segunda-feira, 4 de novembro de 2019

320. O tempo passou na janela...


Jober Rocha*



                              No II Festival Internacional da Canção Popular, realizado na cidade do Rio de Janeiro em outubro do ano de 1967, o compositor Chico Buarque de Holanda teve a sua música ‘Carolina’ classificada em terceiro lugar. A canção, dentre outros, continha os seguintes versos:

"Eu já lhe expliquei, que não vai dar
Seu pranto não vai nada ajudar"
...............................................
"Eu bem que avisei, vai acabar
De tudo lhe dei para aceitar"
.................................................
"Eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela
E só Carolina não viu"


                                          Chico Buarque, eleitor declarado do Partido dos Trabalhadores, faz parte de um grupo de artistas nacionais a clamarem, ainda hoje, pela libertação do ex presidente Lula, condenado à prisão, no âmbito da Operação Lava a Jato, por seu envolvimento em episódios de corrupção e de desvio de dinheiro público.
                                         A canção de Chico dos idos 1967, época quando ainda ninguém sonhava com a subida ao poder do Partido dos Trabalhadores, possuía estes versos citados que considero premonitórios e que tomei a liberdade de destacar.
                                         Digo premonitórios, por que em uma matéria de 04.11.2019, o blog https://www.oantagonista.com/brasil/o-povo-vai-se-levantar-muito-antes-do-que-o-bolsonaro-imagina/   destacou as palavras de João Pedro Stedile, líder do MST, para o UOL:

                                             “Vocês viram aí no Chile. Foi aumentando, aumentando a panela de pressão. Aí quando eles aumentaram em 20 centavos a passagem do metrô, explodiu. Ou seja, todo aquele tensionamento vai explodindo. Assim aconteceu no Peru, assim aconteceu no Equador. Aqui no Brasil também vai ser assim. Em algum momento esse povão vai se dar conta e ele vai se levantar por algum motivo que não sei por que nem quando, mas tenho certeza, olhando a história do Brasil e a história da América Latina, que certamente o povo brasileiro vai se levantar e vai se levantar muito antes do que o Bolsonaro imagina”.

                                                  A ilação entre a fala de Stedile e a canção de Chico Buarque pode ser vista em cada um dos versos premonitórios mencionados, culminando com aquele que o autor da música diz que o tempo passou na janela e só Carolina, no caso o Stedile, não viu.
                                                Olhando a História do Brasil e a História da América Latina, conforme recomenda o líder do MST em sua fala, o povo brasileiro (da mesma forma como outros povos, no Continente, dominados por ideologias socialistas bolivarianas fizeram) já se levantou contra os desmandos, contra a má gestão, contra a corrupção e contra o autoritarismo dos sucessivos governos de esquerda, no poder em nosso país desde há quase três décadas. 
                                                  O levantamento do povo brasileiro contra o Partido dos Trabalhadores e seus aliados, como o MST, por ele financiado e protegido, culminou com a eleição do presidente Jair Bolsonaro, no ano de 2018; realmente, muito antes do que Bolsonaro imaginava, pois ele jamais poderia cogitar de conseguir ser eleito presidente com expressiva maioria de votos, sem fazer uso de verbas partidárias e contando, apenas, com a colaboração de eleitores patriotas nas redes sociais. Justamente o oposto do que fez o seu opositor, do Partido dos Trabalhadores, em uma campanha milionária que contou com dinheiro público abundante, destinado ao partido através do Fundo Partidário. 
                                                   A vitória de Bolsonaro, muitos acreditam, foi um verdadeiro milagre divino. Tratou-se, sem dúvida alguma, de novo episódio histórico e mítico de um pobre David lutando contra um rico Golias.
                                               Seria, pois, o caso de algum daqueles militantes mais lúcidos do MST (e com certeza alguém já deve ter feito isto) dizer para seu líder, após a declaração dele ao UOL: 

               “Eu já lhe expliquei, que não vai dar,
                 Seu pranto não vai nada ajudar”!

                                              Até mesmo algum companheiro de algum dos grupos vinculado aos movimentos populares latino americanos ou, talvez, um cardeal amigo ligado à Teologia da Libertação, presentes ao 3º Encontro Mundial dos Movimentos Populares (realizado este ano no Vaticano e no qual Stedile compareceu como convidado especial do Papa), poderia (e deveria) ter-lhe dito:

              “Eu bem que avisei, vai acabar,
                De tudo lhe dei para aceitar”!

                                              O fato é, queiram ou não os opositores de Bolsonaro, que o tempo passou no Continente Sul Americano. O tempo em que muitos povos subdesenvolvidos eram manipulados por uma grande mídia venal que vivia e prosperava às custas de verbas públicas, fazendo apologia aos governos de esquerda e escondendo seus desmandos e desvios de recursos públicos em benefício próprio.
                                               As redes sociais, ao tornarem públicas e acessíveis à milhões de indivíduos as maquinações de verdadeiras quadrilhas cleptocráticas existentes no comando de diversos países, não só em nosso continente, mas ao redor do mundo, despertaram a consciência adormecida de pessoas enganadas por anos de doutrinação marxista e que, sem se darem conta, mediante a adoção do ‘comportamento politicamente correto’, promoviam uma transvaloração de valores da sociedade, ao mesmo tempo em que facilitavam a implantação dos postulados de Antônio Gramsci, visando a implantação do comunismo pela via pacífica. 
                                           Assim, como bem dizia o compositor em uma visão premonitória, o tempo passou na janela e só aquelas espertas 'Carolinas' (que por terem sido muito beneficiadas, ainda, sonham em reviver um período nefasto na vida política, econômica e social brasileiras) não viram...



_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro da Academia Brasileira de Defesa e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos.

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