quinta-feira, 17 de outubro de 2019

310. Quando o irrelevante sobressai...


Jober Rocha*



                                      No Brasil de hoje, após décadas de lavagem cerebral promovida pelos governos de esquerda sobre um povo trabalhador, porém, crédulo, inocente e despolitizado, o irrelevante parece ter tomado a frente das coisas sérias e importantes e se transformado, assim, na chamada ‘bola da vez’.
                                                         Praticamente a grande mídia, quando não está atacando o atual presidente e sua equipe, só destina espaço para matérias irrelevantes.
                                                     Com o país à beira de uma convulsão social, a tentativa de desinformar as populações através da divulgação de mentiras ou de assuntos totalmente irrelevantes, transformou-se no objetivo principal desta grande mídia.
                                                    Parece que, após o fechamento pelo novo governo das torneiras pelas quais eram desperdiçadas descontroladamente imensas verbas públicas, os caciques da velha comunicação (que tradicionalmente ‘fazia a cabeça do povo’) decidiram, de forma unânime: - ‘se a morte é inevitável, ao menos morramos fazendo aquilo que sempre fizemos bem; ou seja, que caiamos desinformando os cidadãos’!
                                                      Tanto isto é verdadeiro que qualquer leitor pode constatar a verdade, apenas folheando os grandes jornais ou assistindo aos canais abertos de TV. Espaços que poderiam ser destinados a informações científicas, debates políticos, notícias mundiais, análises conjunturais e considerações geopolíticas e estratégicas, por exemplo, são ocupados por futebol e comentários esportivos; jogos eletrônicos; novelas, seus resumos e reedições; desenhos animados; receitas de comidas e sobremesas; horóscopos; estelionatos religiosos; crimes diários e críticas às autoridades constituídas e as suas medidas corretivas (felizmente adotadas estas pelo novo governo, após os descalabros cometidos pela esquerda no poder durante décadas). 
                                                    Na câmara, no senado e nas assembleias legislativas, por outro lado, os assuntos irrelevantes e as brigas por interesses pessoais e grupais continuam ocupando o tempo de uma plêiade de cidadãos com foro privilegiado para os inúmeros crimes, eventualmente, por eles, cometidos (81 senadores, 513 deputados federais e 1059 deputados estaduais; sem contar os 5.570 prefeitos e os 27 governadores); além de seus incontáveis assessores parlamentares. Todos eles eleitos por nós e regiamente pagos com dinheiro de nossos impostos, trabalhadores brasileiros sem voz e sem direitos. Colocados onde estão por nós, que os retiramos do ostracismo em que se encontravam, logo em seguida se transformam em nossos patrões e passam a legislar contra os nossos interesses.
                                                 Nas mais altas cortes de justiça, por sua vez, o trabalho parece girar, apenas, em torno dos interesses de meia dúzia de ex políticos, já condenados e presos, que, com suas demandas processuais, ocupam o tempo dos magistrados que ali desempenham suas funções, muitos deles nomeados por um daqueles réus cujas demandas julgam, em um evidente conflito de interesses.
                                                 Nas universidades públicas, em razão da ideologia marxista dominante e da militância política exercida por muitos alunos e professores, temas profissionais importantes deixaram de ser ensinados e aprendidos. Com isto os egressos, com a mente ideologicamente contaminada e sem os conhecimentos profissionais requeridos, dificilmente conseguem emprego em um país, ainda, capitalista. Como alternativa, tornam-se ativistas político-ideológicos e, mediante uma sinecura promovida por algum dos partidos de esquerda, encontram, no governo federal e nos municipais e estaduais, um cantinho e uma mesa de onde poderão, calmamente e bem remunerados, destilar todo o veneno que acumularam (seja mediante as críticas, abertas ou veladas, que poderão fazer contra o novo governo; seja pelas sabotagens que poderão intentar contra a implantação de novas medidas. Como rezam pela cartilha do ‘quanto pior, melhor’, tais militantes fazem como o escorpião (da fábula sobre o escorpião e o sapo) que mordeu o sapo que o ajudava a atravessar o rio, carregando-o nas costas. Ao desfalecer, sob o efeito do veneno, o sapo perguntou: - Por que fez isto? O escorpião respondeu: - É da natureza dos escorpiões matarem sapos!
                                                     Ora, por similitude, sendo da natureza dos marxistas combaterem o capitalismo, governos capitalistas deveriam (da mesma forma como fazem os governos comunistas) selecionar criteriosamente seus colaboradores. Estes deveriam ser pessoas afinadas com o pensamento e com os objetivos do governo e não pessoas contrárias ao ponto de vista e aos objetivos governamentais. O aparelhamento das instituições governamentais brasileiras, sem dúvida alguma, visava a tomada do poder, definitivamente, pela esquerda.
                                                      Manoel Soriano Neto, em um texto publicado em 2013, comentava sobre a cartilha de Antônio Gramsci (Intelectual italiano e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano, em 1921, um dos primeiros a perceber que a implantação do comunismo nos países do Ocidente não deveria seguir o modelo russo, do uso da violência para conquistar ou tomar o Estado, mas, sim, ao contrário, primeiro conquistar o Estado e depois, então, aplicar a violência para finalizar o processo); cartilha esta  que, segundo o autor, estabelecia manobras simples, lentas e graduais, utilizando-se dos instrumentos legais e políticos da democracia para, de forma pacífica e sorrateira, minar e enfraquecer as principais trincheiras democráticas (que consistiriam no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, nas Forças Armadas, na Religião e na Família) e, fazendo uso da propaganda subliminar, do populismo e da demagogia, entorpecerem as consciências  e criarem a sociedade massificada, pronta para a luta pela implantação do comunismo. 
                                                   Foi isso que os governantes dos partidos de esquerda e grande parte de seus membros, liderados pelo Partido dos Trabalhadores, fizeram nas últimas décadas em que reinaram soberanos em nosso país, ademais de se apropriarem de forma ilegal de recursos públicos desviados para seus partidos e para as suas próprias contas particulares. Só não conseguiram finalizar seu intento de implantação do comunismo, em razão da descoberta do Mensalão e da operação Lava a Jato, por todos conhecida, que julgou e condenou diversos políticos e empresários, e do impeachment da ex presidente Dilma Roussef.
                                                Com a assunção ao poder de Jair Bolsonaro (que possui um programa de governo radicalmente oposto ao adotado até então pelos governos de esquerda), que pegou um país totalmente enfermo em suas instituições republicanas e em suas expressões do poder nacional (psicossocial, econômica, industrial e militar), cumpre desmontar todo este aparato implantado pela esquerda, utilizando-se de uma mescla entre aqueles velhos lemas da Medicina Homeopática e da Medicina Alopática, respectivamente: Similia Similibus Curantur (Os semelhantes curam-se pelos semelhantes) e Contraria Contrariis Curantur (Os contrários se curam). 
O nosso lema, proposto para curar um país enfermo como o Brasil, seria, portanto, uma mescla dos dois lemas anteriores e teria a seguinte definição: Contraria Similibus Curantur (Os contrários curam-se de forma semelhante).
                                           Assim, utilizando-se das mesmas técnicas, artifícios e artimanhas Gramscistas (descritas por Antônio Gramsci em sua obra Cadernos do Cárcere, escrita em 1926, na prisão); porém, aplicadas de forma contraria ao que ele propunha, creio que seria possível desmontar, no todo ou em sua maior parte, o aparelhamento das instituições e das expressões do poder nacional, promovido pelas esquerdas no Brasil.
                                                   Alguns leitores poderiam questionar: - Mas você propõe a aplicação, pelo novo governo, embora em sentido contrário, das mesmas regras consideradas malignas e imorais aplicadas pelos governos de esquerda, que objetivavam a destruição da democracia para a implantação do comunismo? 
                                                  Minha resposta a esta questão é a seguinte: 
                                                     Para o Brasil retornar ao regime democrático pleno, pois estava quase em vias de transformar-se em um regime Socialista Bolivariano como o da Venezuela, pela ação nefasta de políticos antipatriotas, alguns deles já condenados e presos, o povo brasileiro, em sua maioria, elegeu Jair Bolsonaro, político liberal, de direita, totalmente desvinculado dos grupos de poder tradicionais e filiado a um partido pequeno, com poucos integrantes. 
                                                         Como ele se negou a fazer acordos com partidos envolvidos em atos de corrupção e com partidos de esquerda, contará, sem dúvida, com poucos integrantes da administração pública para ajudá-lo a enfrentar o monumental problema brasileiro da atualidade. Depois de 4 mandatos o PT deixou, para Bolsonaro, aproximadamente 6,9 trilhões em dívidas da união, tendo esta, apenas, 1,2 trilhões de ativos para pagá-los.
                                                           Existe, portanto, um déficit de 5,7 trilhões e, mesmo privatizando tudo o que for possível, segundo os economistas alertam, ainda faltarão 2,5 trilhões. O país está, pois, verdadeiramente quebrado. Bolsonaro necessitará, assim, de todo o apoio possível para consertar o desastre causado pela irresponsabilidade criminosa das esquerdas. Para isto, terá que ser inflexível em suas decisões, que necessitarão, imperiosamente, de serem integralmente cumpridas pela administração pública.
                                                     Nosso país só vem se sustentado, até agora, através da venda de ativos estatais e de títulos públicos emitidos pelo governo para cobrir este monumental déficit. Necessitamos, urgentemente, de novos investimentos, de capitais externos e de crescimento da economia, para proporcionar emprego e renda a uma população com quatorze milhões de desempregados.
                                                      Se o Estado não for desaparelhado, de forma rápida, neutralizando-se a “resistência” dos denominados “Quinta colunas”, esquerdistas infiltrados na administração e em setores estratégicos, será impossível superar os obstáculos com que nosso país se defronta e cairemos, finalmente, na recessão, na desorganização geral e no retorno da esquerda ao poder.
                                                     Portanto, queridos leitores, trata-se, apenas, de propor novas medidas, adaptadas do manual de Gramsci, visando a sobrevivência do regime democrático e não à sua destruição, como Gramsci propunha em seu manual; ou seja, trata-se de usar medidas contrárias para, de forma semelhante, curar as mazelas deixadas pelos governos de esquerda, de modo a que jamais retornem ao poder com suas nefastas ideologias. 
                                               As medidas propostas por Gramsci chegam a causar asco, só de as ler; mas, elas, acreditem, foram aplicadas pela esquerda brasileira em seus quatro governos sucessivos. Caberá às novas autoridades, liberais de direita, decidirem se as aplicarão ou não, da forma contrária como aqui prevista; embora eu as considere absolutamente necessárias.
                                                     Essa será, ademais, a única maneira de aquilo que realmente é relevante voltar a sobressair-se, alcançando as manchetes de uma grande mídia revivida, passando a ser discutido no parlamento e julgado nas altas cortes; ou seja, os temas verdadeiramente importantes retornarem das cinzas, como Fenix, no triste cenário político brasileiro da atualidade.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
      Membro da Academia Brasileira de Defesa.

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