127. Somos tão fracos, mas tão fortes...**
Jober Rocha*
Somos tão fracos quando sucumbimos às vicissitudes que a vida nos impõe; quando choramos sobre os corpos sem vida dos seres que amamos e quando deparamos com mistérios insondáveis cujas explicações ignoramos, mas cujos efeitos perversos sobre o nosso entorno bem podemos perceber.
Somos tão fracos quando nos entregamos aos vícios que corrompem o corpo e a alma; quando temos a exata noção do quanto desconhecemos neste vasto universo em que existimos e quando nos sentimos impotentes para mudar o curso das nossas próprias vidas.
Somos tão fracos quando temos as nossas existências submetidas e os nossos destinos comandados por seres humanos egoístas e de má índole, cujos únicos objetivos consistem na acumulação de poder e de riqueza, não hesitando, para tanto, em cometer as mais graves atrocidades e as mais terríveis violações dos direitos humanos.
Somos tão fracos quando percebemos as nossas limitações, físicas e intelectuais, para vencer obstáculos que outros encaram com naturalidade e, até mesmo, como coisas corriqueiras.
Somos tão fracos quando nos deparamos com amores desfeitos, com situações irreconciliáveis, com caminhos sem volta, com as emoções conduzindo as nossas ações e quando percebemos as distâncias inexpugnáveis que nos separam de pessoas com as quais gostaríamos de poder interagir.
Somos tão fracos quando, desarmados de qualquer sentimento de maldade ou de egoísmo, nos deixamos, inocentemente, iludir, enganar e conduzir por gente mal intencionada e astuciosa, que deseja apenas o seu próprio benefício às nossas expensas.
Somos tão fracos quando, premidos pelos poucos anos que nos restam, percebemos não ter alcançado os nossos objetivos na vida ou haver desperdiçado a existência de forma leviana, sem possuirmos outra possibilidade de recuperar aqueles anos que perdemos.
Finalmente, somos tão fracos quando nos deparamos com o término da existência Terrena, sem termos a necessária coragem de penetrar no desconhecido território da morte e ir conhecer os seus mistérios.
Por outro lado, somos tão fortes quando temos a oportunidade de consolar seres que necessitam ser consolados; quando conseguimos superar as nossas limitações; quando conseguimos dominar os sentimentos viciosos e fazer aflorar os virtuosos; quando produzimos obras dignas de criaturas que se identificam com Aquele que as criou.
Somos tão fortes quando superamos o Ego e a necessidade de satisfazer os seus desejos, passando a pensar e a agir de forma coletiva; quando dedicamos o nosso tempo e o nosso esforço a praticar ações que beneficiarão pessoas desconhecidas e/ou gerações futuras; quando intercedemos junto aos poderosos para defender os direitos daqueles que nada podem.
Somos tão fortes quando transmitimos os nossos conhecimentos para outros; quando produzimos algo novo; quando inventamos ou descobrimos aquilo que, até então, era desconhecido; quando geramos uma nova vida e quando salvamos a vida de algum semelhante ou aliviamos o seu sofrimento físico e/ou psíquico.
Somos tão fortes quando conseguimos evitar o nosso erro e o erro alheio; quando protegemos a Natureza e as suas espécies, impedindo que sejam contaminadas, que se extingam ou que sejam maltratadas.
Somos tão fortes quando nos colocamos sempre ao lado da verdade e da justiça, assumindo integralmente os riscos que estas ações implicam; quando nos encontramos no lugar certo e na hora certa, para evitar uma injustiça, corrigir um erro, salvar uma vida.
Finalmente, somos tão fortes quando compreendemos e aceitamos o término da vida atual e partimos, sem temor, para o outro lado da existência com a firme convicção de que o espírito humano, que é uma forma de energia, sempre existiu e jamais poderá ser destruído.
_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
_**/ Menção Honrosa no II Concurso Literário da Academia Ferroviária de Letras. 2017. Rio de Janeiro, RJ
_**/ Menção Honrosa no II Concurso Literário da Academia Ferroviária de Letras. 2017. Rio de Janeiro, RJ
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