390. A vida imita a arte, a tecnologia e vice-versa.
Jober Rocha*
O filósofo Aristóteles (385 a.C. – 323 a.C.) teria declarado em seu tempo que a arte imitava a vida. O escritor Oscar Wilde (1854 - 1900) foi mais além e declarou que a vida imitava a arte muito mais do que a arte imitava a vida.
Eu acrescentaria que a vida imita a arte, a tecnologia e vice-versa. Os argumentos para esta minha afirmação poderão ser encontrados nas linhas que se seguem.
A arte imitar a vida ou, mais propriamente, as coisas essenciais da vida, é algo que todos nós entendemos facilmente, pois toda arte, por mais abstrata que possa ser, teve sua origem na vivência e na experiência do artista; isto é, se espelharia na sua vida, de uma maneira geral.
A vida imitar a arte também é fácil de percebermos, pois através da arte as pessoas aprenderiam sem precisar vivenciar, na prática, os efeitos reais das venturas ou desventuras representadas através das obras de arte, notadamente aquelas que se referem à literatura e ao teatro.
Na era da Informática ao falarmos em computadores também falamos em H.D ou Disco Rígido, que corresponde à memória permanente do computador, aquela que armazena todas as informações que são salvas pelo usuário, mesmo quando o computador é desligado. Este disco é um dispositivo com grande capacidade de armazenamento de dados e que vem incorporado ao computador.
Na era da informática temos, portanto, a possibilidade e a capacidade de armazenar dados alfanuméricos, bem como cenas de vídeo, de áudio e de processá-las, isoladamente ou em conjunto, quase da mesma forma como o nosso próprio cérebro é capaz de fazê-lo.
Computação em nuvem, por sua vez, é um conceito que faz referência a uma nova tecnologia que permite o acesso a programas, arquivos e serviços por meio da internet, sem a necessidade de instalação de programas ou do armazenamento de dados – daí vem a ideia de nuvem, como se as informações ficassem em um determinado local no espaço. Com isso, os serviços podem ser acessados de maneira remota, de qualquer lugar do planeta e a qualquer momento. Assim, para realizarmos determinada tarefa de nosso interesse, bastaria, apenas, com que nos conectássemos a este serviço, fornecido vinte e quatro horas por dia pelos servidores de empresas como a Microsoft, a Salesforce a Slytap, a HP, a IBM, a Google e a Amazon; desfrutássemos de suas ferramentas operacionais, salvássemos o trabalho e depois poderíamos acessá-lo, novamente, de qualquer outro lugar.
A inteligência artificial, por outro lado, consiste em um ramo de pesquisa da ciência da computação que busca, através de símbolos computacionais, construir mecanismos e/ou dispositivos que simulem a capacidade do ser humano de pensar, resolver problemas, ou seja, de ser inteligente.
A Inteligência artificial, portanto seria uma capacidade do sistema, ou agente inteligente, para interpretar corretamente dados externos, aprender a partir desses dados e utilizar essas aprendizagens para atingir objetivos e tarefas específicos através de adaptações flexíveis.
Certamente os leitores já perceberam que a tecnologia atual no campo da informática está imitando o cérebro humano e, em futuro não muito remoto deverá ultrapassá-lo. Na atualidade, os computadores utilizando a inteligência artificial já sobrepujam o cérebro humano em diversas atividades, notadamente nos jogos. O software Alphazero conseguiu, sozinho e em apenas três dias, tornar-se mestre em alguns jogos, como xadrez, go e shogi, e vencer seus competidores humanos nesses jogos. A inteligência artificial pode fazer o mesmo com qualquer jogo de raciocínio similar.
Quando falo que os computadores irão sobrepujar o cérebro humano me refiro ao do ser humano normal e não ao dos cientistas e especialistas que projetam e desenvolvem estas tecnologias. Estes estarão sempre um passo a frente da tecnologia, pois são os seus criadores.
Quando falo que os computadores irão sobrepujar o cérebro humano me refiro ao do ser humano normal e não ao dos cientistas e especialistas que projetam e desenvolvem estas tecnologias. Estes estarão sempre um passo a frente da tecnologia, pois são os seus criadores.
A mente humana, da mesma forma como os atuais computadores, armazena informações alfanuméricas; bem como, de vídeo, de áudio, emoções e sensações, absorvidas pelos sentidos, que utilizamos para a tomada de decisões. Penso que essas informações armazenadas em nossas mentes não são destruídas com a nossa morte física, pois, similarmente, da mesma forma como ocorre com a informática, elas seriam mantidas na nuvem que corresponderia ao nosso espírito.
É uma hipótese que ainda não pode ser confirmada; mas, estou certo de que o será no futuro. Muito daquilo que hoje está além da Física, fazendo, pois, parte da Metafísica, futuramente fará parte daquela. Outras dimensões e outros planos de existência, bem como universos paralelos e energias espirituais são matérias a serem estudadas no âmbito da Física, como fenômenos físicos que são. Não vejo nenhuma conotação religiosa ou esotérica nestes assuntos, embora as religiões e o esoterismo tentem se apresentar como especialistas nestas áreas, que pouco ou quase nada conhecem.
Uma rápida comparação entre o nosso cérebro e um computador pessoal evidencia que ambos se complementam, muito embora um deles leve vantagem em algumas características e o outro se sobressaia em outras.
O computador é mais veloz que o cérebro humano, embora não consiga fazer abstrações e este consiga. Os computadores também são melhores em tomar decisões racionais. Pelo fato de não possuírem, ainda, inconscientes não são portadores de traumas, recalques ou síndromes.....
Seres humanos possuem criatividade, emoções e empatia, características que faltam aos computadores.
Os seres humanos, por enquanto, são melhores em movimentos motores complexos; embora os robôs já estejam bem avançados e futuramente possam nos ultrapassar.
Em cálculos apurados e complexos os computadores ganham dos seres humanos. Em memória nós ganhamos, mas não conseguimos utilizar toda a nossa capacidade disponível e eles usem toda a capacidade de que dispõem.
Podemos, portanto, perceber que da mesma forma que a vida imita a arte e a tecnologia, esta também imita a arte e a vida, em uma simbiose que beneficia as três. Os seres humanos se desenvolvem e progridem graças à colaboração da arte e da tecnologia. A arte, produzida pelos seres humanos, cada vez mais, faz uso da tecnologia. A tecnologia, criada e aperfeiçoada pelos seres humanos, cada vez mais incorpora a arte em seus desenvolvimentos.
Em um futuro não muito longínquo, quem poderá negar que as três não venham a se encontrar ligadas, para sempre, em um único ser, que tenha vida própria e que aperfeiçoe tecnologicamente a si mesmo, com arte, como a ficção científica nos deixa antever, instigando nossas mentes a caminhar em direção e em busca do progresso?
_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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