373. Poesias em época de quarentena
Jober Rocha*
Não te lamentes meu querido irmão,
Se as coisas não ocorreram como esperavas;
Se ficaste solitário a esperar em vão
Aqueles bons momentos que tu tanto desejavas.
Certamente eles te trariam enorme felicidade,
Mas os maus dias, por sua vez, te darão maior experiência.
Através dos sofrimentos e das quedas, em sua essência,
Aprenderás a contemplar o mundo com mais humildade.
Ambos são importantes para a tua vida:
Os dias de felicidade te farão doce internamente
E a experiência dos maus dias te manterá espiritualmente forte.
Os dias de sofrimento tornarão tua humanidade conhecida
E as quedas que sofreres te manterão, humildemente,
A agradecer a dádiva da vida, sem temer a chegada da morte.
Com somente dias de bom êxito desfrutando,
Te manterias orgulhoso e pleno de convencimento,
Esquecendo que tua existência poderá findar em um momento,
Tão logo o Criador te impeça de seguir caminhando.
Acredite
Acredite, meu querido irmão,
No livro da vida teu passado está escrito.
Neste pouco tempo de futuro que te resta,
Acrescente páginas novas às suas lombadas,
Escritas agora com a própria mão.
Diga com sinceridade tudo o que deve ser dito,
Fazendo de tua vida futura uma eterna festa
Onde somente as virtudes sejam convidadas.
Humildade, paciência, piedade, resignação,
Generosidade, esperança, entusiasmo, empatia,
Altruísmo, amizade, amor, coragem, compaixão,
Prodigalidade, modéstia, gratidão e simpatia.
Mantenha abertas as portas do teu coração
Àquela virtude que sempre chega atrasada: o Perdão.
Sinta-se feliz por estar ainda vivo,
Ofereça ajuda a um irmão necessitado,
Liberta-te daquele teu comportamento altivo,
E anda sempre com a modéstia do teu lado.
Saiba, enfim, que adotando estas nobres atitudes,
Estarás levantando templos às virtudes.
Não permitas
Não permitas meu querido irmão e amigo,
Que o ressentimento te mantenha ao passado eternamente preso,
Para sempre acorrentado àquele que o mal te produziu.
Saiba que isto é fruto apenas do teu Ego
Filho predileto do orgulho teso
Que, até então, o teu passado conduziu.
É o Ego que te mantém separado dos demais,
Não admitindo erros nem pedidos de perdão.
Estendendo seu domínio sobre tudo ao seu redor.
Não pretendendo abdicar de seu poder, jamais,
Aprisioná-lo e sujeitá-lo aos desejos de teu coração
É a lição que hás de guardar sempre e de aprender de cor.
O lugar dele em teu ser é trancado na masmorra
Como responsável que é pelos teus vícios.
Só na clausura ficará bem controlado,
Até o dia em que por fim sucumba e morra,
Dando espaço à virtude e seus oficios,
Que irá reconstruir o teu futuro esquecendo o teu passado.
_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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