terça-feira, 30 de junho de 2020


378. A  Entropia, a Sintropia e a Entalpia Brasileiras 

Jober Rocha*


Antes de entrar no mérito da questão a que me propus discutir, convém bem definir o que sejam Entropia, Sintropia e Entalpia, para aqueles leitores não familiarizados com estes vocábulos.
Entropia, segundo os dicionários, é um importante conceito de grandeza física, utilizada na Mecânica Estatística e na Termodinâmica, para medir o grau de desordem de um sistema. Por ser uma grandeza física que está relacionada com a Segunda Lei da Termodinâmica, tende a sempre aumentar, fisicamente, no Universo.
Entropia, portanto, como um conceito da Termodinâmica, mede a desordem das partículas de um sistema físico. Trata-se de uma grandeza representada nas formulações da Física Termodinâmica pela letra S.
De acordo com a Segunda Lei da Termodinâmica, quanto maior seja a desordem de um sistema maior será a sua Entropia. Assim, os átomos, sem nenhuma intervenção externa, misturar-se-ão e desordenar-se-ão entre eles tanto quanto seja possível.
Ainda, segundo os dicionários, a tendência de tudo, na Natureza como um todo, é sempre aumentar a sua desorganização e não o contrário. Na atualidade, podemos, portanto, perceber que o futuro irá nos trazer ainda mais Entropia, pois temos conhecimento cada vez de um número maior de variáveis, de mais possibilidades de eventos, de mais velocidade na ocorrência destes e, portanto, de mais volatilidade e de mais incertezas.
Segundo matéria de Beatriz Gato Rivera, publicada em El País, a Entropia de um sistema pode ser vista como uma medida da desordem dos seus componentes (por exemplo, de suas moléculas, etc.). A segunda lei da termodinâmica diz que todos os processos que ocorrem no universo são realizados de uma maneira que sempre aumenta a desordem e, portanto, eleva a Entropia globalmente; mas não necessariamente localmente, isto é, em um pequeno espaço e/ou em um pequeno intervalo de tempo. Ou seja, as transformações e trocas de energia acontecem para que, no longo prazo (dentro de um tempo razoável,) a Entropia total do sistema e do seu ambiente sempre aumente”.
“E a explicação é que todos os organismos vivos sejam eles bactérias, plantas ou animais, extraem energia de seus arredores, por exemplo, obtêm energia através da combustão de matéria orgânica, para aumentar e manter sua complexa organização. Por essa razão, a Entropia diminui nos seres vivos, mas esse grau de ordem de seus componentes, que diminui na Entropia, continua a aumentar a Entropia em torno dela”.
“Então, em resumo: todas as formas de vida, mais os produtos residuais de seus metabolismos, têm um aumento líquido na Entropia. Além disso, para sustentar a vida, você precisa transferir energia para o ser vivo. Se não o fizer o organismo morre em breve e tende sempre para a destruição da ordem que tinha, ou seja, para a desordem ou aumento da Entropia”.
Existe, ainda, o que se denomina de Entalpia, conceito da Ciência Física que estuda a energia total de um sistema; enquanto que a Entropia, conforme já mencionado, trata de um conceito da Ciência Física que estuda a energia que não pode ser transformada em trabalho (energia dissipada).
Todavia, ao mesmo tempo em que aumentam as Entropias, o futuro irá nos trazer, também, novas Sintropias, conceito este da Ciência Física cujo significado é o estudo daquilo que ocorre quando alguém ou alguma coisa coloca ordem na confusão reinante.
Mal comparando, Entropia e Sintropia podem ser consideradas como as Teses e as Antíteses dos Sistemas, quaisquer que sejam eles, resultando na Entalpia que seria, portanto, uma Síntese Dialética de ambas, a promover o aperfeiçoamento dos Sistemas em questão mediante a luta de contrários, lei decisiva na Dialética. Tais conceitos, segundo penso, valem para a Ciência Física como para as demais Ciências, para a Filosofia e para a Religião.
A Entropia produzida pode ser positiva, negativa ou nula, nestes dois últimos casos, apenas quando o processo de desagregação é reversível. Ela é sempre positiva em transformações irreversíveis. Observa-se em todos os processos que a Entropia total do Sistema ou aumenta (processos irreversíveis) ou fica constante e tendendo a zero quando se tratam de transformações reversíveis. Da Ciência Física, o conceito extrapolou para outras Ciências e para a Filosofia. Até na Religião Católica estou convencido de que existe a Entropia objetivando a sua desordem e a instalação do caos, promovida pelo chamado clero progressista, normalmente constituído por sacerdotes marxistas partidários da chamada Teologia da Libertação.
Existe, por extensão e similitude, Entropia na Filosofia, na Psicologia e na Administração, por exemplo. Os vários sistemas sociais, como a Política, a Economia, a Cultura, o Meio Ambiente, a Família, etc. costumam passar, periodicamente, de um processo de ordem para um estado de desordem crescente, justificando, assim, a existência da chamada Entropia.
A Entropia conforme imaginam alguns pensadores, filósofos e cientistas, seria decorrente de uma Lei da Natureza segundo a qual todas as formas de organização caminhariam para a desorganização e para a morte. Sendo os governos e as empresas comerciais, industriais e de serviços formas de organização, estariam todos eles sujeitos ao processo entrópico, ou seja, caminhariam também para a desorganização e para a morte.
A entropia negativa, no âmbito da organização administrativa, por exemplo, seria a definição dada ao governo, à empresa, companhia ou sistema, que estivesse se restabelecendo após uma crise; ou seja, se recuperando da desordem e da falência. O conceito da Entropia negativa consistiria, pois, em reverter a Entropia, o estágio de “bagunça” e de “caos”.
Filosoficamente a entropia pode ser entendida como uma grandeza termodinâmica associada à irreversibilidade dos estados de um sistema físico. É comumente associada ao grau de “desordem” ou de “aleatoriedade” de um sistema.
Para a Teoria da Informação, a Entropia tem sido definida como uma forma de medir o grau médio de incerteza a respeito de fontes de informação; o que, consequentemente, permitiria a quantificação da informação presente que flui no sistema.
Entropia cultural, por sua vez, seria um dos indicadores da avaliação de cultura, que mediria a quantidade de energia consumida em trabalho improdutivo. Seria uma medida do nível de conflito, fricção e frustração existentes em um grupo ou em uma empresa. A Entropia seria, assim, uma das principais causas de desalinhamento cultural das empresas.
A Entropia humana, no caso, pode ser entendida como sendo a quantidade de energia que não podemos converter em trabalho mecânico, sem troca de calor com outro corpo ou sem modificação de volume. Assim, a energia, sob a forma de informação ativa da periferia do corpo humano, decairia rumo ao centro deste.
A chamada Entropia psíquica, por seu lado, trataria das emoções negativas, como a tristeza, o medo, a ansiedade ou o tédio. Estes produziriam Entropia psíquica na mente; isto é, criariam um estado em que não seria possível usarmos a atenção plena, de maneira eficaz, para lidar com tarefas externas.
Ao longo dos governos de esquerda, no Brasil, pudemos constatar o efeito da Entropia em todos os sistemas que fazem parte das cinco expressões do poder nacional: a militar, a político, a econômico, a psicossocial e a tecnológico. Todas estas expressões decaíram, ao longo dos anos, para patamares anteriores.
Fala-se de décadas perdidas, em que perdemos inúmeras posições já alcançadas no passado, regredindo em inúmeros setores. Os dados apresentados a seguir, correspondem ao período que vai de 1995 até 2018, em que os governantes eram de esquerda e cuja Entropia permaneceu até o ano de 2019, quando o novo presidente Jair Bolsonaro foi eleito presidente por mais de 57 milhões de votos.
Consultando a mídia encontrei diversas matérias demonstrando que, finalmente, como resultado de três décadas de desgovernos de esquerda, passamos a ter lugares nos pódios mundiais. Só que estes lugares não são motivos de orgulho para a nossa gente, pois se tratou de acessar os pódios premiadores dos piores lugares e não dos melhores. É como ser o único vencedor do concurso que premia quem não acertou nenhuma das cinco dezenas sorteadas.
A continuação, passarei a nominar algumas das matérias que encontrei, pesquisando os últimos anos na WEB. Como todas as matérias são autoexplicativas, comentarei, apenas, o primeiro item, dispensando de comentar os demais:
1. “O Ministério da Saúde confirmou 596,38 mil casos de dengue neste ano de 2019, até o dia 10 de junho. O número de casos prováveis da doença, ou seja, ainda não confirmados, é ainda maior: 1,127 milhão. Em relação a 2018, houve um salto nos casos de dengue no país. No mesmo período do ano passado, eram 173,63 mil casos prováveis. Também o número de mortes por dengue neste ano é mais do que o dobro de 2018. Até aqui, foram registradas 366 mortes, ante 139 no mesmo período do ano passado”. (Fonte: g1. globo.com).
Certamente, neste quesito, estamos no primeiro lugar do pódio, pois nenhum outro país no mundo já alcançou números tão elevados. Ganhamos a medalha de ouro, graças aos governos de esquerda que não investiram no combate e no controle de vetores causadores da Dengue, da Chicungunha e do Zica Vírus.
2. “Em ranking divulgado em 2018, pela Pearson International, o Brasil aparece em penúltima posição, entre 40 países pesquisados. A lista pertence à Pearson International e faz parte do projeto The Learning Curve (A curva do aprendizado). O ranking é elaborado a partir dos resultados de três testes internacionais, aplicados a alunos do 5º ao 9º ano do ensino fundamental”. (Fonte: guiadoestudante. abril.com.br)
3. “A Unesco, braço de educação e cultura da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou hoje, em Nova Iorque, a edição 2011 do The Education for All (EFA) / Global Monitoring Report (GMR). Em um ranking com 127 países que mede o desempenho na educação, o Brasil ficou na 88ª posição. O estudo aponta que no país há 700 mil crianças em idade escolar primária que não estão estudando e 14 milhões de adultos analfabetos”. (Fonte: guiadoestudante. abril.com.br)

4. “O Brasil avançou 16 posições no ranking do Banco Mundial, de 2019, que compara o ambiente de negócios em 190 países do mundo, passando da 125º para o 109º lugar. Apesar da melhora, o país permanece na metade de baixo da tabela e segue atrás de países como Colômbia (65º) Chile (56º lugar) e México (54º lugar). Dentre os Brics, o Brasil está na lanterna. O bloco é liderado por Rússia (31º) e seguido por China (46º), Índia (77º) e África do Sul (82º)”. (Fonte: g1.globo.com)
5. “O Índice Global da Paz põe o Brasil em 116º lugar entre 163 nações e aponta a polarização política e os crimes relacionados às drogas como fatores que influenciaram a piora. O Brasil caiu dez posições no ranking de países mais pacíficos do mundo, amargando o 116° lugar entre 163 nações, segundo apontou o Índice Global da Paz (IGP) de 2019, divulgado nesta quarta-feira (12/06) em Londres. Entre os países analisados, o Brasil registrou a quinta maior queda entre o ano passado (2018) e este ano (2019), com nove indicadores se deteriorando e apenas um melhorando. Entre 2017 e 2018, o país havia subido uma posição. O Índice Global da Paz, elaborado pelo Instituto para Economia e Paz (IEP), com sede na Austrália, cobre 99,7% da população mundial, utilizando como base 23 indicadores qualitativos e quantitativos, e mede o estado de paz usando três domínios temáticos: segurança social, conflitos internos e internacionais em curso e grau de militarização”. (Fonte: dw.com/pt-br/brasil)
6. “Em 2018, o Brasil piorou e caiu 9 posições no ranking elaborado pela organização Transparência Internacional que avalia a percepção da corrupção no setor público em 180 países. A pontuação brasileira recuou para 35 e o país passou a ocupar 105º lugar no Índice de Percepção da Corrupção (IPC), o que representa o pior resultado desde 2012. Quanto melhor a posição no ranking, menos o país é considerado corrupto. O IPC pontua e classifica os países com base no quão corrupto o setor público é percebido por executivos, investidores, acadêmicos e estudiosos da área da transparência. O índice analisa aspectos como propina, desvio de recursos públicos, burocracia excessiva, nepotismo e habilidade dos governos em conter a corrupção. ‘Este ano, chegamos à posição 105. A oitava economia do mundo está ocupando uma posição bastante constrangedora no ranking’, afirmou Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional no Brasil”. (Fonte: G1.globo.com)
7. “Segundo a 2018 Global Law and Order, pesquisa de opinião do Instituto Gallup divulgada no início do mês, o Brasil é o quarto país no mundo em que as pessoas se sentem mais inseguras, entre 142 nações”. (Fonte: piaui.folha.uol.com.br)
8. “Brasil estagnou no ranking do IDH pelo 3º ano e ocupa 79ª colocação entre 189 países O Brasil ficou estagnado pelo terceiro ano consecutivo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – permanece, desde 2015, na 79.ª colocação entre 189 países analisados”. (Fonte: brasil..estadao.com.br)
9. “O relatório ‘Violações à Liberdade de Expressão’, divulgado em 2018 pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), constata uma triste realidade para o jornalismo brasileiro: o Brasil é um dos países mais perigosos do mundo para o exercício do Jornalismo. Somente entre os anos de 2017 e 2018, houve um aumento de 200% no volume de mortes dos profissionais da área no país, que passaram de 1 para 3. Dessa forma, segundo dados da organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), o Brasil ocupa a 102ª posição de países de maior risco, entre os 180 avaliados”. (Fonte: metropoles.com/brasil)
10. Notícia de Isto é, de 2018, dava conta de: “O próximo presidente da República assumirá um país pouco competitivo e avaliado como tendo a pior carga de regulações do setor público em todo o mundo. O resultado desse cenário foi, uma vez mais, a queda do Brasil no ranking internacional de competitividade, afetada ainda pela falta de abertura da economia nacional, um mercado laboral pouco flexível, crime e falta de qualidade na educação. A classificação foi divulgada pelo Fórum Econômico Mundial, que, neste ano, apresentou o Brasil na 72ª posição. No ano passado, a economia brasileira era a 69ª mais competitiva do mundo. Na avaliação do Fórum, países como Armênia, Bulgária ou Romênia têm hoje economias mais competitivas que a brasileira. O País também é o menos competitivo entre os membros dos Brics e, mesmo na América Latina, o Brasil aparece apenas na 8ª posição. Para chegar a essa constatação, a entidade avalia dezenas de indicadores, divididos em doze pilares. Um dos mais problemáticos para o País é a avaliação de suas instituições. Entre 140 países avaliados, o Brasil ocupa a última posição no que se refere à carga de regulação do setor público. A pontuação é afetada pela percepção elevada de corrupção (80º colocado) e baixo desempenho do setor público”. (Fonte: istoe.com.br)
11. “O Brasil ocupa as últimas posições entre 70 países avaliados em relação ao ensino de Matemática, Leitura e Ciências. Os dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) foram divulgados em 2018, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A melhor posição do Brasil – 59º lugar entre os 70 países – foi alcançada em Leitura. Estão atrás apenas Albânia, Qatar, Geórgia, Peru, Indonésia, Tunísia, República Dominicana, Macedônia, Argélia, Líbano e Kosovo. Em Ciências, o ensino brasileiro ficou na 63ª posição, na frente de Peru, Líbano, Tunísia, Macedônia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. Mas é em Matemática que o Brasil alcançou o pior resultado: 65ª posição. Estão atrás somente Macedônia, Tunísia, Kosovo, Argélia e República Dominicana. Os dados do Pisa mostram que 70% dos alunos brasileiros de 15 anos não sabem o básico de Matemática”. (Fonte: istoe.com.br)
12. “O país da Bossa Nova e da Garota de Ipanema, das praias de corpos malhados, seminus, dos biquínis asa delta, fio dental e da Brazilian wax é, também (quem diria?), um dos países com maior taxa de homicídios de mulheres no mundo. De acordo com o Mapa da Violência 2015, ostentamos a quinta posição em um ranking de 83 nações, elaborado com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Para se ter uma ideia de quão excessivamente elevados são os índices brasileiros de homicídios de mulheres, basta compará-los aos de alguns países tidos como civilizados:
       – 48 vezes mais do que o Reino Unido;
       – 24 vezes mais do que Irlanda ou Dinamarca;
       – 16 vezes mais do que Japão ou Escócia”. (Fonte:  folhape.com.br)
13. “Em 2018, o Brasil ocupou a 60ª colocação, dentre as 63 nações avaliadas, no Anuário de Competitividade Mundial 2017 (World Competitiveness Yearbook –WCY). Completando sua 30ª edição no ano de 2018, o estudo é publicado pelo IMD (International Institute for Management Development), com sede na Suíça, em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O Brasil, por outro lado, citado pelo IMD como “um país que atraiu muita atenção devido ao seu tamanho e potencial econômico” ocupava em 2001 a 40ª posição e chega a 2018 no 60ª lugar”. (Fonte: fdc.org.br)
14. “O Brasil não só precisa de recursos estrangeiros, mas enfrenta também outro problema: necessita mostrar que é confiável para recebê-los. O País ficou no último lugar da lista de melhores nações para se investir, de acordo com o ranking anual (2019) do conglomerado americano de comunicações US News”. (Fonte: terra.com.br/economia/brasil)
15. “O desempenho do Brasil na avaliação do Banco Mundial não foi nada bom este ano (2014). O país caiu 20 posições no ranking de logística e despencou da 45ª posição em 2012 para a 65ª posição entre os 160 países avaliados. O resultado deixa o Brasil atrás dos demais países pertencentes ao BRICs (China, Rússia, Índia e África do Sul), além de ficar para trás também na América do Sul, já que países como Argentina e Chile ficaram à frente do país. O segmento em que o Brasil está melhor colocado é ‘qualidade e competência logística’ (50.ª posição) e o pior no ‘serviço de aduanas e alfândegas’ (94.ª). Paulo Fleury, diretor-geral do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), considera o resultado obtido pelo Brasil como ‘desastroso’. ‘A hora da verdade chegou: o Brasil investiu bilhões em obras de infraestrutura de transporte que, por problemas de gestão, não foram terminadas, e está aí o resultado’. A avaliação do Banco Mundial considera itens como qualidade da infraestrutura de transportes, procedimentos alfandegários, prazos de entrega, rastreamento e facilidade de encontrar fretes com preços competitivos. O péssimo desempenho do Brasil na avaliação apenas reforça a importância de debater e mobilizar esforços pela logística nacional”. (Fonte: bloglogistica.com.br)
16. “Ao lado de países como Japão, Egito e Reino Unido, o Brasil tem um dos piores regimes de direitos autorais do mundo. A conclusão é da IP Watchlist 2011, um levantamento sobre direito autoral e propriedade intelectual feita pela Consumers Internacional – federação que congrega entidades de defesa do consumidor em todo o mundo, incluindo o Idec”.
“A iniciativa analisa o grau de liberdade dos países em relação à propriedade intelectual. O Idec participou do trabalho, fazendo o relatório sobre a situação no Brasil. O trabalho leva em conta questões como as possibilidades trazidas pela legislação autoral para o acesso dos consumidores a serviços e produtos culturais, exceções e limitações para usos educacionais das obras, preservação do patrimônio cultural, acessibilidade, adaptação da lei aos novos modelos digitais e utilização privada dos bens culturais”.
“A lista dos dez países pior colocados neste ano tem o Japão em primeiro lugar, como o país com as piores leis, seguido pelo Egito, Zâmbia e Brasil”. (Fonte:  intervozes.org.br)
17. “O empresário brasileiro conhece muito bem a realidade da carga tributária, um dos maiores entraves para o crescimento do Brasil. A carga tributária daqui é muito similar ao de nações desenvolvidas, estando o país no 14º lugar do ranking mundial. Para se ter uma ideia, em 2013, os tributos comprometeram cerca de 41% da renda do trabalhador. Entre os impostos que mais pesaram para os brasileiros, está em primeiro lugar o ICMS, responsável por 21% do total, seguido por INSS e IR, com 18% e 17%, respectivamente. Se a carga tributária de um país é alta, quer dizer que o retorno com serviços públicos e essenciais à população são satisfatórios e de primeira linha, certo? Não no Brasil, que está entre os 15 países com maior carga tributária, mas onde o drama da falta de serviços como educação, saúde e segurança envolve todas as camadas sociais. Para se ter uma ideia, o Brasil tem uma carga tributária maior do que países como a Suíça”. (Fonte: ospcontabilidade.com.br)
18. “Conforme informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ocupa a 4ª colocação no ranking de países com mais mortes no trânsito no Continente Americano”. (Fonte: doutormultas.com.br)
19. “Um relatório divulgado pela ONG Save The Children coloca o Brasil entre os 50 piores países do mundo para se nascer mulher. Isso se deve ao grande número de casamentos antes dos 18 anos de idade e de meninas grávidas na adolescência”. (Fonte: opiniaoenoticia.com.br)
20. “Os consumidores brasileiros não estão satisfeitos com o atendimento aos clientes oferecidos pelas empresas, segundo um levantamento realizado pela empresa Zendesk. O País ocupou a quinta pior posição em ranking, entre 28 outras nações”. (Fonte: economia.uol.com.br)
21. “As dificuldades para abrir uma empresa, pagar impostos, conseguir licença de construção e comercializar com o exterior colocam o Brasil entre os piores países do mundo para se fazer negócios. A conclusão é do relatório Doing Business 2018: Reformar Para Gerar Empregos, divulgado pelo Banco Mundial. No levantamento geral, o Brasil ocupa a 125ª posição de 190 nações”. (Fonte: br.financas.yahoo.com)
22. “Usar a internet pela rede móvel do celular, no Brasil, não é tarefa fácil. Pelo menos é o que indica o mais recente relatório da Open Signal sobre o estado das conexões 4G ao redor do mundo. Nele, o nosso país não aparece muito bem. Segundo o estudo, o Brasil é um dos países com menor disponibilidade de 4G no mundo. Os usuários brasileiros só conseguem se conectar à internet móvel de alta velocidade em 55% das tentativas, o que nos coloca na 70ª posição de um ranking com 75 países”. (Fonte: olhardigital.com.br)
23. "Nenhum país do ranking de competitividade é pior que o Brasil, segundo o Fórum Econômico Mundial, em dois quesitos. Um deles é a confiança nos políticos: o brasileiro é o povo que menos confia em sua classe política, com uma pontuação de 1,3 em um índice que vai até 7. Em 2008, o Brasil era o 122º entre 134 economias. Em 2013, ocupava a 136ª posição de um total de 148 países avaliados. Em 2017, o Brasil é o último colocado entre 137 países. Na América Latina, o Brasil só tem desempenho melhor que Guatemala, Argentina, Equador, Paraguai e Venezuela. Apesar de ter evoluído em 10 dos 12 itens avaliados no relatório, o Brasil ainda apresenta desempenho pífio em várias áreas. E há aquelas em que consegue ser o pior de todos os países avaliados. Ou seja: há muitos desafios para serem superados e muito trabalho por fazer."
“O Brasil também é o lanterna no indicador que trata da tributação sobre os incentivos ao trabalho. Nesse quesito, a pergunta é em que medida os impostos e as contribuições sociais reduzem o incentivo ao trabalho. O Brasil também é o último colocado nessa lista. Em 2013. O país estava na 138ª colocação, entre 148 avaliados”. (Fonte: gazetadopovo.com.br)
24. “Pelo sexto ano consecutivo, o Brasil é o país com pior retorno à população nas esferas federal, estadual e municipal, quando comparado aos 30 países que possuem as maiores cargas tributárias do mundo, em relação às áreas de saúde, educação e segurança. Os dados são do estudo realizado neste ano pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O estudo ‘Carga Tributária/PIB x IDH – Cálculo do Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade – IRBES’, concluído no mês de março, leva em consideração a carga tributária em relação ao PIB, ou seja, toda a riqueza produzida no País, e o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que mede a qualidade de vida da população”. (Fonte: ibpt.com.br)
25. “Levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pedido do O GLOBO mostra que o Brasil continua na lanterna da produtividade do trabalho. Segundo o estudo, um empregado brasileiro gera, em média, US$ 16,80 (ou R$ 54,09) por hora trabalhada, o que o coloca na 50ª posição dentre uma lista que inclui 68 países. Na Alemanha, por exemplo, país modelo em produtividade e o quinto do ranking, os empregados são quase quatro vezes mais produtivos do que os brasileiros (produzem US$ 64,40 por hora), e trabalham, em média, 340 horas menos por ano que o trabalhador no Brasil”. (Fonte: oglobo.globo.com)
26. “A taxa de desemprego no Brasil subiu para 11,6% no trimestre encerrado em julho e atingiu o maior nível já registrado pela série histórica da Pnad Contínua, do IBGE, que teve início em janeiro de 2012. Com isso, o desemprego no Brasil é o 7º maior do mundo em termos percentuais, junto com a Itália, segundo ranking global elaborado pela agência de classificação de risco brasileira Austin Rating. (Fonte: g1.globo.com)
 Vê-se, portanto, pelas razões expostas, que existem motivos para falarmos em Entropia, relativamente ao período todo em que fomos governados pela esquerda. Isto, sem contarmos, ainda, com os empréstimos concedidos para governos estrangeiros (inadimplentes atualmente com o Brasil), com garantias do próprio tesouro brasileiro; isto é, com garantias dos futuros impostos escorchantes que o nosso povo será obrigado a pagar até o ano de 2060 para cobrir tais empréstimos não pagos. Sem contar, também, com os empréstimos concedidos para empreiteiras envolvidas em episódios de corrupção no âmbito da Operação Lava à Jato, muitas delas em situação econômico-financeira crítica e cujas garantias, ao invés de serem reais, eram as receitas futuras destas empresas; isto é, garantias totalmente  duvidosas e inaceitáveis para entidades financeiras públicas.
Mas eis que no ano de 2019, iniciou-se o processo de Sintopria, com a ascensão ao poder do presidente Jair Bolsonaro, que veio colocar ordem na confusão e no caos promovidos pelas esquerdas e seus ativistas, ainda aparelhados nos três poderes da república.
Tal fato, além de muitos considerarem ter sido um verdadeiro milagre, no qual um simples deputado, sem apoio empresarial e partidário, conseguiu eleger-se, tão somente, pela força dos seus argumentos e dos componentes das redes sociais que resolveram apoiá-lo, constituídos de brasileiros honestos e do bem, veio de encontro às teses dos antigos filósofos gregos Heráclito (540 a.C – 470 a.C) e Demócrito (460 a.C – 370 a.C), que sustentavam a eternidade do mundo material, que nada mais seria do que a matéria em movimento, e a passagem do caos à ordem, em intervalos regulares de tempo e vice-versa; ou seja, a perpétua luta de contrários onde a luta do bem contra o mal seria eterna e ora vencida por um ora pelo outro.
A Sintropia promovida por Bolsonaro, como a antítese dialética da Entropia promovida pela esquerda, possibilitará o resgate da Entalpia, elevando, assim, a energia total do Brasil e do povo brasileiro, rumo a um futuro melhor e mais promissor. Basta que comparemos um único dado fornecido pela SECOM - Secretaria de Comunicação da Presidência da República: Em 2015 as Estatais apresentavam R$ 32 bilhões de prejuízo. Em 2019, já no governo Bolsonaro, apresentaram R$ 109 bilhões de lucro. Ademais, o presidente, em apenas um ano de governo, sendo boicotado pela Câmara, pelo Senado e pelo STF, conseguiu, dentre outros, finalizar o projeto interminável de levar as águas do Rio São Francisco para Estados da Região Nordeste; reduzir os altos índices de criminalidade; privatizar portos e aeroportos; reativar o transporte ferroviário; asfaltar grandes rodovias há décadas abandonadas pelos governos de esquerda; bater recordes de exportações e do agronegócio; desafogar as empresas de encargos trabalhistas onerosos; reduzir a inflação e o preço dos combustíveis e do gás; reduzir os juros de 14% para 2,25%; libertar os times de futebol do monopólio das transmissões televisionadas e fazer a reforma da Previdência Social.
Mesmo que muitos não acreditem nisto, gostaria de mencionar que, paradoxalmente, o argumento principal dos marxistas, ao tentarem impor sua ideologia, é o da vigência de Leis Historicamente Determinadas (que ocorreriam independente da vontade humana), como, por exemplo, a da luta de classes entre os patrões e os empregados. Acredito que a luta entre o bem contra o mal ou entre os vícios e as virtudes, é a única Lei Historicamente Determinada, lei esta que foi maquiavelicamente transvalorada por Marx e Engels (conforme a definição posterior de transvaloração de valores, estabelecida por Friedrich Nietzsche), em uma luta de classes e não em uma luta entre o bem e o mal, entre valores morais.

_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro fundador da Academia Brasileira de Defesa-ABD e membro titular do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos – CEBRES.


terça-feira, 23 de junho de 2020

377. Ensaio sobre a falácia da denominada Luta de Classes e acerca da importância da propriedade privada


Jober Rocha*


 O filósofo e sociólogo Karl Marx (1818-1883) e seu amigo Friedrich Engels (1820-1895), fundadores do chamado socialismo científico, criaram a expressão ‘luta de classes’ para indicar o suposto conflito entre os chamados opressores e os denominados oprimidos (isto é, a burguesia e o proletariado), conflito este que, segundo eles, vigoraria no sistema de produção capitalista. Para eles, a referida luta teria surgido com a instituição da propriedade privada dos meios de produção e só acabaria com o fim do capitalismo e das classes sociais.
 Em conformidade com Vladimir Lenin (1870-1924), revolucionário e chefe de estado da República Socialista Soviética Russa, “as classes são grupos de homens em que uns podem apropriar-se do trabalho dos outros, graças à diferença do lugar que ocupam no sistema da economia social”.
 Marx afirmava que nas sociedades primitivas não havia a divisão entre classes e que esta surgiu em razão das mudanças ocorridas nas forças de produção, bem como através dos conflitos existentes entre os indivíduos em razão disto, que conduziram à posse, privada, por determinados grupos sociais, dos excedentes produzidos e da própria terra geradora de riqueza. 
      Muitos anos antes dele, Jean Jacques Rousseau (1712-1778), no século XVIII, talvez tenha sido um dos primeiros pensadores a discorrer sobre as origens da propriedade privada dos meios de produção, das leis, dos governantes e dos tiranos, o que lhe valeu inúmeras perseguições, tanto por católicos quanto por protestantes.
   Seus escritos eram considerados subversivos e, por diversas vezes, teve que fugir da cidade onde se encontrava para não ser preso.
      Em seu ‘Discurso Sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens’, escrito em 1755, destacava:
          “Da cultura das terras resulta, necessariamente, a sua partilha, e da propriedade, uma vez reconhecida, as primeiras regras de justiça”..., “Antes de terem sido inventados os sinais representativos de riqueza, estas só podiam consistir em terras e em animais, os únicos bens reais que os homens poderiam possuir”... “No entanto, com o desenvolvimento e a expansão das comunidades, os interesses entraram em conflito, armando-se uns contra os outros”... “Para livrar da opressão os fracos, conter os ambiciosos e assegurar, a cada um, a posse do que lhe pertencia foram instituídos regulamentos de justiça e de paz, aos quais todos eram obrigados a se conformar”... “Assim, em vez de voltar as suas forças contra eles mesmos, reuniram-se em um poder supremo que os governava segundo leis que protegiam e defendiam todos os membros da associação, repeliam os inimigos comuns e os mantinham em uma eterna concórdia”...
            Voltando novamente às palavras de Karl Marx, segundo ele, a luta de classes era inevitável, em razão da irreconciliável relação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção e seria regida por leis sociais historicamente determinadas. 
           Embora classificada pelos dois eminentes filósofos, mencionados no início, como uma lei social historicamente determinada, a propalada ‘luta de classes’ consistiria, apenas, segundo a minha modesta maneira de ver este assunto, em uma falácia teórica que mascararia o simples desejo das classes trabalhadoras por maiores salários e por melhores condições de vida, frente a proprietários dos meios de produção, muitas vezes, insensíveis às péssimas condições laborais e sociais e as reivindicações por melhores salários destes trabalhadores. 
       O papel do Estado, como árbitro e moderador, isento, destes eventuais conflitos é que vem a ser, em minha ótica, de fundamental importância para a solução satisfatória destas reivindicações trabalhistas.
           Imaginar que todos os trabalhadores são infelizes e que iriam ao extremo da ‘luta de classes’, apenas por não serem os donos dos meios de produção é, segundo penso, de uma ingenuidade portentosa ou de um maquiavelismo maldoso; posto que, aqueles que assim ainda pensam, olvidam importantes aspectos psicológicos da natureza humana, ademais da atual razoável distribuição de renda em muitos países capitalistas e das características dos modernos Mercados de Capitais existentes na atualidade.
         Essa suposta “Lei Social Historicamente Determinada”, que regularia a chamada luta de classes, tem sido vendida como verdadeira pelas esquerdas objetivando, unicamente, o apoio popular para a tomada do poder, tentando fazer crer aos que se deixam empolgar pela ideia do ‘paraíso terrestre do comunismo’, que a luta de classes se trata de uma lei inexorável da história. 
              Após seus líderes haverem alcançado o poder, esquecem-se de que anteriormente a mencionaram e reprimem as manifestações daqueles que continuam proletários no regime comunista e não, conforme apregoado antes, os novos donos dos meios de produção; bem como, tratam como rebeliões os descontentamentos populares (que naturalmente ocorrem, com respeito a situação econômica e social, motivada por políticas muitas vezes erradas dos governos comunistas, que acarretam a falta de gêneros alimentícios e de bens de consumo), repelidos com o auxílio da violência policial e com a prisão e a aplicação da pena capital a muitos dos descontentes que se mostram mais incômodos e perigosos ao novo sistema.
          Mas voltando ao que costumava pregar Karl Marx, a luta de classes constituía, assim, para o filósofo, em um motor do desenvolvimento histórico das sociedades e na mais importante força motriz da história humana, mesmo que pudesse se desenvolver em outros terrenos, que não apenas no econômico; isto é, naqueles solos políticos, filosóficos e religiosos ou em quaisquer outros ideologicamente férteis.
      Aqueles que, na atualidade, porventura, ainda acreditam nos pressupostos de Marx e de Engels julgam que a existência de uma sociedade sem classes, como as que, eventualmente, existiram no passado em pequenas comunidades indígenas, seria uma possibilidade histórica concreta no mundo atual. Outros, embora acreditando na existência da luta de classes, acham, no entanto, que nos países pobres as tentativas de eliminá-la, com vistas à implantação de regimes socialistas sem classes sociais, não passariam de simples quimeras. 
             É, por exemplo, o caso de José ‘Pepe’ Mujica, antigo guerrilheiro Tupamaro e atual agricultor e político, ex-presidente do Uruguai, que afirmou em passada entrevista à imprensa “a luta de classes é como o sol e as estrelas. Negá-la é negar a realidade. No entanto, posso ser mais claro: as tentativas de se construir países socialistas a partir de países pobres, em minha humilde opinião, demonstraram que são utópicas e impossíveis – mais que utópicas, são quiméricas”.
     Em minha opinião, tão humilde e modesta quanto a de Mujica, aquilo que foi caracterizado por Marx e Engels como luta de classes, nada mais é do que o anseio dos indivíduos por melhores condições de vida. Na época em que Marx e Engels formularam suas teorias, a Psicologia ainda estava em seus primórdios e Sigismund Freud (1856-1939), médico neurologista, ainda não havia revolucionado a mesma com criação da Psicanálise e a Psicologia era confundida com a Filosofia. 
            A Psicologia surgiu, com as suas várias escolas, apenas, no início do século XX, como uma ciência que tentava se desenvolver objetivando compreender o homem e seu comportamento, de modo a facilitar a convivência dele com sigo mesmo e com os demais, através de três escolas principais: Funcionalismo (William James, 1842-1910), Estruturalísmo (Edward Titchener, 1867-1927) e Associacionísmo (Edward Thorndike, 1874-1949). 
            Por outro lado, as Bolsas de Valores, embora já existissem desde o século XV, eram voltadas para a compra e venda de moedas, letras de câmbio, metais preciosos e para financiar bancos centrais. O comércio de ações só apareceu no século XIX, quando algumas bolsas começaram a negociar mercadorias e valores mobiliários. Só algum tempo depois da divulgação das teses de Marx as bolsas de valores começaram a negociar, ainda de modo incipiente, com ações de empresas industriais.
 Os desejos humanos (objetos da análise psicológica comportamental) ao longo da história, normalmente, evoluem dos físicos (focados nas necessidades do corpo: alimentação, abrigo, família, sexo, etc.) para os de riqueza, de poder, de conhecimento e de espiritualidade. A ordem em que evoluem nos indivíduos, todavia, pode ser distinta desta apresentada ou, mesmo, alguns destes desejos serem suprimidos em determinados indivíduos ou em conjuntos de seres humanos, por razões diversas. 
             Assim, a denominada luta de classes, em meu modesto ponto de vista, corresponde a uma falácia criada por aqueles dois eminentes filósofos para justificar seus pontos de vista revolucionários. Os meios de produção, em razão de seus custos elevados, estarão, sempre, em mãos daqueles que detém o capital, sejam eles indivíduos ou Estados, mas, jamais, em mãos dos trabalhadores (ou proletários como os chamavam Karl Marx), em razão de lutas de classes.
           Imaginar que as coisas se passariam desta forma, a não ser para justificar teses ideológicas, é demonstração de muita ingenuidade, de total desconhecimento da psicologia humana e do funcionamento dos sistemas econômicos ou de deliberada intenção de fomentar a cizânia entre os seres humanos com finalidades ideológicas.
              A Revolução Industrial, que consolidou o Sistema Capitalista no século XVIII, trouxe em seu bojo a Divisão Internacional do Trabalho (seja com respeito a países, regiões ou indivíduos), divisão esta que consiste em uma especialização das funções econômicas e que foi um reflexo da solidificação da globalização incipiente. 
        A Segunda Guerra Mundial (1939-1945), após seu termino, acelerou de maneira nunca vista a economia mundial e, com isto, as globalizações da produção e do consumo se acentuaram significativamente. Esta divisão ou especialização, independente de vantagens comparativas que as justifiquem, quando se tratam de países ou regiões, demonstra, ademais, que nem todos os indivíduos possuem as mesmas capacidades e as mesmas aptidões; isto é, muitos são aqueles que acham mais fácil obedecer do que comandar, muitos os que preferem vender sua força de trabalho a, eventualmente, comprar a força de trabalho de outros. 
             O que deve pautar as discussões sobre o tema, em meu modo de ver, é o papel do Estado em promover uma razoável distribuição de renda entre seus cidadãos, de modo a eliminar os eventuais conflitos, entre patrões e empregados (não entre os detentores ou não dos meios de produção), por um maior nível de renda para aqueles que vendem sua força de trabalho, fato este que, consequentemente, acarretaria uma melhoria sempre crescente em suas condições socioeconômicas. 
              Poucos trabalhadores desejariam ocupar os lugares dos seus patrões (com as suas responsabilidades e os riscos inerentes as atividades empresariais); isto é, dos donos dos meios de produção, desde que os seus salários sejam razoáveis e suficientes para a boa manutenção deles próprios e de suas famílias. 
                 Nem todos os soldados sonham em, algum dia, chegarem a ser generais, comandantes de tropas e de exércitos, em que pese o poder e as regalias que desfrutam estes últimos dentro das Forças Armadas. Quem imagina o contrário está redondamente enganado com relação à psicologia humana, individual e coletiva. 
                  Assim, nem todos os trabalhadores desejam ser possuidores dos meios de produção, chegando, até mesmo, a promover uma luta de classes para tanto. 
              Guerras civis, motins e revoluções, sempre ocorreram na história da humanidade, mas, neste caso, em razão do rompimento do Contrato Social, tão bem pensado e formulado pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Se o referido contrato for mantido pelos pactuantes (povo e governo) e sua execução for considerada satisfatória por ambas as partes, inexistirão movimentos sediciosos internos que objetivem rompê-lo, tais como uma suposta luta de classes, na qual ainda acreditam os adeptos de Marx.
                     Na maioria dos países comunistas, sem classes sociais, os indivíduos não são possuidores dos meios de produção, mas, apenas, vendedores de suas forças de trabalho para o Estado (como antes a vendiam aos patrões no sistema capitalista) este, sim, o verdadeiro detentor dos meios de produção. 
                   Em tais países, uma elite dominante, tendo se apropriado do poder, usufrui das benesses de um consumo nababesco e, por vezes, hereditário. Por outro lado, existem países capitalistas com classes sociais distintas (ou, mesmo, castas), onde os indivíduos aceitam com tranquilidade suas classes ou castas, sem nenhuma tensão social e sem demonstração de desejarem pertencer à classe ou casta dos outros: isto ocorre em alguns países orientais, em razão de suas convicções religiosas sobre a Metafísica da vida e da morte, e em alguns países ocidentais onde o nível cultural, de renda e de escolaridade é bastante elevado. 
                Existem também países capitalistas, com classes sociais, em que parte dos meios de produção pertence a particulares (pessoas jurídicas e pessoas físicas) e parte pertence ao Estado. Nos países onde o Mercado de Capitais é bem estruturado, qualquer pessoa física (pertencente à classe dos patrões ou à classe dos trabalhadores) pode adquirir, democraticamente, ações (preferenciais ou ordinárias) de empresas, ações estas que são negociadas em Bolsas de Valores. Constata-se, portanto, no mundo moderno, que a existência ou não de classes sociais não é o fator que assegura ou deixa de assegurar a posse dos meios de produção. 
                  Da mesma forma, nem a ideologia dominante nem o próprio sistema econômico vigente, também, são os fatores determinante da posse ou não dos meios de produção por parte dos trabalhadores, justificando, assim, uma eventual ‘luta de classes’.
            Embora classificada, pelos dois eminentes filósofos mencionados no início, como uma lei social historicamente determinada, a propalada ‘luta de classes’ consiste, apenas, segundo a minha modesta maneira de ver este assunto, em uma falácia que mascara o simples desejo das classes trabalhadoras por maiores salários e por melhores condições de vida, frente a muitos proprietários dos meios de produção, algumas vezes insensíveis às condições e reivindicações destes trabalhadores. O papel do Estado, como árbitro e moderador, isento, destes eventuais conflitos é que vem a ser, sob a minha ótica, de fundamental importância para a solução satisfatória de conflitos de interesses e demais reivindicações trabalhistas.
       Finalmente, sem a intenção de buscar fazer qualquer apologia da pobreza, eu reconheço que uma política de redistribuição de renda bem conduzida (como a que tem sido feita em muitos países), bem como uma justiça trabalhista, cível e criminal severa e igual para todos (como aquela que é exercida também em muitos países), são as melhores ações para se eliminar tensões sociais motivadas, quase sempre, pelo descontentamento das massas trabalhadoras com suas condições econômicas e sociais, pertinentes em sua maioria, que podem desembocar em conflitos sociais graves, com o risco do rompimento do chamado contrato social.
               Agora, a coisa muda radicalmente quanto à necessidade humana da propriedade privada, tão questionada e combatida pelos ideólogos do comunismo. Está, no meu modo de ver a questão, se encontra tão arraigada no coração dos indivíduos e das espécies animais, que um único argumento faz desabar todo este castelo de cartas construído pelos marxistas, ao longo dos tempos, para tentar modificar e alterar a história humana (e consequentemente a história animal):  todos os seres humanos possuem, inatos, o sentimento de posse, tanto é assim que as lutas entre as tribos primitivas pela manutenção da posse dos seus territórios e a conquista daqueles dos seus vizinhos foi o que possibilitou o surgimento das nações, dos países, das Cidades Estado, dos reinos e dos impérios; da mesma forma que muitos animais carnívoros, machos ou fêmeas, alfas, urinam nos limites do seus territórios para demonstrar aos demais animais da sua espécie que aquela região tem dono. Alguns outros usam a exsudação de glândulas lombares especiais, deixadas na base de troncos, para esta demarcação de território. Para as aves canoras a demarcação de seus territórios se dá pelo canto. 
              Como podemos, assim, constatar, a necessidade da propriedade privada territorial é inata aos homens e aos animais, em que pese seja suprimida de forma autoritária nos países comunistas, onde ninguém pode ser mais livre e poderoso do que o Estado e sua camarilha dirigente.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro fundador da Academia Brasileira de Defesa – ABD e membro titular do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos – CEBRES.

domingo, 21 de junho de 2020

376. Contem-me alguma coisa que eu ainda não saiba!


 Jober Rocha*



                                  Um antigo filósofo grego cheio de empáfia, naqueles belos tempos de Sócrates e de Platão, durante suas viagens pela Grécia, sempre que encontrava outros filósofos em alguma Polis costumava desafiá-los com a seguinte frase: 
                                                         - E aí, meus amigos, contem-me alguma coisa que eu ainda não saiba!
                                                  Certo dia, em uma roda de filósofos e de estudantes na cidade de Atenas, tendo ele chegado à academia quase no final das discussões, proferiu aos presentes a mesma pergunta de sempre.
                                                     Um dos jovens estudantes, adiantando-se aos demais, chegou-se a ele e disse: - Pois bem, vou lhe falar sobre algo que, certamente, você desconhece:  falarei sobre as razões das imperfeições humanas.
                                                     Apanhado de surpresa, o filósofo nada disse ao estudante, limitando-se a contemplá-lo com uma certa admiração. Até então, ele fora o primeiro que se dispôs a responder firmemente e de modo categórico à sua indagação.
                                                            Todos os presentes se sentaram ao redor do estudante e ele começou sua preleção dizendo:
                                                Todos nós nascemos com, ao menos, alguma imperfeição física, mental ou psíquica; imperfeição esta que pode aumentar com o tempo ou diminuir com ele. Podemos acabar nos acostumando com ela, após a convivência de uma vida inteira, ou jamais nos conformarmos com aquilo que nos diferenciaria dos demais, criticando e jamais perdoando o Criador por aquela injustiça contra nós praticada, sem motivo algum.
                                                        Uns são baixinhos, outros altos demais, alguns nascem surdos, outros cegos, outros gagos, outros mudos. Muitos nascem aleijados, alguns com dificuldades de entender as coisas e de raciocinar, outros com problemas mentais, outros, ainda, com desvios de caráter ou de conduta.
                                                       Ao longo da vida de cada indivíduo, portanto, a estas imperfeições físicas, mentais e psíquicas congênitas, podem, ainda, ser acrescentadas outras imperfeições adquiridas, da mesma ordem ou mais intensas que as anteriores.
                                                       Não existe nenhum ser humano, filho do homem, que não as tenha, por mais belo, saudável, inteligente e dotado de riqueza que possa ser ou que tenha sido.
                                                        Vocês já se perguntaram a razão disso vir a ocorrer com criaturas feitas por um Ser ou por uma Entidade considerado, por todos, como o máximo da perfeição?
                                                     A resposta é bastante simples: justamente por termos sido criados por um ser perfeito somos todos imperfeitos.
                                                       Um velho preceito diz que ‘quem pode o mais pode o menos’, logo, caso fosse o desejo do Criador, poderíamos ter nascido todos igualmente belos, igualmente saudáveis, igualmente inteligentes. Seríamos, todos, cópias de nós mesmos. Mas, não é isto o que ocorre. Qual a razão destas diferenças que nos afligem e que imaginamos serem injustiças praticadas por alguém que todos imaginamos perfeitamente justo, por definição?
                                                     Não me aprofundarei pelo caminho da explicação Matemática, por alguns já conhecida, da denominada Curva Normal, que trata dos fenômenos que se distribuem segundo uma curva normal (aquela em forma de sino), pois esta curva apenas constata uma realidade e não a determina nem a explica.
                                                             Em rápidas palavras, para aqueles ainda não familiarizados, comentarei sobre o que se trata; isto é, sobre os fenômenos de Natureza sobre os quais atua a chamada Curva Normal. Tal lei Matemática demonstra como as coisas se passam, mas não justifica a razão pelas quais ocorrem. Esta explicação tentarei fazer por outros critérios, que não os da Matemática.
                                                A maior parte dos fenômenos probabilísticos, de natureza continua e alguns de natureza discreta, podem ser representados por uma Lei Matemática conhecida por ‘Lei de Distribuição Normal’. O seu uso é geral em todas as Ciências, bastando dizer que mais de oitenta por cento dos fenômenos da Natureza, possuem comportamentos com as características desta ‘Distribuição Normal’.
                                                       Assumir que um evento se distribui normalmente está baseado em dois fundamentos: o primeiro ocorre quando a distribuição da própria população de eventos que se estuda é Normal e o segundo ocorre quando a distribuição da população estudada não for Normal, mas o número de casos for muito grande. Os valores mais frequentes; isto é, os valores que correspondem às maiores probabilidades de virem a ocorrer, se encontram em torno da média da variável considerada. Quanto mais afastados os valores estão da média, quer acima quer abaixo desta, menos frequentes são as suas ocorrências.
                                                      Esta interpretação da Lei de Distribuição Normal é coerente com o que se passa na maior parte dos fenômenos que sucedem na Natureza. Ora, as características dos fenômenos que ocorrem com os seres humanos, podem, também, ser representadas através de uma denominada ‘Função de Distribuição Normal’.
                                                        Isto ocorre, não porque os indivíduos assim o queiram, mas, porque, segundo penso, suas condutas, que podem ser descritas por esta Lei Matemática, são, invariavelmente, regidas pelo ‘Processo Dialético da Evolução Humana’. 
                                                       Nenhum grupo de pessoas reconhecidas como normal (por normal entenda-se o que é considerado correto, sob algum ponto-de-vista. É o oposto da anormalidade. A normalidade, muitas vezes, se dá por conta de uma maioria em comum, sendo anormal aquele que contraria esta maioria)  pensa e age, unanimemente, de uma determinada maneira, sobre uma determinada questão; principalmente, quando o número de seus integrantes for grande o bastante, pois, sempre, existirão pontos de vista opostos ou conflitantes (motivados pelas suas distintas inteligências, pelas suas distintas morfologias, pelas suas diversas maturidades, pelos seus diversos tipos psíquicos, pelas suas diversas capacidades intelectuais e, principalmente, pela maior ou menor prevalência dos sentimentos viciosos ou virtuosos, presentes em todos os seres humanos), que, considerados no conjunto de todo o grupo (ou da amostra ou da população), fornecerão uma média, uma moda, uma mediana e uma variância para qualquer evento analisado. 
                                                     Quanto maior seja o grupo (a amostra ou a população), mais a Curva Normal representará o evento em questão. Para uma definição sobre o significado de moda, média, mediana, desvio padrão e variância, sugiro que procurem compêndios sobre a matéria ou que se esclareçam com os Matemáticos gregos, considerados como dos melhores e mais competentes da atualidade.
                                            A razão, por detrás de tudo isto até aqui comentado, é o fato de que a evolução humana ocorre mediante um processo dialético, já mencionado por Zenão de Eleia, mas que outros consideram como o seu pai o nosso próprio colega e confrade Aristóteles, no qual são necessárias a tese e a antítese, para que, finalmente, ocorra uma síntese. Tese é uma proposição, antítese a sua negação e a síntese é a resultante de ambas, diferente, portanto, destas duas anteriormente mencionadas.
                                                 Assim, oscilando entre as virtudes e os vícios e entre as contradições humanas, a humanidade sintetiza, dialeticamente, em cada período de tempo, a sua necessária evolução. Alguns denominam esse processo de Princípio do Contraditório, que vigora tanto na Natureza quanto na vida psicossocial dos indivíduos: a verdade aparece por intermédio das contradições humanas e tudo na Natureza, que necessita de evolução (como o espírito humano), evolui dialeticamente. 
                                              Logo, se não existissem contradições, a humanidade não evoluiria e a verdade não seria conhecida. Está é, pois, a razão que encontro para as imperfeições humanas tão bem determinadas pelo Criador; bem como, para os vícios e as virtudes presentes em todos os seres humanos. Também é, segundo penso, a razão pela qual o Criador ou o Grande Arquiteto do Universo, que não necessita mais evoluir, pode ser considerado perfeito, isto é, a fonte de todas as virtudes e a ausência de todos os vícios.
                                                     Assim, pessoas totalmente belas ou totalmente feias, totalmente saudáveis ou totalmente doentes, totalmente inteligentes ou totalmente beócias, com comportamentos totalmente virtuosos ou totalmente viciosos, serão, sempre, considerados como extremos em um grupo (amostra ou população), enquanto a espécie humana continuar habitando a superfície do planeta em busca de sua evolução. 
                                                      Com isto, quero deixar claro que, no que respeita às consideradas características físicas, mentais e psicológicas mencionadas, às virtudes e aos vícios, os comportamentos extremos, por exemplo, face à determinadas situações vivenciadas pelos grupos (ou pelas amostras ou pelas populações) normais,  constituem-se em exceções ao comportamento médio e, como tal, não são seguidos pela maioria, mas, apenas, por 0,3 por cento dos indivíduos; ou seja, 0,15 por cento seriam totalmente virtuosos e 0,15 por cento seriam totalmente viciosos, em um conjunto total constituído, cem por cento, de indivíduos normais.
                                                        Assim, frente à determinada situação com que se defronta um grupo (ou uma amostra ou uma população) normal, podemos afirmar que sessenta e oito por cento dos indivíduos deste grupo (ou desta amostra ou desta população), apresentará características morfológicas, mentais e psicológicas ou comportamentais, consideradas normais e que estarão a menos de um desvio padrão da média da variável que se está pesquisando. Noventa e cinco por cento dos indivíduos do grupo apresentará características ou um comportamento que estará a menos de dois desvios padrões da média e noventa e nove, vírgula sete, por cento, dos indivíduos, apresentara características ou um comportamento que estará a menos de três desvios padrões com relação à média.
                                                    As características ou comportamentos totalmente extremos e destoantes da média, constituiriam, assim, os extremos da curva representativa da Distribuição Normal, curva esta, como já mencionado anteriormente, que possui a forma de um sino.
                                                       O normal para os integrantes desta nossa espécie humana (isto é, aquilo que ocorrerá com a maior parte dos indivíduos ou aquilo que a maioria fará, buscando o seu progresso) será, sempre, estar na média no que quer que seja e, relativamente ao comportamento psicossocial, a moral e aos costumes, pautar sua conduta por procedimentos que incluam virtudes e vícios, em doses consideradas aceitáveis em cada época; já que, os sentimentos virtuosos (como, por exemplo, os de misericórdia, de bondade, de amor, de compaixão, etc.) não constituem leis que, obrigatoriamente, tenham que ser seguidas por todos os indivíduos; como, também, os sentimentos viciosos (aqueles contrários aos virtuosos), representados, por exemplo, pela ira, raiva, egoísmo, inveja, maldade, etc., não constituem crimes, a menos que sejam  transformados em ações concretas que violem leis existentes.
                                                   Logo, se não existissem diferenças e contradições físicas, mentais e psicológicas, a humanidade como um todo e os espíritos em particular não evoluiriam e a verdade não seria conhecida. 
                                                    Está é, pois, a razão que encontro para as diferenças, congênitas e adquiridas, entre os seres humanos; bem como, para os vícios e as virtudes presentes em todos os indivíduos. 
                                                       Também é, segundo penso, a razão pela qual o Criador ou o Grande Arquiteto do Universo, que não necessita evoluir, pode ser considerado a fonte de todas as virtudes e a ausência de todos os vícios.
                                                       Finda a sua exposição todos os presentes se retiraram, a maioria ainda meditando sobre as palavras do estudante.
                                                       O filósofo, antes cheio de empáfia, dirigiu-se ao estudante que juntava seus pertences, deu-lhe um forte abraço e exclamou: - Obrigado, meu caro amigo, por ter-me contado algo que eu ainda não sabia!
                                                           Os leitores estarão se perguntando por que escrevi um conto deste teor em uma época de atribulações políticas, de pandemia e de quase convulsão social, quando assuntos mais importantes e prementes despertam as nossas atenções diárias.
                                                       Explico-me: qualquer evento de natureza climática, qualquer acontecimento político, qualquer declaração de autoridade governamental, qualquer crime cometido ou qualquer competição esportiva, por exemplo, são analisadas por ‘especialistas’ contratados, às vezes, à peso de ouro, visando desinformar ou criar contrainformação que neutralize a verdade dos fatos, conhecida esta, apenas, de alguns poucos brasileiros.
                                                         As hipóteses e as teorias que inúmeros destes especialistas cheios de empáfia difundem são, em sua maioria, estapafúrdias; principalmente, em razão de seus difusores, em grande parte, se tratarem de pessoas totalmente desqualificadas e despreparadas para aquelas tarefas a que se propõem.
                                                                O fato é que nosso país está cheio destes analistas improvisados, normalmente com um viés esquerdista, críticos do atual governo, sem cursos, sem mestrados, sem doutorados, sem experiências práticas; em suma, sem um currículo de vida que fale por eles. São especialistas de última hora descobertos pela mídia, que lhes assegura o notório saber que propalam e lhes atribui o título de especialistas que ostentam, ainda que digam, apenas, sandices, asneiras, estultices, parvoíces e necedades, afirmando tudo saber sobre os assuntos tratados.
                                                   Especialistas midiáticos existem em todos os países. Todavia, nos países desenvolvidos os analistas, peritos, consultores, 'experts', etc., costumam possuir títulos acadêmicos que os credenciam para suas funções e, nestes lugares, realmente, a especialidade consiste em um fato corriqueiro; sendo que o referido profissional preza muito o prestigio angariado no meio em que trabalha. 
                                                         Mesmo assim, muitos analistas midiáticos em países desenvolvidos ainda fazem previsões erradas. Por outro lado, o público que os ouve é muito mais intelectualizado, politizado e crítico do que aquele de países como o nosso.
                                                         Acresce, ainda, que aquilo que tais especialistas afirmam em seus países como verdades, caso não o sejam, lhes costuma trazer consequências profissionais, cíveis e criminais; razão pela qual eles tomam muito cuidado com tudo aquilo que afiançam como verdadeiro.
                                                        Poucos são aqueles que, jactando-se dos interlocutores, perguntam descaradamente como fazem alguns dos nossos pseudos especialistas, notadamente em atividades políticas, econômicas, militares e psicossociais: 
                                                   -Contem-me alguma coisa que eu ainda não saiba?


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha. Membro fundador da Academia Brasileira de Defesa- ABD e membro titular do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos - CEBRES.

terça-feira, 16 de junho de 2020

375. Um breve relato sobre como chegamos a triste situação em que nós nos encontramos


Jober Rocha*




                                              Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, da qual o Brasil participou, ao lado dos USA, no Teatro de Guerra Europeu, com uma Força Expedicionária e com um Grupo de Aviação de Caça, além de efetuar operações de combate a submarinos do eixo e de promover a escolta de navios mercantes, efetuadas pela Marinha de Guerra nas costas brasileiras banhadas pelo Oceano Atlântico,no plano interno, com a volta dos nossos militares que haviam combatido uma ditadura nazi-fascista, surgiu no estamento burocrático brasileiro (Segundo Raimundo Faoro, o estamento burocrático comanda o ramo civil e militar da administração e, dessa base, com aparelhamento próprio, invade e dirige a esfera econômica, política e financeira) um espírito de patriotismo até então inexistente.
                                                       Naquela ocasião, em contribuição ao esforço de guerra brasileiro e ao início do Plano Marshall de reconstrução da Europa e do Japão, destruídos pela guerra, o nosso país também se beneficiou da ajuda técnica norte americana, tanto em sua industrialização nascente, como em ajuda financeira. 
                                                Foi nesta época que surgiram diversos organismos estatais que, se por um lado abrigaram muitos ex combatentes desmobilizados, por outro tinham por missão promover o desenvolvimento em setores carentes da economia e realizar obras de infraestrutura necessárias ao nosso progresso econômico-social, eliminando pontos de estrangulamento e promovendo obras de infraestrutura. 
                                                          Data desta época o surgimento do BNDES. Muito já se escreveu sobre o papel do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, como agente promotor do desenvolvimento brasileiro. Criado em 1952, desde então, tem prestado inestimáveis serviços à Economia Brasileira no que se refere à definição de prioridades setoriais de investimento e no financiamento a projetos geradores de emprego e renda. Por suas instalações, gabinetes e corredores já transitaram mentes brilhantes e iluminadas, responsáveis por importantes decisões patrióticas e nacionalistas que mudaram a face do nosso país.
                                                        As novas empresas públicas criadas, as fundações, os organismos da administração direta e indireta, os ministérios, possuíam, naqueles idos, em seus quadros administrativos, profissionais concursados que, verdadeiramente, vestiam a camisa do Brasil e eram ferrenhos patriotas. Era a época de slogans nacionalistas como “o Petróleo é nosso!”, aproveitado, logo a seguir, pela esquerda como veremos adiante, para extrair dinheiro da estatal encarregada de explorar o nosso petróleo.
                                                       Os USA, preocupados em desenvolver a Europa e o Japão, para impedir a entrada do comunismo naquelas regiões ricas em recursos humanos, mas empobrecidas materialmente em virtude da guerra, pouca importância histórica concedeu ao continente sul americano, que viam como uma região produtora de alimentos e de matéria prima, com um povo de origem ibérica pouco afeito ao trabalho, desorganizado e com um entendimento acerca da honestidade muito flexível.
                                                De qualquer forma, este estamento administrativo brasileiro, surgido após a guerra, transformou-se em em uma tradicional barreira aos desmandos das sucessivas administrações políticas que se alternavam de quatro em quatro anos. 
                                             Os dirigentes dos organismos estatais, indicados pelos políticos eleitos, pouco podiam exorbitar em suas funções, seja desviando recursos públicos, seja nomeando parentes para cargos bem remunerados na administração; em virtude das admissões se darem por concurso público e em razão de que os projetos com dinheiro público só andavam se houvesse o ‘de acordo’ do estamento burocrático do Estado. Era este estamento que fazia as coisas acontecerem e tratava-se, felizmente, de um estamento patriótico e nacionalista. Projetos para serem implantados tinham que ser bons para o país e não, apenas, para que os seus mentores e idealizadores ganhassem dinheiro fácil, como ocorreu na atualidade recente dos governos de esquerda.
                                                          Mas, o tempo passou e o concurso público deixou de ser a única forma de ingresso no estamento burocrático do Estado, dando início às sinecuras, aos nepotismos, aos apadrinhamentos. Surgiram os chamados ‘aspones’, assessores de autoridades, normalmente seus familiares, parentes ou amigos, sem nenhuma missão específica, apenas para ocuparem um emprego que lhes renderia mensalmente substancial quantia financeira.
                                                                Com a assunção do Partido dos Trabalhadores ao poder e dos demais partidos de esquerda, que compunham a base do governo em troca de dinheiro, como ficou bem evidente no episódio do mensalão denunciado pelo deputado Roberto Jefferson, o estamento burocrático do Estado, nos três poderes da república, foi, aos poucos, sendo aparelhado por militantes partidários e ativistas políticos, todos eles admitidos sem o devido e tradicional concurso público.
                                                        Fazendo aqui uma pausa, uma breve digressão deixa patente que aquele que faz um concurso público para determinada função pública, normalmente, pretende ali fazer sua carreira. Possui, via de regra, um vínculo com a instituição e com o país, querendo, sempre, o melhor para ambos. Alguém guindado a uma função pública unicamente por vínculos políticos, além de não possuir nenhuma afinidade com a instituição, sabe que ali permanecerá por pouco tempo. Seu vínculo de fidelidade é com o político que lhe arranjou aquela sinecura e não com a instituição ou com o país.
                                                              Ocorre, ainda, que os funcionários concursados, por se considerarem praticamente ‘donos’ daquela repartição do Estado, costumam ser ferrenhos nacionalistas e, como tal, são campo fértil para ideologias que propunham a expropriação dos meios de produção dos capitalistas burgueses para entregá-los aos trabalhadores. Me explico melhor: O estamento burocrático estatal brasileiro sempre teve uma tendência contra os USA, país capitalista rico e poderoso militarmente que, após a guerra, passou a ser visto como inimigo do Brasil por, supostamente, desejar se apropriar dos nossos recursos naturais e minerais. Ocorre, ademais, que os norte americanos eram muito orgulhosos de sua condição de principal potência mundial, fazendo crer aos brasileiros e sul americanos, em geral, que aquele modo de agir se tratava de simples prepotência e de menosprezo para com os chamados ‘cucarachas’, termo usado pelos próprios sul americanos para se auto definirem.
                                                 Assim, o grande inimigo e vilão da América do Sul passou a ser considerado os USA. A ideologia marxista, por isto, penetrou neste estamento administrativo nacionalista com muita facilidade, ao tentar fazer crer que, para os países sul americanos do chamado Terceiro Mundo, adotar o marxismo como forma de governo seria a única forma de obter a independência econômica dos USA. O marxismo, segundo pregavam, era, apenas uma ideologia querendo ajudar e não um país querendo se aproveitar de outro. Esqueceram de dizer que por detrás da implantação do marxismo, haviam nações poderosas como a Rússia e China, que também almejavam nossas riquezas naturais e minerais e que, simplesmente, se propunham  substituir os USA como nossos eventuais feitores.
                                                       Os episódios referentes ao Movimento Militar de 1964, que tentou impedir a esquerda de implantar o comunismo no Brasil, apoiada e financiada por Cuba, China, Rússia, Argélia, dentre outros países comunistas, são sobejamente conhecidos. Da mesma forma os movimentos guerrilheiros surgidos na ocasião, cujos principais dirigentes acabaram sendo eleitos para cargos políticos após a anistia concedida pelo último presidente militar.
                                                           Creio que por tudo isto mencionado, foi tão fácil para os governos de esquerda, no poder desde janeiro de 1995 com FHC, cooptar o estamento administrativo do Estado brasileiro e infiltrar nos três poderes um exército de ativistas políticos e militantes partidários. Lá dentro implantados, começou o desvio de recursos públicos para engrossar as contas dos partidos, que formavam a base dos governos, e as contas particulares de políticos e empresários em paraísos fiscais.
                                                 O Governo Bolsonaro, conservador nos costumes e liberal na economia, possui a ingrata missão de desaparelhar o estamento administrativo estatal. Ocorre que são milhares de indivíduos admitidos sem concurso público, contaminados pelo vírus do marxismo que, tendo sido convenientemente doutrinados, estão convencidos de que são nacionalistas e patrióticos, embora, pela visão errada que possuem sobre o que representa o marxismo, trabalhem felizes  para cavar suas próprias sepulturas (como fizeram, certamente os cubanos, venezuelanos e agora os argentinos ao terem a sua agropecuária nacionalizada pelo governo comunista, sinal de que em breve irá faltar comida naquele país).
                                                             Como visto, não basta culpar os líderes dos governos de esquerda como os responsáveis pela falência a que conduziram o nosso país durante as três décadas em que aqui reinaram soberanos. O estamento administrativo estatal também teve a sua culpa, ao se deixar hipnotizar pelo canto das sereias, como Ulisses, na Obra de Homero ‘A Odisseia’.
                                                              O canto da sereia, como todos sabem, acabou se tornando sinônimo para a sedução que o ser humano sofre por ideias irreais e mirabolantes, em razão das quais deixa de usar a razão por causa das suas necessidades prementes e acaba sendo iludido, pagando um preço muito caro e, muitas vezes, colocando-se a si mesmo e ao seu país, em uma situação de não retorno.
                                                           Uma ordem presidencial que mais tarde viesse a ser considerada ilegal, imoral e prejudicial à nação (por vezes, até mesmo de traição e de lesa pátria), só conseguiria ser implantada graças a dezenas, senão milhares, de funcionários subalternos de segundo e terceiro escalão, que teriam o poder de não executá-la caso fossem empregados concursados do Estado e não, apenas, funcionários nomeados do governo com a missão de facilitar suas eventuais falcatruas e maquinações.
                                                   Por isso, o atual presidente Jair Bolsonaro tem contra si grande parte do estamento burocrático, que a ele nada deve e que possui ideologia contrária a sua, encontrando, assim, enorme dificuldade para promover qualquer mudança ou implantar qualquer projeto de interesse do país e dos brasileiros.
                                                  Dificilmente alguém doutrinado pela ideologia marxista consegue, racionalmente, chegar a conclusão de que toda ela nada mais é do que uma falácia habilmente engendrada para cooptar os infelizes, os desempregados, os insatisfeitos, os que possuem desvios de conduta, os ignorantes e os deserdados pela sorte. Por isto é tão difícil trazê-los de volta à razão e fazer com que deixem de ser fanáticos radicais.
                                                    Este é, pois, o cenário com que o nosso atual presidente se depara. Que possa contar com a ajuda divina em sua missão de trazer o país de volta ao rumo do crescimento, da lei e da ordem, da honestidade, da moral e dos bons costumes, é o que almejam todos os cidadãos de bem que ainda restam no país.



_*/ Jober Rocha, Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.