sexta-feira, 1 de novembro de 2019

318. Celacanto pode provocar maremoto...



Jober Rocha*


                                     No ano de 1977 uma frase enigmática começou a aparecer escrita nos muros e paredes da cidade do Rio de Janeiro. A frase dizia, simplesmente: ‘Celacanto provoca maremoto’.
                                                      Inicialmente pensou-se tratar de algum código entre traficantes e usuários de droga, para combinar entregas. Finalmente descobriu-se o autor da mesma: um jovem de 16 anos adepto de filmes e desenhos de TV. A frase havia sido, por ele, ouvida em uma película japonesa da década de 1960, chamada National Kid. Em um de seus episódios, denominado ‘A Revolta dos Seres Abissais’, um dos vilões, chamado Dr. Sanada, menciona o fato de que os Celacantos, quando se enfurecem, provocam maremotos.
                                          O jovem, mais tarde jornalista, passou, naquela ocasião, a pichar muros e paredes da cidade com a frase que se tornou famosa no país e no exterior.
                                              Celacanto, para quem não sabe, é o nome dado à peixes pertencentes ao grupo dos Sarcopterígios, parentes de várias espécies que foram extintas no período devoniano, compreendido entre 416 milhões e 359 milhões de anos atrás. Dentre suas principais características destacam-se as de poder criar impulso para partidas rápidas e de possuir alta manobrabilidade.
                                             Este prólogo teve por objetivo destacar que, embora já considerados extintos, no ano de 1938 foi encontrado um deles no litoral da África do Sul e, certamente, devem existir alguns outros espalhados pelos oceanos e mares de todo o mundo.
                                               A constatação, mudando o atual enfoque, também se aplica no campo da ideologia política. Eventuais ‘políticos celacantos’, que podem criar impulso para partidas rápidas e que possuem alta manobrabilidade em caso de necessidade (como faz o raro peixe usando as suas nadadeiras caudais e devido ao elevado número de barbatanas que possui), já festejados como espécimes políticos extintos por muitos ideólogos e pensadores de esquerda, vinculados ao Foro de São Paulo e à Nova Ordem Mundial; em razão de uma capacidade de sobrevivência continuada, típica dos celacantos, ainda podem ser encontrados em alguns países dominados durante muitos anos pela ideologia marxista, como o nosso por exemplo, conforme poderão ver a seguir.
                                                 Embora a denominada Nova Ordem Mundial tenha feito enormes progressos no sentido de disseminar a ideologia marxista nos países ocidentais, cooptando para a mesma enorme parcela da juventude pouco esclarecida, ademais de uma legião de oportunistas vários e de uma multidão de aventureiros sem nada a perder (que vislumbravam com a militância partidária e com o ativismo político a oportunidade de um enriquecimento fácil e a possibilidade de obtenção de poder ilimitado); em alguns locais do mundo ocidental, notadamente na América do Sul e mais especificamente no Brasil, em que pese todo o efeito deletério e nefasto do Foro de São Paulo, seus objetivos foram temporariamente (e eu espero que definitivamente) obstaculizados. 
                                                  A Nova Ordem Mundial – NOM, como todos sabem, trata-se de uma iniciativa partida de um grupo poderoso de financistas internacionais que têm por objetivo o fim da competição que julgam predatória, por mercados em expansão e por recursos naturais em esgotamento, vigente entre a elite empresarial capitalista ocidental e que buscam, através da implantação do comunismo em todo o mundo, o fim desta competição. Eles, evidentemente, comandariam este processo e seriam os seus beneficiários finais, após a coletivização do planeta e a apropriação dos meios de produção e dos recursos naturais mundiais pelos regimes comunistas. Partem do pressuposto de que continuariam sendo os donos dos recursos financeiros que movem as engrenagens da Economia Mundial. Para alcançar estes objetivos, financiam cerca de 120 movimentos de esquerda em todo o mundo. 
                                                      Em nosso país, em que pesem quase três décadas das esquerdas no poder, finalmente, o povo se deu conta da armadilha que estava sendo preparada pelos ideólogos do Foro de São Paulo, a serviço da NOM, no sentido de transformar o nosso país em uma república socialista bolivariana, nos mesmos moldes da falida Venezuela, atualmente em processo de convulsão social com milhares de refugiados deixando aquele país em direção ao nosso, em busca de socorro, de alimentos e de emprego. A longo prazo pretendiam comunizar todo o Continente Sul Americano, transformando-o na União das Repúblicas Socialistas da América Latina – URSAL.
                                                   Nas eleições de 2018, no Brasil, foi eleito presidente o deputado Jair Bolsonaro, um liberal de direita (considerado por mim como um ‘político celacanto’, espécime raro e que vivia isolado como parlamentar por adotar posições contrárias àquelas da maioria dos deputados pertencentes aos partidos de esquerda e que formavam a base dos governos petistas, que se sucederam desde 2003 até 2016) cujo mandato começou em primeiro de janeiro de 2019 e que veio interromper décadas de governos de esquerda.
                                               Seu governo, desde o início, sofreu toda a sorte de oposição por parte da esquerda venal, ainda aparelhada nos três poderes da república.
                                            A grande mídia, em virtude das verbas públicas que a sustentava terem sido cortadas pelo novo presidente, deu início a uma campanha difamatória, dele e de seus colaboradores, visando dificultar seu governo, causar cizânia entre a equipe governamental e provocar o seu impeachment. 
                                                         O mesmo ocorreu no meio artístico com o corte das verbas que sustentava grande parte dos seus integrantes e cuja distribuição visava cooptá-los para que apoiassem toda e qualquer medida emanada dos governos de esquerda. A partir do fechamento das torneiras que esbanjavam verbas públicas, diversos artistas começaram a promover durante suas atuações nos palcos e nas telas, campanhas sistemáticas contra o presidente.
                                              No parlamento, por não ter feito o jogo dos velhos políticos leiloando cargos para os ministérios, demais organismos públicos e empresas estatais (tática usada pelos governos anteriores de esquerda), criou-se uma grande oposição de deputados e senadores às suas medidas e proposições, fundamentais para fazer o país voltar a crescer depois da má gestão e do desvio de dinheiro público dos governos petistas, que quase levaram o país à bancarrota.
                                                No plano internacional o novo presidente tem sido violentamente atacado pela NOM e seus prepostos, principalmente, após o seu discurso na Organização das Nações Unidas – ONU, no qual denunciou a campanha da esquerda internacional para a tomada do poder no Continente Sul Americano; como também, através da campanha desfechada contra o Brasil, na mesma ocasião, por alguns países europeus preocupados com o acordo firmado entre o Mercosul e a Comunidade Europeia, no qual o Brasil colocaria naquela região produtos agropecuários mais baratos que os produtos franceses e alemães; bem como, pela ação da esquerda mundial financiada pela NOM e mobilizada para impedir e tentar sabotar o seu governo liberal de direita.
                                                    No dia 30 de outubro do corrente ano, quando em viagem oficial à Arábia Saudita, o presidente gravou, às três horas e cinquenta minutos da manhã, um vídeo para os seus seguidores no Twitter, no qual se mostrava verdadeiramente indignado com matéria divulgada na noite anterior por uma rede de televisão brasileira que o acusava, com inverdades, de envolvimento na morte de uma vereadora, ocorrida em março de 2018 na cidade do Rio de Janeiro. 
                                             Tal fato, aliado ao despejo, aparentemente intencional, de petróleo venezuelano nas costas brasileiras da Região Nordeste; bem como, a interferência do Vaticano em assuntos internos do Brasil e a campanha mundial desfechada pela esquerda pedindo a intervenção na Região Amazônica, sob o pretexto de que a floresta estaria sendo dizimada por irresponsabilidade ambiental do governo Bolsonaro, levou o presidente a uma explosão natural e compreensível de revolta, desabafada frente à câmera que o filmava.
                                              O fato é que muitos pescadores que tradicionalmente sonham em fisgar grandes peixes quanto mais escura for a água, ainda não se deram conta de que o surgimento de um novo celacanto enfurecido, nas águas turvas da política nacional contemporânea, pode, realmente, provocar um grande e inesperado maremoto.
                                               Este maremoto, por trazer águas novas e límpidas para o nosso cenário político, em que pesem eventuais transtornos que possa vir a ocasionar, terá o grande mérito de limpar o território brasileiro das águas podres e fétidas que o banharam nas últimas décadas em que o nosso destino foi conduzido por algumas elites cleptocratas e narco-marxistas.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro da Academia Brasileira de Defesa e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos.

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