domingo, 30 de setembro de 2018


251. Os Remadores do Messias


Jober Rocha*



                                      O título desta crônica me ocorreu ao lembrar da expressão ‘o remador de Ben Hur’. Para os leitores que não a conhecem, ela é de autoria de Nelson Rodrigues (1912-1980), descrevendo o seu próprio ritmo laboral, incansável, de jornalista e escritor brasileiro. 
                                                    Nelson, ao dar este título para um de seus livros, fazia referência ao filme Ben Hur, de 1959, com Charlton Heston, ambientado no tempo do imperador romano Tibério (42 a.C - 37 d.C), em que inúmeros condenados às galés (dentre eles um rico príncipe que vivia em Jerusalém, chamado Judáh Ben Hur, feito escravo por haver ferido o novo governador da Judéia, Valério Grato) remavam dias e noites, sem parar, no navio do cônsul romano Quinto Arrio, encarregado da destruição da frota dos piratas macedônios.
                                                           A campanha eleitoral do candidato do Partido Social Liberal - PSL, Jair Messias Bolsonaro, assemelha-se, em muitos aspectos, ao trabalho dos remadores do filme Ben Hur. Milhares, senão milhões de pessoas, de forma inédita, desinteressada, colaborativa e patriótica, passam inúmeras horas diárias dedicadas a promover, infatigável e obstinadamente, a campanha do candidato à presidência da república nas ruas e nas redes sociais. Com a grande diferença que o fazem de forma espontânea e voluntária, enquanto os remadores das galés do filme Ben Hur o faziam compulsoriamente como escravos.
                                                      Grande parcela da população brasileira, condenada a viver trancada em seus apartamentos e em suas casas gradeadas, com muros altos, cercas eletrificadas e câmeras de vigilância (em virtude do clima de violência instalado e dos assaltos, roubos e assassinatos que ocorrem a todo instante nas grandes cidades e que não escolhem ricos, remediados ou pobres, atingindo a todos de forma brutal) tomou a si a tarefa de promover, graciosamente e de maneira inédita na nossa história, a campanha de Bolsonaro nas redes sociais e nas ruas das cidades. 
                                                      Bolsonaro é o único candidato com uma proposta concreta de combater a criminalidade, inclusive permitindo que a população venha a se rearmar para sua defesa pessoal e patrimonial, como ocorria antes dos governos de esquerda assumirem o controle do país e desarmarem a população (em que pese este desarmamento efetuado haver sido rechaçado, pouco antes, em um plebiscito popular), para que não pudessem se opor a implantação do comunismo ou, como este é eufemisticamente conhecido nos trópicos, socialismo bolivariano.
                                                      Também é o único candidato com a proposta de se opor, de forma contundente, à tentativa levada a efeito pelo Foro de São Paulo, que conta com a aceitação dos demais candidatos de esquerda, da implantação do comunismo em nosso país.
                                                     Os remadores da frota de Quinto Arrio colaboravam com o seu simples trabalho, embora vigoroso e cansativo, para que este cônsul e chefe militar conseguisse destruir a frota dos piratas macedônios. 
                                                         Da mesma forma os colaboradores do capitão Bolsonaro objetivam, com seus incansáveis labores, que este, logo após eleito presidente, inicie o combate, o desmantelamento e a prisão dos criminosos comuns e de suas facções; bem como, dos criminosos de colarinho branco e de suas organizações malignas, que infestam e agem nos três poderes da república, em suas esferas federais, estaduais e municipais, maquinando formas astutas de como roubar dinheiro público e remetê-lo para paraísos fiscais localizados ao redor do mundo.
                                                            Bolsonaro, como um verdadeiro Messias, chegou na hora exata para impedir a falência total de nossa economia e de nossas instituições, conduzidas para o abismo por sucessivos governos de uma esquerda venal e antipatriótica que, em um projeto de poder continental e perene (estabelecido pelo Foro de São Paulo que congrega dezenas de movimentos de esquerda da América Latina), abdicou da nossa própria soberania (ao aceitar a ingerência de organismos e de ideólogos estrangeiros), abriu mão de parcelas do território nacional (como na questão das reservas indígenas) e apropriou-se de forma privada de recursos que eram públicos (como foi e está sendo tornado público através dos inquéritos criminais da Operação Lava a Jato e do chamado Mensalão, em que recursos públicos, objeto de superfaturamento de obras, eram apropriados por políticos e por membros do poder executivo e empresários). 
                                                            Jair Bolsonaro representa o cidadão de bem, que está cansado de pagar com seus escorchantes impostos e com o suor de seu trabalho, os desmandos de dirigentes venais, a conivência de autoridades corruptas com o narcotráfico e com facções criminosas e a incompetência de governantes ideologicamente comprometidos com ideologias ultrapassadas. Poderia ser qualquer outro candidato, desde que sintetizasse essa vontade popular de mudança e a consciência, que hoje a grande maioria da nossa gente já possui, de que estamos seguindo no caminho errado, com um déficit orçamentário gigantesco, desemprego imenso, milhares de empresas comerciais, industriais e de serviços fechadas, Estados da federação praticamente falidos, transportes, educação, saúde e segurança deficientes e abaixo da crítica; além de forças armadas e auxiliares desmotivadas, em razão dos baixos salários, e sucateadas.
                                                          A Venezuela foi para nós um grande exemplo de como o socialismo bolivariano se implanta a sorrelfa, sorrateiramente, em um regime inicialmente democrático. Por sorte os nossos líderes militares não se deixaram cooptar pela ideologia comunista, como ocorreu com os líderes daquele país vizinho.  Os episódios da nossa História ocorridos em 1935 e em 1964 (quando a esquerda tentou, sem sucesso, tomar o poder e implantar o regime comunista), parecem estar ainda bem vivos na memória da maioria dos nossos líderes militares que, mesmo sem intervir diretamente, deixaram bem claro aos governantes eleitos e aos ideólogos de esquerda (eleitos os primeiros de forma democrática em eleições que foram questionadas, quanto a sua lisura, por utilizarem urnas eletrônicas que especialistas asseguram serem passíveis de fraudes) a existência de limites que não poderiam ser ultrapassados, no que respeita a defesa de nossa constituição pelas forças armadas.
                                                       De qualquer forma, o aparelhamento promovido pelos governos de esquerda nas duas últimas décadas, nos três poderes da república, tornará bastante difícil a implantação das medidas de saneamento preconizadas por Jair Messias Bolsonaro caso seja eleito, como tudo leva a crer pela aclamação popular que ele tem aonde quer que vá. O desmanche desse aparelhamento, bem como o fechamento das torneiras por onde se esvaem os recursos públicos para as grandes Mídias, os partidos políticos, os sindicatos, as organizações não governamentais e os artistas de esquerda, será uma tarefa desgastante e que ocupará bastante tempo e pessoal do futuro governo. Centenas ou, até mesmo, milhares de pessoas, ainda impunes em virtude de seus foros privilegiados, com certeza, serão chamadas a responder por seus crimes comuns, bem como de lesa-pátria e de traição, nas barras dos tribunais.
                                                          A esquerda sabe disso melhor do que ninguém. Por esta razão, seus integrantes e comparsas estão jogando as suas últimas cartadas. Ocorre que não contam com a única variável que importa em uma eleição, caso ela não seja viciada: a decisão do eleitor. Pelas demonstrações públicas e através das redes sociais, constata-se que o candidato Bolsonaro é o preferido da maioria esmagadora da nossa população.
                                        Alguns institutos de pesquisa, inexplicavelmente, começaram a atribuir ao candidato do Partido dos Trabalhadores - PT, que desde o início da campanha se apresentava como aquele com menos intenção de votos, um crescimento vertiginoso, ultrapassando os demais concorrentes e quase emparelhando com Bolsonaro. Estes resultados não são condizentes com as manifestações do público nas ruas quando se trata do candidato do PT. Comícios vazios, carreatas com muito poucos veículos. Ao contrário, quando se trata de Bolsonaro, as ruas ficam lotadas de gente e de veículos. Milhares de pessoas comparecem aos aeroportos para saudá-lo em suas viagens pelo país. Alguns analistas comentam que este estranho crescimento faz parte de um preparativo para a fraude nas eleições, fazendo com que a eventual vitória do candidato em segundo lugar seja aceita como normal; já que as pesquisas indicavam a sua ascensão.
                                                        Com receio da eleição em primeiro turno de Bolsonaro, tentaram eliminá-lo fisicamente, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, quando recebeu uma facada no abdome ao ser carregado nos ombros do povo. Desde então, sem poder participar da campanha política como os demais candidatos, os seus correligionários, como remadores de Ben Hur, trabalham diuturnamente nas redes sociais, elaborando e enviando matérias sobre seu estado de saúde, suas atividades e seu programa de governo; bem como, rebatendo mentiras divulgadas pela grande mídia e pelos grupos de esquerda que tentam, a todo custo, difamá-lo.
                                                            A única recompensa que esperam os Remadores do Messias é a alegria de vê-lo finalmente eleito, saber que contribuíram para ajudá-lo a trazer de volta aos trilhos o seu país, que havia descarrilhado sob a condução de dirigentes incompetentes, mal-intencionados e venais, e ter a certeza de que seus filhos e netos não precisarão buscar refúgio em terras estranhas, para sobreviver, como hoje fazem os cidadãos venezuelanos.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

250. Preparem-se!


Jober Rocha*


                           Caros leitores, não se deixem influenciar pelo título deste texto. Não falarei sobre os baixos salários, sobre as deficiências dos nossos hospitais, de nossas escolas, de nossas estradas ou de nossas polícias; muito embora, todas estas carências contribuam para colocar em risco a sobrevivência de nossa gente. 
                                             A sobrevivência de que falarei, para a qual devemos nos preparar, diz respeito àquela que as nossas populações urbanas terão de enfrentar na hipótese de convulsão social (como aquela que, certamente, ocorrerá em nosso país pouco tempo depois da eleição presidencial, seja lá qual for o candidato que vença); bem como, as grandes calamidades e cataclismos que podem ocorrer inesperadamente e para os quais as populações das nossas cidades estão completamente despreparadas.
                                            As forças armadas brasileiras e as forças auxiliares realizam, com certa frequência, cursos e estágios de sobrevivência na selva, na caatinga e nos campos deste nosso vasto território nacional. Isto se baseia na hipótese de que, muitas vezes, o Teatro de Guerra em que se desenvolverão as suas futuras operações poderá estar localizado bem distante das fontes de suprimento e a logística de que irão dispor, naquelas ocasiões de guerra, talvez, possa não ser suficiente para mantê-los convenientemente abastecidos de água, de alimentos, de armas, de munições e de reforços. 
                                                      Por outro lado, alguns ou muitos militares, eventualmente, poderão se encontrar isolados do resto das suas tropas e necessitar sobreviver por conta própria durante longos períodos. Nestes cursos que têm sido ministrados, os militares aprendem como viver em condições adversas em um meio ambiente inóspito, hostil e com dificuldades para a obtenção de água, de fogo e de alimentos. Fazer fogo por meios alternativos; obter água mediante técnicas milenares e/ou modernas; preparar abrigos para o sol e para a chuva; montar armadilhas para a captura de pequenos animais; aprender quais folhas, raízes e insetos podem ser comestíveis; orientar-se, quanto ao rumo a seguir, através das estrelas do céu; etc.; são algumas das técnicas ensinadas aos militares nestes cursos.
                                                Relativamente à sobrevivência nas cidades; ou seja, no meio urbano, onde, na realidade, deverão se desenrolar a maior parte dos conflitos internos ou, até mesmo, externos com que poderemos nos defrontar no futuro, nada ou quase nada é ensinado aos nossos militares no que respeita às suas sobrevivências pessoais, a não ser, talvez, através de algumas poucas iniciativas vinculadas ao treinamento de operações especiais. 
                                                     Quando, porventura, se encontrassem isolados de suas tropas no meio de cidades (onde grupos armados de rebeldes ou de criminosos eventualmente travariam combates com forças policiais e militares; populações sublevadas e armadas trocariam tiros entre si e com as forças da lei e da ordem) ou por ocasião de grandes cataclismos se mantiverem isolados de qualquer apoio por parte de seus companheiros, certamente, estes militares e policiais teriam dificuldades para sobreviver até retomarem o contato com o restante de suas tropas. 
                                                    Não digo que os militares e policiais tenham deficiências com relação à falta de treinamento no tocante ao combate em áreas urbanas, onde algumas forças especiais e policiais brasileiras já possuem um treinamento bastante adequado, além de muita experiência no assunto, estando entre as melhores do mundo. Talvez, a falta de treinamento militar sobre a sobrevivência pessoal urbana seja devida ao fato de que nas cidades estão localizadas a maior parte das bases, dos quartéis e das residências dos próprios militares e, também, em razão de nossas autoridades imaginarem que as forças combatentes, a operar neste Teatro de Guerra, serão, sempre, convenientemente abastecidas de água, alimentos, armas, munições e reforços, por suas próprias organizações situadas nos centros urbanos; o que, na realidade, pode não vir a ocorrer por razões várias.
                                                  Se assim se passa no meio militar e no das forças auxiliares, o que dirá então no meio civil. Em muitos países sérios e democráticos, como, por exemplo, os USA, o Canadá, a Suíça, etc., os cidadãos são incentivados pelos próprios governos a fazerem cursos de sobrevivência, a estocarem alimentos, a aprenderem a atirar com armas de fogo e a possuírem armas e munições em suas residências (na Suíça estas são fornecidas gratuitamente, pelo governo, a todos os indivíduos maiores de idade); além dos cidadãos destes países poderem contar com financiamentos, a baixas taxas de juros, para construir abrigos fortificados em suas casas de campo, onde se protegeriam com a família em caso de convulsão social, conflito interno, invasão estrangeira, cataclismos, guerra nuclear, etc. 
                                                       Estas medidas fazem parte de um bem elaborado plano de mobilização das populações nas hipóteses anteriormente formuladas (plano este desenvolvido durante a Guerra Fria entre USA e a União Soviética), com vistas à sobrevivência e a perpetuação de suas culturas, dos seus valores, de suas raças, dos seus territórios e de suas próprias populações. 
                                                      O plano de mobilização de muitos países inclui, ademais, a construção de abrigos contra eventuais explosões nucleares. Estes países, além do mais, tradicionalmente, possuem defesas civis a altura das adversidades por que passam constantemente ou que, eventualmente, venham a passar no futuro, tais como os tornados, as tempestades de neve, as inundações, os terremotos, os furacões, as explosões nucleares, etc.
                                                  Em nosso país, da mesma forma como ocorre em muitos outros países subdesenvolvidos espalhados pelo mundo, infelizmente, os governos e os políticos parecem possuir outros objetivos. Pensam em desarmar as populações daquelas armas que, eventualmente, possam se voltar contra eles, em razão dos desmandos que muitas vezes cometem, dos desvios de recursos públicos que muitas vezes realizam, da associação com o crime organizado que muitas vezes pactuam. 
                                                       A burocracia que implantaram para a legalização das atividades desportivas tradicionais de atiradores, caçadores e colecionadores de armas, ao contrário da existente naqueles países anteriormente mencionados, é tão grande que muitos brasileiros desistiram de praticar tais atividades esportivas. 
                                                           O preço de armas e munições no comércio, além da burocracia necessária para adquiri-los, é tão grande quando comparado com o de outros países que, ao contrário do nosso, não são fabricantes de armas, de maneira a imaginarmos existir aqui a intenção deliberada de evitar as suas aquisições por parte da população honesta e trabalhadora, haja vista que criminosos não adquirem armas em lojas comerciais, não praticam o tiro em clubes, nem são colecionadores ou caçadores registrados. 
                                                           As justificativas apresentadas para tantos controles e proibições não resistem às pesquisas mundiais sobre o assunto e seguem na contramão daquilo que afirmam os países sérios: “armas e munições garantem o direito à vida e à propriedade do cidadão e, assim, garantem a sua liberdade. Seu uso indevido é um problema policial e judiciário e como tal deve ser tratado”. 
                                                             Nada em nosso país é feito, ao contrário do que ocorre em outros países democráticos, com vistas a assegurar a sobrevivência da população brasileira, tanto a do interior quanto a das cidades, na hipótese de situações de cataclismos, calamidades, convulsão social, guerras, etc. 
                                                      Quando se fala em mobilização, nossas autoridades preocupam-se, apenas, com aquela industrial, isto é, em como adaptar as indústrias para, em caso de necessidade, produzirem e fornecerem equipamentos militares; mas não se preocupam em proporcionar cursos, treinamento e meios (físicos e financeiros), para que as populações humanas sobrevivam, em caso de necessidade urgente, motivadas por eventuais catástrofes, calamidades ou convulsões sociais que envolvam os grandes centros urbanos populosos e que provoquem crises de abastecimento e deslocamentos de grandes massas humanas. 
                                                           Nossas defesas civis, com raras exceções, são rudimentares e sem meios adequados; só vindo ao público em casos de calamidades e, mesmo assim, para tentar justificar suas ausências e inoperâncias. Por outro lado, com uma costa marítima da magnitude da nossa, ainda não possuímos uma guarda costeira a altura de nossas necessidades; nosso espaço aéreo é violado com frequência em áreas de fronteira, por aeronaves transportando armas, drogas e outros itens de contrabando; bem como, armas e munições de grande calibre e potência (estas não devem ser confundidas com aquelas de pequeno calibre, eventualmente, adquiridas pelos cidadãos de bem em lojas legalizadas de armas) destinadas ao crime, organizado ou não, entram, facilmente, por nossas fronteiras terrestres.
                                                      Em nossas grandes cidades os únicos a possuírem alguma experiência de sobrevivência na ‘selva urbana’ são os moradores de rua. Estes vivem, dormem, bebem e se alimentam nas ruas das cidades, contando, para tanto, apenas, com aquilo que aprenderam por si mesmos em anos de exclusão social. 
                                                             A grande maioria de nossas populações urbanas, com toda certeza, pereceria na eventualidade de um cataclismo de grandes proporções que afetasse um ou mais Estados, ou, mesmo, todo o território nacional (por exemplo, uma seca generalizada e duradoura; terremotos; maremotos; tsunamis, queda de asteroides do espaço; guerra civil generalizada; convulsão social; invasão estrangeira; explosão ou vazamento grave de usina nuclear; guerra mundial nuclear; etc.). 
                                               Caso ocorra um ou, simultaneamente, alguns destes eventos mencionados, a consequente falência do poder público e o respectivo caos generalizado que se seguiria, gerado pela ausência de serviços públicos e privados, pela falta de gêneros alimentícios, de transporte, de assistência médica, de segurança individual e coletiva e de autoridades constituídas, levariam as nossas populações, totalmente destreinadas e despreparadas, para a morte certa e para o ‘salve-se quem puder’, com todas as suas trágicas e funestas consequências. 
                                                    As autoridades brasileiras, contudo, parecem ainda não ter se dado conta destas possibilidades ou, então, não acreditar na eventualidade da ocorrência de alguma delas. 
                                                      Com isto, ainda, não deram início a nenhum plano, concreto e efetivo, de treinamento de populações para tais eventualidades (apenas uma ou outra tentativa isolada sobre a eventualidade de explosão ou vazamento na Usina de Angra I, aos habitantes do município de Angra dos Reis, RJ); bem como, nada fizeram sobre a divulgação de regras e normas de sobrevivência, a serem seguidas por aqueles que vivem em centros urbanos populosos. 
                                                    Da mesma forma, nenhuma ação foi empreendida com respeito à facilitação de medidas burocráticas ou administrativas, visando a elevar a capacidade de sobrevivência das populações naqueles casos mencionados - por exemplo, a redução de burocracia para aquisição de itens destinados à sobrevivência e, inclusive, disponibilizando aos interessados recursos financeiros, a juros reduzidos, para o preparo de suas subsistências e de suas defesas contra calamidades, como fazem outros países sérios onde as autoridades são responsáveis e preocupadas com o tema.
                                              Algumas colaborações isoladas, no que se refere à sobrevivência urbana, podem, todavia, ser encontradas na WEB, mas suas reduzidas divulgações sob a forma de vídeos têm atingido, apenas, um pequeno público interessado no assunto. 
                                                   Alguns destes vídeos, que podem ser encontrados no ‘You Tube’ (a grande maioria deles de origem norte-americana), ensinam às pessoas como estocar dinheiro, roupas, alimentos e água, em vários locais diferentes da cidade ou no trajeto para outras cidades ou para o campo (procedimento útil em caso da necessidade de fuga rápida, em razão de convulsão social ou de cataclismo, quando o indivíduo foge apenas com a roupa do corpo); como planejar a melhor rota para sair da cidade, em caso de necessidade urgente; como estocar combustível para alguma emergência, mesmo sendo proibido (a melhor técnica seria a de andar sempre com o tanque de combustível dos veículos cheio); como planejar a defesa de alguma moradia alternativa possuída no campo; como fazer uma horta caseira; como estocar alimentos por vários anos, em garrafas plásticas de refrigerantes; como viver com seus próprios recursos ou meios, no caso da falência geral dos serviços públicos (tais como água, energia, coleta de lixo, segurança individual e pública, serviços de saúde; etc.). 
                                                     Da mesma forma que o governo em seus três níveis, Federal, Estadual e Municipal, a grande maioria das populações urbanas do nosso país vive o seu dia a dia sem a menor preocupação com relação a qualquer uma destas hipóteses mencionadas e, imaginando que alguma delas venha realmente a ocorrer de uma hora para a outra, certamente, tais eventos, além de surpreender a todos, terão o poder de modificar para sempre e de maneira radical as vidas de milhões de indivíduos. 
                                                      Outros, por terem, talvez, uma maior visão histórica e reconhecerem que vivem em um país repleto de carências e de deficiências de toda ordem, já começaram, de maneira isolada, com os seus pequenos preparativos há algum tempo, estocando alimentos, água, energia, equipamentos e instrumentos de defesa, etc.
                                                        A nossa população atual, conforme indicam as pesquisas eleitorais, está dividida. De um lado estão aqueles brasileiros mais esclarecidos que não se deixam iludir pelos apelos dos tradicionais políticos venais e corruptos (envolvidos em escândalos de desvio de recursos públicos e denunciados pelos próprios parceiros no crime, empresários e executivos de empresas estatais), que, ademais, pretendem implantar no país o denominado socialismo bolivariano, o mesmo sistema de governo comunista que quebrou a economia da Venezuela, expulsando enormes contingentes de refugiados daquele país para os países vizinhos. Estes brasileiros conscientes são eleitores do atual deputado e ex militar Jair Bolsonaro, que conta com a maioria significativa dos votos, segundo as pesquisas de opinião até então realizadas. Este candidato já foi alvo de um atentado recente contra a sua vida, que quase o matou. O crime ainda não foi definitivamente esclarecido.
                                                      Do outro lado encontram-se os seguidores do ex presidente Lula (atualmente cumprindo pena de prisão por corrupção e outros crimes), eleitores estes divididos entre diversos outros candidatos de esquerda, em um primeiro turno; mas, unidos todos, entre si, em torno do candidato indicado por Lula, em um eventual segundo. Este segundo candidato já declarou que, se eleito, indultará o ex presidente, fato que os militares brasileiros não aceitarão pacificamente, conforme declarações já veiculadas na Mídia. Até pouco tempo o candidato do Partido dos Trabalhadores - PT era o último situado nas pesquisas de opinião, mas, de uma hora para a outra, sem nenhuma explicação convincente, passou todos os demais candidatos chegando quase a emparelhar com o primeiro, segundo alguns institutos de pesquisa, institutos estes nos quais poucos eleitores acreditam.
                                                 Sendo eleito o primeiro candidato, evidentemente, os inquéritos policiais e as ações judiciais já em curso tenderão a aumentar, em quantidade e em extensão, pois inúmeros políticos, não reeleitos, perderão seus foros privilegiados e terão que responder por seus crimes na justiça comum. Empréstimos concedidos por governos de esquerda a países estrangeiros, sem garantias adequadas e não honrados nas datas de vencimento; perdão de dívidas de países, etc., também deverão ser alvo de sindicâncias por parte deste novo presidente. Estes inquéritos a serem instaurados (além do desmanche que, sem dúvida, será efetuado de todo o aparelhamento do Estado realizado pelos governos de esquerda ao longo das últimas duas décadas) farão com que as esquerdas (nacionais e do continente) e seus militantes se mobilizem contra o novo presidente. Essa mobilização poderá ir além da retórica dos protestos e chegar ao confronto armado entre a população civil do nosso país e entre o nosso e outros países de esquerda do continente.
                                                      Por sua vez, caso o segundo candidato seja o eleito (em eleições que poderão ser consideradas duvidosas pela maioria da população, em razão das urnas eletrônicas utilizadas apenas em nosso país serem produzidas e manuseadas por uma empresa estrangeira e, segundo 'experts' no assunto, serem facilmente fraudáveis) e venha a indultar o ex presidente Lula, preso, e por um fim na Operação Lava a Jato, os militares e os eleitores do primeiro candidato, com certeza, não aceitarão pacificamente um revés de tamanha magnitude.
                                                    O ex-ministro de Lula, José Dirceu (condenado em primeira instância na Operação Lava a Jato, preso e libertado pouco tempo depois) disse, em entrevista divulgada pelo El País nesta quarta (26/09/18), segundo citação de Luís Nassif On Line: “O PT não vai apenas ganhar a eleição, mas tomar o poder".
                                                   Esta declaração deixa evidente, que a chamada Operação lava a Jato será encerrada, o ex presidente Lula será indultado e o país será, definitivamente, tomado pela esquerda que implantará aqui o socialismo bolivariano com todas as suas mazelas (desemprego, desabastecimento, violência, censura, miséria e fome)
                                                         Em um contexto geopolítico mundial, me pergunto como as grandes potências se comportarão face a queda definitiva do Brasil em um regime comunista, que arrastará junto consigo os restantes países do continente?
                                                 Como os nossos militares agirão, nessa eventualidade?
                                                            E o povo de bem, que é contra a corrupção, contra o crime organizado, contra a ditadura comunista, a favor da livre iniciativa, do liberalismo econômico, da liberdade de expressão, que reação terá?
                                                     Por não conseguir responder a estas indagações e por julgar que a instalação de uma grave crise política, militar, social e econômica se avizinha, aconselho aos brasileiros prudentes que se preparem para sobreviver em tempos difíceis, senão trágicos. Revalidem seus passaportes caso vencidos, vendam aquilo que puderem, mantenham um endereço no campo onde possam e devam estocar água, alimentos, remédios e tudo o mais que puder proporcionar-lhes segurança em caso de convulsão social.
                                                        Da mesma forma como anseiam muitas pessoas do bem em nosso país, eu também desejo que o Brasil  passe incólume por tudo isto e que esteja, sempre, acima de tudo (para o bem dos brasileiros) e que Deus, sempre, esteja acima de todos!


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.





sábado, 15 de setembro de 2018

249. A farsa da democracia brasileira


Jober Rocha*

 


                                      Segundo afirmam os dicionários, a Democracia é uma forma de governo em que o povo exerce a soberania. É também um Sistema Político em que os cidadãos elegem os seus dirigentes por meio de eleições periódicas.
                                              Em nosso país, infelizmente, estas assertivas dos dicionários ocorrem, apenas, de forma parcial: ou por que nós não sejamos uma verdadeira democracia, e a definição não se aplique ao nosso caso, ou por que a definição esteja errada, o que, evidentemente, não é o caso; pois ela descreve, com exatidão, a situação de inúmeros países da atualidade.
                                                           Em primeiro lugar, no caso brasileiro, o povo jamais exerceu a sua soberania sobre coisa alguma. O nosso povo, crédulo, despolitizado, ignorante, inocente, subserviente e obediente, sempre foi manipulado pelas elites com seus interesses particulares e egoístas. A manipulação, executada de forma inteligente, é feita de modo a conduzir o rebanho para o matadouro fazendo-o acreditar que está seguindo para férteis campos e belas pradarias, onde vicejam a grama mais verde e o capim mais saboroso. Dizem que os nazistas faziam o mesmo com os judeus de toda a Europa, durante a Segunda Grande Guerra, ao conduzi-los em vagões de trem para os campos de concentração onde seriam exterminados. Afirmavam a eles que, generosa e caridosamente, os estavam levando para locais onde seriam bem tratados e protegidos dos efeitos danosos da guerra em curso.
                                                      O mesmo fazem os nossos militantes marxistas, ao trabalharem junto às massas operárias objetivando a tomada do poder. Nada querem para eles (apenas a direção do país e o poder que vem junto com ela); tudo o mais pelo que lutam é, simplesmente, para o bem do povo, após a implantação da chamada ‘Ditadura do Proletariado’. Ora, ditadura, seja lá de quem for, não é Democracia onde o povo tem (ou deveria ter) a soberania. O povo, crédulo, deixa-se levar sem saber que irá, apenas, substituir o seu patrão atual (que é controlado pelo Estado, através de representantes eleitos pelo povo) pelo Estado Comunista (que não é controlado por ninguém, a não ser pelos ditadores no poder, que se revezam entre eles à revelia do povo).
                                                   Assim, de quatro em quatro anos ocorrem eleições no Brasil para Presidente da República, Governador, Prefeito, Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador. Para senador os mandatos possuem a duração de oito anos.
                                                   Nessas eleições os candidatos podem prometer tudo aquilo que quiserem, objetivando se eleger, pois inexistem punições de qualquer tipo para promessas não cumpridas. O Código de Defesa do Consumidor deveria abrigar e proteger, também, os eleitores; pois entre estes e os políticos eleitos existem vínculos contratuais para a execução de serviços. Os políticos não foram eleitos de quatro em quatro anos, apenas, porque a lei eleitoral assim dispõe. Eles foram eleitos para realizar um trabalho específico (aquele que cada um prometeu) contratado com aqueles que os elegeram (apenas para executar este trabalho prometido).
                                                        Os eleitores pagam os políticos com o dinheiro de seus impostos; portanto, a relação contratual existe. Quando o político recebe seus vencimentos e nada faz do que prometeu, ou faz apenas uma parte do todo prometido, não sofre nenhuma punição em razão disto. Logo, durante a campanha, qualquer político pode dizer o que quiser, fazendo com que a eleição se transforme em uma farsa. Por outro lado, aqueles candidatos eleitos costumam legislar em causa própria, votando seus próprios aumentos salariais, suas benesses e mordomias, de modo a que seus salários e benefícios fazem com que tenham ganhos superiores aos dos dirigentes das mais importantes empresas privadas existentes no país. Ademais, muitos destes políticos durante a duração de seus mandatos trabalham, exclusivamente, para seus interesses particulares lícitos e ilícitos.
                                                    O aparelhamento do Estado, através de esquemas de loteamento de cargos de direção nos ministérios, nos órgãos públicos e nas empresas estatais, permite a formação de verdadeiros feudos, onde determinados partidos são feudatários eternos e dos quais extraem recursos para suas campanhas e para os bolsos de seus dirigentes.
                                                      O chamado foro privilegiado (o direito de não ser julgado pela justiça comum, mas, apenas, pela mais alta corte do país), faz com que os políticos tenham por juízes tão somente as suas próprias consciências; que muitos deles já perderam, ainda bem jovens, ao entrar para a política.
                                                  As Emendas Parlamentares, excrescência política típica do nosso país, permite que muitos políticos se perpetuem no poder, gerando uma forma de barganha entre eles e seus eleitores, que passam a depender destas emendas para conseguir investimentos nas regiões onde os políticos possuem as suas bases eleitorais. Para os leitores que não sabem, através da lei Orçamentária Anual, os parlamentares aprovam o Orçamento Geral da União. As Emendas Parlamentares representam, assim, a oportunidade de cada parlamentar reservar uma parcela do referido orçamento para a sua região ou para os projetos de seu interesse, objetivando favorecer sua base eleitoral e seus apadrinhados.
                                                     As urnas eletrônicas adotadas pelo Brasil são dependentes de software e o nosso país é o único a adotar este sistema, que é conhecido como de primeira geração. Diversos países o testaram e abandonaram (Alemanha, Holanda, Irlanda, Inglaterra e Paraguai); outros países utilizam o sistema eletrônico de segunda geração, independente de software. O Supremo Tribunal Federal (que constitui o foro privilegiado dos políticos) rejeitou a implantação do voto eletrônico impresso (hoje o eleitor vota e não tem nenhum comprovante de que votou no candidato em quem votou), alegando que seria um retrocesso e não um avanço.
                                                          Inúmeros técnicos no assunto já declararam que a possibilidade de fraude nestas urnas é bem concreta; razão pela qual, propuseram que os eleitores recebessem um comprovante de que votaram em determinado candidato, de forma a que os partidos políticos pudessem auditar a lisura das eleições. Esta proposta não foi aceita pelo STF.
                                                            A autocensura praticada pela grande mídia, dependente das verbas governamentais de propaganda, verbas estas que montam a bilhões de reais, constitui outro empecilho a que se possa ter uma verdadeira democracia em nosso país. O público, de um modo geral, e os eleitores, em particular, tomam ciência, apenas, das notícias que interessam aos detentores do poder, dificultando (ou impossibilitando), desta forma, análises acuradas da verdadeira situação política, econômica, militar e psicossocial do país.
                                                           A oposição é praticamente inexistente, como ficou demonstrado nos inquéritos policiais e processos judiciais denominados ‘Mensalão’ e ‘Operação Lava a Jato’. No primeiro deles, políticos de todos os partidos receberiam recursos do governo federal, mensalmente, para votar matérias de interesse do partido no governo. No segundo, políticos de vários partidos receberiam recursos financeiros de umas poucas empreiteiras de obras, para distribuírem todas as obras públicas e de empresas estatais entre estas referidas empreiteiras, através de concorrências fraudulentas, cujos valores já incluíam as propinas a serem pagas para os políticos e executivos governamentais.
                                                         As nossas  leis existem, apenas, para que sejam descumpridas pelos poderosos. Os inquéritos existem, apenas para que se pense que a justiça é implacável. As cadeias estão superlotadas de criminosos comuns de baixo poder aquisitivo, mas estão vazias de criminosos de colarinho branco.
                                                       Em decorrência disto tudo aqui mencionado, chega a ser uma piada de mau gosto falar em democracia brasileira. Só mesmo aqueles que nunca saíram do Brasil podem acreditar que vivemos em uma democracia.
                                                           Assim, é com extrema tristeza que vejo o nosso povo ser ludibriado, diariamente, nas telas das TV’s em suas residências, no horário de propaganda eleitoral gratuita, com as promessas de campanha de inúmeros candidatos que falam o que bem querem, sem nenhum compromisso com a verdade daquilo que pretendem fazer, caso venham a ser eleitos.

                                                          Precisamos mudar este quadro caótico de uma pseudo democracia, elegendo políticos verdadeiramente comprometidos com o destino do país e com a nossa gente. Não os políticos tradicionais comprometidos com o saque aos cofres públicos e/ou com ideologias espúrias e internacionalistas, que nada têm a ver com as nossas tradições e índoles. Estes políticos são fáceis de serem reconhecidos. É só os eleitores pesquisarem as suas vidas pregressas e constatarem se, aqueles nos quais pensavam em votar, possuem um passado limpo e se não respondem a inquéritos policiais ou a processos judiciais. Poucos candidatos passarão incólumes por este 'pente fino'.
                                                            Isto tudo mencionado, no entanto, não constitui nenhuma novidade. Tais coisas já ocorriam desde o início da nossa republica, como bem sintetizou Rui Barbosa, jurista, político, diplomata e escritor brasileiro, ao mencionar, em seu discurso no senado federal em 1914, a frase que ficou famosa na história do país:
                                                       “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018



248. Animais! Não desanimais!



Jober Rocha*



                                     Alguém já disse que poucas tragédias têm a intensidade dos incêndios. As chamas consomem aquilo em que tocam, transformando em cinzas o que pouco antes tinha forma, cheiro, cor e, em alguns casos, até sabor.
                                                  Da mesma forma, também, alguém já mencionou que as horas mais tristes da vida são aquelas em que duvidamos de nós mesmos.
                                                   Recentemente, nós, brasileiros, passamos por duas grandes tragédias que fizeram com que muitos de nós chegássemos a duvidar da capacidade de, algum dia, chegarmos a superar os nossos óbices e viver em paz e harmonia, em um país civilizado e desenvolvido.
                                                        Creio, mesmo, que este é um sonho que têm alimentado inúmeras de nossas gerações, mas, que, infelizmente, jamais se concretizará; pois, os interesses em conflito são tantos e de tal magnitude, que tais interesses dificilmente se porão de acordo em benefício do nosso povo. Estes interesses mencionados passam pelos quatro campos do poder nacional: Econômico, Militar, Político e Psicossocial (e eu acrescentaria duas componentes importantes que permeariam estes quatro campos: a componente religiosa e a ideológica).
                                                     As duas grandes tragédias mencionadas no início, foram: o incêndio (de origem suspeita, segundo as primeiras informações periciais, não se descartando a intencional) do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, na cidade do Rio de Janeiro, e o atentado sofrido pelo candidato do Partido Social Liberal - PSL ao cargo de Presidente da República, líder nas pesquisas de opinião, no qual ele foi gravemente ferido a faca. 
                                              Na primeira tragédia, ao que tudo leva a crer pelas notícias divulgadas, o objetivo teria sido o de apagar, definitivamente, o nosso passado e o desejo de muitos brasileiros da volta da Monarquia como forma de governo. O museu foi a primeira residência no Brasil da família real portuguesa, de 1808 a 1821. Tornou-se museu em 1892 e foi totalmente destruído em 02.10.2018. Catalogados e divididos em coleções de Ciências Naturais e Antropológicas, possuía 20 milhões de itens. Relacionados às Ciências da Terra e a Meteorística (relativa a meteoros), possuía 70 mil itens. Detinha enormes coleções de Mineralogia, Petrologia, Paleontologia, Antropologia Biológica, Arqueologia, Antigo Egito, Culturas Mediterrâneas, América Pré-Colombiana, Arqueologia Brasileira, Etnologia, Etnologia Indígena Brasileira, Etnologia Africana e Afro-Brasileira, Culturas do Pacífico, etc. 
                                          Ademais disso, o museu possuía móveis antigos que pertenceram a família real e o próprio prédio, tombado pelo Patrimônio Histórico Brasileiro. Tudo isto, ao que parece, se perdeu consumido pelas altas temperaturas das chamas.
                                                 Na segunda tragédia buscou-se, com toda a certeza, apagar o nosso futuro, pois o candidato vitimado, dentre todos aqueles com chances efetivas de serem eleitos, é o único liberal, que não responde a nenhum inquérito na justiça e que prometeu uma limpeza geral nos três poderes da república, naquilo que se refere ao desvio de verbas públicas através da corrupção dos agentes do Estado. É também o único que prometeu combater, seriamente, o crime comum e as facções criminosas organizadas, dedicadas ao narcotráfico, ao contrabando, ao roubo de cargas e ao tráfico de armas.
                                               Nosso país já vivenciou algumas boas oportunidades de se transformar em uma potência mundial, mas, infelizmente, as elites nacionais jamais estiveram à altura da obrigação que delas se esperava; isto é, a de dar esse importante passo. Parece que o antigo espírito do colonizador, de extrair riquezas e enviá-las para a matriz, ainda permanece vivo em nossas elites. Uma grande maioria possui contas correntes e aplicações financeiras em paraísos fiscais no exterior, para onde remetem os recursos desviados ilicitamente do tesouro nacional, através de suas maquinações que incluem malversações, concorrências fraudulentas, atividades ilícitas diversas ou simples roubos de bens públicos.
                                                        Nossa economia já chegou quase a rivalizar com a da Índia e a da China, notadamente no início do século passado.
                                                  Em 1950 o PIB do Brasil era a metade do PIB da China e, também, a metade do da Índia.
                                                     Em 1999 o nosso Produto Interno Bruto era de 1.057 bilhões de dólares, enquanto o da Índia era de 1.805 bilhões de dólares e o da China de 4.800 bilhões de dólares. O PIB da China era cerca de 5 vezes o nosso e o da Índia quase duas vezes.
                                                        Dezoito anos depois, em 2017, o PIB da China (23 bilhões de dólares) é 7 vezes o do Brasil (3 bilhões de dólares) e o da Índia (9 bilhões de dólares) é 3 vezes o nosso.
                                                        Enquanto a China cresceu acima de 7% ao ano, crescimento real, desde 1999 até 2015 (16 anos); a Índia cresceu sempre acima de 5% ao ano no mesmo período de 15 anos (excetuando-se 99/01/02/13 e 14, que foram pouco abaixo); o Brasil, no mesmo período de 15 anos, na maior parte do tempo apresentou crescimento abaixo de 3% (só ultrapassando este índice em 00,04,08,07,08 e 10).
                                                          No ano de 2016 o crescimento do PIB chinês foi de 6,6%, o da Índia de 7,4% e o do Brasil de – (menos) 3,3%.

                                                          Não entrarei na armadilha da comparação entre as rendas per-capita dos três países, pois as suas populações possuem efetivos muito diferentes e, certamente, a renda per-capita brasileira  deverá ser maior do que a dos outros dois países. Ocorre que a concentração de renda (medida através do Índice de Gini) deve ser mais elevada aqui do que nos outros dois, distorcendo esta eventual comparação.
                                                     A partir do fim da Segunda Grande Guerra, China e Índia se tornaram potências nucleares e o Brasil não conseguiu este intento, sujeitando-se de forma subserviente às pressões externas para que pusesse fim a esta pretensão. A Global Firepower, analisando as forças armadas de 125 países no que se relaciona à potência militar de cada um (sem levar em conta o aspecto nuclear), classificou a China em terceiro lugar, a Índia em quarto e o Brasil em décimo sétimo. Considerando-se o aspecto nuclear o Brasil iria para o fim da fila, certamente.
                                                   Estudo recente divulgado pelo Fórum Econômico Mundial mostrou aquilo que os principais países do mundo têm feito para se preparar para o futuro digital, analisando 143 países. O Brasil conseguiu um reles 84º lugar, atrás de Ruanda, Ucrânia e El Salvador. Os itens analisados foram: o ambiente regulatório, político e de negócios; inovação; prontidão tecnológica; infraestrutura; preços e competências; uso por governos, indivíduos e empresas; impactos econômicos e sociais.
                                                   A Organização Mundial da Saúde – OMS, elaborou um estudo recente sobre a Saúde Mundial, pesquisando os serviços de saúde de 191 países. O Brasil ocupou a 125ª posição no ranking de Sistemas de Saúde no Mundo, situando-se atrás do Paraguai, de El Salvador e do Butão.
                                                 A OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico avaliou a situação educacional de 36 países, estabelecendo como critérios o desempenho no PISA, a média de anos que os alunos passam na escola e a percentagem da população que está cursando o Curso Superior. O Brasil ocupou o penúltimo lugar.
 
                                                    Tudo isto deixa evidente que, independente de quaisquer fatores supervenientes (dentre eles a propaganda governamental ufanista dos últimos governos de esquerda), ao se comparar Brasil, Índia e China (países que fazem parte do BRICS, organização congregando cinco grandes economias – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – e das quais a nossa é a única que não se constitui em uma potência nuclear) constata-se que as elites chinesas e indianas tiveram maior capacidade de gerenciar e promover o crescimento econômico e militar de seus países do que as nossas elites, a partir do fim da Segunda Grande Guerra e até os dias atuais. 
                                                        É bem verdade que Índia e China são nações milenares e a nação brasileira possui apenas 518 anos. Todavia, em termos de território e de recursos naturais, nosso país foi mais bem aquinhoado que os outros dois. O nós não temos até o presente (e que eles tiveram no passado) é um projeto nacional formulado por elites patrióticas, competentes e preocupadas com o futuro, que ambicionasse transformar o nosso país em potência econômica e militar e fazer com que o povo participasse deste desenvolvimento.
                                                  Quando constato que a China, bem como outros países da Ásia e do Leste Europeu, outrora comunistas, têm incentivado a livre iniciativa em diversos setores da economia, ademais de permitirem a propriedade privada e o lucro, sinto um profundo desânimo, ao perceber que o Brasil segue na contramão disso tudo; levado por elites políticas ideologicamente iludidas, psicologicamente gananciosas e moralmente venais, aliadas a empresários que só pensam em si mesmos e em seus sonhos megalomaníacos de poder e de riqueza, tentando transformar o nosso país capitalista em um país comunista (no qual a falta da liberdade individual e coletiva, a censura aos meios de comunicação e à imprensa , bem como  o autoritarismo e o culto a personalidade de alguns hipócritas, tornam mais fácil o desvio dos recursos públicos e impedem a alternância no poder).
                                                    Faltou pouco para que tivéssemos nos precipitado em um caminho sem volta. Não fosse a ação rápida, corajosa e patriótica de diversos policiais, procuradores da república, promotores de justiça e juízes, talvez, hoje, já estivéssemos passando por uma situação semelhante àquela pela qual passa a Venezuela, país vizinho em que, após a implantação do Socialismo Bolivariano, os empresários deixaram o país, a produção cessou, o desemprego atingiu enorme contingente populacional e hoje todos aqueles que não fugiram e se refugiaram em países vizinhos, como o nosso, passam fome e necessidades, sofrendo, ainda, violências físicas.
                                                     Nos últimos vinte anos, em decorrência da má gestão e da ausência de técnicos competentes em muitos dos 39 ministérios existentes e em vários órgãos públicos espalhados pelos Estados da Federação e na Capital Federal (loteados que foram para políticos e seus apaniguados), perdemos posição em inúmeros setores. Não apenas quando comparados com outros países; mas, quando comparados a nós mesmos no passado. O desvio de recursos públicos foi de tal magnitude, neste período, que o Estado Brasileiro verdadeiramente quebrou. 
                                                  O funcionalismo em muitos dos Estados da federação ficou sem receber salários, os serviços públicos praticamente pararam; o déficit orçamentário federal chegou a cerca de R$ 200 bilhões. Estranhamente, nenhuma mordomia dos políticos e das autoridades dos três poderes foi cortada; pelo contrário, salários foram aumentados, frotas novas de veículos foram adquiridas, auxílios moradias foram concedidos para quem já possuía residência própria ou funcional, etc. etc. etc. Em contrapartida, aumentaram os impostos, o preço dos derivados do petróleo, a energia elétrica, congelaram-se os aumentos salariais da classe trabalhadora, modificaram para pior as condições para a aposentadoria, reduziram-se benefícios da previdência e da Consolidação das Leis trabalhistas – CLT, etc. etc. etc.
                                                      Enquanto isto, o crime campeia nas capitais do país. Milhares de policiais e agentes da lei e da ordem são assassinados anualmente, além dos milhares de cidadãos que são vitimados nos latrocínios e nos combates travados nas periferias das grandes cidades brasileiras.
                                                       Milhares de empresas industriais, comerciais e de serviços encerraram suas atividades, desempregando enormes contingentes de trabalhadores que vivem pelos sinais de trânsito, nas esquinas, vendendo balas ou engrossando as fileiras do crime e da contravenção.

                                                          Nosso país possui, segundo informações divulgadas pela imprensa, cerca de 70 mil políticos nas esferas municipais, estaduais e federal. Possui perto de 13 mil assessores parlamentares na câmara federal, perto de 5 mil assessores parlamentares no senado, 27 mil assessores nas câmaras estaduais e 600 mil nas câmaras municipais, totalizando cerca de 700 mil funcionários não concursados, a um custo  total acima de 128 bilhões de reais por ano. Possui 37 partidos políticos registrados e mais 73 em formação.
                                                      Em outubro próximo teremos eleições para presidente, senador, deputado estadual e deputado federal. Inúmeros políticos (envolvidos em ilícitos penais e denunciados por empresários beneficiados com a delação premiada) que tentam a reeleição, o fazem para manter o foro especial e, assim, escaparem de ser julgados nos tribunais de primeira instância por crimes comuns de roubo de dinheiro público com as suas agravantes de contrabando de divisas, formação de quadrilha, intimidação de testemunhas, ameaças a autoridades judiciárias, destruição de provas, etc. etc. etc. Nos tribunais superiores onde serão julgados, muitas vezes, são absolvidos ou as penas prescrevem e os processos são arquivados antes de terem sido julgados.
                                                        Frente a todo esse panorama, pintado em breves pinceladas, eu e muitos outros brasileiros patriotas, por vezes, nos sentimos desanimados de prosseguir lutando, para tentar esclarecer e alertar o nosso povo (inocente, despolitizado, crédulo, de pouca leitura e preocupado, apenas, com a sobrevivência diária e com o laser) sobre a importância crucial desta próxima eleição. Tratar-se-ia de uma encruzilhada que, ao definir o rumo político - ideológico que tomaremos nos próximos anos, selará, talvez de forma definitiva, o nosso destino de nação.
                                               Àqueles que, como eu, estão quase desanimados de prosseguir nesta missão ingrata de ‘enxugar gelo’, falando ou escrevendo, quase sempre, para ‘ouvidos moucos’ ou 'olhos míopes' (de seres humanos que, não compreendendo a gravidade do momento, trocam a sua liberdade e independência futuros por uns míseros trocados, um subemprego, uma sinecura, um nepotismo ou por promessas falsas de felicidade eterna no ‘reino dos céus’), só tenho a desejar que não capitulem nesta árdua missão, conclamando-os: - ANIMAIS, AMIGOS! NÃO DESANIMAIS!


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.


 

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

247. A Arte de vender peixe deteriorado como se fosse peixe fresco


Jober Rocha*


                                        Segundo o escritor parisiense René Goscinny e o desenhista normando Albert Uderzo, na série de estórias em quadrinhos chamada “Une Aventure d’Asterix Le Gaulois”, em uma pequena aldeia da Gália, cinquenta anos antes de Jesus Cristo, uma população gaulesa resistiria, ainda e sempre, ao invasor romano.
                                                   Naquela pequena aldeia onde coabitavam vários personagens, um deles, chamado Ordenalfabétix, vendedor de peixes, procurava, em quase todas as estórias de Asterix publicadas, apresentar os seus produtos, quase sempre estocados há muito tempo e já em decomposição, como se houvessem sido pescados naquele mesmo dia; isto é, como se fossem novos e estivessem frescos e saudáveis, embora exalassem um grande mau cheiro.
                                                      Em muitas ocasiões aqueles que possuem algo de velho, ultrapassado e fora de moda, procuram passar adiante aquilo que têm, travestindo-o com roupagens mais modernas e alegando que é a última moda nas capitais mundiais ou que se trata do último avanço da Ciência, das Artes ou da Filosofia.
                                                  Modernidade, segundo informam os dicionários, é a qualidade daquilo que é atual; a novidade, a contemporaneidade, a modernização e o progresso. Também é conhecido como modernidade o período, influenciado pelo Iluminismo, em que o homem passou a se reconhecer como um ser autônomo, autossuficiente e universal e a se mover pela crença de que, por meio da razão, seria possível atuar sobre a natureza e a sociedade.
                                                        Fiz estas apresentações iniciais para poder chegar onde desejo: após a queda do regime socialista/comunista na Rússia e em seus países satélites, surgiu a tentativa de reviver a referida ideologia e sistema de governo marxista no Continente Sul Americano, apresentado nos trópicos como algo moderno e adequado às nossas atuais condições econômicas e sociais.
                                                       Através de um organismo conhecido como Foro de São Paulo, as linhas mestras sobre como implementar este sistema (nomeado por eles como Socialismo Bolivariano ou, apenas, Bolivarianísmo) em todos os países do continente, foram sendo estabelecidas pelos ideólogos de esquerda, aproveitando-se do fim da chamada Guerra Fria e do descaso Norte Americano com relação à propagação do socialismo/comunismo pelo planeta (para eles uma ideologia e um sistema de governo já mortos e enterrados, após a Glasnost e a Perestroika da URSS, derrotados que foram pela ideologia e pelo sistema capitalista, através da apresentação de melhores resultados econômicos, sociais e científicos naqueles países onde primeiro surgiram; bem como pela democracia neles existente, ao contrário da ditadura nos países comunistas).
                                                     Aqueles que se interessam pela Filosofia e que já percorreram o enorme caminho que se inicia com a Filosofia Helênica e segue com a Filosofia Romana, a Filosofia Medieval, a Filosofia da Renascença, o Humanismo, a Reforma Protestante, a Revolução Científica, o Empirismo Inglês, o Iluminismo Francês, o Idealismo Germânico, o Utilitarismo, o Transcendentalismo Americano, o Existencialismo, os Filósofos Europeus Contemporâneos, os Filósofos Americanos Contemporâneos, a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia; sabem que muito pouca novidade, ao longo de todos estes anos, foi escrita e divulgada, quando se trata de falar sobre o conhecimento acerca dos seres humanos, de suas idiossincrasias, de sua psique, de suas virtudes, de seus vícios, de seus desvios de conduta, de suas genialidades e de suas mediocridades.
                                                      É certo que milhões de páginas já foram escritas, desde o tempo dos filósofos gregos, sobre os seres humanos e estas suas características mencionadas; mas, na maioria das vezes, tratavam-se das mesmas coisas ditas de outras formas ou, usando uma frase mais atual, em tempos de modernidade, das mesmas coisas vistas com novas roupagens, isto é, com maneiras diferentes de serem apresentadas perante o público leitor de cada época. 
                                                       No entanto, creio eu que, mesmo assim, poucos foram aqueles em todo o planeta que chegaram, sequer, a ler e meditar sobre tais assuntos em suas breves existências terrenas.
                                                        Se assim não fosse, com toda certeza, os seres humanos há muito já viveriam em paz entre eles, a riqueza já estaria melhor distribuída, as virtudes já teriam prevalecido sobre os vícios, a miséria já não mais existiria, o meio ambiente teria sido preservado e muitas espécies animais e vegetais não teriam sido extintas. 
                                                      Digo isto com relação à influência de todas as correntes filosóficas e ideológicas (já imaginadas pelas mentes humanas ao longo da história) sobre nós, os seres humanos. Parece que nenhuma delas conseguiu nos transformar em seres melhores do que aqueles que já fomos outrora, desde os tempos antigos em que estas teorias e hipóteses foram imaginadas e transcritas na pedra, no barro, em pergaminhos ou em papéis e legadas para a posteridade.
                                                    O que se nota é que, ao lado de um exponencial desenvolvimento, científico e tecnológico, a raça humana evoluiu muito pouco, ao longo dos milênios, naquilo que diz respeito ao suporte filosófico e ideológico que deveria dar amparo à convivência necessária entre raças distintas, com religiões distintas, línguas diferentes, cores diferentes, vivendo em países distintos e com realidades distintas.
                                                        Perdemos o sentimento da unidade da espécie e da cooperação (que deve, certamente, ter existido no início) e ganhamos, em contrapartida, o sentimento da diversidade e da competição (que, todos reconhecemos como sendo aquele que existe na atualidade). Permeando a tudo isto, com certeza, encontram-se as ideologias, um capítulo à parte da Filosofia, que constituem instrumentos de dominação que agem por meio do convencimento e da persuasão (não diretamente por meio da força física; mas, dela se utilizando em etapa posterior contra aqueles não suscetíveis aos seus apelos) alienando a consciência humana.
                                                    As principais ideologias contemporâneas são as denominadas fascista, nazista, socialista/comunista, democrática, capitalista, conservadora, anarquista e nacionalista. Concordo com o filósofo Karl Marx, quando disse que a ideologia mascara a realidade. Considero a todas elas como uma ideia, um discurso ou uma ação que mascara um objeto, mostrando, apenas, a sua bela aparência e as suas boas qualidades, porém, escondendo as suas más qualidades, quase sempre lesivas aos indivíduos e as liberdades, individuais e coletivas. Foi isto o que ele mesmo fez com a sua própria ideologia, chamada de marxista por seus adeptos e seguidores, mas, também, conhecida mundialmente como socialista/comunista: apresentou o lado humanista, altruísta e igualitário da sua ideologia, escondendo o seu lado autoritário, violento, imperialista e antidemocrático.
                                                  Tendo esta ideologia de Marx sido descartada (no final dos anos 80 e início dos 90) no mesmo país que, pela primeira vez (no ano de 1917), a tornou a ideologia oficial de um Estado (tendo ela durado 74 anos na Rússia); diversos ideólogos e políticos da atualidade tentam, ainda, revivê-la, como uma Fênix retirada viva das cinzas, no Continente Sul Americano.
                                                       A partir do final da década de 80 e do início dos anos 90, na Europa Central e Oriental, terminou o modelo soviético dos Estados socialistas/comunistas. Assim é que Polônia, Hungria, Alemanha Oriental, Checoslováquia, Bulgária, Romênia, Albânia e Iugoslávia deixaram de fazer parte da chamada Cortina de Ferro.
                                                  A União Soviética foi dissolvida, resultando na Rússia e em 14 novas nações que declararam sua independência da União Soviética: Armênia, Azerbaijão, Bielorrússia, Cazaquistão, Estônia, Geórgia, Letônia, Lituânia, Moldávia, Quirguistão, Rússia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Uzbequistão.
                                          O impacto da queda do socialismo/comunismo foi sentido em dezenas de países e também abandonado em países como o Camboja, a Etiópia e a Mongólia. Na atualidade, apenas Cuba, Coreia do Norte, Vietnã e Laos mantêm o sistema de governo socialista/comunista tradicional; sendo que alguns já estão fazendo a transição para o capitalismo, como o Vietnã e o Laos. A própria China, embora um país comunista, passou por um processo de liberalização, visando maior eficiência e melhor aproveitamento dos seus recursos. O sistema planificado chinês cedeu espaço, em diversas áreas, às regras do mercado.
                                              Quando todos esperavam o fim de uma ideologia que, definitivamente, não deu certo em nenhum dos países onde foi implantada (por problemas intrínsecos à sua própria genealogia e também devido à idiossincrasias da natureza humana, como a ambição, o desejo de consumir, a ânsia por liberdade, etc.), eis que determinados ideólogos e políticos do Continente Sul Americano resolveram transplantar a referida ideologia para os trópicos, maquiando-a com os conceitos de Antônio Gramsci e dos chamados Socialistas Fabianos para torná-la mais palatável e assimilável, dando-lhe um novo nome e apresentando-a como algo moderno e adequado às nossas condições sociais e econômicas: o denominado Socialismo Bolivariano.
                                                   Algumas pessoas pouco informadas costumam dizer que o socialismo deu certo nos países nórdicos da Europa. Ocorre que na Islândia, Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia, embora caracterizados estes países por altos níveis de gastos públicos e altas cargas tributárias (o que faz com que muitos os considerem socialistas), vigoram o livre comércio, a desregulamentação, a liberdade econômica, a proteção à propriedade privada e o sistema de produção é o capitalismo, com a existência dos capitalistas e com os lucros que lhe são inerentes. Por outro lado, são países considerados ricos, pequenos, com reduzida população e elevadíssimo nível de escolaridade.
                                                     Por sua vez, se o nosso desenvolvimento no Continente Sul Americano é reduzido, se nossas taxas de crescimento econômico são baixas ou até mesmo negativas, se temos muitos trabalhadores desempregados, muita pobreza, se destruímos o meio ambiente, desmatamos vastas áreas e poluímos nossos rios, se somos violentos, se somos o paraíso dos criminosos, se somos crédulos, ignorantes, despolitizados, inocentes, excessivamente burocratizados, desorganizados, incompetentes; isto não deve ser creditado ao sistema “chamado capitalista” que aqui é adotado; mas, à nós mesmos, às nossas elites gananciosas, a nossa pouca educação, a cultura de permissividade, de tolerância com o erro, com as fraudes e com as malversações de dinheiro público, que aqui se instalou desde longa data.
                                                         Nosso ‘capitalismo’ pouco tem a ver com o capitalismo adotado nos USA e em diversos países europeus. Aqui muitas empresas, impunemente, sonegam impostos, adulteram o peso e a qualidade dos produtos vendidos; fraudam balanços contábeis; possuem o chamado caixa dois (recursos não contabilizados que servem para pagar propinas à políticos e autoridades governamentais, objetivando ganharem concorrências fraudadas; conseguirem a promulgação de leis, decretos e normas que as beneficiem de alguma forma; etc.). Os juros bancários por aqui são os mais elevados do planeta e as filiais dos bancos estrangeiros, que aqui operam, são as que obtém os maiores lucros mundialmente. Não podemos comparar o nosso ‘capitalismo de fachada’ com o deles.
                                                      Por outro lado, a nossa máquina estatal, inchada de apaniguados políticos e plena de inúmeros ralos por onde escoam as verbas públicas, necessita de enormes quantidades de dinheiro que são obtidos mediante tributos escorchantes, retirados tanto de pessoas físicas quanto de pessoas jurídicas.
                                                           Em uma situação como a que vigora na maior parte dos países do Continente Sul Americano, com sérias deficiências estruturais (na Saúde, nos Transportes, no Saneamento, na Habitação, na Segurança, na Geração de Empregos, etc.), o apelo à implantação de velhas ideologias (como o marxismo, em substituição ao capitalismo), mostrando apenas o seu lado belo e apelativo e escondendo o seu lado feio e autoritário, têm encontrado apoio de uma grande massa de pessoas incultas, desempregadas ou subempregadas.
                                                       As empresas oriundas dos países capitalistas, por sua vez, que se aventuram nos países africanos, nos países latino americanos, e em alguns países da Ásia, em busca de lucros e da usurpação de recursos naturais, fazem o que fazem por que nós assim o permitimos historicamente, por sempre termos sidos povos ignorantes comandados por elites venais e antipatrióticas.
                                                         O que pretendem, em nosso conturbado e atrasado continente, os ideólogos latinos (que se apresentam como libertadores de povos oprimidos; mas, que, na realidade, pretendem ser os futuros opressores destes mesmos povos) é a implantação de um marxismo ultrapassado, vendido às populações incultas como sendo a última palavra em modernidade que irá nos redimir, para sempre, da miséria e da exploração capitalista. 
                                                     Como ordenalfabetizes peixeiros da velha Gália, eles tentam vender como modernos e atuais os seus produtos ideológicos já deteriorados e exalando mau cheiro, às populações famintas do Continente Sul Americano; muitas delas oriundas da própria Venezuela (onde o Socialismo Bolivariano já foi implantado e não deu certo) e hoje refugiadas em países vizinhos, como o Brasil.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.