sexta-feira, 29 de junho de 2018

232. O novo Filósofo Ignorante


Jober Rocha*



                                          O filósofo francês François Marie Arouet (1694-1778), mais conhecido por Voltaire, foi o autor de uma obra denominada ‘O Filósofo Ignorante’. Nesta obra Voltaire questiona diversas questões Metafísicas; bem como, muitas afirmações de outros filósofos, dentre estes Samuel Clarke, Baruch Spinoza, Descartes e Locke, como se o filósofo em apreço pouco conhecimento tivesse e, em consequência, muitas dúvidas possuísse. Aproveita, também, para questionar dogmas e ensinamentos da igreja.
                                                   Uma diferença que de início se percebe, entre alguns dos filósofos mais antigos e alguns dos mais modernos, é que enquanto os antigos tinham dúvidas e colocavam questões que levassem os leitores a pensar em respostas, os modernos possuem incontestáveis certezas e indicam aos seus leitores, com toda a convicção, como as coisas são ou como elas se passaram.
                                                        Entretanto, o fato é, como bem destacou Voltaire, que “desde os tempos de Tales de Mileto até os professores de nossas universidades, desde os mais quiméricos intelectuais até seus plagiadores, nenhum filósofo influiu sequer nos costumes da rua em que vivia. Isto, por que os homens se conduzem pelo hábito e não pela Metafísica. Um único homem, eloquente, hábil e acreditado, poderá muito sobre os homens; cem filósofos nada poderão, se forem apenas filósofos”.
                                                              Creio ser esta a razão pela qual uma boa parte da população atual, deixando de lado a razão, passa a ouvir e se guiar pelo que dizem determinados políticos, sacerdotes e também (por que não?) filósofos e cientistas, que os enganam descaradamente ou de forma sutil em seus discursos, conferências, preleções e textos, como qualquer pessoa isenta e de bom senso pode constatar em muitas ocasiões. No caso dos políticos e sacerdotes é mais simples, mas no dos filósofos e cientistas esta constatação é mais difícil, pois se torna necessário algum conhecimento prévio, dos ouvintes e leitores, acerca das teorias filosóficas e científicas.
                                                             Imagino, pois, que um filósofo ignorante, hoje em dia, como aquele dos tempos de Voltaire, teria muitas perguntas a formular aos seus leitores e dúvidas a esclarecer.
                                                        Inicialmente, ele constataria que as populações atuais, estão como que contaminadas por diversas bactérias, como as da superstição, do radicalismo, do fanatismo e da ideologia, que chegam a bloquear qualquer tentativa da própria razão de se fazer presente e de agir como um antibiótico salvador, inibindo o cromossomo destas bactérias, modificando a permeabilidade das suas membranas plasmáticas ou impossibilitando a sua síntese proteica.
                                                             Em muitas ocasiões, o filósofo ignorante, ao vê-los aplaudirem o político ou escutarem o pregador, em um silêncio sepulcral, perguntar-se-ia como aquilo era possível, pois os ouvintes estavam sendo totalmente enganados e levados, por vezes, a fazer coisas que, em sã consciência, ninguém jamais faria.
                                                               Em alguns cultos ao vivo, transmitidos pela televisão, por exemplo, pessoas eram instadas a doarem seus automóveis, seus saldos bancários, seus imóveis ou a adquirirem, por elevadas somas, itens de valor desprezível no comércio, sob o argumento de que tais itens haviam sido benzidos ou ungidos pela divindade em que acreditavam. Perfumes com o cheiro de Deus são vendidos por preços exorbitantes, frascos com água de rios sagrados, óleos milagrosos, etc. Eles todos afirmam que o dinheiro arrecadado se destinaria ao Criador, mas eles acabam mesmo é nas contas correntes das igrejas e dos próprios sacerdotes.
                                                          Muitas daquelas pessoas ali presentes doavam para o sacerdote tudo o que tinham, esperando, com isto, obter o que não tinham e aquilo que desejavam, como uma troca de deveres e obrigações entre o fiel e a divindade, ou melhor, como um pacto como os sacerdotes diziam. Falsos sacerdotes tornavam-se, assim, especialistas em utilizar conhecimentos psicológicos e técnicas de neurolinguística para convencer e arrecadar dinheiro de seus seguidores.
                                                              No caso de políticos já condenados e com farta quantidade de provas materiais e testemunhais sobre seus crimes, por exemplo, ao estes afirmarem inocência e alegarem falta de provas, eram eles totalmente acreditados naquilo que diziam, pelos seus eleitores e militantes do partido a que pertenciam, seguidores estes que, por inúmeras vezes, ameaçavam até com ações violentas a sociedade e as autoridades do país, objetivando conseguir, com suas ações radicais, a liberdade para aqueles criminosos.
                                                         Em ambos os casos mencionados, qualquer filósofo ignorante constataria que a razão daquelas pessoas havia sido totalmente superada pelos seus fanatismos, religioso e/ou ideológico.
                                                         As ideias do que é justo e do que é injusto, da verdade e da falsidade, da conveniência e da inconveniência são universais, como a filosofia prega. Em qualquer lugar do universo, onde existam seres inteligentes e racionais, eles possuirão os conceitos de justiça, de verdade e de conveniência, bem como o de seus opostos. Tais conceitos podem não coincidir entre eles, mas estarão presentes em todos os seres

                                                       Por que, então, determinados seres humanos, em uma transvaloração de valores da qual muitas vezes não se dão conta, consideram, na atualidade, o injusto como sendo justo, a falsidade como sendo a verdade e a inconveniência como conveniência? Os limites entre um e outro destes opostos, reconheço, são, muitas vezes, difíceis de estabelecer; mas, são todos eles um desenvolvimento da razão. 
                                                        Assim, todos os seres humanos, pensando com justeza e de forma racional sobre determinados temas e certas ideias, deveriam ser conduzidos às mesmas conclusões, tanto em moral quanto em Matemática, por exemplo. Entretanto, não é isso que ocorre.
                                                          Por que as coisas, na prática, não ocorrem desta forma quando se trata de moral? 
                                                  Segundo outro filósofo, Friedrich Nietzsche (1844-1900), em sua obra Genealogia da Moral, é possível ocorrer uma transvaloração de valores morais, que pode ser promovida pela religião, pela política, pela ideologia ou por qualquer entidade formadora de opinião, desde que possua credibilidade junto ao seu público alvo.
                                                        Exemplo desta transvaloração, na atualidade, pode ser encontrada na divulgação e na insistência como aquele comportamento considerado politicamente correto é incutido nas populações, através de um patrulhamento ideológico fomentado pela Mídia e por outras entidades formadoras de opinião.
                                                        O termo Comportamento Politicamente Correto, muito usado em nosso país no presente, está relacionado a uma nova abordagem política que busca estabelecer linguagem e comportamento próprios (aparentemente neutros), supostamente de modo a evitar que possam ser, ou que venham a ser, ofensivos ou preconceituosos com relação a pessoas de determinados grupos sociais, principalmente em razão de raça, sexo ou religião. Linguagem e comportamento, como todos sabem, fazem parte dos hábitos, costumes, usos e regras, que se materializam na assimilação social dos valores morais.
                                                                  A expressão ‘Politicamente Incorreto’, por sua vez, é a que trata de nomear formas de expressão e de comportamento que procuram externar supostos preconceitos sociais, sem receios de nenhuma espécie. Este conceito é entendido, por alguns acadêmicos ditos de esquerda, como uma forma de se expressar e de ter um determinado comportamento, considerados incorretos e utilizados por grupos conservadores de direita. O Comportamento Politicamente Correto, neste contexto, seria aquele que deveria ser seguido por todos os cidadãos e do qual já se utilizariam os liberais e os progressistas de esquerda.
                                                               Os conceitos sobre aquilo que é ou não politicamente correto, entretanto, são estabelecidos, em todo o mundo e também em nosso país, pelos senhores no poder e pela ideologia de esquerda dominante,
                                                        Desta forma, como exemplo de que a moral, até então vigente, está sofrendo uma transvaloração de seus valores, nós vemos que a Mídia mundial, sustentada por verbas de governos, de instituições e de organizações públicas e privadas e comprometida com os detentores do poder interessados no estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial, não cansa de destacar e incentivar determinados comportamentos considerados imorais (contrários aos bons costumes tradicionais) e amorais (afastados de quaisquer preocupações de ordem moral), com base na moral tradicional estabelecida, até então, pela religião cristã.
                                                             No caso do Brasil, muitos vícios já são considerados virtudes e muitas virtudes consideradas vícios. Leis são feitas pelo parlamento brasileiro para proteger ou acobertar comportamentos viciosos ou, até mesmo, criminosos.
                                                         Muitos comportamentos imorais, antiéticos, delituosos ou criminosos já são tolerados ou aceitos pelas pessoas, pouco faltando para que sejam considerados comportamentos normais.
                                                          Ao se referir aos delitos perpetrados pelos governantes, e objetos de processos judiciais, fala-se em ‘malfeitos’ e em ‘erros’, e não mais em crimes. Por vezes, ao vermos artistas, intelectuais, políticos, autoridades públicas, etc. fazendo a defesa de determinadas ações, totalmente imorais e antiéticas (como a prática de incesto, a pedofilia, a união legal de três ou mais pessoas do mesmo sexo ou de sexos distintos, a prática do aborto, a legalização das drogas) como se fossem as coisas mais normais e naturais, nós percebemos que, realmente, a moral em nosso país está mudando.
                                                      Os que criticam o ‘Comportamento Politicamente Incorreto’ o acusam de fascista, enquanto os críticos do ‘Comportamento Politicamente Correto’ o acusam de patrulhamento ideológico de tendência marxista.
                                                        Como alguém já disse em algum lugar, ambos os lados buscam denegrir um ao outro, na busca por um espaço nos corações e nas mentes dos nossos pacatos, crédulos e inocentes cidadãos.
                                                          Muitas são as questões atuais que mesmo um bom filósofo ainda ignora e que um filósofo ignorante, como eu, jamais saberá; todavia, fazendo minhas as palavras de Voltaire, “pensei que a natureza havia dado a cada ser a porção que lhe convinha; acreditei que as coisas que não podemos alcançar não são da nossa partilha. No entanto, malgrado esse desespero, não abandono o desejo de ser instruído e minha curiosidade enganada é sempre insaciável...”


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

231. A Estória por detrás da História 
Jober Rocha*

                                  Alguns leitores, meus amigos mais chegados, louvando-me por um suposto poder de síntese que vislumbraram em minhas modestas obras, solicitaram que eu redigisse um texto sucinto, com no máximo cinco páginas, descrevendo a realidade que, a meu ver, se escondia por detrás da História oficial, tanto daquela do nosso país quanto das histórias  dos demais.       
                                             Considerando a missão como um desafio, evidentemente que a aceitei; embora sabendo, de antemão, a dificuldade que teria pela frente.
                                                    Por um lado, eu teria a dificuldade de resumir séculos em linhas e, por outro, teria a dificuldade de fazer um texto que fosse considerado verídico pelos leitores; já que, quase sempre, a história não oficial beira a ficção, científica e literária. Ademais, não poderia perder-me em detalhes sem importância, mas, apenas, no cerne, no âmago das questões que nos trouxeram até onde estamos na atualidade.
                                                         Assim, quero ressaltar a todos que irão ler esta história, que ela é a minha concepção sobre o que se passou até o presente (sempre de forma velada, sub-reptícia, clandestina e fraudulenta) e representa uma síntese de tudo aquilo que pude aprender desde que me tornei amigo do conhecimento; não significando, no entanto, que tudo aquilo que aqui direi seja integralmente verdadeiro, razão pela qual a chamo de estória, pois a verdadeira história sobre a humanidade tem sido mantida de forma secreta por aqueles pouquíssimos que a conhecem inteiramente.
                                                             Iniciando pois o que tenho a dizer e pedindo escusas por eventuais erros ou omissões, considero que, até o século XIX, existiram três tentativas importantes e infrutíferas de domínio mundial: aquela partida de Alexandre ‘O Grande’ em 338 a.C; aquela iniciada com Carlos Magno, imperador romano a partir de 800 d.C e a tentada por Napoleão Bonaparte a partir de 1804.
                                                 Pouco antes desta última investida, no século XVIII, uma organização secreta, que havia sido criada entre grandes banqueiros e milionários, chegou à conclusão de que, com inteligência e com o esforço de algumas gerações, eles, que consistiam nas famílias mais ricas e poderosas a emprestar dinheiro para monarcas e financiar suas guerras de conquista, poderiam ser os verdadeiros donos dos países, reinos e nações; ou seja, os conquistadores do mundo todo.
                                                       Para tanto, era necessário acabar com as monarquias e eles começaram por financiar e incentivar a Revolução Francesa como forma de tirar o poder do rei na França e implantar a República, mais fácil de ser comandada e dominada por eles.
                                                      Não tendo esta alcançado os resultados que esperavam; pois Napoleão refez a monarquia em sua própria pessoa e pensou ele também na conquista mundial, nem por isto desanimaram. Pouco tempo depois, com base nos estudos de Karl Marx e de Friedrich Engels, e nos recursos de que dispunham, tentaram implantar o comunismo no Império da Rússia, como forma de tirar o poder dos monarcas, onde quer que estivessem, e deixá-lo, em ‘stand by’, por algum tempo, na mão do povo, esperando que o comunismo se alastrasse por todos os demais países, reinos ou nações, tendo em vista o seu apelo popular. 

                                                          Com o comunismo instalado finalmente em todos os países; ou seja, com os países comandados por elites totalitárias oriundas do povo, seria muito mais fácil daqueles integrantes da organização secreta assumirem o poder ou, quando menos, comandarem todos os países de forma velada e nos bastidores, já que nos regimes autoritários comunistas a corrupção torna-se endêmica e todos os países necessitavam de capitais, sendo esta a mercadoria e a especialidade deles.
                                                          Mais à frente, se possível, livrar-se-iam dos dirigentes populares ao implantarem uma Nova Ordem Mundial, na qual acabar-se-iam os países; as nacionalidades; o governo mundial seria único, em um só território, pois acabar-se-iam os países; com uma só religião e uma só moeda; além do desenvolvimento de um chip controlador dos indivíduos, que seria implantado em toda a população mundial. Da mesma forma que nas três tentativas anteriores, esta quarta também não conseguiu o seu intento. De todas foi a que esteve mais próxima de alcança-lo, mas, felizmente, acabou malogrando. O grupo secreto mencionado raciocina em termos de famílias e, portanto, o objetivo de seus eventuais dirigentes não é pessoal e imediatista, mas, familiar e secular.
                                                      Adam Smith (1723-1790), filósofo e economista, em sua obra "Uma investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações", mencionava que, atuando de forma livre, os mercados seriam regidos como que por uma mão invisível, que os regulariam automaticamente, sempre chegando a situação ótima ou de máxima eficiência. Talvez esta mão invisível tenha obstado, até agora, os objetivos daquela organização.
                                                       Da mesma forma que as monarquias se uniram contra Napoleão, durante a fase da República Francesa e após ser coroado imperador, os países se uniram também contra o comunismo. Após duas guerras em que fatores geoestratégicos foram aparentemente determinantes, com o advento do poder nuclear o mundo se polarizou entre os USA e a Rússia, dando início a reconstrução da Europa destruída pela guerra e a corrida armamentista entre os dois principais países na ocasião, originando, assim, a chamada Guerra Fria, que consumiu imensa quantidade de recursos financeiros; porém, que só fez aumentar a riqueza destas famílias já mencionadas, alimentando, ainda mais, o desejo de se tornarem os donos do mundo.
                                                        No ano de 1983, com a declaração dos USA de que daria início ao programa Guerra nas Estrelas, escudo de mísseis e armas diversas protetor do território norte americano e localizado no espaço, a URSS (antiga Rússia, acrescida dos países da chamada Cortina de Ferro, que formavam um escudo protetor da Rússia) foi obrigada a capitular por carência de recursos para competir nessa escalada.
                                              Sob a promessa dos USA de que não implementariam o programa Guerra nas Estrelas, a URSS pôs fim ao comunismo, através da Glasnost (transparência) e da Perestroika (reestruturação), medidas políticas e econômicas adotadas na ex União Soviética, em meados da década de 1980, já durante o governo de Mikhail Gorbachev (personagem desconhecido que foi galgado ao poder para proceder as mudanças acordadas com os USA, dentre as quais também se incluía a unificação da Alemanha Ocidental com a Oriental, a queda do Muro de Berlim e o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
                                                     Finda a ameaça representada pelo comunismo russo, os USA também capitularam naquilo que seria uma salvaguarda de possuírem território próximo ao deles, a América do Sul, alinhado aos USA, para deslocar sua população e se abastecer de gêneros e insumos no caso de uma guerra nuclear com a Rússia. Os governos militares aliados, que os USA haviam implantado em quase todos os países da América do Sul, foram deixados de lado, como não sendo mais necessários aos interesses norte-americanos em razão da paz que, imaginavam, se seguiria ao fim da Guerra Fria.
                                                      Com essa capitulação dos USA, a organização secreta mencionada, com o apoio da Rússia cujos dirigentes com ela tinham vínculos, viu a oportunidade de inviabilizar a zona de retaguarda americana e influenciar a Comunização de toda a América do Sul, financiando a eleição de candidatos dos partidos de esquerda; razão pela qual algumas instituições financeiras foram, de uma maneira geral, privilegiadas desde que os governos de esquerda assumiram o poder nestas paragens, obtendo por aqui lucros que não conseguiam obter em nenhuma outra região no mundo. O projeto de comunizar a América do Sul teve, portanto, o apoio de empresários capitalistas, por mais incrível que isto possa parecer.
                                                           Nesse ínterim, aquela organização secreta mencionada desde o início, com dinheiro e o poder de que dispunha nos bastidores foi adquirindo jornais, TV's, editoras, empresas cinematográficas e aparelhando (isto é, infiltrando pessoal) a Mídia mundial, criando Organizações Não Governamentais incumbidas de ações de propaganda, de ações de contra informação, de coleta de informações, de doutrinação, etc.; bem como, aparelhando organizações de âmbito mundial e regional, cujas missões, em tese, seriam as de  fomentar a paz entre as nações, cooperar com o desenvolvimento sustentável, monitorar o cumprimento dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais e organizar reuniões e conferências em prol desses objetivos.
                                                        A própria igreja teve muitos de seus membros cooptados pela organização secreta, para engrossar as hostes daqueles encarregados de implantar o comunismo no Hemisfério Sul, através dos conselhos, comissões, foros e conferências no âmbito da igreja ou nos quais ela tinha assento ou participava. É estranho que uma organização que acredita em um Deus e que se diz sua representante na Terra, trabalhe para ver implantado governos comunistas ateus naqueles países onde esta mesma organização atue e arregimente fiéis e crentes para seguirem seus dogmas e ensinamentos.
                                                       O próprio chefe da igreja, por outro lado, trabalhou recentemente em prol da implantação de uma única religião mundial, reunindo-se com representantes de várias religiões para tratar deste tema.
                                                          A maioria das pessoas, cidadãos honestos e pagadores de impostos, desconhece estes aspectos velados a que suas vidas estão subordinadas, julgando serem livres e achando que as coisas, em seus países, acontecem por acaso, por determinação dos governantes ou por interferência divina. Não percebem que tudo o que ocorre com eles está ligado ou vinculado a este interesse pela dominação mundial, partido desta organização que age de maneira secreta em seus interesses e que fornece os capitais que fazem com que as engrenagens se movimentem e as economias produzam.
                                                           Recentemente, todavia, ocorreu cisma (ou um racha) entre os integrantes desta organização secreta, cisma este que ocorreu quando a maioria das famílias se deu conta de que a Rússia havia, após a capitulação frente ao ocidente, cedido tecnologia nuclear para alguns países amigos, como forma de reduzir a ameaça de hegemonia ocidental.
                                                            Ademais, a assunção de Putin na Rússia, logo depois, como oriundo da KGB e com o objetivo declarado de retomar antigos territórios perdidos após a capitulação e o esfacelamento da URSS; o desenvolvimento dos programas nucleares iraniano e coreano do norte; bem como, a expansão militar da China retomando o território de Hong Kong em 1997, se rearmando e construindo bases militares no Mar da China; além da criação do Estado Islâmico do Iraque e da Síria em 2014 (organização jihadista islamita de orientação salafita e Uaabista que opera majoritariamente no Oriente Médio), dedicada ao terrorismo internacional e com território próprio, alguns dos integrantes da organização secreta se deram conta de que, com o retorno da guerra fria com outros novos personagens, pairava novamente a ameaça de guerra nuclear e, com ela, a necessidade norte-americana de poder contar, de novo, com uma retaguarda amiga para a sua proteção em caso de um conflito, agora não apenas com a Rússia, mas, também, com a China, com o Iran e com a Coreia do Norte.
                                                        Ocorre, ademais, que o islã, de uma maneira geral, e o exército islâmico, em particular, são totalmente inimigos irreconciliáveis do cristianismo, sendo praticamente impossível unir estas duas religiões, como pretendia a organização secreta. Mais ainda, a tentativa de implantação do comunismo no Brasil, proposta pelo Foro de São Paulo e que, através da Teoria do Dominó, faria com que todos os demais países sul-americanos se tornassem comunistas, foi brecada pelos movimentos populares de natureza cristã e pelos militares brasileiros.
                                                            Assim, integrantes da própria organização, embora com interesses comuns, passaram a divergir quanto a maneira de executar a dominação mundial pretendida; isto é, até então, imaginada pela via comunista como sendo a mais fácil e rápida. A eleição do presidente Trump nos USA, faz parte desta cisão. Ele veio romper com as ações da organização, inclusive dificultando sua ação dentro e fora dos USA e implementando inúmeras medidas de âmbito mundial, frontalmente contrárias aos interesses de dominação daquela organização pela via do comunismo.
                                                           Por outro lado, as autoridades norte-americanas retomaram o interesse sobre a América do Sul, como área de retaguarda dos USA em caso de um conflito nuclear de grandes proporções, razão pela qual as coisas já começaram a mudar por aqui, como o esfacelamento das esquerdas e de seus governos corruptos, através da ajuda americana às autoridades judiciárias brasileiras no tocante a divulgação de informações sobre transferências ilegais de dinheiro, por governantes e políticos de esquerda, para paraísos fiscais, etc. etc. etc.
                                                              Finalmente, meus caros amigos leitores, existe, ainda, uma hipótese que levanto para justificar, talvez, os objetivos desta organização secreta que, há séculos, tenta implantar no planeta um governo único, uma só religião, um só território, uma só moeda e, eventualmente, uma só língua; buscando manter a hegemonia sobre a raça humana e passar como principal formulador e interlocutor desta Nova Ordem Mundial com quem quer que seja. 
                                                           Tratar-se-ia de atender a um protocolo existente entre as civilizações desenvolvidas, eventualmente, existentes no Universo. Informações disponíveis no meio da Ufologia, dão ciência de que as civilizações do espaço que nos visitam são oriundas de planetas e sistemas solares em que vigoram estas mesmas condições e que elas constituir-se-iam em paradigmas obrigatórios de todas as raças que quisessem fazer parte de uma federação com o objetivo de trocar informações, comercializar e manter intercâmbio. Vejam que relatos sobre aparição de naves e contatos com seres vindos do espaço datam tanto da Antiguidade Clássica quanto da Idade Média e da vida contemporânea. Há muito somos visitados e observados.
                                                       Enquanto não possuíssemos estas características, isto é, acabássemos com todas as coisas que desunem os seres humanos e que causam violência entre nós e destruição ambiental, além de criar ameaças à ordem universal com o poderio nuclear destrutivo já disponível, capaz de acabar de vez com o planeta, não poderíamos pertencer a esta federação. Uma civilização atrasada (em termos cósmicos) como a nossa, porém belicosa e com armas nucleares em quantidade, constitui uma séria ameaça às civilizações mais avançadas e pacíficas existentes no Cosmos; posto que, a eventual destruição do nosso planeta poderia trazer terríveis consequências para todo o Universo.
                                                          Caros amigos leitores, não peço que acreditem no que foi dito aqui neste texto, contendo exatamente cinco páginas, como sendo um resumo da História Humana dos últimos séculos, mas, ao menos, que o vejam como uma estória sobre a qual valha a pena ler, pesquisar e se aprofundar mais. Em assim fazendo, poderão, talvez, se surpreender muito com tudo aquilo que ainda irão descobrir sobre esse assunto...


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quinta-feira, 21 de junho de 2018


230. A Necessidade da Alienação


Jober Rocha*


                                           A palavra alienação tem várias definições, como, por exemplo, no Direito, na Psicologia, na Filosofia e na Sociologia. No presente texto, entretanto, ficaremos, apenas, com aquela que se refere à Sociologia; isto é, o fato de o indivíduo estar alheio a vida social em muitos de seus sentidos, deixando de ser agente histórico para ser conduzido por outros. Uma verdadeira marionete seria uma boa analogia para este caso. O alienado seria, assim, aquele indivíduo que não teria opinião e nem ação própria; ou seja, não teria vida própria. Existiria como se vivesse em outro mundo, que não no mundo real.
                                                      A alienação, portanto, segundo tal conceito, trataria do mistério de ser ou de não ser, como a famosa frase dita por Hamlet durante o monólogo da primeira cena do terceiro ato na peça homônima de William Shakespeare; pois uma pessoa alienada careceria de si mesmo, tornando-se a sua própria negação.
                                                           Alienação referir-se-ia, assim, à diminuição da capacidade do indivíduo em pensar e agir por si próprio e tendo a sua atenção desviada de coisas importantes para coisas sem importância, através de uma transvaloração de valores (promovida por um comunicador, isoladamente ou através da Mídia), em que aquilo que não tem importância passaria a ter e o que tem importância passaria a não ter.
                                                       O principal fator que contribuiria em maior grau para a alienação das populações, na atualidade, seria, portanto, a comunicação através da Mídia, uma vez que a alienação parece ter evoluído e se disseminado entre as populações em razão do desenvolvimento e da expansão da comunicação midiática, feita através da TV, da WEB, da imprensa e da indústria cinematográfica, atingindo grandes contingentes humanos de forma rápida e objetiva.
                                                            Mais do que a função de informar, a mídia atual teria como objetivo principal a missão de alienar os cidadãos, modificando a sua moral, os seus costumes e os seus objetivos psicossociais, pessoais e coletivos, segundo os interesses das elites dominantes.
                                                           A alienação seria, assim, passada de um comunicador qualquer, que possuiria uma informação nova (verdadeira ou falsa) e seria recebida por um receptor qualquer que, até então, a desconhecia e que, a partir daí, nela passaria a acreditar, confiar e considerar importante; sendo o agente receptor, desta forma, alienado por esse agente comunicador.
                                                 O comunicador mencionado não, necessariamente, apenas poderia ser encontrado na Mídia; mas, também, ao vivo, em escolas, igrejas, palestras, seminários, conferências, etc.
                                                         A facilidade com que muitas populações se deixam influenciar, notadamente a nossa, brasileira, certamente possui alguma explicação psicológica que pode remontar aos tempos do Brasil colônia, quando as notícias e as novidades vindas da Europa, de uma maneira geral, e aquelas chegadas da matriz, Portugal, de um modo particular, eram importantes e disputadas avidamente entre os inocentes, crédulos e pouco cultos habitantes locais.
                                                     Na atualidade, por sua vez, em decorrência das crises econômicas, políticas e sociais que se sucedem em nosso país (com os desvios de recursos públicos por políticos e governantes, a violência urbana e rural, o acentuado desemprego, a carência de infraestrutura hospitalar e de transporte, as greves frequentes, os baixos salários, a excessiva burocracia, a fome, etc.) as populações brasileiras, como que vivendo em um estado permanente de choque, buscam, elas mesmas, a alienação das novelas, do futebol, da religião, do carnaval,  como uma forma de catarse, de forma a seguirem seus destinos de rebanho sem enlouquecer. Buscam, ademais, os vícios alienantes e os remédios de tarja preta com a mesma finalidade.
                                                               Unir-se-iam, pelo visto, em nosso país, a vontade de alienar e a necessidade de ser alienado, em um episódio raro a ser melhor pesquisado e estudado pelos cientistas do comportamento social.
                                                     Para constatar aquilo que afirmo, consultando nas edições digitais da WEB os principais jornais brasileiros, encontrei como únicos assuntos, os seguintes: notícias, esportes, política, entretenimento, tecnologia, música, moda e beleza, casa e decoração, shopping, serviços e vídeos.
                                                            Relativamente ao assunto Notícias, os aspectos e fatos abordados resumiam-se a desastres, violências e furtos ou escândalos de natureza comum. No que se referia aos Esportes, noventa por cento das matérias divulgadas tratavam de futebol, de seus contratos milionários e de suas fofocas; sendo que os restantes dez por cento tratavam de lutas do MMC, UFC, etc.
                                                         Com relação a Tecnologia, eram comentados os novos jogos eletrônicos e os novos equipamentos de informática, à venda no mercado nacional e internacional. Moda e Beleza apresentavam sugestões de roupas femininas, de maquilagem, etc. Casa e Decoração tratavam de arranjos para interiores, móveis e decorações, em geral. Música destacava os cantores, cantoras e conjuntos musicais que fazem sucesso no momento.
                                                            Shopping destacava produtos e seus preços, encontrados nos principais shoppings das principais cidades do país. Política ocupava-se dos mais recentes escândalos envolvendo o desvio de recursos públicos. Serviços tratava da venda de imóveis, veículos, segurança, namoro, concursos, etc. Vídeos tratava de filmagens realizadas sobre estes assuntos anteriores.
                                                          Com respeito aos jornais impressos, vendidos em banca, a mesma coisa: crimes, violências, esportes, novelas, programação da TV, condições climáticas, ‘fofocas’ do meio esportivo e artístico, etc. etc. etc.
                                                         Convenhamos que todo este material divulgado pela Mídia, tanto através dos jornais eletrônicos quanto dos jornais impressos, pouco conteúdo tem para acrescentar alguma coisa de importante à formação científica, política, filosófica ou cultural de qualquer cidadão que faça uso destes veículos de informação (que constituem concessões do governo) buscando se instruir, se informar, elevar a sua cultura e aumentar os seus conhecimentos.
                                                         Será que estes temas apresentados são os principais assuntos a influenciar a vida, o futuro e o destino da nossa nação e de sua população? Muitos poderão argumentar: - Mas, é disso que o povo gosta! 
                                                     Ocorre que existe um postulado em Economia que diz que a oferta cria a sua própria demanda; ou seja, se estes temas são difundidos em profusão e massificados, a população acabará se interessando por eles. Se apenas estes temas forem veiculados, a população se acostumará com eles e achará normal só existirem eles.
                                                            Como este fato ocorre com os principais jornais do país, somos forçados a concluir que existe algo mais, por detrás desta maneira de noticiar. Uma mesma notícia que vi, foi divulgada por jornais escritos e por suas edições digitais na WEB com as mesmas palavras, do início ao fim, indicando que a fonte de onde havia partido era única e que todos tiveram que divulgá-la daquela mesma forma, sem comentá-la e, evidentemente, seguindo ordens, pois foi divulgada por todos naquele mesmo dia.
                                                                No que se relaciona à televisão aberta, por sua vez, o público telespectador apenas recebe das emissoras desenhos animados, filmes, programas religiosos, esportes, músicas e o noticiário diário centrado, basicamente, em crimes, condições climáticas e notícias superficiais de caráter geral. Algumas entrevistas ou debates, porventura apresentados, são feitos em horários incompatíveis com a disponibilidade de tempo dos cidadãos que trabalham e que necessitam de oito horas de repouso diário.
                                                             Praticamente, inexistem debates de cunho político, econômico, militar e psicossocial, que tragam à baila assuntos atuais, de interesse estratégico para o nosso desenvolvimento e que mobilizem a população brasileira, com vistas a um projeto de superação das nossas deficiências nos quatro campos do poder já mencionados.
                                                            Sobre muitos assuntos importantes só tomamos conhecimento deles através da mídia que nos chega de fora do país. Outros assuntos, de suma importância são apenas vagamente comentados pela mídia local, sem nenhum destaque compatível com a magnitude do nosso país e/ou com a relevância do assunto para nós.
                                                   O jornalismo investigativo, por aqui, praticamente só existe para combater inimigos políticos, fazendo-os despencar da posição de poder em que se encontram ou da importância junto ao eleitorado que, eventualmente, venham a ter. Tão logo o objetivo da reportagem é alcançado, o combate é suspenso e o assunto sai da mídia e cai em total esquecimento.
                                                         A polícia, de um modo geral, é sempre criticada na mídia, quer tenha agido corretamente, quer não tenha; parecendo que os órgãos de informação se esquecem do fato de que é preferível uma polícia deficiente e mal treinada do que nenhuma polícia (coisa que parece ser o desejo e o objetivo de algumas autoridades, de alguns políticos e de parte da imprensa, certamente, advogando todos em causa própria).
                                                       Quando um agente da lei atira e fere ou mata um meliante, logo se levantam inúmeras vozes para defender este fora da lei (que os críticos da polícia afirmam ser uma vítima das injustiças sociais) e atacar aquele agente da lei (que estes mesmos críticos afirmam ser um representante das forças reacionárias e conservadoras).
                                                       Quando algum político é apanhado roubando dinheiro público, sempre encontra guarida entre seus pares e na mídia (com algumas raras exceções), que sempre prefere fazer a defesa dos ricos e dos poderosos (optando, com isto, por permanecer do lado de onde provêm as verbas publicitárias), a ficar do lado do povo que paga a conta destes desvios através dos seus impostos (a não ser que a orientação da Mídia, partida daqueles que detém o poder, seja a de ‘fritar’ algum político ou alguma autoridade que, sendo acusados de crimes e tendo inimigos políticos, hajam caído em desgraça perante estes detentores do poder).
                                                         Como a Mídia, de um modo geral, trata-se de uma concessão do poder público, este deveria exigir de cada canal de mídia um conteúdo mínimo de informações de qualidade, sejam culturais, científicas, políticas, sociais e econômicas e fiscalizar o cumprimento desta exigência; coisa que o poder público, certamente, não faz.
                                                         Avram Noam Chomsky, filósofo, linguista e ativista político norte-americano, professor catedrático que leciona há mais de quarenta anos no MIT, vem dando enorme contribuição à Linguística, à Ciência e a Psicologia de um modo geral, à Psicologia Evolucionária, à Ciência da Computação, à Política, à Economia e às Ciências Sociais, através de seus livros e de suas teorias. A ele é atribuída a frase: “A propaganda representa para a Democracia aquilo que o cassetete significava para o estado totalitário”.
                                                            Em suas conferencias denominadas ‘Visões Alternativas’ (Chomsky, N. 1990) ele apresenta uma lista de dez princípios de que se utilizam frequentemente às classes dominantes (nacionais e internacionais), objetivando levar os cidadãos a, inconscientemente, apoiarem os interesses destas classes, interesses estes que, em sua maior parte, são totalmente diversos daqueles dos indivíduos (e até mesmo conflitantes), objetivando a manipulação econômica e social de países, nações e comunidades.
                                                    Em nosso país, isolado física, linguística e culturalmente do resto do mundo, a maior parte de nossa população apenas lê e entende a nossa língua, o que reduz, em muito, a possibilidade de informar-se por meios outros que não os nossos jornais e canais de Televisão em língua portuguesa.
                                                          Os livros são muito caros e a população não possui o costume de ler com habitualidade, como as populações de outros países. Neste contexto, torna-se muito fácil para as elites dominantes manipularem a nossa gente, seja mediante a divulgação de notícias que lhes favoreçam, seja através da supressão de notícias que lhes desfavoreçam, em uma censura velada.
                                                      Nosso povo é mundialmente reconhecido por algumas de suas características: alegre, paciente, dócil, pacífico, crédulo, religioso, inocente, despolitizado, imitador, desorganizado, conciliador, pouco afeto ao trabalho e medroso.
                                                   Nossa História, antiga e contemporânea, está cheia de exemplos quanto a isto. Embora algumas destas características, muitas vezes, sejam desejáveis individualmente, coletivamente indicam um povo fraco e submisso.
                                                         Com isto, o povo brasileiro, inculto e pouco exigente, tendo se acostumado a consumir os produtos oferecidos pela nossa mídia, nem imagina que em outros países está possa se prestar ao papel de instruir e de educar, fiscalizada com rigor pelo Estado.
                                                          É o cúmulo observar com frequência tanto a gente do povo quanto pessoas proeminentes na sociedade (médicos, advogados, militares, industriais, comerciantes, etc.), discutindo, às vezes acirradamente, sobre os próximos capítulos das novelas, sobre partidas de futebol e sobre programas de televisão. Entretanto, aqui em nosso país, este fato é considerado como possuir ‘cultura geral’.
                                                      Infelizmente, nossa mídia, que podia prestar-se ao importante serviço de levar informações relevantes à população, sobre inúmeros temas importantes para nosso desenvolvimento global, é utilizada, apenas, para entretenimento de baixa qualidade e para a divulgação de ideias e valores do interesse de nossas elites retrógradas, hoje mancomunadas com a esquerda venal, mantendo o povo alienado com relação aos seus próprios interesses.


_*/ Economista, M.S. e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quarta-feira, 20 de junho de 2018


229. Prelúdio de uma Marcha Fúnebre


Jober Rocha*



                                       A Marcha fúnebre consiste em uma peça musical no estilo marcha, com seu andamento baseado em uma procissão de funeral. Tais marchas são apropriadas para serem executadas em ocasiões como aquelas que ocorrem nos cortejos fúnebres.
                                                Prelúdio consiste em um ato preliminar; isto é, no primeiro passo para alguma coisa ou na primeira etapa para determinado desfecho.
                                                  A marcha fúnebre a que me refiro no título deste texto é aquela que deverá ser executada em nosso país por ocasião do sepultamento da paz social e do regime democrático de direito.
                                                     O prelúdio, mencionado, consiste no presente alerta (que muitos já fizeram antes, mas que não me custa nada reforçar com os mesmos ou com novos argumentos), indicativo dos passos já dados ou das etapas já ultrapassadas para chegarmos a um trágico desfecho, cujas tristes e dolorosas consequências aqueles leitores com um pouco mais de visão já anteviram.
                                                      Sem querer fazer como Orson Welles, ator e cineasta norte-americano (1915-1985) que, com uma obra radiofônica transmitida em 1938, causou verdadeira comoção nos Estados Unidos, quando muitos ouvintes pensaram que se tratava de uma retransmissão verdadeira, via rádio, de uma invasão alienígena, este texto busca apenas alertar a todos os leitores de que caminhamos, inexoravelmente, para a falência geral das nossas instituições, caso esse caminhar não seja, imediatamente e com rigor, sustado por alguma autoridade inconteste ou instituição com credibilidade, verdadeiramente preocupados com o nosso destino e cuja identidade e imagem ainda não pude vislumbrar com nitidez nos cenários político, militar, econômico e psicossocial brasileiros.
                                                       Esta falência mencionada, conduzirá o nosso país para o caos social e, consequentemente, para uma guerra de secessão de consequências imprevisíveis e lastimáveis, cujos primeiros sinais já despontam no horizonte.
                                                     Os estudiosos que investigam as causas das guerras civis são atraídos por duas teorias opostas: a da ganância das elites versus a da injustiça com relação às populações.  Por sua vez, as análises acadêmicas, até então realizadas, permitem concluir que os fatores econômicos e estruturais são mais importantes do que os de identidade (raça, etnia, religião, etc.) na eclosão de uma guerra civil. No caso brasileiro creio que estas duas teorias, ao invés de serem opostas, convergiriam para uma única, que descreveria a genealogia do fenômeno que, mais cedo ou mais tarde, acabaremos por vivenciar.
                                                     No Brasil, desde longa data, elites retrógradas aliadas a políticos venais e corruptos, uniram-se, em razão de suas ganâncias, para dilapidar o erário e impedir a implantação das reformas de que o país carece e que beneficiariam toda a população. O povo sempre foi deixado à margem das decisões maquinadas por tais elites, decisões estas que são sempre em benefício próprio e em detrimento dos interesses populares.
                                                     Embora o Contrato Social, vislumbrado e descrito por Rousseau em sua obra Du Contrat Social ou Principes Du Droit Politique, publicada em Amsterdam no ano de 1762, afirmasse que “os homens, tendo nascidos livres e iguais, só alienavam suas liberdades em proveito próprio”, aquele contrato vigente na atualidade, em nosso país, já tendo sido praticamente rompido unilateralmente pelas próprias elites, está à beira de ser rompido, também, pelo povo, o que poderá dar ensejo a uma guerra civil de grandes proporções e de lamentáveis consequências, conforme antes mencionado.
                                                   Explico-me melhor: sendo a Ordem um direito sagrado, que serve de base a todos os outros, é evidente que sem respeito ao ordenamento jurídico por parte de todos (fator que manteve os nossos cidadãos, até agora, fiéis ao Contrato Social até então em vigor), os demais direitos do cidadão perderão seu valor e acabarão por se extinguir.
                                                   Por outro lado, conforme já dito anteriormente, os homens só alienam as suas liberdades em proveito próprio. Quando percebem inexistir benefício algum pela troca que fizeram, a tendência é romperem o Contrato Social, às vezes de maneira radical e violenta, como muitos povos já o fizeram no passado e nós, brasileiros, estamos a ponto de o fazer na atualidade.
                                                   Alguns exemplos do rompimento unilateral do contrato, por parte das nossas elites, podem ser encontrados em diversas medidas adotadas pelos últimos governos, como, por exemplo: 

                                                       A tolerância extrema com os movimentos campesinos e urbanos que invadem propriedades rurais ou urbanas, produtivas ou não, muitas vezes matando animais de criação, depredando e danificando culturas, instalações e equipamentos.
                                                      A elevada carga tributária a que os cidadãos e as empresas já estão submetidos, sem uma contrapartida equivalente em termos de saúde, segurança, transportes, saneamento, educação, serviços, etc.
                                                       A morosidade e, muitas vezes, a parcialidade do Judiciário com respeito aos julgamentos de autoridades e dos chamados réus ‘chapa branca’; isto é, pertencentes aos partidos políticos no poder.
                                                       O corporativismo do legislativo quando se trata de punir, através da cassação de mandatos, seus representantes no senado e na câmara; o envolvimento de inúmeras autoridades, dos três poderes da república, em episódios de corrupção divulgados pela mídia, sem que estas autoridades paguem, judicialmente, pelos seus atos e devolvam aos cofres públicos aquilo que receberam de forma ilícita.
                                                    O aumento da elevada carga tributária, incidente sobre a população e às pequenas e médias empresas, ao invés da contenção de gastos públicos e cortes nos altos salários e nas mordomias dos integrantes dos três poderes da república.
                                                   Em muitos casos, o perdão de dívidas, a renúncia fiscal e a anistia de multas, de juros e de correção monetária em dívidas com o governo, em suas três instâncias, referentes a pessoas físicas e jurídicas amigas das elites no poder.
                                                 A tentativa de estabelecer um governo comunista ou socialista bolivariano, sem um referendo popular (governo este que teria o poder e a intenção de mexer nos bens dos cidadãos e suspender muitos dos seus direitos constitucionais, modificando, ademais, as instituições públicas e privadas); a aliança política, econômica e estratégica com países comandados por ditadores retrógrados que utilizam ideologias comunistas ultrapassadas para governar os seus países.
                                                  O perdão das dívidas de países africanos com o nosso país, países estes comandados por ditadores em sua grande maioria milionários, sem nenhuma consulta aos demais poderes da república e à população brasileira; a utilização de recursos de bancos e entidades governamentais para financiar vultosas obras em outros países, sem a autorização do Legislativo e sem a divulgação pública das condições financeiras e das garantias de tais empréstimos. 
                                                A imposição do desarmamento da população (embora esta tenha sido contrária a medida em um plebiscito efetuado anteriormente), cujo objetivo velado foi o de retirar armas em poder dos cidadãos de bem, de modo a evitar eventuais revoltas e rebeliões que pudessem destronar o esquema de permanência no poder implantado pelas esquerdas.
                                                       O sucateamento proposital das forças armadas, deixando o país indefeso frente à eventuais ameaças externas e internas; a cessão de partes importantes do território nacional (por suas riquezas em recursos naturais e minerais estratégicos) e sua completa autonomia, para determinadas populações indígenas (algumas destas habitando áreas de fronteira que adentram outros países), caracterizando, em alguns casos, verdadeiros crimes de Lesa Pátria.
                                                   O loteamento de cargos comissionados com elevados salários, na administração pública, entre os membros do partido do governo, bem como de seus parentes e amigos; o envolvimento de pessoas muito próximas aos governantes em denúncias de corrupção e desvio de recursos públicos, malversação de verbas, etc., etc. e etc.
                                                A tolerância e a pouca repressão ao crime organizado, no que se refere ao contrabando; tráfico de drogas; tráfico de mulheres; roubo de cargas; tráfico de espécimes raras de fauna e flora; tráfico de pedras preciosas e  minerais raros; a alienação de terras para estrangeiros; a leniência com relação a fraudes e estelionatos praticados por pseudos sacerdotes e religiosos, hábeis em extorquir dinheiro de seus seguidores.
                                                    A total desproteção dos policiais Estaduais, que combatem crimes nas áreas urbanas e que, em razão dos baixos salários, são obrigados a residir nas mesmas periferias onde vivem os criminosos que combatem, sofrendo ameaças diárias por parte destes, que são em muito maior número do que os efetivos policiais nas respectivas áreas. As viaturas policiais não são blindadas, mas as de muitas das autoridades dos três poderes, que vivem em imóveis funcionais nas áreas nobres das cidades, estas sim são blindadas e grande parte destas autoridades possui, ademais, guardas de segurança pessoal fornecidos pelo Estado.
                                                 Tais constatações deixam evidente o rompimento unilateral, pelas elites, do Contrato Social estabelecido em nosso país; pois, parece claro, não foi ele constituído para providenciar proteção e melhorias aos cidadãos comuns, mas, sim, para beneficiar as elites e os governantes do momento, bem como toda a sua dispendiosa corte.
                                                   Da parte dos cidadãos comuns, ao se depararem com dois pesos e duas medidas; isto é, com um tratamento para as autoridades da corte e outro para os simples mortais trabalhadores, mesmo aqueles menos informados e inteligentes perceberão que estão sendo logrados pelas elites e pelas autoridades no poder.
                                                     Ao constatarem que pagam uma das cargas tributárias mais altas do mundo, sem benefícios que a justifique, dar-se-ão conta de que estão sendo iludidos.
                                                        Ao serem assaltados ou violentados nas ruas ou em suas residências, sem que as autoridades os protejam, constatarão, sem dúvida, que estão sendo ludibriados.
                                                       Ao necessitarem de socorro médico e ficarem horas, dias, semanas e meses, nas filas dos hospitais, sem serem atendidos, perceberão que estão sendo enganados.
                                                   Ao verem as autoridades legislarem sobre seus próprios salários, ao verem as inúmeras gratificações e benesses que engordam os contracheques destas autoridades e compararem tudo isto ao ínfimo percentual de elevação anual do salário mínimo (muitas vezes representando, apenas, alguns poucos Reais a mais e, conforme pesquisa feita por alguém, representando apenas o equivalente a um frango a mais, por mês, comprado no supermercado), perceberão que estão sendo traídos.
                                                   Mesmo aqueles súditos mais afortunados, beneficiados com moradias populares, têm constatado, segundo pesquisa divulgada pela imprensa, que as casas que receberam desfazem-se aos poucos, em razão da má construção e dos materiais de baixa qualidade com que foram edificadas, em razão, certamente, da falta de fiscalização por razões que todos nós conhecemos. Estes súditos, com certeza, também perceberão que foram enganados.
                                                     Aqueles que buscam emprego e não conseguem, seja em decorrência da escolaridade deficiente que receberam nas escolas mantidas pelos governantes, seja por motivo da estagnação econômica em que se encontra o país (e que, segundo alguns economistas, deve continuar nos próximos anos ou mesmo se acentuar), constatarão que foram iludidos e que apenas lhes restam o subemprego ou os caminhos da contravenção e do crime.
                                                         Ao perceberem que os recursos financeiros que faltam em setores essenciais e básicos, como na saúde, no saneamento, nos transportes, na segurança pública e nas estradas, são encontrados em profusão em obras supérfluas como a dos estádios de futebol, onde foram gastos cerca de trinta bilhões de reais, grande parte deles desviados para os bolsos de empreiteiros, de políticos e de autoridades do executivo, constatarão o desperdício, o desvio e a má gestão dos recursos públicos pelos administradores e governantes.
                                                            Até mesmo aqueles que se beneficiam de bolsas concedidas pelo governo, constatarão, em breve, se ainda não o fizeram, que àqueles recursos que recebem, mensalmente, aos poucos vão perdendo seu poder de compra em razão da crescente inflação, que a má gestão da administração pública fez retornar.
                                                  O povo todo se dará conta de que nenhuma sociedade pode sustentar um quarto de sua população sem trabalhar, apenas recebendo recursos pagos pelos restantes que trabalham, como é o caso do Bolsa Família.
                                                     Os que se dedicam ao pequeno comércio, aos pequenos serviços ou são profissionais autônomos, constatarão a sanha arrecadadora de impostos e taxas com que os agentes do governo federal, estadual e municipal os perseguem, na ânsia de retirar-lhes o pouco que obtiveram com o seu suor diário. Todos nós trabalhamos cerca de quatro a cinco meses ao ano, apenas para pagar os escorchantes impostos diretos e indiretos (embutidos estes últimos em tudo aquilo que consumimos) que sustentam os excessos da administração pública.
                                                       Os cidadãos comuns ao fazerem uso do direito constitucional de ir e vir, sofrem na pele com as excessivas e vultosas multas de trânsito, taxas e impostos referentes ao uso e posse de veículos, pedágios e cobranças, legais ou ilegais, de estacionamento, por parte de agentes terceirizados ou dos chamados ‘flanelinhas’ – estes últimos, em sua maioria, parecendo trabalhar para alguma ‘autoridade municipal ou estadual’, pois não são reprimidos pela polícia ou pelas guardas municipais.
                                                     Ao constatarem, os trabalhadores mencionados, que formam a base da pirâmide, que são eles que tudo executam e que contribuem com seu esforço e com sua renda para a construção do país  (país este que, embora já tenha sido a sétima ou oitava economia mundial e perdido posição, muito pouco lhes dá em retribuição pelo tanto que fazem, em razão de má gestão dos governantes que têm se sucedido) e constatarem, ademais, a perda dos valores morais, das virtudes e da proteção que buscavam ao participarem do Contrato Social; verem os vícios dominarem as virtudes no cenário político do país, com verdadeiras quadrilhas dilapidando os cofres da nação, levantando templos aos vícios e cavando masmorras às virtudes, os súditos podem se sublevar e romper, também eles, o Contrato Social que já havia sido anteriormente rompido unilateralmente pelos soberanos, instaurando-se uma convulsão social e a consequente guerra civil que sempre a acompanha.
                                                       Temos visto isto acontecer em diversas partes do mundo, tanto no passado quanto no presente. Nós, que sempre pensamos que estas coisas só ocorriam em outros países, estamos perto de vê-las ocorrer também no nosso.
                                                          Certamente, quando a maioria dos cidadãos brasileiros chegar à conclusão de que está sendo ludibriada e pensar em alijar do poder os seus governantes (como parece estar ocorrendo com as marchas, as greves e movimentos através das redes sociais, em razão de tudo isto e das incontáveis denúncias de corrupção em todo o aparelho governamental), o cenário político deverá se alterar. 

                                                      A prevalecer a tendência atual, o jovem candidato liberal, Deputado Jair Bolsonaro, em destaque até agora nas pesquisas sérias e honestas realizadas, deverá ser eleito em primeiro turno; isto caso não haja fraudes nas eleições ou ele não seja impedido previamente de concorrer, por alguma razão superveniente de última hora alegada por seus opositores coligados.
                                                        O que farão, nesta contingência, os partidos alijados do poder e cujos principais integrantes, não reeleitos, poderão ser chamados as barras dos tribunais comuns, em inquéritos criminais em andamento e nos quais não mais poderão contar com foro privilegiado? E se um dos candidatos de esquerda vier a ganhar as eleições e, tão logo empossado, anistie a todos os já condenados e cumprindo pena, no âmbito da Operação Lava a Jato; bem como, encerre os inquéritos ainda em andamento? Qual será a reação dos eleitores do candidato liberal, dos brasileiros honestos que não compactuam com crimes de autoridades, ao verem a liberdade dos já condenados presos e o encerramento da Operação Lava a Jato? E as forças armadas, de que lado ficarão? Estarão coesas ou divididas?
                                                         Estas são grandes incógnitas com as quais o país se defrontará nos próximos anos.
                                                      Nossas elites, salvo algumas poucas exceções, preocupam-se apenas em consumir de forma intensa e em acumular riqueza (não importa que de maneira, muitas vezes, desonestas e ilegais), não tendo maiores preocupações com as nossas populações e com o nosso futuro como eventual potência mundial.
                                                     Nossa Câmara e nosso Senado são constituídos, em grande parte, por políticos oportunistas, descompromissados com o povo e, apenas, compromissados consigo mesmo, com os ‘patrões’ a que estão vinculados, com os governantes do momento e com os partidos no poder.
                                                      Nossos ministros, em sua maioria, são apenas políticos, muitas vezes não sendo especialistas nas áreas de seus ministérios ou, até mesmo, desconhecendo tudo ou quase tudo a respeito da pasta que ocupam. A corrupção é quase generalizada nos três poderes, conforme a imprensa, com frequência, tem denunciado.
                                                         Nossos portos, nossas estradas e nossa malha ferroviária são de péssima qualidade e incompatíveis com um país da dimensão do nosso, que necessita produzir e escoar sua produção para abastecer uma população de 200 milhões de indivíduos e para exportar os excedentes. Fizemos portos, estradas, usinas, metros, pontes e viadutos em países vizinhos ou em outros continentes, com recursos públicos, deixando de fazê-los aqui em nosso país e, ainda por cima, recebemos calotes nestes empréstimos, a maioria deles não amortizados nas épocas previstas.
                                                       O descontentamento grassa entre a população, seja em razão dos baixos salários, seja da alta no custo de vida, seja da deficiência dos transportes urbanos, seja da crise na saúde e da falta de atendimento médico hospitalar, seja da falta de segurança e do congestionamento das cidades (com carência de água, esgotos, coleta de lixo, etc.), seja da costumeira impunidade para os membros das elites empresarial, política, governamental e judiciária, quando são apanhados cometendo crimes e ilegalidades.
                                                      Nosso país é, formalmente, uma República ‘Democrática’ e não um Império Autocrata ou uma República Popular Comunista; nós somos um país capitalista onde uma elite empresarial honesta (não aquela envolvida em escândalos de corrupção) produz, enriquece, paga impostos e gera empregos. Entretanto, diversos países em nosso entorno, em união com o Brasil, criaram, no ano de 2008, a União das Nações Sul Americanas – UNASUL (formada por Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guiana, Peru, Brasil, Suriname, Venezuela, Uruguai, Colômbia e Paraguai).
                                                  As propostas da UNASUL para este conjunto de 12 países são, dentre outras: A criação de uma unidade técnica de coordenação eleitoral (talvez para que os partidos no poder jamais percam as eleições); criação de uma escola sul-americana de defesa (para o estabelecimento de uma doutrina comum entre as forças armadas dos países membros); implantação de projetos multinacionais de infraestrutura (com certeza, financiados pelos bancos oficiais brasileiros); abertura do espaço aéreo dentro da UNASUL (para facilitar o deslocamento de pequenas aeronaves, levando e trazendo seja lá o que for, inclusive, até mesmo, mercadorias ilegais); livre circulação de pessoas entre os países membros (objetivando, com certeza, facilitar o deslocamento dos desempregados dos países mais pobres para aqueles países mais ricos); unificação das forças armadas dos países membros (esta unificação, certamente, conduzirá a uma padronização futura de armamentos e de doutrinas de emprego.
                                                       Embora nossa incipiente Indústria de Defesa possa participar deste novo mercado armamentista, que surgirá com a eventual padronização, a unificação de forças armadas é algo muito perigoso, notadamente, quando se tem em mente que cada país possui distintos Objetivos Nacionais Permanentes e é comum o conflito de interesses geopolíticos e comerciais nas relações políticas e econômicas internacionais).
                                                      Por detrás da UNASUL existe, sem dúvida alguma, um projeto político-ideológico. Nosso país, como o maior e o mais rico destes doze, talvez tenha muito pouco a ganhar com tais medidas; sendo estas, sim, do interesse daqueles países em pior situação que a nossa e daqueles partidos políticos e organizações não governamentais, interessados na implantação de uma nova ideologia no Continente Sul Americano.
                                                  Como exemplo do que acabamos de expor, poderemos nos deparar, de uma hora para outra, com nossas cidades cheias de imigrantes destes outros onze países que, somados aos africanos e haitianos que para cá têm vindo em grandes quantidades, estarão tomando empregos de brasileiros, concorrendo com empresas e indústrias brasileiras e recebendo auxílios financeiros do governo federal, pagos com o dinheiro dos nossos impostos.
                                                      Ocorre, ainda, que uma união como esta retirará de nosso país e de nossas autoridades, o poder de decisão e a autonomia sobre muitas questões importantes para nossa soberania.
                                                      Os inúmeros imigrantes que chegam às nossas capitais, vindos através da Venezuela, do Peru e da Bolívia, diariamente, e penetrando em nosso país pelo Estado do Acre (de nacionalidades haitianas, africanas e de outras origens sul-americanas, africanas e asiáticas), podem estar vinculados a uma eventual força paramilitar de defesa do partido no governo, caso este se veja ameaçado de destituição do poder.
                                                         Notícias divulgadas através da mídia dão ciência de que muitos dos médicos estrangeiros recrutados para trabalhar no Brasil, são ex militares com experiência em guerras na África. Os próprios países da UNASUL podem, mediante acordos secretos, talvez, vir a defender pela força das armas os governos de qualquer país membro desta organização, contra uma eventual destituição de seus dirigentes pelo povo, o que poderia generalizar um conflito local por todo o continente sul americano.
                                                          Por outro lado, da mesma forma que na Rússia Czarista, nossas elites lúcidas (não aquelas retrógradas que já compuseram com a esquerda oportunista e venal) e parte substancial da população também lúcida deste nosso país, percebem que algo de muito grave está ocorrendo com nossas instituições, mas, como os russos naquele passado distante, não acreditam que possa haver uma reviravolta total no Sistema, haja vista a boa índole do nosso povo e a sua grande religiosidade.
                                                             Que Deus, sendo brasileiro como muitos dizem, interceda para que não tenhamos que passar pela infelicidade de uma convulsão social, como todo este quadro delineado até aqui leva a crer, retornando a um estado de barbárie com o rompimento do contrato social e que nós, brasileiros, permaneçamos, ainda e sempre, unidos sob a força do Direito. E que as elites brasileiras, por favor, não subestimem o nosso povo...


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.