288. O que os olhos não veem o coração não sente
Jober Rocha*
Um velho ditado popular, cuja origem se perde na névoa dos tempos, afirma: “O que os olhos não veem o coração não sente”.
Certamente esta afirmação deve ser bem mais antiga do que a Alegoria da Caverna, de Platão, divulgada em sua obra ‘A República’ e bastante conhecida em todo o mundo, através das gerações de amantes da Sabedoria que se sucederam desde então.
Resumidamente, a referida alegoria de Platão trata do seguinte: existia um grupo de pessoas que viviam numa grande caverna, com seus braços, pernas e pescoços presos por correntes, forçando a que seus olhos mirassem, unicamente, uma parede lisa que ficava no fundo da caverna.
Atrás dessas pessoas existia uma fogueira e vários indivíduos que transportavam, ao redor da luz emitida pelas chamas, objetos e coisas que tinham as suas sombras projetadas na parede da caverna, parede está a que os prisioneiros ficavam observando, ininterruptamente, durante todo o tempo do seu cativeiro.
Como estavam presos aos grilhões eles podiam enxergar, apenas, as sombras das imagens na parede; imaginando que aquelas projeções consistiam na única realidade das coisas existentes no mundo.
Em determinada ocasião, um dos indivíduos presos conseguiu se libertar das correntes e fugiu para o mundo exterior. A princípio, a luz do sol e a diversidade de cores e de formas assustou-o, fazendo-o querer retornar para a cova de onde havia saído.
No entanto, com o passar do tempo, ele acabou por se admirar das inúmeras novidades e descobertas que fez. Assim, quis voltar para a caverna e compartilhar com os outros prisioneiros todos os fatos, objetos e acontecimentos que contemplara no mundo exterior e todas as experiências que haviam sido por ele descobertas e vividas.
Os prisioneiros que continuavam na caverna, porém, não acreditaram naquilo que ele contava e chamaram-no de maluco ou insano. Assim, para evitar que as ideias do louco atraíssem outras pessoas para os “perigos da fuga e da aquisição de insanidade”, os prisioneiros mataram o ex fugitivo que retornara para o abrigo.
Os amantes da Sabedoria (filósofos) que interpretaram, posteriormente, a referida alegoria, perceberam que a caverna simbolizava o mundo onde todos os seres humanos vivem, enquanto as correntes significavam a ignorância que, tradicionalmente, prendia as populações e que pode ser representada pelas crenças, pelas culturas e por outras informações de senso comum que são absorvidas pelos cidadãos ao longo de suas existências.
Assim, os indivíduos, de maneira natural e em todas as épocas, ficavam presos a estas ideias pré-estabelecidas que formavam ao longo da vida e, sendo assim, não buscavam um sentido racional para determinadas coisas, evitando, desta maneira, a tradicional dificuldade do pensar e do refletir; preferindo, portanto, contentar-se com as informações que lhes foram oferecidas ’já mastigadas’ por outras pessoas.
Este preambulo, meus caros leitores, teve por única finalidade fazer uma ilação entre aquilo que já vigorava nos tempos de Platão (e até mesmo antes dele) e a atualidade brasileira, com a ideologia marxista firmemente acorrentada nas mentes de parcela significativa da nossa população, impedindo-a de perceber a realidade presente e as fogueiras sendo acesas, diariamente, nas redes sociais e na grande mídia, propagando imagens mentirosas desta realidade, os chamados fakes news, nas telinhas das TV’s, dos PC’s, dos Tablets, dos Ipads e dos Smartphones, que constituem as paredes das cavernas digitais, paredes estas que os internautas da atualidade, como aqueles ex prisioneiros de Platão, passam os seus dias contemplando com sofreguidão.
O efeito deletério da ideologia marxista é tão maléfico e duradouro quanto um verdadeiro câncer; posto que, criando metástases mentais, atinge intimamente aquele ser humano vitimado, através da contaminação de suas crenças, costumes, concepções metafísicas e tradições culturais. Por outro lado, tal qual uma bactéria nefasta instalada em um meio de cultura favorável, traduzido por um indivíduo suscetível ao proselitismo político-ideológico, prolifera-se, descontroladamente, contaminando todos aqueles que dele se aproximam ou com os quais passa a conviver a seguir.
Estes brasileiros contaminados, como aqueles prisioneiros da caverna, só percebem uma falsa imagem da realidade, mas não a realidade em si mesmo; posto que, como descrito no Mito da Caverna, algumas pessoas presentes veladamente neste cenário, no caso os ideólogos de esquerda, se encarregam de alimentar o fogo do ódio entre pessoas, raças, partidos políticos, classes sociais, etc., e de divulgar uma realidade política, econômica e social distorcida, através de falsas imagens criadas e de notícias mentirosas produzidas e repassadas.
Ocorre, ademais, que, além do simples proselitismo político-ideológico mencionado, existem, ainda, os interesses espúrios contrariados, de pessoas e de grupos, alimentando ainda mais as fogueiras do ódio. Qualquer um que não reze pela mesma cartilha desses inimigos da democracia (posto que adeptos de uma ideologia totalitária que, logo após atingir o poder, termina com as eleições livres e institui o partido único; isto é, o comunista) é taxado de fascista, de nazista ou, muitas vezes, é simplesmente assassinado, como o ex fugitivo da caverna de Platão, para evitar defecções ou delações.
Por outro lado, como nos tempos da trágica Guerra do Vietnam (em que os soldados norte-americanos atuando nas principais cidades daquele país, eram vítimas frequentes de atentados partidos de guerrilheiros vietcongs, que em nada se diferenciavam dos civis sul vietnamitas, dificultando, portanto, suas identificações e combate), o atual governo do presidente Jair Bolsonaro, tem sido, constantemente, vitimado por pessoas, instituições e organizações inimigas que, da mesma forma utilizada no passado pelos guerrilheiros vietcongs, camuflam-se no meio de pessoas, instituições e organizações amigas, dificultando suas identificações como inimigos que são e seu severo e eficaz combate.
Creio que a única maneira do presidente Bolsonaro conseguir minorar os efeitos danosos das notícias mentirosas que, diariamente, são veiculadas contra a sua pessoa e contra o seu governo, seria, ele próprio, estabelecer um canal direto de comunicação com os seus eleitores. Muitos dirão que ele já faz isto através das redes sociais (Twitter, Facebook, etc.). Ocorre que nestas redes o público por ele contatado é relativamente pequeno, da ordem de no máximo cinco milhões de pessoas.
Sou de opinião que o nosso presidente deveria requisitar um horário semanal nas redes de televisão, onde teria uma conversa direta com a população brasileira e seus eleitores, estes últimos da ordem de 58 milhões de pessoas, expondo as suas principais realizações; os obstáculos, internos e externos, enfrentados; desfazendo notícias falsas e alertando a população para quem são os verdadeiros inimigos da pátria, os antipatriotas e os traidores, a impedirem com suas manobras e maquinações maquiavélicas o nosso desenvolvimento econômico e social; quer sejam eles pessoas, instituições ou organizações.
A verdade comunicada diretamente ao povo, sem a intermediação de porta-vozes ou de terceiros, é a melhor maneira de desfazer o trabalho de contrainformação, de desinformação e de sabotagem, partido da esquerda nacional e internacional; bem como daqueles que viram seus interesses escusos e criminosos prejudicados com a instauração da moralidade nas ações governamentais envolvendo recursos públicos.
Nossos corações de brasileiros precisam, realmente, sentir, através das palavras sinceras e do olhar íntegro do nosso presidente, que estamos trilhando o caminho correto e o mais rápido para vencermos duas décadas de desmandos, de maus governos, de administração temerária, de dilapidação do patrimônio público, de atos e operações de lesa-pátria.
Que nossos olhos vejam, cada vez mais e mostrados pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, as boas realizações do seu governo; as medidas concretas visando o urgente desaparelhamento da administração pública (inchada de apaniguados políticos marxistas-oportunistas, ao longo das últimas décadas, que ou recebem sem trabalhar ou, quando o fazem, dificultam a implantação das medidas saneadoras e moralizantes impostas pelo novo governo); as providências anticorrupção e desburocratizantes implementadas na administração da coisa pública desde o início do seu governo.
Que apresente também tudo aquilo que pretende fazer e que nomine as pessoas ou instituições dificultando ou impedindo suas realizações. A população e os seus eleitores necessitam estar informados de tudo o que se passa nos bastidores do poder, com absoluta transparência, de forma a poder ajuda-lo naquilo que deles depender; pois, como diz o velho ditado popular: “Apenas o que os olhos veem os corações podem sentir”.
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
Membro da Academia Brasileira de Defesa.