terça-feira, 24 de abril de 2018



194. A Encruzilhada


Jober Rocha*



                                              Encruzilhada possui algumas interpretações, como, por exemplo, o lugar onde se cruzam ruas, estradas, caminhos e, também, em sentido figurado, o ponto crítico em que uma decisão necessita ser tomada.  Uma encruzilhada, sob o ponto de vista metafísico, existirá todas às vezes em que houver o cruzamento vibratório de uma realidade com outra.
                                                               Os brasileiros se depararão com uma encruzilhada no dia sete de outubro de 2018. A escolha que farão, na ocasião selará, definitivamente, o seu destino como povo e como país. A decisão a ser tomada na oportunidade significará uma escolha, que fará com que continuem sendo um país capitalista ou que se tornem um país comunista, ao estilo bolivariano (comunismo adaptado as idiossincrasias latino-americanas), como foram às escolhas feitas pelos venezuelanos e pelos bolivianos, por exemplo, há tempos atrás.
                                                                     O regime comunista na Rússia (o núcleo da extinta União Soviética) durou, exatamente, 74 anos e marcou a história do século XX. Ele começou com a Revolução de Outubro de 1917, sob o comando de Lenin, o maior líder dos bolcheviques, como eram chamados os comunistas russos na época. Terminou de forma patética, com a renúncia de Mikhail Gorbatchev, o último líder da União Soviética, por meio de um discurso na televisão, em 25 de dezembro de 1991.
                                                            Comparando-se os estágios de desenvolvimento econômico e social, dos principais países mais desenvolvidos do planeta, que são representantes do capitalismo e do comunismo, constata-se a primazia dos primeiros com relação aos segundos.
                                                                A Rússia, desde o fim do comunismo, consiste em uma economia de mercado, ocupando, em 2016, o 11º lugar na Economia Mundial.
                                                                  Nos primeiros 30 anos de regime comunista da República Popular da China, o governo aplicou o sistema de economia planificada, em que a produção industrial, a produção agrícola, bem como, o armazenamento e venda de mercadorias eram controladas pelo Estado. 
                                                                     Em 1992, depois de cerca de 10 anos de reforma, com o intuito claro de estabelecer uma economia socialista de mercado, o governo definiu os seguintes princípios fundamentais para a reestruturação da economia: incentivo ao desenvolvimento de elementos econômicos diversificados; criação de um moderno sistema empresarial para que se pudesse ir de encontro às exigências da economia de mercado; unificação e abertura do sistema de mercado em toda a China, ligando os mercados domésticos e internacionais.  De acordo com o plano macro econômico chinês prevê-se chegar a uma economia socialista de mercado relativamente completa e que a sua fase de maturação seja alcançada em 2020.
                                                                   Informações do ano de 2016 indicam que as quinze maiores economias mundiais são, em ordem decrescente de PIB - Produto Interno Bruto: USA, China, Japão, Reino Unido, França, Índia, Itália, Brasil, Canadá, Coréia do Sul, Rússia, Austrália, Espanha e México.
                                                                      Vejam que dentre as quinze maiores economias, não existe nenhuma verdadeiramente comunista. Enquanto isto, ideólogos subdesenvolvidos, com uma visão distorcida da problemática latino-americana, tentam implantar aqui o chamado bolivarianísmo. 
                                                                   O proselitismo político utilizado nas campanhas da esquerda, em prol da implantação de regimes comunistas do tipo bolivariano, na América Latina, culpa o Sistema Capitalista, acentuando a exploração dos trabalhadores, a desigual distribuição de renda, a miséria dos excluídos que habitam cortiços nas favelas, o desemprego, a concentração fundiária, a posse dos meios de produção por parte das elites, etc. Todavia, não mencionam a existência aqui de uma classe política e de partidos venais, que, tradicionalmente, se locupletam dos recursos públicos desviando-os para suas contas no exterior, se vendem por dinheiro para potências estrangeiras, alienam patrimônio nacional, são incompetentes e despreparados para administrar um país, antipatriotas e internacionalistas, etc. etc. etc.
                                                                      Dizem, estes ideólogos de esquerda, que o sistema capitalista é errado, voraz e deve ser eliminado, para ser substituído pelo comunismo, libertador e protetor das classes trabalhadoras. 
                                                                     Ocorre, entretanto, que este mesmo Sistema Capitalista, (por eles criticado aqui e existente em países onde o povo é sério e os políticos honestos) permite que, em muitos outros lugares, os salários dos trabalhadores sejam elevados, a renda bem distribuída, o nível de vida e de bem estar dos empregados bastante alto e permite, ademais, que os trabalhadores participem da posse dos bens de produção através do mercado acionário nas bolsas de valores. Tanto é assim, que existe um fluxo constante de habitantes (trabalhadores e aposentados) da América Latina desejando transferir-se definitivamente para os USA e para a Europa, notadamente gente oriunda de países comunistas.
                                                                    A grande verdade, pelos ideólogos de esquerda escondida ou não percebida, é que se os países latinos da América já são o que são, sob um sistema que privilegia a livre iniciativa, o empreendedorismo, a concorrência e o lucro; o que não se tornariam sob um sistema que combatesse tais características, nivelando todos os trabalhadores por baixo, acabando com a propriedade privada e socializando a pobreza? Uma grande favela é o que seriam.
                                                                     O que há muito tempo anda errado, por aqui pelos trópicos, não é o Sistema Econômico, vigente até então; mas, a qualidade dos homens públicos que nos governam e que legislam (chegando, por vezes, a cometer crimes de lesa-pátria e contra a humanidade, que, infelizmente, não são punidos e passam incólumes) e a passividade, inocência, despolitização, conformismo e permissividade do nosso povo. 
                                                                  Aqui, na realidade, vigora o chamado capitalismo selvagem, quase sem regras, onde as concorrências são fraudadas; os produtos não contém os pesos e os ingredientes que as embalagens afirmam conter; onde os remédios são falsificados; os combustíveis adulterados com solventes; o contrabando corre solto; onde a propina é generalizada; a mídia divulga propaganda enganosa e aliena as populações com novelas, esporte e religião; onde as agências oficiais  reguladoras trabalham, quase sempre, para defender interesses dos produtores e dos prestadores de serviços e não para defender os interesses dos consumidores e usuários. 
                                                           O errado não é o Sistema Capitalista, em si, mas a forma como as autoridades deixam que ele funcione por aqui, onde leis e decretos beneficiando empresas são, muitas vezes, negociados a troco de dinheiro entre empresários e autoridades governamentais.
                                                                    Os próprios países comunistas, tradicionais, só começaram a se desenvolver quando adotaram economias de mercado, deixando de lado a estatização e a Economia Planificada. 
                                                                      O que os ideólogos de esquerda querem não é a melhoria das condições de vida do povo; o que eles querem é o poder e tudo aquilo mais que vêm com ele: boas mansões, comida farta e vinhos caros, dinheiro, privilégios, regalias, nepotismo, viagens ao redor do mundo, lazer, etc. Tem sido assim nos países comunistas do leste Europeu  e da Ásia e não seria diferente na América Latina. Uma pequena amostra do que são os governos de esquerda aqui na América do Sul, tiveram os brasileiros com as delações premiadas de empresários e de executivos, do governo e de estatais, no âmbito da Operação Lava a Jato. E olha que os ideólogos de esquerda ainda não haviam conseguido implantar, definitivamente, o comunismo no país, como fizeram na Venezuela. Imaginem se alguns juízes, promotores e policiais não tivessem tido a coragem de levar a frente as investigações da Operação Lava a Jato e descobrir todo o esquema de desvio de recursos da Organização Criminosa que dominava o país na ocasião, tendo refreado o seu ímpeto.
                                                                     Na ânsia de ver implantado os seus sonhos de poder, geralmente, para se fortificarem e prepararem a implantação do comunismo, reduzem as forças armadas à míngua (visando enfraquecê-las frente as forças comunistas internas e externas) e aliam-se ao crime organizado em facções e em máfias, para disporem, quando necessário, de um exército clandestino forte o suficiente para dar o golpe mortal na Democracia e no Capitalismo.
                                                                        Vejam que os verdadeiros países capitalistas, sérios, são democracias, onde existe alternância dos partidos e dos políticos no poder. Nos países comunistas existe apenas um partido e as lideranças permanecem de forma quase vitalícia no poder. Nos países capitalistas não sérios, como os da maioria dos latino-americanos, a fraude eleitoral e os acordos espúrios fazem com que partidos e políticos permaneçam no poder eternamente, da mesma forma como ocorre nos países comunistas.
                                                                        Por isso, os brasileiros encontram-se, hoje, em uma encruzilhada que selará o seu destino: tentar reverter esta situação atual ou enveredar, para sempre talvez, em um sistema bolivariano de governo, com medidas socialistas e comunistas que afastarão, de vez e destas paragens tropicais, os empreendedores capitalistas, como já ocorreu na Venezuela, cujos habitantes, na atualidade, procuram em hordas as nossas fronteiras norte do país, para pedir comida, emprego, refúgio e asilo político. 
                                                                         Qual será a nossa escolha?


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.






Nenhum comentário:

Postar um comentário