quarta-feira, 30 de outubro de 2019

316. Ignorância Estratégica e Ignorância Tática**


Jober Rocha*



                                   A socióloga e professora canadense Linsey McGoey, autora do livro The Unknowers: How Strategic Ignorance Rules the world (Os desconhecedores: como a ignorância estratégica rege o mundo), define a Ignorância Estratégica como a habilidade de explorar o desconhecimento das pessoas para ganhar mais poder. Concretamente, tratar-se-ia da forma como inúmeras pessoas, empresas, instituições e governos optam por ignorar informações para benefício próprio.
                                                   A autora menciona em sua obra como as indústrias farmacêuticas usam a suposta ignorância como estratégia para aprovar, junto às agências de vigilância governamentais, medicamentos novos lançados no mercado, sem informar, corretamente, ao público sobre os seus efeitos colaterais ou adversos.
                                                    Para tanto, as empresas, por vezes, ‘compram’ pareceres científicos que ressaltam determinados efeitos benéficos e que escondem determinados efeitos maléficos.
                                                  A autora aponta, também, como a suposta ignorância é explorada intencionalmente por diferentes grupos, para fins políticos, para decisões jurídicas, para a divulgação de notícias e de comentários na mídia e até na adoção das mais diversas teorias econômicas.
                                                      Reconhece a socióloga a existência de três tipos de ignorantes: o inocente, que não tem a menor ideia do que desconhece; o que percebe que não sabe tudo e que reconhece que o que não sabe é tão relevante quanto o que sabe; e o agnotologista (o agente de produção e de disseminação de informações elaboradas pela agnotologia, que consiste no estudo das formas de produção de ignorância), aquele que tenta fabricar e divulga incertezas de forma intencional, objetivando delas beneficiar a si mesmo, seu grupo, sua empresa e/ou seu partido político.
                                                   Os dois primeiros tipos mencionados pela escritora eu consideraria como portadores do que chamo de Ignorância Tática e o último como fabricante da ignorância estratégica, por ela mencionada.
                                              Em nosso país temos autoridades e elites pertencentes aos três distintos tipos.
                                                 Pelo fato do Brasil, nas últimas duas décadas de governos de esquerda, ter ocupado os últimos lugares no ranking internacional de Educação, de um modo geral, a formação de muitas de nossas elites e autoridades dos três poderes da república é deficiente e estes poderiam ser caracterizados como aquilo que alguns estudiosos denominam de ‘analfabetos funcionais’, estando, tais autoridades, portanto, inseridas nos dois primeiros grupos definidos pela autora. 
                                                 No terceiro grupo estariam inseridas as autoridades realmente inteligentes, aquelas de natureza maligna que dominam sem aparecer e que se escondem nas trevas, mediante as ignorâncias estratégicas, que, em benefício próprio e dos grupos a que pertencem, planejam e divulgam.
                                                  As autoridades possuidoras da ignorância tática seriam aquelas despreparadas para as funções que exercem, que chegaram aos cargos que ocupam por alguma sinecura ou nepotismo ou, então, por absoluta falta de alguém realmente competente para ocupar a função ou o cargo que vieram a ocupar. 
                                                     São, portanto, as autoridades que não sabem como devem proceder face a qualquer emergência ou situação crítica que se apresente; que tomam frequentemente decisões erradas que causam prejuízos ao erário público; que não percebem se constituir em simples joguetes nas mãos de outras autoridades mais espertas, fazendo tudo aquilo que elas determinam em virtude da submissão hierárquica ou funcional.
                                                  Embora causadoras de prejuízos ao país e à sua população, por suas ações ou omissões, tais autoridades não o fazem por maldade, mas, sim, por desconhecimento. Suas decisões e ações são lamentáveis, embora perdoáveis.
                                                  As autoridades que, realmente, são imperdoáveis seriam aquelas que produzem e divulgam a ignorância estratégica. Estas estão todas bem localizadas em seus cargos chaves nos três poderes da república; bem como na vida privada e empresarial. Conhecem a verdade dos fatos, mas as modificam, alteram, descaracterizam, tornam irreconhecíveis, dão-lhes novas faces. Visam seus interesses particulares de riqueza e de poder.
                                                     Como no caso dos laboratórios da indústria farmacêutica, mencionados pela escritora citada, valem-se de documentos, pareceres, estudos tendenciosos ou, até mesmo, encomendados e comprados, para justificar o casuísmo de decisões que tomam, simulando desconhecer ou ignorar aquilo que conhecem muito bem. São eles as eminências pardas, os verdadeiros maquinadores do mal, que desconhecem os anseios do povo e só pensam em seus interesses particulares e grupais.
                                              Só continuam a fazer, indefinidamente, aquilo que fazem, por que a nossa população, além de acomodada e preocupada em sobreviver às vicissitudes diárias, é pródiga em cidadãos comuns também ignorantes táticos. Como tal, quase sempre, estes não percebem a maldade e a vilania contidas em muitas das decisões, dos decretos, das leis, das sentenças, dos pareceres, das decisões, das portarias, feitas pelos ignorantes estratégicos. Da mesma forma, não percebem as mentiras propagadas pelos agnotologistas da grande mídia e inseridas neste mesmo contexto de desinformação planejada com objetivos ideológicos e políticos.
                                                  As redes sociais, no entanto, são os únicos instrumentos atualmente disponíveis com o poder de desnudar e de denunciar a ignorância, tanto a estratégica quanto a tática, provinda de nossas elites e autoridades. Muitos pensadores e estudiosos afirmam que o próprio sistema educacional, mormente quando a ideologia (notadamente a marxista) se encontra presente entre seus formuladores, dirigentes e professores, está, também, implicado na geração da ignorância estratégica planejada.
                                                       Nossos problemas, realmente, são enormes. Qualquer presidente bem intencionado, que busque promover o país; sua economia e o setor social, favorecendo o crescimento e eliminando as desigualdades; combater o crime e os desvios de dinheiro público; aprovar, pelo parlamento, as reformas que se fazem imprescindíveis e urgentes, terá contra si a multidão dos ignorantes táticos e estratégicos. 
                                                      Não é à toa que mesmo o mais corajoso guerreiro, que ousou desafiar todo um sistema cleptocrático implantado em décadas de má gestão, por vezes, chegue a desanimar da empreitada que tem pela frente. O que o mantém firme na busca pela superação dos obstáculos que se apresentam, estou certo, é o fato de considerar, em que pese qualquer vicissitude pela qual tenha passado, que o Brasil sempre estaria acima de tudo e que Deus sempre estaria acima de todos. 


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro da Academia Brasileira de Defesa e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos.
_**/ Texto publicado no site da Academia Brasileira de Defesa em 04.11.2019


domingo, 27 de outubro de 2019

315. Os Sonhos


 Jober Rocha*


                                 Desde o surgimento do homem na face do planeta, os sonhos têm desafiado a inteligência humana. Cientistas, filósofos e religiosos têm tentado estudar e entender o que seja o sonho e explicar qual a sua finalidade.
                                            Para a Ciência, seria uma experiência de imaginação do inconsciente durante o nosso período de sono. Para Freud, o pai da psicanálise, o sonho seria a busca pela realização de um desejo reprimido. No enredo de todo sonho haveria um sentido manifesto (que seria, apenas, uma fachada) e outro sentido latente (que seria o verdadeiro significado do sonho). Este último seria, para Freud, o único que teria importância para o sonhador. Para o psiquiatra Jung, o sonho seria uma ferramenta da psique, que buscaria o equilíbrio psíquico por meio da compensação, tentando trazer ao consciente matérias que eram mantidas no inconsciente e que, de certa forma, atormentavam o indivíduo.
                                                 Para muitos xamãs e pensadores religiosos, o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou, até mesmo, de uma expansão da consciência. Alguns imaginam atingir, em sonhos, o local onde vivem as divindades e delas receberem conselhos. A oniromancia consiste, pois, em uma, suposta, arte de fazer previsões do futuro pela interpretação dos sonhos. Ela sempre foi praticada por diversas civilizações, como a Maia, a Egípcia e a Grega, por exemplo. Os índios norte americanos também a utilizavam, bem como índios de outras partes do mundo. Algumas vezes, quando as previsões feitas pelos oniromantes, para prever o futuro de seus chefes, falhavam, suas cabeças decepadas podiam ser vistas fixadas em postes situados próximos das comunidades nas quais exerciam seus difíceis e arriscados ofícios.
                                                Para a Filosofia o fato de os indivíduos sonharem, quase sempre, sem que se apercebam de que sonham (ou tão logo acordem esqueçam o sonho que tiveram), levou alguns filósofos a questionar se não viveríamos em um estado de sonho constante, ao invés de em uma realidade acordada.
                                            Como eu nada entendo sobre assunto tão interessante, resolvi dar a minha interpretação particular para os sonhos, embora reconheça que muitos cientistas, filósofos e pensadores religiosos, bem mais capacitados do que eu, tenham opiniões totalmente divergentes. Na minha singela maneira de ver esta questão, entendo que nós, os seres humanos, somos matéria e espírito. Quando em vigília, o nosso espírito se utiliza da matéria para se expressar, se locomover e realizar tarefas. Quando dormindo, a matéria encontra-se totalmente em repouso e o nosso espírito, que a ela vive preso, pode, então, dela se desligar. 
                                                 O espírito só  consegue se desligar da matéria, nestas ocasiões, quando o corpo está totalmente repousado (na chamada fase REM do sono). Se o sono permanece, apenas, na fase não REM, o espírito fica no corpo e acordamos sem nenhuma sensação de haver sonhado. Na fase REM, quando o espírito pode se afastar do corpo, é quando nos lembramos, perfeitamente, do sonho que tivemos, que transcorreu no passado ou no presente. O espírito só pode ir ao presente ou ao passado, onde já esteve, mas nunca ao futuro, onde ainda não esteve; razão pela qual, ninguém sonha com o futuro, mas, apenas, com o presente e com o passado. 
                                            Vejam que em todos os sonhos temos a noção exata de que somos um personagem vivenciando uma situação e não um personagem contemplando uma situação que se desenrola sem a nossa participação. Nosso espírito, liberto da matéria que dorme e descansa, pode, assim, retornar às suas antigas vivencias em outras existências. 
                                              Caso se tratasse de uma mera recordação de informações armazenadas na memória do cérebro (ou guardadas no inconsciente, isto é, em algum lugar desconhecido do próprio cérebro), o sonho seria apenas contemplativo, mas não participativo como são todos os sonhos. Da mesma forma, poderíamos sonhar com o futuro, pois nossa memória guardaria imagens de filmes como Guerra nas estrelas, por exemplo. Isto, todavia, não ocorre. Jamais soube de alguém que tenha sonhado com cenas se passando no futuro e que pudesse descrever esse futuro. O que os oniromantes tentavam, às vezes com sucesso e por pura sorte, era prever o futuro de terceiros com base em sonhos destes transcorridos no presente ou no passado.
                                                  Percebo que no sonho somos o nosso próprio espírito vagando (pois, jamais, vemos o nosso corpo físico nos sonhos, nem mesmo partes dele), livre de quaisquer amarras materiais, retornando a experiências já vividas anteriormente e que nos marcaram, por alguma razão, de forma indelével. Em sonho percebemos detalhes de paisagens, edifícios, estruturas, ambientes, pessoas, etc., de uma forma muito nítida e real, para que seja uma simples recordação guardada na memória. Sonhando é como se estivéssemos ali, presente, contemplando o cenário, dele participando e com ele interagindo.
                                                  Algumas vezes sonhamos que estamos no passado convivendo com pessoas que conhecemos no presente. Isto se dá por que são outros espíritos que nos acompanham desde tempos imemoriais, encarnando sempre na mesma época. Reconhecemos os seus espíritos nesses passeios que fazemos a outras existências. Todavia, eles se apresentam em nossos sonhos com a imagem que possuem na existência atual.
                                          Também, sempre, sonhamos conosco como o personagem principal e não com alguém desempenhando este papel; o que poderia ocorrer, evidentemente, caso se tratasse, apenas, de recordações da nossa memória.
                                                      Se somos acordados durante um sonho deste tipo, por vezes, levamos algum tempo para nos darmos conta de onde estamos; isto é, até que o nosso espírito entenda que está de volta à matéria. Por vezes, nos sonhos, sentimos como se algo nos puxasse, do lugar onde estávamos, de volta à cama onde nosso corpo repousa.
                                                       Creio que a explicação para os sonhos é bem mais simples, portanto, do que aquela que nos fazem crer os cientistas, os filósofos e os religiosos.
                                               O leitor poderá argumentar que esta minha interpretação também é uma interpretação religiosa; posto que, se trataria de um fenômeno metafísico a envolver o espírito e, portanto, na esfera da doutrina espírita. Ocorre que a religião trata de fenômenos Metafísicos, mas a Metafísica não trata de fenômenos religiosos.
                                                       O fato de os seres humanos possuírem espírito e matéria é um fenômeno físico (conhecido) aliado a outro fenômeno metafísico (desconhecido), mas não um fenômeno religioso. A religião é uma construção humana, que tenta explicar fenômenos metafísicos mediante interpretações humanas e revelações, supostamente, divinas. Não nos esqueçamos de que por detrás das religiões existem, sempre, interesses humanos de poder, de riqueza e de dominação. 
                                                   Pelo fato de a vida espiritual, que ocorreria depois da vida material, se tratar de um fenômeno cujas causas e implicações são desconhecidas pela ciência da Física, passou ela a fazer parte da chamada Metafísica (que vai além da Física). A religião, na falta de uma explicação científica para o fenômeno, forneceu a sua própria explicação, dando a está um caráter místico. A verdadeira explicação do fenômeno, todavia, será, com certeza, mais cedo ou mais tarde, encontrada pelos cientistas Físicos. 
                                                 Inúmeras pessoas relatam experiências de quase morte – EQM. Nestas experiências elas, ao deixarem seus corpos físicos sob a forma espiritual, constatam a existência de vida após a morte (principalmente a delas, sob a forma espiritual) mas não relatam nenhuma estrutura religiosa comandando as ações naquela outra dimensão.
                                                     Por outro lado, nas regressões hipnóticas ou Terapias de Vidas Passadas, os pacientes hipnotizados voltam ao passado, em outras existências e com novas identidades, penetrando em ambientes onde interagem com pessoas e vivenciando situações aflitivas pelas quais já passaram e que lhes deixaram sequelas psíquicas. Ninguém faz regressão hipnótica para ir ao futuro, desconhecido.
                                                Eu mesmo já passei por ambas as situações mencionadas, de forma absolutamente consciente, e posso atestar que se tratam de experiências verdadeiras e não fruto da imaginação de quem as vivencia.
                                                 Assim, enquanto o corpo repousa, o espírito que nele existia vagueia por alguma outra existência pela qual tenha passado. Quando está próximo do corpo acordar o espírito retorna. Por isto, ao acordarmos, o sonho (ou passeio espiritual) ainda está bem vivo e nítido e nos lembramos perfeitamente dele. Com as nossas demais atividades e afazeres do dia, acabamos por esquecer daquela experiência noturna.
                                                     Alguns cientistas dizem que sempre sonhamos. Outros que sonhamos, apenas, quando atingimos a fase REM ou Rapid Eye Movement (movimento rápido dos olhos). De uma maneira geral o sono não REM ocorre na primeira parte da noite. Nesta parte, pelo fato do corpo não se encontrar, ainda, totalmente relaxado, o espírito talvez esteja impossibilitado de se ver livre da matéria e, assim, permaneça ainda junto ao corpo. Por isso nesta fase não sonhamos (ou efetuamos o passeio espiritual mencionado). O sono REM, no entanto, costuma ocorrer na segunda parte, quando o corpo já está totalmente relaxado. Nesta hora é que o espírito pode, então, deixar o corpo para o seu passeio por outra existência e é quando ocorre o chamado sonho do qual nos lembramos ao acordar. 
                                                      Segundo a ciência da Medicina, várias funções são atribuídas ao sono. Uma das hipóteses é a de que o sono se destina à recuperação pelo organismo físico de um possível débito energético estabelecido durante a vigília. Além desta, outras funções são atribuídas, especialmente ao sono REM: manutenção do equilíbrio geral do organismo, das substâncias químicas no cérebro que regulam o ciclo vigília-sono, consolidação da memória e regulação da temperatura corporal.
                                                  Vejam, portanto, que o sono visa, apenas, a manutenção corporal. O espírito não necessita dele, pois não se desgasta nem consome, não necessitando de repouso nem de alimento. Assim, aproveita, então, algumas vezes, a oportunidade em que o corpo físico dorme para retornar a outras existências e vivenciar experiências já vividas, que, de alguma forma, ficaram indelevelmente marcadas. 
                                                   O leitor mais perspicaz poderá perguntar: - Por que não sonhamos, então, com a hora da nossa morte em outra existência?  
                                                     A pergunta é instigante, mas posso supor que antes de chegarmos a este ponto o nosso corpo físico acorde e o espírito tenha que retornar de onde estava sem vivenciar a hora da morte de seu corpo anterior ou, ainda, que não nos seja permitido, como espíritos encarnados que somos, recordar este momento em nossos sonhos. Ademais, recordaríamos, apenas, a morte de um corpo físico; posto que, como espíritos, somos eternos. Não cabe, pois, como espíritos que somos, querer vivenciar a hora da morte de um corpo anterior que tenhamos tido, pois o nosso espírito jamais morreu. Simplesmente, deixou para trás um corpo que o abrigava.
                                                 Por outro lado, lembrem-se dos chamados pesadelos, quando, por vezes, acordamos gritando e desesperados por vivenciarmos, em sonhos, cenas terríveis, violentas ou opressivas. As explicações usuais para os pesadelos não me convencem. Estes pesadelos representam, na realidade, segundo penso, a vivência espiritual de experiências traumáticas ocorridas em vidas passadas, que se manifestam em um estado de agitação do corpo físico em repouso, que acorda gritando quando o espírito emocionado a ele retorna.
                                                Assim, meus caros leitores, à guisa de um experimento, procurem lembrar-se, logo ao acordar, dos próximos sonhos que tiverem e tentem descrevê-los nas folhas de um caderno. Tentem lembrar-se do local, da época e do assunto do sonho. Façam isso toda vez que sonharem. Procurem, depois de algum tempo, ver se existe alguma conexão entre os locais dos sonhos, as épocas e os assuntos. Faça um esforço consciente, durante o sonho, para tentar saber a época em que ele se passa, mediante a contemplação da arquitetura de prédios, das construções, das roupas de pessoas que encontrar, dos ambientes, dos veículos, etc. Os sonhos que, até então, eu tive, foram todos coloridos, com as cores reais existentes na Natureza. Mais uma razão para crer em suas realidades.
                                                      Talvez você, caro leitor, se surpreenda com alguns sonhos recorrentes; isto é, aqueles que se repetem com frequência. Isto, todavia, foge do escopo desta minha análise e já seria matéria para ser pesquisada por um profissional da área de Saúde.
                                                 Como costumava dizer o filósofo Voltaire, “detenho-me quando o meu archote se apaga”!


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

314. Afinal, qual é a saída?


Jober Rocha*


                          É um fato inegável que todos os países possuem suas próprias histórias genealógicas, que sempre diferem entre si em razão das idiossincrasias dos seus povos, elites e governantes; ademais da vigência de distintas condições culturais, ideológicas, geopolíticas, estratégicas, meio-ambientais e de recursos naturais. As mesmas diretrizes políticas e econômicas aplicadas a países diferentes, levam, na maioria das vezes, a resultados dispares, notadamente quando se acrescentam, a tudo isto já mencionado, a ambição e a venalidade de autoridades dos três poderes da república e de seus partidos políticos.
                                          As chamadas ‘receitas de bolo’, indicadas pelo Fundo Monetário Internacional – FMI para países do Terceiro Mundo que perderam o rumo por razões diversas, quase sempre resultam infrutíferas depois de terem sido aplicadas pelas autoridades governamentais destes países e acabam por queimar o bolo; levando o povo faminto e descontente a protestar nas ruas. Isto se deve, creio eu, a estas idiossincrasias já mencionadas, que se aliam, ademais, a receitas mal formuladas e mal explicadas, que se destinam a ser postas em prática por cozinheiros aprendizes ou iniciantes. Os governantes, como sempre, querem ser os primeiros a provar do bolo e a requisitar para si a maior fatia, mesmo que saia do forno pequeno, queimado e sem gosto.
                                       Como a receita, certamente, terá sido pródiga no fermento, no sal e no açúcar, o bolo, com toda a certeza crescerá pouco e ficará insosso, sendo insuficiente para atender aos reclamos da população faminta e, até mesmo, aqueles poucos privilegiados que dele puderem provar, evidentemente não gostarão do seu sabor.
                                         Fiz este prólogo para poder comentar as situações atuais do Chile e do Brasil, vistas sob óticas distintas. O Chile possuiu nos últimos anos um governo de direita (com uma passagem, de 2014 a 2018, de Michele Bachelet, presidenta de esquerda) e o Brasil possuiu governos de esquerda desde o ano de 2002 até 2018. Hoje o governo brasileiro é de direita, mas encontra-se praticamente bloqueado em suas ações por militantes e ativistas da esquerda, oriundos dos governos anteriores, aparelhados ainda nos três poderes da república.
                         Consultando uma Matéria divulgada no endereço https://jornalggn.com.br/america-latina/noticias-do-chile-por-otavio-rojas/, de autoria do sociólogo Otavio Rojas, sob o título Notícias do Chile, encontrei um resumo, sob o ponto de vista do autor, dos motivos que levaram o povo chileno às ruas, em protesto violento contra o atual governo do presidente Miguel Juan Sebastián Piñera Echenique, economista, empresário e político chileno de direita, empossado em 2018. Anteriormente ele havia sido presidente do Chile de 2010 até 2014 e membro do partido de centro-direita Renovación Nacional, pelo qual foi eleito presidente naquela ocasião; mas, que, posteriormente, abandonou.
                                              Segundo a opinião do autor da matéria: ‘O país que era o exemplo sul-americano de estabilidade e modernidade explodiu’. Ainda segundo ele, ‘o Chile foi um dos berços ou laboratórios do que se conhece como neoliberalismo. Aqui, desde a ditadura de Pinochet, todo o plano econômico dos neoliberais da Escola de Chicago foi implementado desde fins da década de 1970. A maioria dos serviços públicos foi privatizada. As universidades públicas são todas pagas’.
                                               Continua o autor, afirmando:  ‘A saúde pública também é paga. Não existe um SUS. Os hospitais públicos são caóticos, todos os anos morrem milhares de pessoas nas filas de espera. Quem tem dinheiro para pagar um plano de saúde privado acaba comprometendo grande parte de sua renda nisso, já que os planos não cobrem todos os gastos de atendimento hospitalário, internações, cirurgias, etc’.
                                               Segue, ainda, o autor relatando: ‘Uma das heranças mais nefastas da ditadura é o sistema de aposentadorias. Todo o sistema é privado. A aposentadoria dos trabalhadores é administrada pelas AFPs, Administradoras dos Fundos de Pensão. São empresas privadas que utilizam a enorme quantidade de recursos que é descontada todos os meses dos salários dos trabalhadores para lucrar. O dinheiro das aposentadorias é utilizado para financiar os negócios dos próprios empresários, comprar ações de empresas, etc’.
                                               A gota d’água, segundo o autor, que fez transbordar a insatisfação popular, deu-se quando o governo decidiu aumentar o preço da passagem do metro. Segundo ele, ‘um trabalhador ou uma trabalhadora que toma dois metrôs por dia pode chegar a gastar em um mês, 1/6 do salário mínimo’.
                                                  Por tudo isto comentado pelo autor, o povo chileno teria incendiado ônibus, saqueado o comércio, colocado fogo em trens e em estações do metrô, etc.  A intervenção das Forças Armadas, segundo ele, jogou, ainda, mais lenha na fogueira: ‘Aqui há uma enorme raiva de amplos setores sociais contra as Forças Armadas pelo papel que tiveram na ditadura’ – declarou o autor em seu texto.
                                              Ao que parece, segundo se deduz da matéria publicada, o povo chileno teria motivos de sobra para demonstrar a sua insatisfação com um presidente de direita, praticamente no poder desde 2010 (com um intervalo entre 2014 a 2018, quando assumiu a presidência Michele Bachelet), quase o mesmo ano em que Dilma Roussef, presidenta de esquerda, assumia o poder no Brasil (2011 a 2014), sucedendo ao seu padrinho Luiz Inácio Lula da Silva, também de esquerda. 
                                                 Voltando, agora, ao caso brasileiro, encontrei um texto em que a jornalista Ruth Costas, em maio de 2016, no endereço https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/05/160505_legado_pt_ru  analisou os 13 últimos anos do PT, um partido de esquerda no poder desde o ano de 2002, mediante alguns indicadores internacionais e entrevistas com alguns analistas econômicos.
                                                  ‘No caso do PIB, o que comprometeu o resultado dos anos do PT no poder foi de fato a gestão Dilma e em especial seu segundo mandato, ademais do excesso de intervencionismo estatal e da falta de reformas estruturais que possibilitariam melhorar o ambiente para negócios, no país’ -  dizia, na ocasião, Alessandra Ribeiro, economista da Consultoria Tendências.
                                                  De fato, o período correspondente ao segundo mandato de Dilma Rousseff também foi marcado por uma grave crise econômica com a maior queda do PIB brasileiro, desde 1930, e o PIB per capita encolhendo mais de 9% entre 2014 e 2016.
                                                João Augusto de Castro Neves, diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group, por sua vez, afirmava naquela oportunidade: - ‘Na economia, a Dilma pegou um avião em piloto automático e em um céu de brigadeiro. Quando veio a tempestade, ficou claro que não sabia pilotar’. Para Neves, segundo a matéria citada, ‘os erros que derrubaram o PIB nos últimos anos - culminando em uma das mais graves recessões da história do país - começaram no segundo mandato de Lula’.
                                                Entre 2010 e 2014, o Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking mundial de competitividade, caindo do 38º lugar para o 54º entre as sessenta economias analisadas pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral. Teve nova queda em 2015, da 54ª para a 56ª posição, em um grupo de 61 países analisados.
                                              Em 2014, foi contabilizado um déficit (importações maiores do que exportações) de US$ 3,93 bilhões, o primeiro desde 2000.
                                             A conta de transações correntes do Brasil, um dos principais indicadores da situação da economia brasileira (valor onde se somam os resultados da balança comercial e de outras operações não relacionadas que impliquem entrada ou saída de capitais - serviços e rendas), em 2014 acusou um déficit de US$ 90,9 bilhões (depois revisado para US$ 103,98 bilhões).
                                                  Entre 2011 e 2013, o Brasil teve um crescimento econômico médio de 2%, o menor entre as principais economias emergentes. Nas estimativas do FMI, o PIB mundial cresceu a uma média de 3,3% nestes três anos.
                                                 Em abril de 2015, a indústria brasileira registrava queda pelo 3º mês consecutivo e, em 12 meses, a baixa foi de 4,8%, o pior resultado desde dezembro de 2009 (pior nível em 6 anos), quando a taxa foi de 7,1%. 
                                                  Dezenove das 24 atividades pesquisadas pelo IBGE apontaram redução na produção. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a confiança da indústria atingiu, em 2015, o menor nível da série histórica mensal da entidade, iniciada em outubro de 2005. Considerando a série anterior, trimestral, o resultado foi o pior desde outubro de 1998.
                                               Em 2014, O Brasil foi classificado na 38ª (antepenúltima) posição de um total de 40 países e territórios avaliados pelo ranking internacional de educação.
                                            Em 2015, o ranking mundial de educação, divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apontou o Brasil na 60ª posição mundial em educação, entre 76 países pesquisados. Esta posição coloca o país em um patamar próximo ao das nações africanas.
                                                O Índice Global da Paz põe o Brasil em 116º lugar entre 163 nações e aponta a polarização política e os crimes relacionados às drogas como fatores que influenciaram a piora. O Brasil caiu dez posições no ranking de países mais pacíficos do mundo, amargando o 116° lugar entre 163 nações, segundo apontou o Índice Global da Paz (IGP). Um relatório divulgado pela ONG Save The Children coloca o Brasil entre os 50 piores países do mundo para se nascer mulher.
                                            Em 2018, o Brasil piorou e caiu 9 posições no ranking elaborado pela organização Transparência Internacional que avalia a percepção da corrupção no setor público em 180 países. A pontuação brasileira recuou para 35 e o país passou a ocupar 105º lugar no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), o que representa o pior resultado desde 2012.                          
                                             Em abril de 2016, a Câmara dos Deputados, com 367 votos favoráveis, 137 contrários, além de 7 abstenções e 2 ausentes, autorizou o Senado Federal a instaurar processo de impeachment contra a presidenta Dilma, por razões de todos conhecidas. Em agosto do mesmo ano, o Senado Federal, por 61 votos a 20, cassou o mandato de Dilma como presidente, mas, manteve o direito dela de ocupar cargos públicos.
                                                Assumiu em seu lugar o vice, Michel Temer, que governou de 2016 até 2018; governo considerado ruim ou péssimo para 74% da população, bom ou ótimo para somente 5%. Seu governo chegou ao fim como o mais impopular desde a redemocratização em 1985.
                                                Em 2019, Jair Bolsonaro assumiu o governo federal, eleito por 55,13% dos votos válidos. Seu governo, de natureza liberal e de direita, passou a contar com o Ministro Paulo Guedes, formado em Chicago e adepto da linha de pensamento econômico conhecida como Neoliberalismo, adotada no Chile desde os anos 1970. A partir de então, os esquemas de poder da esquerda, ainda vigentes, começaram a ser desmontados pelo novo governo, não sem virulenta reação da parte dela. O foro de São Paulo foi proibido de operar no país e a grande mídia viu cortada as verbas públicas que recebia em troca de apoio ao governo. O mesmo ocorreu com o meio artístico, que vivia quase que exclusivamente de dinheiro público, oferecido em troca de apoio e de defesa dos governantes e dos partidos de esquerda. 
                                                     Recentemente, em virtude de vários governos do continente, além do Brasil, terem se livrado da influência do Foro de São Paulo, da Unasul e da Ursal, bem como elegido presidentes de direita, contando, ademais, com o apoio político dos Estados Unidos da América do Norte, a esquerda tentou uma última cartada, ao buscar colocar fogo no continente, esperando, com isto, a eclosão de revoltas populares e a retomada do poder por governos de tendência marxista. No endereço a seguir o leitor poderá encontrar uma http://www.defesanet.com.br/ghbr/noticia/34608/Grupo-de-Puebla--Nova-estrutura-substitui-o-Foro-de-Sao-Paulo-para-a-retomada-do-Poder/ , explicação para o fato de, em muitos países do continente sul americano, terem eclodido, em uma mesma época, diversos movimentos populares de caráter violento, com ações terroristas de incêndios, vandalismo, saques, etc. em empresas públicas e privadas; como também atentados contra a vida de policiais, agentes de segurança e militares. 
                                                Conforme matéria contida no site mencionado, o chamado Grupo de Puebla consiste em uma nova organização da esquerda que substituiu o Foro de São Paulo e foi montado para coordenar uma Guerra Híbrida Continental, cujos efeitos já se fazem sentir no Chile, no Peru, na Nicarágua, no Equador e em El Salvador.
                                                      Após a perda do poder do Foro de São Paulo, na maioria dos países onde atuava, e sem as suas fontes de financiamento, que provinham do Chavismo com os petrodólares da Venezuela e do sistema de corrupção montado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, a esquerda trabalhou para a criação de uma nova estrutura.
                                                 Este novo grupo se trata uma organização que está adaptada para agir em todos os campos de atuação: publicamente, nas sombras e em especial na mídia. Os recentes “conflitos sociais” no Equador e no Chile, segundo a matéria, já mostram o perfil traçado para a organização.
                                      De acordo com o site DefesaNet, ‘analistas internacionais têm alertado que a Rússia não planeja abandonar e menos ainda mudar o status em relação com o Venezuela.  Portanto “o Grupo de Puebla” será uma engrenagem na máquina de desinformação (Fake News) do Kremlin na região.  Ao mesmo tempo introduziria na região a GUERRA HÍBRIDA’. O presidente chileno já se deu conta da ação do Grupo de Puebla, ao constatar o recrudescimento da violência no país, que já contabiliza 11 mortos, tendo declarado que o país está em guerra contra um inimigo externo e interno poderoso. 
                                             Segundo o presidente chileno: “Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém, que está disposto a usar a violência e a delinquência sem nenhum limite, inclusive quando significa perda de vidas humanas”. 
                                        Ademais do Chile, outros países do Continente sul americano apresentam indicadores sociais que mostram deterioração da qualidade de vida das suas populações mais pobres e desaceleração do crescimento; alguns deles passam por revoltas e movimentos populares, como o Chile, Peru, Equador, Venezuela, etc. Outros apresentam populações descontentes com o ritmo da Economia e da Política, como o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a Bolívia e o Paraguai, por exemplo, onde manifestações, revoltas e convulsões sociais podem ser desencadeadas a qualquer momento.
                                              O ministro Luís Roberto Barroso, em pronunciamento feito no Supremo Tribunal Federal, que pode ser encontrado no YouTube no endereço fornecido a continuação e denominado ‘O Mecanísmo’    https://www.youtube.com/watch?time_continue=100&v=oIAZUq3fkJs   , mencionou que após o episódio do mensalão   (nome dado ao escândalo de corrupção política mediante a compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional do Brasil, que ocorreu, entre 2005 e 2006, no governo Lula), a corrupção continuou no país durante os governos Dilma e Temer. Os inquéritos subsequentes tomaram nomes diversos, culminando com a Operação Lava a Jato, que apurou desvios de dinheiro público considerados como os maiores da história mundial, em matéria de grandeza dos montantes roubados. Só na operação Greenfield, segundo o ministro, foram apurados desvios dos Fundos de Pensão Funcef, Petros, Previ e Postalis, da ordem de oito bilhões de reais. Só na Petrobrás os desvios foram da ordem de cem bilhões de dólares.
                                             Desta forma, os mesmos argumentos econômicos e sociais utilizados para tentar explicar o descontentamento popular no Chile (esquecendo-se por um momento de que é um país cuja economia é, tradicionalmente, neoliberal e olvidando-se da ação terrorista dos grupos externos mencionados pelo presidente chileno), também serviriam para explicar o descontentamento dos brasileiros com a política econômica e social dos governos de esquerda, que até agora comandavam o país.
                                              A começar que enquanto a passagem no Chile representa 1/6 do salário mínimo mensal de um trabalhador, aqui no Brasil ela representa a metade do salário mínimo; isto é, 1/2. Também tínhamos motivos para reclamar dos governos de esquerda, como os chilenos reclamavam dos governos de direita.
                                                O sistema de previdência de lá, totalmente privado, é gerido pelas administradoras de fundos de pensão, que só dão lucros para os donos e prejuízos para os que se aposentam. Os chilenos querem a volta do sistema público de aposentadorias. Aqui no Brasil, o sistema de previdência é público e deficitário, em razão dos desvios de recursos feitos pelos governos que se sucedem. A previdência privada, que também existe, a cargo de fundos de pensão de empresas estatais, sofreu desvios de recursos, mencionados pelo ministro Barroso do STF, que motivaram a operação Greenfield. Esta operação judicial constatou desvios da ordem de oito bilhões de reais, nos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e Postalis. O rombo nos fundos de pensão está sendo pago pelos contribuintes ativos e inativos. Também tínhamos motivos para reclamar dos governos de esquerda, como os chilenos reclamavam dos governos de direita.
                                              No Chile, sob governos de direita, neoliberais, os operários trabalhavam 45 horas semanais e no Brasil, sob governos de esquerda, trabalhavam 44 horas semanais, quase o mesmo que os chilenos. Também tínhamos motivos para reclamar dos governos de esquerda, como os chilenos reclamavam do governo de direita.
                                              No Chile, sob governos de direita, as famílias estavam endividadas. No Brasil, sob governos de esquerda, as famílias estavam endividadas. Ana Conceição, no site https://valor.globo.com/brasil/noticia/2019/08/05/endividamento-das-familias-e-o-maior-em-3-anos.ghtml  informa que: ‘A taxa de endividamento em relação à renda acumulada em 12 meses em maio - dado mais recente - subiu para 44,04%, maior nível desde abril de 2016, quando foi de 44,2%. Ao mesmo tempo, pesquisa da Confederação nacional do Comércio mostra aumento no número de famílias que se declaram endividadas. Elas eram 64,1% do total em julho deste ano, maior percentual desde maio de 2013 (64,3%)’.
                                                No Chile, sob governos de direita os salários eram baixos. No Brasil, sob governos de esquerda os salários eram baixos. O salário mínimo bruto, anual, no Chile, era de U$ 4.060,00. No Brasil, o salário mínimo bruto, anual, era de U$ 3.805,00. Mais do que os chilenos, nós tínhamos motivos para reclamar dos salários recebidos nos governos de esquerda.
                                                     Os hospitais públicos eram caóticos no Chile e milhares de pessoas morriam nas filas dos hospitais. No Brasil, a maioria dos hospitais públicos é caótico e milhares de pessoas morriam nas filas dos hospitais. Os planos de saúde no Chile são caros e comprometem grande parte da renda. Os planos de saúde são caros no Brasil e também comprometem grande parte da renda. Chilenos e brasileiros, embora sob governos ideologicamente distintos, não ficavam nada a dever uns aos outros, quanto a estes aspectos
                                                  No Chile, as coberturas dos planos também são universais e não existe sobreposição de sistemas. O usuário escolhe se quer ser atendido pelo sistema público ou privado. Se escolher o público, não poderá usar o privado e vice-versa. Lá existe um seguro do Estado, gerido por operadoras de planos de saúde, que cobre a totalidade ou quase toda a população. O financiamento é feito por impostos ou contribuições de empregadores e empregados. Nesse modelo, a pessoa tem acesso a uma cobertura mínima, mas pode adquirir coberturas adicionais ou melhorias do padrão do plano. No Brasil, dada a baixa qualidade dos serviços públicos hospitalares, quem pode procura ter um plano de saúde privado. 
                                                    No Brasil, os dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) confirmam que houve uma queda de cerca de três milhões de usuários dos planos de saúde. Aliás, a absoluta maioria de segmentos empresariais foi, e ainda está sendo afetada, pela profunda crise econômica que assolou o Brasil nos últimos governos de esquerda. Porém, as operadoras conseguiram compensar sua perda cobrando mais, via reajustamento de mensalidades, cobrindo as despesas assistenciais e mantendo seus lucros inalterados.
                                                   As Universidades são privadas no Chile. Algumas públicas custam mais do que as privadas. No Brasil, muitas universidades são privadas e poucas são públicas. Nestas públicas prevalece, de modo geral, a ideologia marxista. Estudantes que estudam de graça e professores que recebem altos salários para ensinar, pagos com recursos de impostos, passaram a ser ativistas políticos e/ou militantes partidários em tempo integral.
                                                 Como parece estar evidenciado, as situações econômicas e sociais vigentes na atualidade, em ambos os países, mais ou menos, se equivalem; muito embora cada um possua recursos naturais e humanos distintos, bem como governos, infraestrutura, população, costumes, cultura, etc., diferentes. 
                                                    Após todas estas considerações, os leitores poderiam questionar: - E a saída, afinal? Qual é a saída?
                                             Creio que a saída, para qualquer país, depende menos da ideologia ou do modelo econômico adotado e mais da disponibilidade de recursos naturais e humanos, além da honestidade, da austeridade e do comprometimento dos seus governantes e homens públicos com os destinos do país. Autoridades e elites corruptas, cleptocratas, que só pensam em si e nos grupos aos quais pertencem, jamais proporcionarão aos seus países progresso e desenvolvimento sustentável e a seus povos uma vida digna, com ascensão social e bem-estar crescente. Eles sempre se apropriarão, indevidamente e de forma privada, do fruto do trabalho de todos.
                                                 Em qualquer país, seja qual for a forma de governo e o sistema econômico adotado, se as autoridades forem venais e corruptas, o povo sempre passará necessidades e estará descontente por seus reclamos não serem atendidos.
                                                 Assim, as manifestações populares feitas nas ruas, pelas populações insatisfeitas com a administração pública, deveriam ser mais no sentido de exigir governantes honestos nos três poderes da república, exigir leis severas e penas duras para servidores públicos corruptos, para juízes que vendem sentenças e para parlamentares que negociam seus mandatos servindo aqueles que lhes pagam mais. Nada adiantara a população reivindicar, nas ruas, aumentos salariais, redução em preços de passagens, aumento nas aposentadorias, melhorias nos hospitais e nos transportes, quando as autoridades constituídas são corruptas e mal intencionadas. Poderá haver alguma mudança momentânea, mas, logo, tudo voltara a ser como era antes.
                                                     Felizmente, o Brasil possui hoje um presidente honesto e bem intencionado, que soube escolher seus ministros sem interferências partidárias. O mesmo não se pode dizer de muitas das autoridades que compõem o legislativo e o judiciário (inúmeras delas alvo de denúncias divulgadas através da grande mídia e das redes sociais), que se valem do chamado foro privilegiado para se manter impunes.
                                                       Não creio que por aqui o Grupo de Puebla consiga mobilizar a esquerda e infiltrar agentes para fazer o que fizeram no Chile. Aqui, ao contrário de lá, o povo clama por uma intervenção que traga de volta os militares ao poder, como já ocorreu no passado. Com o advento das redes sociais, a grande mídia já não consegue mais iludir e enganar o povo brasileiro, como fazia no passado.
                                                     Esperemos que os ventos que ventam lá não ventem cá; mas, se ventarem, certamente será para o povo, unido as Forças Armadas, eliminar, definitivamente, a influência nefasta da esquerda marxista e dos servidores corruptos, que tantos prejuízos têm causado à nação brasileira e tanto atraso proporcionado ao nosso desenvolvimento econômico e social.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid.
     Membro da Academia Brasileira de Defesa e do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos.

terça-feira, 22 de outubro de 2019

313. Lugar de barata é na fossa**


Jober Rocha*



                                 Segundo a imprensa um caminhoneiro do município de Enéas Marques, no Paraná, explodiu o quintal da sua casa, ao tentar matar baratas em uma fossa, com gasolina e fogo. O fato foi registrado pelas câmeras da casa em 18.10.19.
                                         Não é preciso ser um entomologista, para saber que insetos buscam cantos escuros e úmidos para viver escondidos durante a maior parte das suas vidas. Dentre estes locais, um dos mais preferidos pelas baratas é a fossa, por ser isolada, pouco ou nunca visitada pelos seres humanos e por conter alimentos que podem ser extraídos dos dejetos humanos.
                                                    O mesmo se passa com os marginais, sejam eles de colarinho branco, de colarinho sujo, sem colarinho ou, até mesmo, descamisados. Todos eles necessitam ter suas atividades escondidas dos olhos dos demais seres humanos, para sobreviver. Como suas atividades estão sempre à margem das leis, como as da barata estão à margem da rapidez da vista humana, eles buscam as sombras, o anonimato e a dissimulação, para perpetrarem suas ações criminosas.
                                                 Baratas e marginais existem em todos os lugares do planeta. Os países mais desenvolvidos aprenderam a conviver com eles, mantendo-os sob controle. Relativamente às baratas, desenvolveram inseticidas potentes, criaram empresas especializadas na aplicação de inseticidas e leis que obrigam todos os imóveis e meios de transporte públicos a, periodicamente, serem desinfetados. Com respeito aos segundos, punindo com rigor o crime, seja ele qual for e quem quer que o tenha cometido.
                                         A complacência e a tolerância com baratas e com criminosos, só traz prejuízos para os indivíduos e para a coletividade. É certo que, tanto uma quanto o outo, temem a presença do cidadão atento, vigilante e de ação rápida. Como jamais acabaremos com eles, ao menos que os mantenhamos confinados nas fossas.


_*/ Economista e doutor em Economia.
_**/ Texto publicado no Jornal O Vale Gazeta. S. José dos Campos, SP. 30.10.2019

domingo, 20 de outubro de 2019

312. Pegando o touro à unha


Jober Rocha*



                                    Carlos Alberto Ferreira Braga, conhecido como Braguinha, foi um arquiteto e compositor brasileiro nascido em 1907 e falecido em 2006. Por pressão paterna adotou o pseudônimo de João de Barro, em razão de ser este um pássaro que constrói a sua própria casa de barro e, portanto, também é arquiteto. Seu pai não gostava de ver o nome da família envolvido no ambiente da música popular, malvisto na época, e exigiu que adotasse um nome artístico.
                                                 Braga fez uma marchinha para o carnaval de 1937, cantada por Almirante, chamada Touradas em Madri. A marcha foi um sucesso e teve inspiração na Guerra Civil Espanhola, que, iniciada em 1936 se estendeu até 1939. Duas das estrofes da marchinha diziam:

“Eu conheci uma espanhola
Natural da Catalunha;
Queria que eu tocasse castanhola
E pegasse o touro à unha”.
.........................

“Caramba! Caracoles!
Sou do samba
Não me amoles,
Pro Brasil eu vou fugir!
Isso é conversa mole
Para boi dormir,
Paratibum, bum, bum!

                                            Na Região (ou comunidade autônoma) da Catalunha, na Espanha, localizam-se quatro principais cidades (ou províncias): Girona, Lérida, Barcelona e Tarragona. Antes de ser unificada pelos reinos de Aragão e Castela, a Espanha era um conjunto de reinos governados de forma independente. Em decorrência deste fato, as regiões espanholas de Andaluzia, País Basco, Galícia e Catalunha possuem, ainda hoje, um dialeto próprio e um forte desejo separatista.
                                          A Suprema Corte da Espanha, recentemente, condenou nove líderes separatistas de um movimento pela Independência da Catalunha, por sedição visando a tentativa frustrada de independência, a penas que variaram de 9 a 13 anos de prisão. 
                                          Outras lideranças do referido movimento convocaram meio milhão de manifestantes para saírem às ruas e diversos protestos estouraram, desde então, em Barcelona e nas demais cidades mencionadas, já contabilizando uma semana de confrontos nas antigas ruas medievais, com barricadas levantadas pelos insurgentes, bombas de gás lacrimogênio sendo lançadas pela polícia, pedras sendo atiradas pelos manifestantes, veículos sendo queimados, pessoas feridas, lojas comerciais saqueadas e cerca de cem pessoas detidas. Os catalães, como na canção de Braguinha, resolveram, finalmente, ‘pegar o touro à unha’.
                                               Há cerca de 11.000 quilômetros de distância de Barcelona, em Hong Kong, uma ex-colônia britânica por 150 anos, mas que faz parte da China desde 1997 (mediante um acordo entre a Inglaterra e a China para o estabelecimento de um país com dois sistemas - capitalismo e comunismo - ; ou seja, este status possibilitaria a ex colônia britânica, com cerca de 7,4 milhões de habitantes, uma certa autonomia com relação a China continental), a população em peso foi às ruas contra o um projeto de lei polêmico, que permitiria extradições de cidadãos de Hong Kong para a China continental. O referido projeto teria por objetivo estabelecer um maior controle da China sobre Hong Kong.
                                              O movimento, depois de vários dias de manifestações populares nas ruas, passou a reivindicar, agora, além da retirada do projeto de lei, a autonomia plena com relação a China. Os cidadãos de Hong Kong, por fim, também, resolveram ‘pegar o touro à unha’. 
                                            Enquanto isso, há uma distância de 18.419 quilômetros de Hong Kong, atravessando-se por sobre o Oceano Pacífico, no Chile,  um protesto que inicialmente era sobre o reajuste no preço da passagem do metrô, logo derivou para reclamação contra o modelo econômico do país (onde o acesso à saúde e à educação é praticamente privado), contra a desigualdade social, contra os baixos valores das aposentadorias e contra a alta dos serviços básicos, entre outras críticas relativas a administração do presidente Sebastian Piñera, levou o governo a decretar o “Estado de Emergência”, em razão das manifestações violentas  ocorridas em vários bairros da capital, e ordenado a presença de militares nas ruas. Os chilenos, afinal, também, resolveram ‘pegar o touro à unha’.
                                         Há quase 3.000 quilômetros do Chile, no Peru, a dissolução do Congresso, anunciada recentemente pelo presidente Martín Vizcarra, foi recebida com manifestações de apoio em várias cidades do país. 
                                                   Na cidade andina de Arequipa, localizada há 1.030 quilômetros ao sul de Lima, diversos grupos políticos, agricultores e moradores locais caminharam pelo centro da cidade, para celebrar o fechamento do congresso peruano, carregando cartazes onde afirmavam que o Legislativo não os representava. 
                                       - Fecharam o Congresso, triunfo popular! - Gritavam os manifestantes nas ruas em Chimbote, ao norte de Lima, agitando várias bandeiras peruanas, segundo relataram os correspondentes internacionais.
                                          A decisão do presidente Vizcarra foi tomada após o Congresso o desafiar, elegendo um novo membro do Tribunal Constitucional sem discutir a moção de confiança apresentada pelo governo para tentar impedir o processo; bem como, em virtude de, pouco depois, uma votação do Parlamento ter suspendido o seu mandato pelo prazo de um ano e de ter empossado a vice-presidente Mercedes Araoz em seu lugar.
                                           O presidente Vizcarra afirmou que o fechamento do Parlamento estava dentro das faculdades permitidas na Constituição do país e que, com seu ato, buscava dar um fim a esta etapa de travamento político do executivo pelo parlamento, que impedia que o país crescesse no ritmo de suas possibilidades. Os Peruanos, em conclusão, resolveram, também, ‘pegar o touro à unha’.
                                                   Há 12.491 quilômetros de distância dali, no Líbano, milhares de libaneses protestaram, recentemente, contra o aumento de impostos e criticaram uma classe política que consideravam corrupta. Manifestações de rua foram reprimidas com violência pelas forças de segurança, que prenderam dezenas de pessoas.
                                                Os manifestantes bloquearam com barricadas as principais ruas e rodovias, que foram liberadas pelas forças armadas de forma violenta, mas, que, rapidamente, foram reconstruídas pelos manifestantes. Nas imediações do Parlamento um rastro de destruição deixado pelo povo enfurecido, mostrava o desagrado da população com seus políticos, enquanto alguns muitos dos manifestantes clamavam por uma revolução popular. De acordo com as forças de segurança, 70 pessoas foram detidas. Os libaneses, afinal, também, resolveram ‘pegar o touro à unha’.
                                                Os exemplos, até então mencionados, demonstram que o poder em qualquer país, realmente, emana do povo.  Isto é uma constatação. Não entro no mérito da questão ideológica que move o povo. Quando este, em qualquer lugar do mundo, finalmente, se dá conta de que está sendo explorado, vilipendiado e maltratado por suas próprias autoridades (em síntese, quando constata que o contrato social, que o mantinha submisso às leis, foi rompido unilateralmente e que a segurança jurídica, base do contrato social, já não mais existe), forma-se uma massa crítica populacional que, finalmente, de forma corajosa, resolve ‘pegar o touro à unha’, mesmo que isto venha a lhe custar algumas chifradas dolorosas ou, até mesmo, fatais.
                                            Embora tenhamos sido descobertos por um povo de natureza ibérica, nós, os brasileiros, ao contrário dos demais povos mencionados, constituímos uma população onde a miscigenação e a imigração sempre foram muito intensas, fazendo com que, na atualidade, o povo brasileiro seja constituído por um amalgama de diversos povos, raças e etnias. Inexiste, portanto, entre nós, um sentimento intrínseco forte de raça e de nacionalidade, como é comum existir em povos mais antigos como, por exemplo, os judeus, os chineses, os japoneses, os ingleses, os alemães, etc. 
                                             Por outro lado, o esporte nacional que movimenta as nossas massas humanas é o futebol e não as touradas. Podemos até correr e suar durante uma hora ou mais, porém, apenas, atrás de uma bola e nunca colocando a vida em risco ao tentar ‘pegar o touro à unha’, como fazem os toureiros com frequência e muitos povos de forma ocasional.
                                               Motivos não nos faltariam, para agirmos de forma violenta como fizeram as populações dos países mencionados, embora já se saiba que muitos desses movimentos tenham sido incentivados e liderados por agitadores de esquerda vinculados ao Grupo de Puebla, entidade que substituiu o Foro de São Paulo. O fato é que trabalharam sobre as insatisfações populares.  Aqui também existem desejos recalcados e contidos, no íntimo da maioria dos indivíduos bem intencionados, que poderíamos caracterizar como desejos de separatismo. 
                                                Queremos, com toda a certeza, nos separar da velha política, que vive barganhando cargos e dinheiro para apoiar as decisões do governo, e implantar uma nova política que trabalhe, apenas, para o bem público e que seja contra a corrupção e o foro privilegiado. 
                                                  Queremos nos separar da ideologia marxista e de seus propagadores, que grassam em grande parte dos meios estudantil, político e judicial do país, desaparelhando as nossas atuais instituições que deveriam ser republicanas (mas que foram quase inteiramente socializadas pelos anteriores governos de esquerda) e implantando, de uma vez por todas, o liberalismo econômico, diminuindo a burocracia e a influência do Estado autoritário na sociedade. 
                                                    Queremos separar as pessoas de bem e honestas, que hoje vivem presas trancadas em casa, dos marginais e dos desonestos, que hoje são soltos pelo judiciário após delinquirem ou que, por força de leis brandas e tolerantes, vivem naturalmente livres circulando pelas ruas. 
                                                  Queremos um parlamento que represente a nós e aos nossos interesses de povo e não um parlamento que ganhe vida própria depois de eleito por nós e que passe a representar a si próprio e aos seus interesses particulares, legislando em causa própria e/ou contrariando os anseios da maioria da população. 
                                                  Queremos um judiciário em sintonia com a vontade da maioria do povo, punindo com rigor todos os criminosos, sejam eles oriundos das classes de renda mais baixas ou originários das classes de renda mais altas. Não queremos um judiciário compassivo com os crimes das elites, nem que interfira, indevidamente, nas esferas de atuação dos demais poderes da república. 
                                               Creio, no entanto, que, em decorrência das nossas idiossincrasias culturais; do clima tropical, normalmente quente, que vigora em nosso país e que conduz a lassidão e a preguiça dos indivíduos; do sincretismo religioso que conduz a artificialidade da reunião, às vezes em um mesmo indivíduo, de doutrinas teológicas teoricamente incongruentes entre si; da tendência histórica do nosso povo de jamais participar das grandes decisões nacionais, tramadas todas elas nos gabinetes ou nos tapetões como se costuma dizer; o único desejo da velha espanhola natural da Catalunha, mencionada por João de Barro em sua canção no carnaval de 1937, que algum dia, nós, os brasileiros, poderemos vir a atender, será, sem dúvida, o de tocarmos castanholas. 
                                               Até por que, como bem percebeu Braguinha já naquela ocasião, o nosso povo é mais do samba do que de revolução. Assim, fico imaginando que muitas de nossas autoridades atuais, civis e militares (face aos diversos movimentos intervencionistas surgidos nas redes sociais e conclamando o povo e as autoridades ao fechamento do congresso e desmantelamento da cleptocracia que nos comanda, implantada desde os governos de esquerda), por não desejarem que ajamos como os atuais separatistas da Catalunha ou igual aos demais manifestantes mencionados neste texto, da mesma forma que aquele brasileiro das touradas em Madri cantado por Braguinha, pensem, de si para si, cantando baixo para os seus botões dourados: 
                                             - Sou do samba, não me amolem. Isso é conversa mole para boi dormir. Paratimbum, bum, bum!


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.