241. Mais crônicas sobre o País da Corrupção
Jober Rocha*
1. Le Grand Chef de Cuisine
Ele pertencia a uma tradicional família de políticos do interior do país, sustentada desde os tempos do império por verbas de organismos federais. Grandes latifundiários que eram, eles nada cultivavam em suas terras. Faziam parte de uma minoria de agricultores políticos, que se limitavam a desviar para as contas que mantinham em bancos do país e do exterior, os recursos que recebiam do governo, anualmente e a fundo perdido, cuja destinação original deveria ser para o plantio e a colheita de leguminosas.
A maior parte dos membros jovens da família nem estudava e nem trabalhava; ou seja, preparavam-se todos para ocupar altos cargos na política local. Os membros mais idosos já haviam encontrado seus caminhos como políticos, seja no próprio município, seja no Estado ou na Capital Federal.
Ele, tipo magro, pele muito branca e com longos cabelos negros, era muito diferente dos demais jovens da família. Diferia não só na aparência, mas, também, nos interesses e preferências: enquanto os rapazes da família (geralmente musculosos e queimados de sol) se interessavam por esportes, ele gostava de culinária. Enquanto as moças gostavam de rapazes e os rapazes gostavam de moças, ele preferia, sempre, a companhia de rapazes.
Em certa ocasião, participando do banquete comemorativo pela posse do avô como deputado federal na capital, ele teve a oportunidade de saborear iguarias muito finas, elaboradas por um grande mestre da culinária francesa contratado a peso de ouro pela família, com a verba de representação que o avô antecipadamente recebera.
Após o lauto jantar, ele foi à cozinha para conhecer o artífice daquelas maravilhas que provara. O ‘Chef’ era um tipo alto, magro, branco como ele mesmo e de olhos verdes, sonhadores, com quem nosso personagem se identificou logo ao primeiro contato.
Convidou o ‘Chef’ para visitá-lo na casa funcional do seu avô, na capital federal, onde parte da família estava hospedada, o que foi logo aceito por este, revirando os olhos verdes e exclamando: - Oui, mon cherry! (Sim, meu querido!)
A partir de então, eles eram sempre vistos juntos pelas ruas e pontos turísticos da Capital e das cidades menores no entorno desta. Aos poucos, pelas mãos do ‘Chef’ e amigo, ele foi introduzido nos segredos da difícil - e sofisticada - Culinária Francesa.
Iniciou pelos pratos mais fáceis: Quiche Lorraine; Cassoulet; Coq au Vin; Ratatouille; Cuisses de Grenouilles; Fondue Savoyarde; Confit de Canard e Gratin Dauphinois.
Mais tarde, passou aos pratos mais requintados: Limande à La Normande; Le Canard à L’orange; Poulett Marine et Grillé au Citron Vert, Poisson ao Court-Bouillon e Poulet à La Marengo (este último uma homenagem a Batalha de Marengo, travada contra os austríacos, em 1800, e vencida pelas tropas francesas comandadas por Napoleão Bonaparte).
Os pratos que preparava sob a supervisão do ‘Chef’, eram muito apreciados pelo restante da família (ainda de férias na casa do avô deputado, meses depois, em razão de ali tudo ser grátis e na quantidade desejada), que já pensava até em abrir um restaurante na própria Capital Federal, onde os parentes e amigos, alguns com mandatos populares, poderiam saborear os requintados pratos que seriam elaborados e, evidentemente, pagos por estes com recursos de diárias e verbas de representação.
Em breve, contando com financiamentos governamentais obtidos mediante a intervenção do avô deputado, um sofisticado restaurante foi inaugurado pela família às margens de um Lago existente naquela bela e moderna cidade, com vistas para o centro administrativo e comercial, para os ministérios e para o palácio presidencial.
O jantar de inauguração, ao qual compareceu toda a classe política, empresarial e do primeiro escalão governamental, foi, sem dúvida, noticiado previamente pelos principais periódicos locais.
Ele, naquela altura já sendo tratado como um novo ‘Grande Chefe de Cozinha’, fazendo uso da sua grande criatividade e querendo unir os costumes da culinária francesa às tradições do seu país, superou-se na cozinha, fazendo adaptações, transformações e novas criações de sofisticadas receitas.
Assim é que, ao iniciar-se o jantar com todos os lugares ocupados pela fina flor daquela elite parasitária, acostumada a comer bem às expensas de polpudas diárias recebidas dos cofres públicos, foram anunciados, em francês e em português, os pratos que seriam servidos.
O ‘maître’, em um perfeito francês e também em português, anunciou: - Mesdames et messieurs, les plats que nous servons maintenant sont comme suit (Senhoras e senhores, os pratos que nós serviremos agora são os seguintes):
• Soup de Calango Vert au Citron (Sopa de Calango Verde ao Limão);
• Bouillon Haricots (Caldinho de Feijão);
• Viande du Soleil au Beurre de Garrafe (Carne de Sol na Manteiga de Garrafa);
• Tarte de Seriguelas a L’anglaise (Torta de Seriguela à Inglesa);
• Chèvre Tripés a L’orange avec Phare de L‘Arrière-Pays (Buchada de Bode na Laranja com Farofa do Sertão);
• Queue de Boeuf aux Herbes de Provence Nord-Est (Rabada em Ervas Nordestinas);
• Bouillon Mocotó avec Cuisses de Grenouilles dês Vallées Humides (Caldo de Mocotó com Coxa de Rã dos Vales Úmidos).
Les desserts son (As sobremesas são)
• Macaxeira Jumbo Sauce Champagne (Macacheira Gigante ao Molho de Champanhe);
• Sucre Brun de Canne à Sucre (Rapadura de Cana).
Les apéritifs son (Os aperitivos são):
• Petite Femme de La Campagne (Caipirinha);
• Coup de Fruit de La Passion (Batida de Maracujá);
• Coup d’Arachide (Batida de Amendoim);
• Vin de La Région Rugueuse (Vinho do Agreste);
• Bière a La Pression (Chopp);
• Réfrigérants (Refrigerantes);
• L’eau Minérale Naturelle dês Sources de L’arrière-Pays (Água Mineral Natural de Fontes do Sertão).
Aqueles importantes convidados da corte, ao ouvirem a descrição, na língua local, dos pratos, das sobremesas e dos aperitivos que seriam servidos, começaram a se levantar e a caminhar em direção a porta de saída. Todos eles, com seus telefones celulares de quinta geração ao ouvido, chamavam os motoristas dos veículos oficiais que os serviam, diuturnamente, na Capital Federal.
O único e magistral erro do nosso ilustre personagem e ‘Grande Chefe de Cozinha’, tardiamente por ele percebido, foi o de querer que o ‘maître’ traduzisse os nomes dos pratos do francês (que ninguém entendia) para o português (que todos os presentes entendiam, alguns mais outros menos; já que, muitas daquelas autoridades possuíam apenas o primeiro grau).
Se o ‘maître’ tivesse, apenas, mencionado os nomes franceses dos pratos, aquela teria sido, certamente, mais uma noite gastronômica maravilhosa na Capital do País da Corrupção.
Ao ouvirem os nomes dos pratos em sua língua natal, sentiram-se todos ofendidos e desprestigiados, em razão dos altos cargos que ocupavam na corte, com a apresentação, no jantar de inauguração de tão sofisticado restaurante, daqueles simples pratos de consumo popular dos habitantes do sertão.
Muitas autoridades diziam, até, que providenciariam a cassação do alvará daquele estabelecimento, que se atrevia a servir Sopa de Calango e Coxa de Rã dos Vales Úmidos.
Ele, muito nervoso, gritava aos quatro cantos da casa (entremeando palavras francesas ao português) afirmando que havia sido ultrajado, insultado, afrontado e desconsiderado por aqueles convidados que se retiravam. Dizia que eles não haviam respeitado os direitos humanos que ele possuía de tentar fazer, à sua maneira, a união da culinária francesa à nordestina; que haviam sido preconceituosos com uma minoria de mestres cozinheiros, inovadores como ele, que trabalhavam a serviço do desenvolvimento da gastronomia nacional e internacional.
Assim é que, meses depois daquele evento, qualquer viajante (ao serviço público, privado ou mesmo em visita de turismo à Capital Federal) que passasse pelas margens do referido Lago veria o mato crescendo e as paredes descascadas em redor daquele que prometia ser um dos grandes restaurantes da cidade.
O Grande Chefe de Cozinha, tendo retornado à sua cidade natal, passou a ocupar seus dias na ociosidade, como sempre fizeram seus irmãos e primos, aguardando, finalmente, que chegasse a sua vez na fila da sucessão política local.
Uma vez ou outra, quando o desejo aumentava muito, ia para a cozinha e preparava uma suculenta ‘Viande Séchée avec de La Citrouille’ (Carne Seca com Abóbora), que saboreava com prazer, na companhia de alguns parentes mais chegados, trajando uma rica vestimenta de ‘Chef de Cuisine’, com a gola e os punhos bordados por famosas costureiras locais e calçando tamanquinhos importados do Marrocos.
2. Vingança de Mestre
Desde bem pequeno a vocação dele sempre fora a de ensinar. No colégio ensinava aos coleguinhas de turma com dificuldades em tabuada e nas quatro operações; na Faculdade de Engenharia ensinava aos amigos acadêmicos com dificuldades para aprender Cálculo Integral e Diferencial.
Terminada a faculdade e sem perspectivas de emprego, ele resolveu que seria professor de Matemática em cursinhos e escolas de nível médio. O mercado para engenheiros estava muito ruim, em razão da recessão econômica pela qual o País da Corrupção passava e ele, fazendo exame de consciência, decidiu que gostava mesmo era de ensinar aos mais jovens.
O choque psicológico que teve, todavia, logo que começou a dar as primeiras aulas em uma escola de subúrbio, levou-o a pensar que estava em outra época, em um país de outro planeta ou que havia, simplesmente, enlouquecido.
Nenhum dos alunos da turma demonstrava o menor interesse por aquilo que ele ensinava. Enquanto ele falava em sala sobre as relações métricas nas figuras geométricas, a totalidade dos alunos da classe olhava seus I-Phones ou escutava música, conversava, dormia, lia jornal, namorava, pintava as unhas, jogava baralho ou fumava cachimbos contendo pedras de craque.
Ele não conseguia entender como aquela geração podia ser tão diferente da sua. Lembrava-se de que no seu tempo de escola, os alunos se interessavam pelas matérias ensinadas, pois todos tinham algum objetivo na vida e projetos para o futuro. Muitos queriam ser militares, engenheiros, médicos, advogados, etc.
Surpreso ele constatara que naquela turma, para a qual dava aulas, ninguém possuía planos ou objetivos para a sua própria vida. Os alunos só pensavam no dia de hoje e em como ganhar bastante dinheiro da maneira mais fácil possível.
Depois de muito insistir com seus alunos, chamando-lhes a atenção e até colocando alguns para fora de sala; tendo percebido, finalmente, que, tanto os alunos quanto a administração da escola não tinham o menor interesse pelo futuro (os primeiros pelos seus próprios e os segundos pelos da Educação e da Cultura nacionais), resolveu que só falaria em aula, a partir de então, sobre assuntos e conhecimentos inúteis.
Para pessoas inúteis, conhecimentos inúteis - pensava o mestre. Esta seria a sua vingança particular. Uma vingança de mestre, segundo imaginava, pois deixaria de ensinar a matéria para a qual fora contratado e passaria todo o tempo que durasse a sua aula, a dizer coisas que não teriam a menor importância para o futuro daqueles alunos relapsos.
Ao terminar o ano letivo, com todos eles sendo reprovados, certamente, muitos parariam definitivamente de estudar; portanto, eles que se virassem por conta própria para aprender, fora da escola, todas as matérias que não quiseram aprender enquanto estavam dentro dela.
Assim, na aula do dia seguinte quando seus alunos se preparavam para dar início a mais um período de brincadeiras e de livre confraternização, foram surpreendidos com o professor que, ao invés de falar sobre a desinteressante Matemática, resolvera discorrer sobre assuntos bem mais atraentes.
Por isto, começou dizendo: - Os amendoins entram na composição da dinamite; a mão direita de um destro é responsável por cinquenta e seis por cento de sua digitação; o tubarão é o único peixe que pisca com os dois olhos; há mais galinhas do que gente no mundo; as amêndoas são da família do pêssego; os gatos têm trinta e dois músculos em cada orelha; o olho de uma ostra e maior do que seu cérebro; você, simplesmente, não pode espirrar de olhos abertos; qualquer pessoa come, em média, oito aranhas durante o sono em sua vida toda; a barata pode viver até 9 dias sem a cabeça até que morra de fome; Elvis Presley tinha um irmão gêmeo, ou melhor, era para ter tido, pois ele morreu ao nascer; as mulheres piscam duas vezes mais que os homens.
Todos os alunos pararam, imediatamente, com o que estavam fazendo e, estaticamente, contemplavam o professor; embevecidos com tanta sabedoria.
O mestre, que não havia notado o súbito silêncio na classe, continuou falando para as paredes: - Um caracol pode dormir por três anos; se os dentes de uma pessoa resistissem, qualquer um poderia mastigar concreto ou furar o pneu de um caminhão. O masseter, músculo responsável pela mastigação, tem esse poder todo; as borboletas sentem os sabores com as patas; o grito do pato produz um eco quase inaudível e, por isso, durante muito tempo ele foi considerado inexistente; em dez minutos, um furacão produz mais energia do que as armas nucleares.
Pouco depois a sineta tocou, dando por encerrada a aula. O mestre deixou a sala como sempre fazia; isto é, pegou a sua pasta, abriu a porta e foi-se embora, sem nem mesmo olhar para trás. Não viu os olhares de admiração com que os alunos acompanharam a sua saída.
Nos dias que se seguiram, foi a sempre mesma coisa. O mestre entrava na sala de aulas, começava a falar olhando para o teto e os alunos, calados, prestavam total atenção ao que ele dizia: - Em média, mil pessoas morrem todos os anos, asfixiadas por uma caneta; em geral as pessoas temem mais as aranhas do que a própria morte; noventa por cento dos taxistas de ‘New York’ são imigrantes recém-chegados; trinta e cinco por cento das pessoas que utilizam agências de encontro são casados; os elefantes são os únicos animais que não podem saltar; só uma pessoa em cada dois bilhões vive até os cento e dezesseis anos ou mais; é possível fazer uma vaca subir as escadas, mas é quase impossível fazer com que ela desça os degraus; é fisicamente impossível lamber o próprio cotovelo; a biblioteca principal da Universidade de Indiana afunda todos os anos, cerca de uma polegada. Os arquitetos se esqueceram de incluir nos cálculos estruturais, o peso dos livros, quando a fizeram; a cadeira elétrica foi inventada por um dentista; todos os ursos polares são canhotos; no Egito antigo, os sacerdotes arrancavam todos os pelos do corpo, até as pestanas; o olho de um avestruz é maior que o cérebro dele; o crocodilo não consegue colocar a língua para fora; o isqueiro foi inventado bem antes dos fósforos.
Finda a aula, o mestre apanhava as suas coisas e ia embora, sem mesmo se despedir dos alunos.
Ocorre que, na ocasião, um dos integrantes daquela classe possuía um tio que trabalhava em determinado canal de televisão. Naquele canal havia um programa para jovens estudantes, que despertava a atenção dos telespectadores de todo o País da Corrupção e o tio daquele aluno conseguira incluir a turma de colégio do sobrinho para participar do referido programa.
Tratava-se de uma disputa entre turmas de alunos oriundas de três colégios diferentes. Determinadas perguntas eram formuladas para cada uma das turmas e todos os seus integrantes colaboravam para respondê-las.
A turma que respondesse às perguntas com maior número de acertos ia acumulando pontos. Ao final da série de programas, a equipe vencedora; isto é, aquela com maior número de pontos acumulados, iria receber o prêmio de dez milhões de reais, oferecido pelos patrocinadores, que eram duas empresas multinacionais que haviam adquirido, por um preço ínfimo, empresas do país que haviam sido privatizadas. Talvez com a consciência doendo, resolveram oferecer aquele prêmio para ficarem bem vistas e com uma boa imagem pública no país.
Os formuladores do programa (como muitas das nossas autoridades em provas, concursos, exames vestibulares, etc.) não estavam interessados em descobrir aquilo que os alunos já sabiam; mas justamente o contrário, ou seja, queriam descobrir o que os alunos ainda não sabiam.
Assim, as perguntas formuladas no programa não versavam sobre conhecimentos acerca das matérias ensinadas, tradicionalmente, nos colégios de nível médio; porém, tratavam de assuntos que nada tinham a ver com a grade curricular, isto é, versavam sobre os conhecimentos inúteis, justamente a especialidade da turma em questão.
Os leitores já perceberam que a equipe vencedora foi a da classe do nosso mestre, equipe está que nada sabia das matérias curriculares do ensino médio; mas que sabia muito sobre o conhecimento requerido naquele concurso, que era considerado inútil.
Finda a série de programas com a vitória da “nossa turma”, os vinte alunos bagunceiros receberam o total de dez milhões de reais, cada um deles recebendo quinhentos mil reais para si.
Alguém da turma sugeriu que dessem uma parte da quota de cada um ao professor, que lhes havia transferido todo aquele conhecimento que possibilitara com que ganhassem o prêmio. Entretanto, por unanimidade e por vingança ao mestre, resolveram, simplesmente, que não lhe dariam nada.
Em seguida, todos eles deixaram aquela escola que frequentavam a contragosto e foram montar seus próprios negócios.
Alguns dos agraciados, em pouco tempo, conseguiram multiplicar por várias vezes a quantia que haviam amealhado. Outros perderam tudo o que tinham em vícios que possuíam ou lhe foram tomados por parentes e amigos. O professor, tendo ficado sem classe de aulas, foi demitido do colégio.
Durante alguns meses ele perambulou sem destino pelas ruas da cidade, ora vendendo balas em sinais de trânsito, ora vendendo panos de prato.
Quem o observasse, naquela ocasião, veria que falava sozinho enquanto andava por entre os veículos em movimento. Por duas vezes escapou de ser atropelado.
Repentinamente, ele sumiu de circulação e não mais foi visto caminhando pelo bairro.
Um de seus antigos alunos, pertencente àquela turma premiada, tempos depois, em viagem de férias pelo interior do Nordeste, havia visto em uma pequena cidade do agreste, um tipo barbudo vestindo uma bata encardida que algum dia fora branca, muito parecido com o seu antigo professor. O tipo falava coisas desconexas sobre o futuro do país e das próximas gerações e era seguido, de perto, por uma pequena multidão de fanáticos.
Ao perguntar a um dos residentes locais sobre quem era aquele indivíduo, o morador respondeu: - Parece que é um sábio que veio lá do Leste, desiludido com a vida por aquelas bandas. Sabe muita coisa e diz que os aprendizes de onde veio ainda não estão preparados para entender as verdades ditas pelos mestres. Vive dizendo que algum dia irá chegar uma vingança do céu contra esse povo ignorante, mas não diz quando e nem como essa vingança chegará.
Os leitores mais perspicazes estarão se perguntando: - Mas, então, pelo que parece, os vícios compensam mais do que as virtudes, pois os alunos saíram vencedores no final?
Infelizmente, meu caro amigo, assim é como as coisas se passam neste País da Corrupção, em que muitos espíritos sem visão, no plano etéreo, tiveram a má sorte de aportar para tentar evoluir espiritualmente.
País este onde os professores são mal remunerados, maltratados e olhados sem nenhum respeito pelos seus alunos e pelas autoridades constituídas. Como ensinar virtudes em uma terra onde os vícios são valorizados?
Este, segundo consta, é um dos melhores países para quem se dedica ao crime e, infelizmente, um dos piores países do mundo no ranking da Educação, segundo pesquisa realizada em 2015, pela OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Está na frente, apenas, da República Dominicana, Argélia, Kosovo, Tunísia e Macedônia.
Pesquisa feita pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA, que abrange setenta e dois países, constatou que setenta por cento dos jovens de quinze anos, no país (sete a cada dez), não possuem os conhecimentos básicos de Matemática, a Ciência ensinada pelo nosso jovem mestre, personagem principal desta estória.
Vingança de mestre, pelo visto, parece que foi a dos seus aprendizes. Dizem que a vingança é um prato que se come frio. Pode até ser; mas, isto deve ocorrer em locais onde as regras dos vícios e das virtudes são respeitadas. No País da Corrupção, pelo visto, tudo pode acontecer, até mesmo o crime compensar e a vingança ser um prato que se coma quente...
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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