arma de fogo e munição em todo o território nacional.
Realizado o referendo o artigo foi rejeitado por 63,94% dos votos
"NÃO" contra 36,06% dos votos "SIM". Mesmo assim, a venda
de armas e munições foi dificultada ou proibida em uma campanha desfechada
pelas esquerdas visando desarmar a população, com vistas a minimizar a eventual
resistência armada popular à implantação do Socialismo Bolivariano no país, constante
do programa de governo do Partido dos Trabalhadores e incentivado pelo Foro de
São Paulo, nos moldes daquele regime marxista implantado na Venezuela e em
outros países do Continente.
As
pesquisas e os estudos que subsidiaram a proibição do comercio de armas e
munições no Brasil foram sempre tendenciosos e seguiram na contramão das
pesquisas sérias conduzidas nos Estados Unidos e na Europa. Para estas
pesquisas externas, a posse de armas pelas populações civis era fator inibidor
da criminalidade e poupador de vidas humanas, conforme centenas, senão
milhares, de ocorrências registradas ao redor do mundo e analisadas por
entidades públicas e privadas, sérias, demonstraram.
A
ideologia, no entanto, falou mais alto no Brasil e, à revelia de estudos sérios
e confiáveis conduzidos por entidades especializadas no assunto, o que
prevaleceu foi a opinião de políticos a serviço da ideologia marxista, que viam
no desarmamento da população a chave para inibir uma eventual reação popular
contra a substituição do regime democrático capitalista por um regime comunista
autoritário e de partido único, conforme previsto nos planos do Partido dos
Trabalhadores, no poder desde o ano de 2003 com a posse de Luís Inácio da
silva.
Um
major do Corpo de Fuzileiros navais dos USA, chamado L. Caudill em um texto
denominado ‘As armas são a civilização’, declarou:
“As
pessoas só têm duas maneiras de lidar umas com as outras: pela razão ou pela
força. Se você quer que eu faça algo para você, você terá, ou de me convencer
via argumentos, ou de me obrigar a me submeter à sua vontade pela força. Todas
as interações humanas caem em uma dessas duas categorias, sem exceções. Razão
ou força, só isso”.
“Quando
eu porto uma arma, você não pode lidar comigo pela força. Você precisa usar a
razão para tentar me persuadir, porque eu tenho meios de anular suas ameaças ou
o uso da força”.
“Quem
advoga o banimento das armas de fogo está optando automaticamente pela lei do
mais jovem, pela lei do mais forte, pela lei do bando, e isso é o exato oposto
de uma sociedade civilizada. Um marginal, mesmo armado, só consegue ser bem
sucedido em uma sociedade onde o Estado lhe garantiu o monopólio da força”.
“Portanto,
a sociedade mais civilizada é aquela onde todos os cidadãos podem estar
igualmente armados e só podem ser persuadidos, nunca forçados“-
conclui L. Caudill.
Alguns
historiadores afirmam que Samuel Colt, inventor e fabricante norte-americano de
armas de fogo, ao produzir o revolver de seis tiros, em 1836, teria declarado:
“Deus
fez os homens diferentes; Sam Colt tornou-os iguais”! (God made men different;
Sam Colt made them equal).
Outros
historiadores mencionam que a frase realmente dita por Samuel foi: “Abraham
Lincoln tornou todos os homens livres, mas Samuel Colt os tornou iguais”!
Segundo
os historiadores, Benjamin Franklin, inventor e homem de Ciência, teria dito em
determinada ocasião:
“Quando
todas as armas forem propriedade do governo, este decidirá de quem são todas as
outras propriedades”!
O fato
é que as armas de qualquer tipo, notadamente as armas de fogo, desde que foram
inventadas, sem dúvida alguma diminuíram as diferenças físicas entre as pessoas
e, como já dito anteriormente, seu uso generalizado deu lugar a persuasão nas
soluções sobre assuntos contraditórios, eliminando, gradativamente, o uso da
força e contribuindo para fazer ideias e interesses conflitantes, finalmente,
se harmonizarem de forma pacífica.
Em
muitos países e em épocas diversas, autoridades autocráticas, ilegítimas,
absolutistas, venais, etc., adotaram o procedimento de proibir o porte e o uso
de armas pelos cidadãos, sejam elas quais fossem. Temiam que armas em mãos das
populações pudessem ser usadas contra as próprias autoridades, em razão de seus
reconhecidos desmandos, injustiças flagrantes praticadas, atos de tirania
exercidos e de suas crescentes impopularidades junto ao povo.
Em resposta a tais proibições, surgiram as
artes marciais, conhecidas como ‘as artes dos pés e das mãos’ ou ‘o caminho
suave’. Os seus praticantes conseguiam suprir a falta de armas, com a rapidez e
a violência de determinados golpes de pés e mãos, usados para a defesa e para o
ataque. Em determinadas épocas, foram introduzidas nas artes marciais algumas
técnicas de defesa e de ataque com armas brancas de vários tipos e aplicações
distintas; bem como, a utilização de bastões de madeira de diversos tamanhos e
configurações.
Quanto
mais democrática e livre seja qualquer sociedade, mais direitos possuem os seus
cidadãos, dentre eles, destacando-se, o direito inalienável de defender a si
próprio, à sua família, os seus bens e as suas propriedades.
Quem
pensa de forma diferente está comprometido ideologicamente com regimes
totalitários de natureza marxista; ou faz parte de facções criminosas; ou
pertence a movimentos terroristas; ou integra uma elite cleptocrática que se
locupleta financeiramente em razão da inocência, do servilismo, da covardia e
da despolitização da população, ou, finalmente, é um completo idiota que não
tem a menor percepção do que ocorre a sua volta, seja em termos políticos,
econômicos, militares e psicossociais.
Voltando
as palavras de L. Caudill: “Quando eu porto uma arma não é porque
estou procurando encrenca; é exatamente por que quero ser deixado em paz. A
arma na minha cintura significa que eu não posso ser forçado a nada, somente
persuadido. Eu não porto uma arma porque tenho medo, mas, sim, porque ela me
permite não ter medo. Ela não está lá para intimidar os que querem interagir
comigo pela razão, mas para desencorajar os que pretendem fazê-lo pela força. A
arma remove a força da equação … e é por isso que portar uma arma é um ato
civilizado”!
No
caso do nosso país, como bem entendeu o presidente Bolsonaro e sua equipe, a
única solução efetiva, a curto e médio prazo, visando reduzir os índices de
criminalidade insuportáveis causados por décadas de leniência oficial com
respeito às facções criminosas surgidas espontaneamente ou incentivadas pela
esquerda (todas elas representando braços armados dos governos de esquerda que
visavam a implantação de um governo comunista no país e que possuem armas de
guerra em quantidades surpreendentes, como também munições à vontade) é a
liberação para que todos os cidadãos brasileiros possam adquirir armas e
munições no comércio, como sempre puderam fazer antes dos nefastos e
incompetentes governos de esquerda assumirem o poder.
É do
conhecimento geral a impossibilidade efetiva das nossas polícias protegerem a
integridade física e patrimonial dos cidadãos, em razão dos seus reduzidos
efetivos e das carências técnicas, financeiras e administrativas que
apresentam. Por este motivo, cabe ao próprio cidadão providenciar a sua defesa,
a da sua família e a dos seus bens e propriedades. Para que isto seja feito,
ele necessita, evidentemente, de uma arma; pois aqueles que o afrontarão
estarão fortemente armados.
Um dos
maiores exércitos do mundo, praticamente indestrutível em uma guerra de ocupação
tradicional, consiste na legião de atiradores desportivos, colecionadores e
caçadores dos USA. Possuem treinamento, armamento e munição capaz de fazer
frente a qualquer exército invasor que tente dominar o território
norte-americano.
Desde
os primórdios da colonização daquele país, as armas de fogo desempenharam um
papel crucial na conquista do território e no estabelecimento do direito à
propriedade e a segurança individual e coletiva, igualando os cidadãos e fazendo
a lei valer para todos.
As próprias
autoridades norte-americanas, na atualidade, incentivam à produção e o comércio
de armas e munições, desburocratizando todo o processo, bem como oferecem subsídios
à construção de 'bunkers' (abrigos fortificados) em localidades isoladas no campo, para que a população
tenha meios de resistir a uma eventual invasão partida de algum país hostil ou
a uma catástrofe ou calamidade em que os poderes públicos sejam
impossibilitados de agir e se instaure o caos e a convulsão social.
Nosso
país, como sempre, está na contramão da história e totalmente despreparado para
situações como as descritas. Nossas autoridades, em sua grande maioria, são
despreparadas para os cargos que ocupam e trabalham, normalmente, contra os
interesses populares. São, todavia, profissionais em maquinações lesivas à Economia;
à Política em seu melhor sentido e ao desenvolvimento das Forças Armadas,
consideradas inimigas e não compatíveis (em efetivos e equipamentos) com a
sexta economia mundial, lugar que hoje em dia ocupamos no Concerto das Nações.
Que
nos espelhemos naqueles países que respeitam as leis; onde ninguém pode
argumentar que está acima delas; onde as penas dos condenados são cumpridas de
forma integral; onde a liberdade de pensamento e de imprensa existe realmente;
onde a maioria da população é composta de pessoas patriotas que amam seu país e
respeitam as suas autoridades que nada mais são do que servidores públicos;
onde todos os cidadãos, apesar de poderem contar com uma organização policial e
judiciária de primeiro mundo, possuem a plena liberdade de providenciar a sua
própria defesa, de seus familiares e de suas propriedades.
Que
tenhamos sempre em mente uma frase que alguém já disse e que será sempre atual:
-
Quando a presa está armada o predador dorme com fome!
_*/ Economista e doutor pela
Universidade de Madrid, Espanha. Membro titular da Academia Brasileira de
Defesa – ABD e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos. CEBRES