225. A Ineptocracia brasileira
Jober Rocha*
Os dicionários definem a Ineptocracia como o sistema de governo onde os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir e no qual os membros da sociedade, com menos chance de se sustentarem ou de obterem sucesso, são recompensados com bens e serviços pagos pela riqueza confiscada de um número cada vez menor de produtores, acrescida dos impostos cobrados, cada vez de um número maior de cidadãos.
Muitos leitores brasileiros já terão percebido ser este o sistema de governo dominante em nosso país, em que pese se sobrepor ao mesmo o sistema conhecido como Cleptocracia (um termo de origem grega, que significa, literalmente, governo de ladrões, cujo objetivo seria o do roubo do capital financeiro de um país e do seu patrimônio).
Tratar-se-ia, assim, daquilo que na Teoria Matemática dos Conjuntos é definido como sendo dois Conjuntos Iguais; isto é, quando todos os elementos de um conjunto pertencem também ao outro. A intercessão entre estes dois conjuntos (ineptocracia e cleptocracia) seria completa; ou seja, estariam eles superpostos.
A ideia não é recente, até porque já foi apontada anteriormente pela escritora e filósofa Ayn Rand, ao afirmar:
- Quando você perceber que, para produzir, precisa de obter a autorização de quem não produz nada; quando você comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais do que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que a sua sociedade está condenada.
Nosso país, ao longo das duas últimas décadas, foi tomado de assalto por estes nefastos sistemas ineptocratas e cleptocratas, que tanto prejuízo nos causaram. Inicialmente, tais grupos de assalto a invadirem as nossas defesas democráticas, poderiam, eventualmente, até ser independentes um do outro, tratando-se de conjuntos disjuntos (quando não se interceptam; isto é, quando, matematicamente falando, os elementos de um conjunto nada têm a ver com os do outro); porém, em razão das idiossincrasias e dos jeitinhos brasileiros, os dois conjuntos acabaram se juntando, como a pólvora e a centelha, para detonar a grande explosão de incompetência e ganância que quase destruiu o país e que desorganizou totalmente as nossas instituições, de tal sorte que necessitaremos de muitos anos para nos recuperar, caso isto ainda seja possível.
Todos os meus leitores, brasileiros ou não, já tomaram conhecimento da Operação Lava a Jato, que desbaratou os esquemas de desvio de recursos públicos promovido ao longo das duas últimas décadas, por políticos, executivos e empreiteiros de obras. Muitos envolvidos foram condenados e alguns estão presos. Dezenas de outros inquéritos policiais estão, ainda, em andamento e deverão produzir seus frutos nos próximos anos, caso a avassaladora onda moralizadora que domina a atualidade brasileira, e é conduzida por um ex - capitão do Exército Brasileiro e hoje deputado federal chamado Jair Bolsonaro, candidato a Presidência da República, se mantenha no futuro. Se nas próximas eleições a esquerda venal alcançar, de novo, o poder, todo o esforço da Lava a Jato poderá ir por água abaixo com a libertação ou o indulto presidencial dos criminosos já presos e com o fim dos inquéritos ainda em andamento.
O fato é que não se pode conduzir os destinos de um país continental como o nosso, que aspirava a ser uma potência mundial, com pessoas incompetentes na direção e na gerência das instituições governamentais. Da mesma forma, não se pode estender os frutos do progresso e do desenvolvimento a todos os cidadãos, com uma elite cleptocratica que os desvia, inexoravelmente, para os seus próprios bolsos.
No Brasil atual, os analistas honestos não veem traços de democracia e sim da social democracia. Em nosso país a ineptocracia e a cleptocracia buscam beneficiar o Estado e não a sociedade, proteger a corrupção e a impunidade e não os cidadãos. As nossas leis são ineficazes, defendem e abrigam o sistema e os corruptos. Trata-se de um sistema controlador, manipulador e quase tirano.
Qualquer observador pode constatar que o povo brasileiro perdeu muito da sua honra e do seu patriotismo, talvez pelas políticas gramscistas que foram maquiavelicamente adotadas nas duas últimas décadas, com o intuito de corromper a nossa sociedade. Muitos brasileiros já deixaram o país e inúmeros outros planejam fazê-lo tão logo possam.
O gramscismo, todos sabem, se trata de uma mudança na cultura da sociedade em direção ao socialismo, para, mais tarde, poder ser feita uma revolução comunista e, através dela, os esquerdistas assumirem o poder. A coisa é planejada e executada de tal forma que o povo, inocente e despolitizado, pense que é a sociedade que está mudando e quer o comunismo, quando, na realidade, são eles que estão preparando todos para uma revolução, através da qual se perpetuarão no poder, extinguindo a democracia e suprimindo as liberdades individuais.
No nosso caso, a ineptocracia e a cleptocracia estavam ideologicamente atreladas à doutrina comunista, já que em regimes totalitários torna-se mais fácil a dominação popular e a manipulação dos recursos do Estado em benefício próprio.
Felizmente para os cidadãos de bem, e infelizmente para eles, a trama foi descoberta e uma equipe patriótica composta por delegados, promotores e juízes, através de um competente e incansável trabalho de investigação, conseguiu levar muitos deles as barras dos tribunais e ao cárcere.
Todavia, o mal já havia sido feito. O país já estava à beira da falência, com estatais quebradas, Estados da Federação falidos (sem conseguir pagar salários ao funcionalismo), patrimônios públicos alienados para empresas estrangeiras, empresas privadas fechadas, forças armadas sucateadas, milhões de desempregados (13,7% ou cerca de 14 milhões de trabalhadores).
Trata-se, agora, de tentar evitar que o mal se mantenha ou se propague. Nossas próximas eleições presidenciais, em outubro deste ano, serão cruciais para o destino do país.
A eventual vitória da esquerda selará, definitivamente, o nosso destino de país e de povo subdesenvolvidos. Este é o exemplo que vemos na Venezuela, país vizinho que implantou um regime socialista bolivariano e cujos habitantes, em decorrência, hoje passam fome, estão desempregados, a inflação é monumental, e aqueles cidadãos que conseguem e podem fogem para os Estados brasileiros do Norte e do Nordeste, onde pedem asilo político.
Um simples exemplo deste caos mencionado, neste nosso país comandado pela mencionada ineptocracia, pode ser visto, por exemplo, ao contemplarmos as notícias do dia, de hoje mesmo, na imprensa brasileira e que são:
. Mercado brasileiro de soja permanece travado e sofrendo com o retrocesso do tabelamento dos fretes;
. Dólar dispara em meio a pessimismo com eleições; isto é, a provável vitória de Bolsonaro, candidato moralizador, nas pesquisas;
. Brasil em alerta para surto de dengue, zika e chicungunha;
. O Pré-sal brasileiro foi vendido a preço de banana;
. A China impõe medidas antidumping sobre a importação de frangos brasileira. Vai impor tarifas de 34% ao frango brasileiro;
. Um Partido político pede a soltura de ex dirigente, preso por corrupção, alegando que se não o soltarem o caos social vai aumentar;
. O Presidente da República é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal - STF, investigado por suspeitas de ter recebido suborno para promulgar decretos que beneficiariam empresários do setor portuário e favorecer empresa empreiteira do setor de construção de obras públicas;
. Dos vinte e seis Estados da Federação, dezoito dão prejuízos e oito dão lucros;
. Em meio ao caos, a família imperial do Brasil sonha em voltar a reinar. Com 77 anos, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, príncipe imperial do Brasil, acredita que o caos vivido pelo país só tem uma solução: a volta de sua família ao poder;
. Distribuidores brasileiros de combustível afirmam, acerca da imposição do controle de preços no país: A Venezuela começou assim;
. O voto impresso, que havia sido aprovado pelo congresso, é suspenso pelo Supremo Tribunal Federal. Considerado como principal medida para garantir a lisura das eleições, sem ele a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas é imensa, razão pela qual só é adotado em três países no mundo: Brasil, Cuba e Venezuela. A Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais defendeu a inspeção dos votos, afirmando que o sistema eletrônico está sujeito a falhas e o voto impresso aumentaria substancialmente a segurança dos pleitos.
. Da malha ferroviária brasileira, com 28 mil quilômetros de extensão, cerca de 30 por cento estão inutilizados e, destes, 23 por cento sem condições de serem novamente colocados em operação;
. Um senador brasileiro (e o Brasil possui 81) recebe, mensalmente, os seguintes benefícios: R$ 34 mil de salário; R$ 4 mil de auxílio moradia; R$ 15 mil para despesas diversas; até R$ 6 mil para despesas de correios; até R$ 24 mil para passagens aéreas; 25 litros de gasolina por dia; após completar seis meses de mandato tem direito a plano de saúde ilimitado e vitalício, para ele e a família; após seis meses de mandato pode se aposentar com o salário integral; pode indicar 52 pessoas para assessores, sem a necessidade de concurso e sem experiência prévia. As despesas totais do senado divididas pelos 81 senadores, evidenciariam que cada um deles custa aos cofres da nação cerca de R$ 30 milhões por ano. Este montante que custa um senador daria para custear os salários de 250 médicos ou 550 policiais ou 650 professores por um ano.
Verifiquemos, agora, os deputados. Cada um dos deputados brasileiros custa cerca de R$ 2 milhões por ano. São, no total, 515 deputados a um custo aproximado de R$ 1 bilhão por ano. Grande parte destas benesses e ‘mordomias’ mencionadas vigoram, também, nos demais poderes da república. Para fechar um orçamento deficitário, ao invés de efetuar cortes de pessoal e de benesses, as autoridades aumentam a carga tributária, já uma das mais elevadas do mundo.
. Uma proposta tramitando em regime de urgência na Câmara dos Deputados aprovou a PLP 137/2015, que prevê a criação de mais de 200 novos municípios. Isto representará 200 novos prefeitos e vice-prefeitos, além de vereadores, prefeituras, assembleias legislativas, motoristas, funcionários, secretários, guardas municipais, assistentes, assessores, etc.
Estas foram algumas das notícias da imprensa de hoje. E as de ontem? E as de amanhã? O que o futuro nos reservará?
Que falta nos faz Michel de Nostradamus...
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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