273. As notícias da Mídia e os discos voadores
Jober Rocha*
Os recentes progressos da informática, da computação gráfica, da cinematografia, da holografia, da terceira dimensão e da tecnologia, de um modo geral, fizeram com que nós, simples mortais, passássemos a desacreditar daquilo que nossos olhos viam.
Os efeitos especiais mostrados nas películas cinematográficas que contemplamos diariamente foram, como que, criando em todos nós o sentimento de que nada mais é verdadeiro, de que vivemos uma vida simulada onde nada mais corresponde à realidade e onde tudo é possível, já não surpreendendo mais ninguém.
Muitos filmes e fotos de discos voadores (Ufos ou Ovnis, como são oficialmente conhecidos) não passam, assim, de montagens muito bem feitas de supostos veículos extraterrestres, cujos objetivos destas montagens desconheço, pois aqueles que as fazem investem parcela substancial do seu tempo e do seu dinheiro nelas. Acho que buscam, apenas confundir, desinformar ou ridicularizar algo que pode e deve ser verdadeiro; de modo a que o verdadeiro passe por falso e vice-versa.
O mesmo ocorre com as notícias veiculadas na Mídia, onde o fato verdadeiro passa pelo falso e o falso pelo verdadeiro. O objetivo é idêntico: desinformar, ainda mais, uma população já desinformada, através da disseminação de notícias contraditórias. Por vezes me questiono se isto não terá saído de laboratórios secretos de análises psicossociais, escondidos no subsolo de algumas regiões desertas de potências desenvolvidas, onde estes temas seriam estudados por profissionais das mais variadas especialidades e subsidiados por verbas fabulosas e extra orçamentárias.
Em última análise, o que se buscaria seria fazer com que a massa humana vivesse eternamente em um mundo dos sonhos, onde não distinguiria mais a realidade da ficção. Neste contexto, poderia ser conduzida para qualquer lado desejado pelos ‘donos do mundo’, pois pensariam estar indo voluntariamente na direção que escolheram, desconhecendo que, na realidade, nada mais eram do que membros de um enorme rebanho de animais, supostamente racionais, vivendo uma servidão consentida.
Esses efeitos ‘especiais’ ocorrem, ademais, nas notícias veiculadas através da mídia. As matérias são propositalmente contraditórias, fictícias ou simplesmente distorcidas de modo a imprimir um outro sentido às declarações verdadeiras. Ao final, não sabemos mais o que é ou não verdade. Está dúvida ocorre, apenas, com uma minoria de seres pensantes, pois a grande massa ignara nem se dá conta de que está sendo ludibriada, iludida e enganada durante o tempo todo.
A grande massa sempre foi condicionada a acreditar, tarefa está atribuída desde a mais tenra idade dos indivíduos às diversas religiões inventadas por pessoas sagazes, cujos verdadeiros nomes são, muitas vezes, desconhecidos; pois a história se encarregou de apaga-los ou de escondê-los, tendo permanecido, apenas, seus nomes fictícios ou de fantasia ou os nomes dos personagens de suas tramas, bem urdidas, que conseguiram ver transformadas em religiões.
Em segundo lugar, somos condicionados a acreditar naquilo que a Ciência nos assegura como verdadeiro; muito embora, constantemente, esses conhecimentos científicos, ditos verdadeiros, estejam, quase que diariamente, sendo substituídos por outros, mais atuais e mais verdadeiros que os anteriores.
Em terceiro lugar, fazem com que tomemos uma posição política particular, de direita, de esquerda ou de centro, de modo a dividir-nos, evitando o que poderia, no caso de todos pensarem da mesma maneira, se constituir em uma união nefasta dos servos contra os seus patrões, os ‘donos do mundo’.
Em muitos lugares do planeta, onde as populações se mostram mais servis e dóceis, são as mesmas desarmadas em uma medida acauteladora contra eventuais surtos de conscientização, promovidos por agentes externos infiltrados ou por fatores supervenientes (por exemplo, como alguns acreditam, as denominadas conjunções interplanetárias, previstas pelos astrólogos, que provocam de tempos em tempos a evolução e os aperfeiçoamentos mentais e espirituais nos seres humanos) que possam provocar um imprevisto ‘estouro da manada’, de modo a que, em desabalada carreira para algum paraíso utópico possa esta chegar a destronar, pela força das armas, os ‘donos do mundo’ daquela magnífica posição mandatória que ocupam.
Em quarto lugar vêm a chamada ideologia, que o conhecido cantor e compositor Cazuza já afirmava “querer uma para viver”. Ao longo da História Humana o papel das ideologias tem sido crucial para convencer as massas humanas a servirem aos ‘donos do mundo’ com absoluto consentimento próprio, sem a necessidade do uso da violência por parte destes para impor a servidão. O escravo nascido em cativeiro, convencido de que viver é servir a um dono, desconhece o que seja a escravidão.
Mas voltemos às notícias da mídia. As técnicas aperfeiçoadas no que diz respeito às imagens, anteriormente mencionadas, também se estenderam no campo da comunicação. O grande estudioso destas técnicas tem sido um pesquisador norte-americano de 90 anos, chamado Noam Chomsky, linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo e comentarista (que se define como anarcossindicalista, anarcocomunista ou socialista libertário) para o qual “os dados empíricos (os fatos) não devem ser subvertidos pelos meios de comunicação, alguns deles condicionados pelas pretensões corporativas e pelo jogo de interesses que intervém na veiculação das informações. A propaganda e a publicidade acabam por influir naquilo que é o senso comum, apelando ao pensamento crítico e ao estudo da influência dos poderes empresariais no que chega ao público. Tudo isto está, também, condicionado pelo viés social, em que existem parcialidades que desestabilizam aquilo que é o sistema social como um todo, a partir do qual os meios de comunicação atuam e divulgam os conteúdos informativos”.
O fato é que em países como o nosso, onde as leis existem, apenas, para que o resto do mundo as veja e para que possam ser usadas pelos poderosos contra seus inimigos, a imprensa tem (nas últimas décadas de governos de esquerda) sido dependente das verbas públicas de propaganda e publicidade.
Verdadeiras fortunas foram canalizadas pelo Estado para diversos órgãos de comunicação, com o intuito de que fizessem o panegírico dos governos e desinformassem o público acerca das mazelas que verdadeiramente ocorriam e que só chegaram ao conhecimento da população através das delações premiadas de alguns empresários presos, envolvidos na chamada Operação Lava a Jato.
Com o corte, pelo novo presidente eleito, Jair Bolsonaro, das verbas governamentais de propaganda e publicidade, começou uma campanha de desinformação e de conspiração midiática tendente a desestabilizar o seu governo. Vale dizer que essa mídia a que me refiro não possui nenhum compromisso com o futuro do país, nem com os brasileiros, nem com moralidade ou com a verdade. Seu compromisso exclusivo é com o dinheiro.
Praticamente, todas as notícias propaladas por esta mídia são eivadas de duplos sentidos; de críticas sutis; de deturpações de textos, frases e pronunciamentos do presidente, de seus familiares, de seus assessores mais próximos, de seus ministros e de seus aliados políticos. A coisa é de tal ordem, que, na impossibilidade de tudo aquilo noticiado ser contestado, de imediato, pelo presidente ou por algum porta-voz seu, muito do que é divulgado, sem ter sido desmentido por ninguém, acaba passando por verdade para um público desinformado, despolitizado, inculto e inocente.
Em muitas situações, para que o leitor perceba que a matéria é falaciosa e não corresponde à verdade dos fatos, é necessário um nível elevado de conhecimento sobre a conjuntura política, econômica, militar e psicossocial, nível este não possuído por grande parte dos leitores. Muitos ficam apenas nas manchetes, não lendo todo o conteúdo dos textos divulgados; conteúdos estes que, muitas vezes, nada têm a ver com as manchetes.
Trata-se, portanto, de uma maneira inteligente e sagaz de iludir o leitor e criar uma ideia errônea sobre acontecimentos e sobre pessoas do governo, suas declarações e suas intenções, visando desconstruir a imagem do presidente e do seu grupo de colaboradores, apresentando-os de forma negativa. Só aqueles mais esclarecidos e que acompanham a conjuntura diária, conseguem perceber as armadilhas montadas.
Em um futuro próximo, se isto já não está ocorrendo no presente, de uma maneira geral, não poderemos mais acreditar em nossos sentidos. A inteligência artificial, a robótica, as tecnologias computacionais e de vídeo, o progresso das ciências médicas e psicológicas, dos fármaco-químicos, etc., poderão levar-nos, diariamente, para uma existência totalmente irreal e desvinculada do quotidiano verdadeiro, isto é, daquilo que está realmente acontecendo a nossa volta. Veremos o que não existe; sentiremos o gosto e o cheiro de algo que não possui existência real; tocaremos coisas que, embora falsas, passem por verdadeiras; ouviremos mentiras ditas por pessoas que disseram, apenas, verdades.
É o que o futuro nos reserva, segundo podemos inferir da realidade com que hoje nos deparamos. O maior mal disto tudo é que depois das crenças já estarem arraigadas nas mentes humanas, os seus desarraigamentos se tornam praticamente impossíveis; pois, como costumam dizer os nossos marginais pertencentes às inúmeras facções criminosas existentes nas nossas periferias urbanas: - Está dominado, está tudo dominado!!
O fato é que para os ‘donos do mundo’, a existência de populações alienadas, desinformadas, incultas, enganadas, iludidas, inocentes, crentes, ignorantes, subservientes, desarmadas e desunidas, como somos em nossa grande maioria, representa a garantia de que as coisas continuarão sempre da mesma forma; isto é, que eles, por muito tempo ainda, continuarão sendo os donos deste pequeno planeta habitado por uma raça estranha e perdido na vasta imensidão dos espaços siderais.
_*/ Economista e Doutor pela universidade de Madrid, Espanha.
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