sábado, 27 de abril de 2019

270. Meus respeitos àqueles que frequentemente descem ao inferno, mas que lá não permanecem...

 

Jober Rocha*

 


                                 O imperador romano Publio Aelio Adriano (76-138 d.C), pouco antes de falecer, referindo-se ao inferno (onde imaginava que sua alma passaria a eternidade, em razão de tudo aquilo que ele fizera em vida) escreveu um belo poema: 
 
Anima vagula, blandula
Hospes comesque corporis,
Quae nunc abibis in louca,
Palidula, rigida, nudula,
Nec, ut solis, dabis iocos…

Cuja tradução é a seguinte:
 
Minha pequena alma, terna e flutuante,
Hospede e companheira do meu ser,
Vais descer a lugares lúgubres, hesitante,
Que jamais pensaste algum dia conhecer.

                                                    Por sua vez, o poeta e escritor Dante Alighieri (1265-1321 d.C), em seu poema ‘A Divina Comédia’ publicado pela primeira vez em 1555, forneceu uma descrição dos sofrimentos que contemplou pessoalmente, impostos no Inferno aos espíritos daqueles condenados por vícios, crimes e pecados.
                                                    Em sua descrição, Dante relata que “após atravessarmos para a outra margem do Rio Aqueronte, conduzidos pelo demônio Caronte, chegamos ao inferno, onde existem vários círculos destinados aos espíritos dos mortos. O Inferno, propriamente dito, começa no segundo círculo, indicado pelo juiz Minos; já que o primeiro círculo é o Limbo”.
                                                     Segue, assim, o poeta descrevendo os sofrimentos impostos aos covardes, luxuriosos, gulosos, avarentos, pródigos, iracundos, indolentes, invejosos, soberbos, heréticos, violentos, suicidas, esbanjadores, usurários, alcoviteiros, aduladores, vendilhões, hipócritas, ladrões, fraudulentos, promotores de discórdia, cismáticos, falsários, mentirosos e traidores, nas profundezas daquele local.
                                                  Os sofrimentos impostos a todos estes são terríveis, segundo aquilo que a imaginação do autor pode vislumbrar em seu imaginário passeio. Ali é um lugar de sofrimento e expiação e quem não pertença, definitivamente, aquele meio, como o poeta que estava só de passagem, desejaria sair dali rápido, tal o péssimo astral percebido por qualquer visitante ocasional.
                                                        Na sociedade em que vivemos o inferno não é único e localizado em determinado ponto como aquele de Dante e como o mencionado pelo Cristianismo, mas são vários e encontram-se espalhados. Possui o nosso inferno uma grande população permanente (aqueles que lá vivem por circunstâncias várias, cujas causas eu não posso aqui discorrer, posto que são inúmeras e diversas) e uma população menor, transitória, que ali vai com certa frequência por dever de ofício ou por vocação.
                                                          Refiro-me aos profissionais cujas atividades obrigam a que permaneçam nestas filiais do inferno espalhadas por todos os cantos do país, muitas vezes correndo risco de vida, participando de todo aquele sofrimento individual e coletivo, tentando, de certa forma, minorá-lo ou, algumas vezes, fazendo até com que aumente por força da missão que lhes imputaram.
                                                       Os leitores mais argutos já perceberam que me refiro aos policiais de serviço, aos bombeiros em ação, aos médicos e enfermeiros em suas ocupações nos prontos socorros e emergências hospitalares, aos religiosos e voluntários que prestam assistências aos mendigos abandonados pelas ruas das cidades e aos militares quando em combate defendendo seu país e seus valores. Outras atividades semelhantes deixaram de ser mencionadas por não me ocorrerem no momento, mas saibam todos que também elas aqui se encontram incluídas.
                                                  Qual dos leitores já frequentou uma emergência hospitalar em um hospital público carente e localizado em área densamente populosa, com altos índices de criminalidade? Quem teria condições de passar 12 ou até mesmo 24 horas, em um local onde entram e saem pessoas feridas como fornadas de pão em uma padaria; onde o sangue e os dejetos humanos jazem espalhados pelo chão e são constantemente pisoteados por aqueles que por ali transitam? Um local onde a tônica são os gritos de dor e de sofrimento, as imprecações, os xingamentos, o suor, o cansaço, as lamentações, o desespero. Nesta filial do inferno, muitos ali estão, segundo conceitos religiosos proclamados, por que necessitam sofrer (seja lá por qual razão metafísica que me é desconhecida), mas outros lá estão por que precisam minorar o sofrimento destes infelizes. Nesta função também sofrem, mas é um sofrimento voluntário e meritório. Sem a presença deles o sofrimento dos primeiros seria muitas vezes maior ou até mesmo impossível de ser suportado. Quem, no entanto, é capaz de esquecer tudo aquilo que viu e de que participou no período em que lá esteve, tão logo saia pelo portão do hospital em direção a sua residência e ao encontro de familiares e amigos?
                                                    Qual dos leitores já participou de uma incursão policial em uma favela qualquer, das inúmeras espalhadas pela cidade? Quem já fez uma progressão subindo o morro e recebendo disparos de fuzis e de armas curtas a todo momento, vendo alguns companheiros tombando em razão de disparos recebidos? Quem já percorreu vielas sujas e apertadas, com valas negras e mau cheirosas escorrendo pelo meio e a ameaça de um confronto pairando o tempo todo no ar? Os responsáveis pela existência destes guetos, onde a população pobre é obrigada a viver, jamais fizeram este percurso cansativo e perigoso junto com a força policial que ali vai com frequência cumprir missões de busca e apreensão. Quem já participou de sessões de interrogatório, nas quais o preso deve confessar onde estão as armas, as drogas e os demais integrantes do bando escondidos? Quem, depois de anos de serviço e tendo prendido muitos criminosos, consegue andar calmamente pelas ruas da cidade, fazendo compras e observando vitrines como fazem muitos cidadãos comuns?
                                                     Quem já esteve em meio a um incêndio de grandes proporções, com vítimas encurraladas em andares altos, tendo que subir pelas escadas enfumaçadas de um prédio pegando fogo e ameaçando desabar, para procurar eventuais sobreviventes e resgatá-los?
                                                      Quem já participou do resgate de um suicida que tenta se jogar do alto de um prédio e que, para resgatá-lo, correu o risco de cair também? Quem já chegou a um local da queda de uma aeronave cheia de passageiros, onde os corpos e partes deles se espalham pelo terreno, junto com bagagens e destroços da aeronave ainda fumegantes?
                                                     Quem, como religioso ou como voluntário, já cuidou das chagas de mendigos abandonados nas ruas das cidades, já dividiu com eles a sua comida, já os lavou e os vestiu com roupas limpas, já ouviu as suas queixas e deu-lhes apoio psicológico?
                                                      Quem, como militar, já esteve em combate tendo que tomar uma posição fortificada localizada em um ponto alto, sendo defendida por canhões e metralhadoras? Quem já participou de um combate aéreo, em que sua vida depende de seus reflexos rápidos, da qualidade e performance da sua aeronave e do treinamento prévio que recebeu? Quem, nas profundezas do oceano, dentro de um submergível, ouve as cargas de profundidade, lançadas por um contratorpedeiro ou uma fragata, caindo e explodindo ao lado daquele que poderá ser seu ataúde, caso alguma delas acerte o alvo?
                                                     Vejam, meus caros leitores, que muita gente vai ao inferno todos os dias e, findo o seu trabalho, retorna para casa. Mal comparando, é como se saíssem de um local bastante aquecido e, a seguir, entrassem em uma câmara frigorífica. Fazendo isto com frequência, certamente, algumas sequelas acabarão por apresentar.
                                                      Não é por outra razão que são muitos os casos de suicídios entre policiais; de consumo de drogas por parte de médicos e de enfermeiros; de violência gratuita da parte de militares aguerridos que, ao retornarem do front para suas casas, com uma arma executam dezenas de pessoas nas cidades onde passam a viver. Os Estados Unidos da América do Norte estão cheios destes episódios.
                                                    A ida constante ao inferno acaba marcando, para sempre, aqueles visitantes transitórios. Eles, todavia, cumprem as missões para as quais estão designados. Bem ou mal, fazem aquilo que deles se espera. O inferno poderia ser, apenas, um local imaginário, um conceito, uma metáfora, um sentido figurado que representasse o mal localizado no interior de cada um de nós, conforme mencionou o Papa Francisco, e que precisaria ser neutralizado ou ter seu fogo apagado definitivamente. Infelizmente, o próprio ser humano com suas ganâncias, egoísmos, soberba e preconceitos, faz com que ele, o temido inferno, passe realmente a existir de verdade na própria superfície do planeta em que vivemos e não, apenas, em nosso interior ou em algum outro lugar oculto. 
                                                  Lembremo-nos disto ao criticarmos qualquer um deles, por suas ações ou omissões. Não sabemos pelo que eles acabaram de passar no inferno onde estiveram pouco antes e de onde acabaram de retornar.
                                                   Àqueles profissionais que frequentemente a ele descem, por vontade própria ou por razões de ofício e que, em seguida, dele retornam tendo ali deixado parte do bem que a eles pertencia e que para lá levaram e trazido de lá parte do mal que ali encontraram; os meus maiores respeitos e a minha grande admiração pelo trabalho anônimo que executam. Não sei o que seria da nossa vida comunitária sem a colaboração, a coragem e o desprendimento de vocês.
 

_*/ Economista, Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha e membro da Academia Brasileira de Defesa.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

269.  A Falência Total


Jober Rocha*



                                  Segundo os dicionários, as definições de falência nos vários campos da atividade humana diferem. Possuem sentidos distintos no campo econômico (o de insolvência) e no jurídico (ademais da insolvência é necessário a execução coletiva das dívidas). Para além destes campos, todavia, mesmo tratando de coisas distintas, falência é sempre um termo associado ao ato de decretar o fim de algo; muito embora qualquer coisa que acaba ou chega ao fim, seja, quase sempre, diferente das demais ou nem sempre coincida. Chamamos de falência o fim de uma atividade qualquer; o término de um reinado, de uma dinastia ou de um império; o ocaso de um sistema político, econômico ou de uma ideologia dominante e até da parada progressiva dos órgãos do corpo humano, como no caso da falência múltipla dos órgãos.
                                            Falência também pode ser entendida como um sinônimo de caos generalizado, situação está em que a ordem, a hierarquia, a moral e os bons costumes, os tradicionais valores virtuosos e nobres, o cumprimento das leis e das normas, etc., deixam de fazer parte do chamado pacto social (que rege os aglomerados humanos organizados sob a forma de estados, países, nações, etc.), rompido este isoladamente por um ou simultaneamente por ambos os pactuantes.
                                            Pacto Social ou Contrato Social, como todos sabem, foi mencionado pela primeira vez pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau em sua obra “Du Contrat Social ou Principes Du Droit Politique”, publicada em Amsterdam no ano de 1762. Rousseau afirmava que “a ordem é um direito sagrado, que serve de base a todos os outros”. Dizia também o filósofo, que “os homens, tendo nascidos iguais e livres, só alienam sua liberdade em proveito próprio”.
                                               As convenções, segundo o autor, “eram as bases de toda a autoridade legítima entre os homens; já que, nenhum deles tem autoridade natural sobre o outro, e a força não gera nenhum direito”.
                                         Conforme pensava Rousseau, considerando que os homens não podiam criar novas forças, não tinham eles nenhuma alternativa a não ser a de se unir e dirigir as forças que existiam “formando, por agregação, uma soma de forças que pudesse prevalecer sobre a resistência, colocá-las em jogo por uma só motivação e fazê-las agir de comum acordo”.
                                               Assim, o problema fundamental que o Contrato Social dava solução, segundo Rousseau, era o de “achar uma maneira de associação que defendesse e protegesse a pessoa e os bens de cada associado, pela qual, cada um, unindo-se a todos, obedecesse unicamente a si mesmo, sendo livre como antes”.
                                            Com respeito ao soberano ou o governante, o filósofo afirmava (a meu ver infantilmente, na ocasião): “alicerçado nos indivíduos que o compõem, o soberano não pode ter os seus interesses contrários ao do povo, não tendo nenhuma necessidade de garantia com seus súditos, pois é impossível que o corpo, queira prejudicar todos os seus membros”.
                                              Entretanto, para o filósofo (ainda de forma infantil e inocente, na ocasião) “se através do Contrato Social o homem se vê privado de muitas vantagens advindas da Natureza, ele passa a possuir outras que as compensam, como, por exemplo, as faculdades exercitadas e desenvolvidas, a ampliação de suas ideias, os sentimentos enobrecidos, etc. Com o Contrato Social o homem perderia a sua liberdade natural e o seu direito ilimitado a tudo que o tenta e que ele pode atingir; mas ganharia a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui”.
                                            Embora o Contrato Social de Rousseau tenha sido citado, inúmeras vezes, por algumas de nossas autoridades – que, se alguma vez o folhearam, seguramente, não entenderam com profundidade suas teses - aquele contrato vigente, até então, em nosso país, já tendo sido rompido, unilateralmente, pelos próprios soberanos do momento e seus cortesãos, estaria à beira de ser rompido, também, pelos súditos, provocando a falência total da republica e de nossas instituições supostamente democráticas.  
                                            Explico-me melhor: Conforme dito por Rousseau, no início, sendo a Ordem um direito sagrado que serve de base a todos os outros, é evidente que sem respeito ao ordenamento jurídico (que manteve os nossos cidadãos, até agora, fiéis ao Contrato Social pactuado) os demais direitos do cidadão perderão os seus valores e acabarão por se extinguir. Da mesma forma, conforme já mencionado anteriormente, os homens só alienam as suas liberdades em proveito próprio: quando percebem inexistir benefício algum pela troca que fizeram, a tendência é a de romper o Contrato Social, sempre de maneira radical e violenta, como muitos povos já o fizeram.
                                               Basta uma leitura diária nos jornais ou a consulta às redes sociais, para que constatemos que este é o nosso caso presente.
                                             Os três poderes disputam entre si o cetro do poder total, esquecendo que cada um deles tem a sua função e possui atribuições distintas dos outros dois. O judiciário pretende julgar, legislar e, algumas vezes, impedir o executivo de executar ou, então, obrigá-lo a executar. O legislativo deseja legislar, julgar ou impedir o julgamento, e obrigar o executivo a executar ou impedi-lo de o fazer. O executivo, ademais de executar, busca cooptar os dois outros poderes (em passado recente com o uso de verbas públicas, cargos na administração, etc.) para a consecução de seus objetivos (muitas vezes lesivos à população e ao desenvolvimento do país). 
                                              Interferindo em todo este quadro mencionado, ainda encontramos as ideologias nefastas, os interesses próprios e egoístas, as conveniências dos grupos econômicos, os benefícios supranacionais e o proveito das quadrilhas especializadas no desvio de dinheiro público. 
                                                     Assistindo a tudo isto através das redes sociais, uma população cada vez mais informada (e inconformada) percebe que a situação fugiu do controle e que, talvez, seja mais desejável romper definitivamente o atual pacto do que continuar atendo-se a ele. 
                                                 Os governantes e os parlamentares, eleitos pelo sufrágio universal para tratarem dos interesses daqueles que os elegeram, quase sempre, tratam, apenas, de seus próprios interesses particulares e daqueles de seus partidos políticos, esquecendo-se, completamente, que foram eleitos e que são, apenas, servidores do Estado. A partir de então, passam a se considerar patrões, soberanos e déspotas de uma população de escravos, em uma servidão consentida. Estabelecem seus próprios salários e suas mordomias ao bel prazer; aposentam-se com vencimentos integrais após apenas dois mandatos de quatro anos cada. Fazem, tão somente, aquilo que vai de encontro aos seus próprios interesses, olvidando os interesses de seus eleitores.
                                                 O legislativo, recentemente, atribuiu-se a função esdruxula de pretender elaborar e aprovar o Orçamento da União, deixando ao executivo a atribuição de simplesmente executá-lo, diferentemente de como era anteriormente quando o Executivo elaborava e o Legislativo aprovava ou homologava o orçamento. Através de uma proposta de emenda constitucional-PEC, o Orçamento da União seria, a partir de então, elaborado e aprovado pelo Legislativo (o que me afigura como sendo uma excrecência, o fato de um mesmo poder elaborar e aprovar o orçamento que elaborou), cabendo, ainda, aos parlamentares o poder de apresentar emendas do seu próprio interesse, do  interesse de seus Estados e dos seus partidos, que teriam a característica de serem impositivas; isto é, de execução obrigatória pelo Poder Executivo. Reduzir-se ia, assim, portanto, os poderes do Presidente da República.
                                                  A suprema corte de justiça do país, por sua vez, da forma como é constituída, encontra-se altamente politizada, já que seus ministros, que não são funcionários de carreira do Estado, mas, tão somente, pessoas nomeadas pelos presidentes da república do momento e aprovadas pelo parlamento para cargos vitalícios, muitas vezes, se veem na contingência de ter de julgá-los (aos presidentes e aos parlamentares) por crimes comuns, cometidos contra à sociedade civil e contra a administração pública; já que, o foro destes (envolvidos nas indicações dos magistrados para a mais alta corte) é o chamado ‘privilegiado’ em razão dos cargos que ocupam.
                                                 Alguns outros exemplos do rompimento do contrato social, por parte do nosso soberano, podem ser encontrados em diversas medidas que têm sido adotadas, desde longa data, com a assunção ao poder dos partidos de esquerda. São os casos, por exemplo, da tolerância extrema com os movimentos campesinos e urbanos, que invadem propriedades rurais ou urbanas, produtivas ou não, muitas vezes depredando e danificando culturas, instalações e equipamentos; da elevada carga tributária (uma das mais elevadas do mundo) a que os cidadãos e suas empresas estão submetidos, sem uma contrapartida equivalente em termos infraestrutura de saúde, de segurança, de transportes, de serviços públicos, etc.; da ligação velada de autoridades com facções de narcotraficantes; da morosidade e, muitas vezes, da parcialidade do Judiciário com respeito aos julgamentos de autoridades e dos chamados réus ‘chapa branca’, isto é, aqueles pertencentes aos partidos políticos no poder e que apelam para o chamado ‘foro privilegiado’ (inicialmente destinado ao julgamento, pela mais alta corte, dos crimes de opinião, de ação ou de omissão quando estritamente na função legislativa, judiciária ou executiva) no caso de crimes comuns de roubo de recursos públicos, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, tráfico de divisas, etc. ; do corporativismo do legislativo, quando se trata de punir, através da cassação de mandatos, seus representantes no senado e na câmara; do envolvimento de inúmeras autoridades, dos três poderes, em episódios de corrupção divulgados pela mídia, sem que estas autoridades paguem, judicialmente, pelos seus atos criminosos e devolvam aos cofres públicos tudo aquilo que receberam ilicitamente. 
                                                  São os casos, também, das tentativas recentes dos partidos de esquerda de estabelecerem um governo comunista ou socialista bolivariano, sem um referendo popular - governo este que teria o poder e a intenção de mexer nos bens dos cidadãos e suspender muitos dos seus direitos constitucionais, modificando, ademais, as instituições públicas e privadas; da aliança política, econômica e estratégica, levada a cabo por governos anteriores,  com países comandados por ditadores retrógrados - que utilizam ideologias idem para governar seus países; do perdão de dívidas de países africanos com o nosso país (países estes comandados por ditadores, em sua grande maioria, milionários), feita por governos anteriores sem nenhuma consulta aos demais poderes da república e a população. Da execução do desarmamento da população, cujo objetivo velado foi o de retirar armas em poder dos indivíduos, de modo a evitar eventuais revoltas e rebeliões que pudessem destronar os governantes de esquerda e seus partidos, que pretendiam eternizar-se no poder; do sucateamento proposital das forças armadas, deixando o país indefeso frente a eventuais ameaças externas e internas; da cessão de partes importantes do território nacional (por sua riqueza em recursos naturais e minerais estratégicos) e sua completa autonomia, para determinadas populações indígenas (algumas destas habitando áreas de fronteira que adentram outros países), caracterizando, em alguns casos, verdadeiros crimes de Lesa-Pátria; do loteamento de cargos comissionados com elevados salários, na administração pública, entre os membros do anterior partido no governo e da base parlamentar que o apoiava, seus parentes e amigos indicados; do envolvimento de pessoas muito próximas aos anteriores governantes em denúncias de corrupção, desvio de recursos públicos e malversação de verbas, pessoas estas até hoje impunes, não julgadas ou condenadas, etc., etc. e etc.
                                                    Mais recentemente foi o caso da censura imposta a uma revista e a um site das redes sociais, que divulgaram denúncias de determinado empresário, em episódio de delação premiada no âmbito da Operação Lava a jato, acerca de um ministro da mais alta corte de justiça.
                                                Assim, quando a maioria dos eleitores brasileiros se conscientizarem (e já estamos bem perto disto) de que formam a base da pirâmide, que são eles que tudo executam e que contribuem com seu esforço e com a sua renda para a construção do país - país este que, embora entre as dez maiores economias mundiais, muito pouco lhes dá em retribuição pelo tanto que fazem (em razão de má gestão e da ambição por poder e riqueza dos governantes que têm se sucedido) e constatarem, ademais, a perda dos valores morais, das virtudes e da proteção que buscavam ao participarem do chamado Contrato Social firmado entre eleitores e eleitos; verem os vícios dominarem o cenário político do país, com verdadeiras quadrilhas dilapidando os cofres da nação, os súditos brasileiros podem, eventualmente, se sublevar e romper também o Contrato Social que já havia sido rompido pelos soberanos que têm se sucedido desde longa data, instaurando-se uma convulsão social e a consequente guerra civil que sempre a acompanha. Temos visto isto acontecer em diversas partes do mundo, tanto no passado quanto no presente. Nós, que sempre pensamos que estas coisas só ocorriam em outros países, estamos perto de vê-las ocorrer também no nosso.
                                              Certamente, quando a maioria dos cidadãos se der conta de que está sendo ludibriada – como parece já estar ocorrendo - e que deve alijar do poder muitas das atuais autoridades dos três poderes da república, o cenário político deverá se alterar. Quem será o líder a deflagrar este processo, ainda é uma incógnita. Este líder irá propor, com toda a certeza, a instalação de uma ‘Comissão de Apuração da Verdade’, perante a qual todos aqueles envolvidos, nas duas últimas décadas, no desvio de recursos públicos, em malversação de verbas, em concorrências fraudulentas, tráfico de influências, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, traição, etc., deverão ser chamados a se explicar e a prestar contas, mesmo que eventualmente já absolvidos anteriormente.
                                             Que Deus, sendo brasileiro como muitos dizem ser, interceda para que não tenhamos que passar pela infelicidade de uma guerra civil com a consequente convulsão social que a acompanha, como tudo leva a crer, retornando o país a um eventual estado de barbárie com o rompimento do contrato social - como ocorreu e ainda ocorre em muitos países ao redor do mundo - e que permaneçamos, ainda e sempre, unidos pela força do Direito.


_*/ Economista, Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha e membro da Academia Brasileira de Defesa.

268. A Conspiração dos Mancheteiros e Explicadores

Jober Rocha*



                                    O aparelhamento da imprensa e da mídia de um modo geral, construído ao longo das duas décadas de governos de esquerda, produziu uma geração de redatores de manchetes (denominados mancheteiros) e de comentaristas de notícias (denominados explicadores) bastante especializados naquilo que fazem. Estas especialidades a que me refiro, que podem ser praticadas pela mesma pessoa ou por pessoas distintas, constituem algo bastante estudado cientificamente e que faria inveja ao ministro do Reichsministerium für Volksaufklärung und Propaganda – RMVP, Paul Joseph Goebbels, que ocupou este cargo de ministro da propaganda na Alemanha Nazista, de 1933 a 1945.
                                         As especialidades referidas tratam das técnicas de construir manchetes inverídicas a partir de notícias verdadeiras, visando a paralisia e a desestabilização estratégica do governo; bem como de comentá-las, a seguir, fazendo com que pareçam representar algo verdadeiro, coerente e verossímil. Não se trata, simplesmente, da criação de ‘Fake News’ (ou da veiculação de mentiras), pois os fatos realmente ocorreram; só que eles ocorreram de maneira distinta daquela que é mencionada ou sugerida pelos mancheteiros e comentada pelos explicadores.
                                        Quando mídias diferentes, trabalhando em conjunto, divulgam as mesmas notícias falaciosas acerca de um fato verdadeiro que, todavia, ocorreu de maneira distinta daquela mencionada na manchete e nos comentários, fica difícil ao observador comum, que obtém a mesma notícia de várias fontes diferentes, desacreditá-las.
                                          É o que ocorre, na atualidade, com a maior parte das notícias divulgadas pela mídia sobre o governo do presidente Bolsonaro.
                                               Praticamente, todas as notícias propaladas por esta mídia a que me refiro são eivadas de duplos sentidos; de críticas sutis; de deturpações de textos, frases e pronunciamentos do presidente, de seus familiares, de seus assessores mais próximos, de seus ministros e de seus aliados políticos.
                                              A coisa é de tal ordem, que, na impossibilidade de tudo aquilo ser contestado de imediato pelo presidente ou por algum porta-voz da presidência, muito do que é divulgado, sem ter sido desmentido por ninguém, acaba passando por verdade.
                                                 Esta falsa crença ocorre com o público em geral, mas, também, com os próprios personagens alvos desta trama, que, ao serem bombardeados diariamente com este tipo de conspiração panfletária, passam, depois de algum tempo, a desconfiar das declarações dos demais, espalhando-se, assim, a cizânia e o mal-estar entre a equipe de governo.
                                              A capacidade de certos redatores de iludirem seus leitores é tamanha que, mesmo fazendo uso destes artifícios melífluos, costumam, ainda, passar por aliados do presidente e da sua equipe. Tratam-se de verdadeiros agentes secretos infiltrados por conta de suas ideologias e que, na maioria das vezes, em razão de seus mimetismos político-ideológicos, jamais são descobertos. Ademais, alguns deles, como agentes duplos, trabalham para qualquer patrão apenas por dinheiro (ou contra a falta dele, quando as torneiras do Palácio do Planalto são fechadas como no atual governo de Bolsonaro, que cortou grande parte das verbas de publicidade), já tendo servido a diversos governos e partidos políticos. 
                                              Em muitas situações, para que o leitor perceba que a matéria é falaciosa e não corresponde à verdade dos fatos, é necessário um nível elevado de conhecimento sobre a conjuntura política, econômica, militar e psicossocial, nível este não possuído por grande parte dos leitores. Muitos ficam apenas nas manchetes, não lendo todo o conteúdo dos textos divulgados; conteúdos estes que, muitas vezes, nada têm a ver com as manchetes.
                                                Trata-se, portanto, de uma maneira inteligente e sagaz de iludir o leitor e criar uma ideia errônea sobre acontecimentos e sobre pessoas do governo, suas declarações e suas intenções, visando desconstruir a imagem do presidente e do seu grupo de colaboradores, apresentando-os de forma negativa. Só aqueles mais esclarecidos e que acompanham a conjuntura diária, conseguem perceber as armadilhas montadas pelos mancheteiros e comentadas pelos explicadores.
                                                Para impedir e rebater a ação nefasta destas pessoas, seria necessária uma grande assessoria, quase um ministério da contrapropaganda; cuja função seria a de alertar os leitores para a verdade dos fatos, rebatendo as mentiras, insinuações, as meias verdades, as críticas malévolas e improcedentes. Ao mesmo tempo, um departamento jurídico buscaria a reparação de ofensas, injúrias e difamações feitas ao presidente, à sua família e aos colaboradores do governo, através das vias judiciais cíveis e criminais.
                                          Estas ações mencionadas (de desestabilização do presidente e de seu governo) estão, evidentemente, inseridas no conceito moderno de guerra hibrida e informacional, travada no campo de batalha mundial por interesses nacionais e supranacionais. 
                                               Os chefes dos três poderes da república, por sua vez, ao invés de formarem um conjunto unido de cidadãos a trabalhar em sintonia pelo bem do país e de suas instituições, competem entre si pelo poder e por interesses particulares e dos grupos econômicos e políticos a que representam, quase sempre conflitantes.
                                               O novo governo, em que pese o pouco tempo de existência que possui (aproximadamente cem dias) não tem reagido com a presteza, esperteza e malícia que se fazem necessárias neste tipo de combate. Notam-se ações conflitantes e iniciativas impensadas e desgastantes por parte de algumas autoridades, que vivem voltando atrás sobre aquilo que declaram e sobre os atos de ofício que praticam. Muitos integrantes do novo governo parecem também deslumbrados com suas funções e com seu aparente poder momentâneo, fazendo questão de se exibirem como artistas sob as luzes da ribalta.
                                                 As diversas correntes dentro do próprio governo, que inicialmente parecia coeso em torno de um objetivo comum que representava o interesse nacional, já se mostram sem os véus e as máscaras que as encobriam deixando antever diversos interesses particulares e grupais já apresentando suas faces disformes, como gárgulas pendurados no alto do edifício do poder.
                                               Não pretendo dar lições para pessoas com muitos anos de vida pública, que já deveriam ter aprendido como caminhar no terreno pantanoso da política. Penso, no entanto, que estarei colaborando com o governo no qual votei e que apoio, oferecendo alguns conselhos que acredito deveriam ser seguidos, pois estou certo de que caldo de galinha e bons conselhos não podem fazer mal a ninguém.
                                                 As entrevistas coletivas de imprensa devem ser preparadas com bastante cuidado, de modo a evitar as famosas ‘pegadinhas’ (muito ao gosto de jornalistas mal intencionados), que consistem em engendrar perguntas para fazer com que o entrevistado caia no ridículo, se confunda e passe por despreparado ou ignorante.
                                                     O presidente e seus auxiliares devem falar apenas o necessário para prestar contas dos seus atos, não devendo se deixar levar pela emoção do momento falando mais do que devia ou entrar em discussão com seus interlocutores, ocasião em que pode perder a cabeça falando coisas das quais irá se arrepender no momento seguinte e, sem dúvida, poderá ainda oferecer argumentos críticos para aqueles que lhe são contrários explorarem com toda a voracidade. 
                                                     Devem, também, se conscientizar de que estão sendo diuturnamente observados por equipes de repórteres e de cinegrafistas, financiadas por seus opositores, desejosas de fotografá-los e filmá-los em alguma cena constrangedora, inusitada, bizarra, ilegal, imoral ou antiética. Estas situações, se ocorrerem, poderão fazer até com que respondam à processos cíveis, criminais ou submetidos a conselhos de ética e venham a perder seus cargos, dependendo da forma como estes episódios serão explorados pela ‘mídia inimiga’.
                                                        Embora todo presidente goste de aparecer em público e fazer pronunciamentos políticos, muitas vezes falando de improviso, não é conveniente que adote esse costume quando não domina a técnica da oratória, quando não tem boas notícias a comunicar e quando não está em um território amigo; isto é, quando o público que o ouve não se trata de seus amigos eleitores, mas, sim, de seus hostis opositores. Nenhum opositor se deixará convencer por palavras, mas, apenas, por atos. Portanto, evite falar para uma plateia hostil.
                                                     Todo presidente deve estar consciente de que, após ter conquistado seus eleitores, necessitará mantê-los e só conseguirá isto atendo-se o mais possível àquela mesma plataforma que o elegeu. Deixar seus eleitores descontentes por não ter cumprido promessas de campanha, só fará com que aumente a oposição da qual já desfrutava.
                                                   Ninguém está isento de gostar de ser adulado, admirado, respeitado, reverenciado e temido. Este é o principal vício a ser combatido por alguém na posição de um presidente com enorme poder, inúmeras vezes maior do que o da maioria dos cidadãos comuns. Dizem que um antigo imperador chinês gostava de ir ao campo, periodicamente, para lavrar a terra junto com os camponeses, de modo a lembrar-se que, embora sendo imperador, era, todavia, um cidadão comum, como qualquer outro, feito da mesma argamassa.
                                                    Alexandre Magno, rei da Macedônia, pouco antes de falecer envenenado, fez questão de determinar que o seu caixão fosse conduzido por quatro médicos, para mostrar que eles, embora poderosos, não puderam evitar a sua morte com todo o conhecimento que detinham de Medicina. Seus generais iriam a frente do cortejo jogando pedras preciosas pelo chão, para demonstrar que toda a sua riqueza, fruto de incontáveis conquistas militares, de nada serviu para impedir a sua morte e fez questão, ainda, de ser enterrado nu para mostrar que estava deixando a vida sem nada levar consigo.
                                                     Quisera que todos os presidentes, autoridades públicas, políticos, magistrados, etc., tivessem esta mesma concepção metafísica que alimentou Alexandre em seus momentos finais. Ser um servidor público, muito mais que uma vocação, deveria ser uma missão e não uma maneira de enriquecer e de ser poderoso, como muitos pensam e almejam. Pensando desta forma, o poderoso do momento se resguarda dos aduladores, pois sabe que não é nada daquilo (tão importante, valioso e meritório) que querem imputar a ele, como forma de bajulá-lo em troca de favores, cargos, benesses.
                                                       No caos em que vivemos atualmente, com o país quase quebrado após duas décadas de má administração e de desvio de recursos públicos por verdadeiras quadrilhas travestidas de autoridades, a grande maioria dos que comandam os destinos da nação e a maioria daqueles que foram alijados do poder pelo voto popular, continuam, ainda, pensando apenas em alcançar o poder para si mesmo, para satisfazer seus interesses particulares e os de seus grupos político-partidários. 
                                                    Poucos pensam no futuro do nosso povo e se preocupam com o destino do país, estando dispostos, até mesmo, a dar a sua vida para que tenhamos um encontro marcado com o nosso desejo de sermos uma potência mundial. Sabemos que a liberdade é algo valioso e que custa caro, porém parece que em nosso país poucas pessoas estão dispostas a pagar o seu preço. Jair Bolsonaro, ao contrário de muitos políticos que se acovardam quando pressionados, possui um passado guerreiro que o impele para a luta, pois já foi oficial do Exército Brasileiro e paraquedista militar. Como tal, conhece a famosa oração encontrada no bolso da farda de um paraquedista francês morto no deserto da Líbia, no Norte da África, durante a Segunda Guerra Mundial, que dizia: 


Dai-me, Senhor meu Deus, o que vos resta;
Aquilo que ninguém vos pede.
Não vos peço o repouso nem a tranquilidade,
Nem da alma nem do corpo.
Não vos peço a riqueza nem o êxito nem a saúde
Tantos vos pedem isso, meu Deus,
Que já não vos deve sobrar para dar.
Dai-me, Senhor, o que vos resta,
Dai-me aquilo que todos recusam.
Quero a insegurança e a inquietação
Quero a luta e a tormenta.
Dai-me isso, meu Deus, definitivamente;
Dai-me a certeza de que essa será a minha parte para sempre,
Porque nem sempre terei a coragem de a pedir.
Dai-me, Senhor, o que vos resta,
Dai-me aquilo que os outros não querem;
Mas dai-me, também, a coragem, a força e a fé.

                                                  Presidir uma nação praticamente destruída como foi a nossa, ao longo das últimas décadas de governos de esquerda, cuja metade do orçamento destina-se ao pagamento de juros e amortização da dívida, vinte por cento são destinados às pensões e aposentadorias de inativos, restando, apenas, trinta por cento do orçamento da união para o custeio da máquina pública e a realização de todos os investimentos de que necessitamos, é, sem dúvida receber das mãos de Deus a última coisa que lhe resta, aquilo que ninguém SÉRIO e BEM INTENCIONADO mais quer, como bem dizia a oração.
                                                            Historicamente, segundo a religião, esta tarefa de redimir um povo e a sua sociedade, estabelecendo uma nova ordem social de paz, de justiça e de liberdade, caberia a um messias. Coincidentemente, o atual presidente do Brasil se chama Jair Messias Bolsonaro. Quem sabe não teria, finalmente, chegado a nossa vez e a nossa hora?


_*/ Economista, Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha e membro da Academia Brasileira de Defesa.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

267. Qual deverá ser a nova religião do futuro?


Jober Rocha*



                                 Na sociedade humana dos dias atuais, entorpecida em virtude da corrupção, dos males da pobreza e do desemprego, da degradação ambiental, da extinção de recursos naturais, das epidemias e enfermidades, da violência, etc., muitos indivíduos sentem-se inclinados a abraçar alguma religião ou, até mesmo, a se dedicarem à uma vida monástica, de modo a subtraírem-se de um mundo cuja estruturação e modo de administração não lhes agrada, cuja repartição das riquezas lhes repugna a razão e cuja existência quotidiana não lhes oferece senão padecimentos.
                                      Nota-se, ademais, frequentemente e cada vez em maior número, em todas as partes do planeta, seres humanos fatigados das paixões mundanas e animados para com um Ser Supremo (e também para com o seu próximo) de um amor que os faz desligarem-se de si mesmos; passando a constituírem-se em almas melancólicas e sofridas procurando a poesia do silêncio e da meditação em lugares mais isolados dos centros urbanos, bem como os deleites da abstinência, de modo a tentarem achar alguma coisa de boa, bela, estável e duradoura em meio a este caos universal onde a tônica é a concorrência, a disputa, a maldade, o egoísmo e o enfrentamento.
                                                  O caminho natural para estes indivíduos é o da busca por uma religião que realmente os reconforte, tanto para os que ainda são ateus quanto para aqueles que já possuem alguma religião; religião esta, porém, que não satisfaz plenamente aos seus anseios.
                                              Ocorre que as religiões de origem cristã, que são as mais difundidas no Ocidente, quase já não conseguem mais convencer os seus seguidores, com relação às suas propostas, por motivos vários. Primeiro, em virtude de inúmeras contradições internas percebidas por aqueles que estudam os livros considerados sagrados. Segundo, tanto em razão dos exemplos históricos dados pela cúpula da igreja, quanto pelos exemplos diários de muitos de seus sacerdotes. Apenas para citar alguns destes exemplos, mencionamos os episódios históricos da Inquisição (quando milhões de seres humanos foram mortos e encarcerados por não seguirem os preceitos do cristianismo ou por dele discordarem); do apoio da igreja à escravização dos povos indígenas da América e da África, buscando estar na linha de frente das conquistas em busca de terras e de riquezas materiais; as denúncias recentes de desvios de recursos financeiros das igrejas e dos templos, pelos seus dirigentes; o tráfico de divisas promovido pelas igrejas, que transferem para contas em paraísos fiscais parte daquilo que arrecadam nos países onde operam como empresas; o financiamento e a participação financeira em atividades ilegais e, muitas vezes, criminosas, como a associação do Banco do Vaticano com facções criminosas como a Máfia (amplamente noticiada pela imprensa há alguns anos); a prática da pedofilia e do homossexualismo entre sacerdotes e fiéis, etc. 
                                        Estas últimas são denúncias que estão quase diariamente nas mídias sociais e viraram objeto de inquéritos policiais em vários países. Indenizações vultosas têm sido pagas nas cortes norte-americanas e muitos sacerdotes têm sido presos e ainda cumprem pena naquele país. Muitos programas de televisão de natureza religiosa são verdadeiras cenas de estelionato, nas quais alguns autonomeados sacerdotes, bispos, pastores e apóstolos tentam extorquir dinheiro e bens de seus seguidores, sob o olhar complacente das autoridades do país. 
                                         A continuação, farei um breve resumo das principais religiões, de modo a que os leitores se inteirem de seus pontos principais e percebam quais delas podem, algum dia, almejar atingir a primazia em um mundo que parece caminhar para uma religião única, um governo único, uma única corte internacional, uma moeda única, um território único e uma única língua, segundo o que tem sido apregoado como objetivos da chamada Nova Ordem Mundial:

 Budismo  
Representa 7,1% do total das religiões. O ponto central da doutrina budista são os conceitos de reencarnação, de carma e de salvação. Para Buda o ser humano está preso à roda de renascimentos, que só termina quando este está totalmente livre dos desejos. Dentro desses renascimentos, o conceito de carma é muito importante. Existe uma lei, de acordo com o budismo, segundo a qual todos os nossos atos, palavras e pensamentos, contribuem para a formatação da vida subsequente.  Por este princípio, “cada um colherá aquilo que plantou”. Este princípio foi, mais tarde, adotado por Alan Kardek na elaboração da Doutrina Espírita. Enquanto o ser humano tiver um carma, continuará a nascer indefinidamente, até alcançar a salvação e ingressar no Nirvana (estado de consciência além de todos os conceitos intelectuais, no qual se perde a noção do eu individual e a unidade com o todo se torna uma constante).
  Confucionismo 
O número de seguidores do Confucionismo, já está incluído no total de seguidores do Taoísmo, mencionado mais à frente. Seus adeptos estão localizados na Ásia Oriental, Vietnã, Singapura e Malásia. Doutrina política, social e religiosa oficial da China, durante quase dois mil anos (do século II ao século XX), define a busca de um caminho superior (TAO) como forma de viver bem e em equilíbrio entre os desejos terrestres e as vontades do céu. O pensador chinês Confúcio era mais um filósofo que um pregador religioso. Suas ideias fundem-se aos cultos religiosos mais antigos da China, criando um forte sincretismo religioso.
 No confucionismo não existe um Deus criador do universo, nem uma igreja organizada ou sacerdotes. As bases da felicidade dos seres humanos são a família e uma sociedade harmônicas.  Por esta doutrina o ser humano é composto por quatro dimensões: o eu, a comunidade, a natureza e o céu. As cinco virtudes essenciais do ser humano são: amar ao próximo, ser justo, comportar-se adequadamente, conscientizar-se da vontade do céu, cultivar a sabedoria e a sinceridade desinteressadas. O TAO conduz o indivíduo a agir de acordo com a sua natureza.   Moderar o desejo gera o contentamento. Quando um desejo é satisfeito, outro, mais ambicioso, brota para substituí-lo. Em essência, a vida deve ser apreciada como ela é em lugar de forçá-la a ser o que não é. Idealmente, não se deve desejar nada, pois o desejo obstrui a habilidade pessoal de entender. A essência do TAO está na arte do Wu Wei (agir pelo não agir). Uma pessoa progride muito mais, não por lutar e se debater contra a água, mas permanecendo quieta e deixando o trabalho nas mãos da correnteza. Confiando na nossa natureza, ao invés de em nossos desejos, podemos encontrar contentamento sem uma vida de luta constante contra forças reais e imaginárias.
 Espiritismo 
Possui de 15 a 20 milhões de seguidores em todo o mundo; mas, principalmente, no Brasil, Cuba e na Jamaica. A principal corrente do espiritismo é o Kardecismo, formulado em 1857 por Alan Kardec. A base fundamental do espiritismo, considerado pelos espíritas como uma ciência e não como uma religião, é a crença de que somos um espírito que não necessita do corpo para existir (mas que utiliza um corpo material para manifestar-se) e que este espírito retorna inúmeras vezes em outros corpos, a partir do fenômeno da reencarnação. Outro aspecto importante é que a reencarnação possui uma ação purificadora e progressiva, de tal forma que o espírito evolui continuamente, até atingir a um estado de perfeição que não precise mais retornar à Terra. Outro conceito espírita é o do Livre Arbítrio. Apesar do Carma a que estaríamos submetidos, temos como reverter a situação imposta, através da utilização do nosso arbítrio. A pluralidade dos mundos habitados e a comunicabilidade entre encarnados e desencarnados (mediunidade) também são pressupostos do espiritismo.
 Hinduísmo 
Possui cerca de 400 milhões a um bilhão e meio de seguidores, representando cerca de 15% do total, localizados no Sul da Ásia, Bali, Maurícias, Fiji, Guiana, Trinidad e Tobago, Suriname e minorias ao redor do mundo. Representa 15% do total das religiões. A doutrina do hinduísmo pode ser encontrada no Bhagavad Gita, a mais apreciada das escrituras da Índia. Constitui a Bíblia ou Sagrado Testamento hindu e significa ‘Cântico do Espírito’. Constitui um abrangente tratado de metafísica e psicologia, descrevendo as experiências que acontecerão ao ser humano no caminho da sua evolução espiritual. Seus versículos encontram-se no sexto dos dezoito livros que compõem o grande poema épico da Índia, o Mahabharata, que narra a história dos descendentes do rei Bharata (Pandavas e Kauravas). Foi escrito pelo sábio Vyasa em linguagem metafórica e alegórica, entremeando fatos históricos com verdades espirituais e psicológicas, apresentando um painel das batalhas interiores que precisam ser travadas pelo ser humano em busca da evolução da sua alma.  Em seu capítulo inicial apresenta os princípios básicos da ciência yoga e descreve a luta espiritual do yogue que empreende o caminho para a libertação, a unidade com Deus. O campo de batalha das forças em combate é o corpo humano, com suas faculdades físicas, mentais e espirituais, onde se desenvolvem as atividades da vida do indivíduo. Neste campo competem duas forças: a inteligência que discerne (buddhi) e a mente consciente dos sentidos (manas).
A inteligência atrai a consciência para a verdade ou realidade eterna (a consciência da alma). A mente sensorial repele a consciência, afastando-a da verdade, e a empenha nas atividades sensoriais externas do corpo. Se a inteligência for controlada pelo poder do discernimento puro, os sentidos serão controlados; se a inteligência for governada pelos desejos materiais, os sentidos ficam descontrolados. Desde o momento da concepção até a morte, a alma humana necessita travar, em cada encarnação, inúmeras batalhas (hereditárias, biológicas, bacteriológicas, climáticas, fisiológicas, éticas, sociais, sociológicas, políticas, metafísicas, psicológicas, etc.), em um sem número de conflitos interiores e exteriores. As forças do bem e do mal competem pela vitória em todos estes confrontos. A primeira competição da alma se daria com as outras almas que também buscam o renascimento. 
 Em termos simbólicos o reino do Corpo e da Mente pertence, por direito, ao rei Alma e seus súditos (as Tendências Virtuosas). Entretanto, o rei Ego e seus parentes (as Tendências Perversas e Ignóbeis) usurpam astuciosamente o trono. Quando o rei Alma se levanta para reclamar seu território de volta, o Corpo e a Mente se transformam em um campo de batalha.
 A organização do corpo e da mente humana revela, em sua perfeição, a presença de um plano divino. As forças mais grosseiras da mente manifestam-se nas estruturas mais densas do corpo, enquanto as forças sutis da alma (consciência, inteligência, vontade, sentimento) localizam-se nos tecidos delicados do cérebro. A alma humana estaria, segundo o hinduísmo, encerrada em três corpos: O corpo físico, o corpo astral e o corpo causal de consciência. O ser humano médio só é consciente do corpo e da mente e de suas conexões com o exterior.
 Os princípios específicos (ou forças psicológicas), que se oporiam ao progresso da alma seriam: O egoísmo, a sensualidade, o mau hábito, a ira, a ganância, a crueldade, o ciúme, a cobiça, a inveja, a covardia, o temor, a dúvida, o orgulho e os desejos materiais (em resumo, as paixões)
 Para libertar a alma dos laços da matéria, bastaria a pratica de ações e pensamentos consistentemente corretos, em harmonia com a lei divina. A alma humana, assim, ascenderia lentamente no transcurso da evolução natural do homem.  Através da pratica da yoga (Raja Yoga, Kriya Yoga, Karma Yoga, Bhakti Yoga) esta evolução poderia ser acelerada.
  O modo de libertar-se dos ciclos de renascimento seria seguir o caminho da luz, que conduziria à libertação. O caminho das trevas levaria, sempre, ao renascimento.
Politeísmo 
Possui poucos seguidores espalhados por todo o mundo. Consiste em um sistema religioso em que se adoram muitos deuses (que não deve ser confundido com o Hinduísmo nem com o Candomblé, a Umbanda, o Taoísmo, o Xamanismo, etc., embora seja, também, religião em que há pluralidade de deuses, espíritos, orixás, divindades, etc.). 
Taoísmo
Possui de 400 milhões a um bilhão de seguidores, localizados na Ásia Oriental, Vietnã, Singapura e Malásia. Religião que nasceu da escola de filosofia chinesa centrada no conceito de caminho (TAO). Como filosofia sua origem é atribuída aos ensinamentos do sábio Lao-Tsé (século VI a.C.).  Como religião surgiu no século II a.C, e assimilou elementos religiosos anteriores e mais antigos da China. Seus conceitos influenciam a vida chinesa até os dias atuais.
          Os Taoístas são politeístas e veneram deuses ancestrais. Todas as pessoas que atingem a imortalidade se tornam deuses e são cultivados. Entre os deuses mais cultuados estão os da longevidade, da riqueza e da felicidade.
O Xamanismo 
Seguidores localizados na África, Ásia, Américas e Oceania. Nome genérico dado às atividades de práticas mágicas, geralmente realizadas por um xamã (ou feiticeiro), que busca contatar mundos e forças sobrenaturais, invocar ou incorporar espíritos ou entidades divinas. O Xamanismo aparece em diferentes cultos religiosos da Ásia Central e Setentrional, África, Américas e Oceania, em culturas antigas em diferentes estágios de evolução, particularmente nas sociedades indígenas. Em virtude disto, não é considerado uma religião, propriamente dita, mas uma característica de diversas religiões. As tarefas principais de um xamã são: a cura, a adivinhação e a busca de solução para problemas da comunidade. Comumente o xamã entra em estado de transe e utiliza plantas, animais e minerais em rituais que podem incluir a ingestão de substancias alucinógenas e o sacrifício de animais.
 O Ateísmo 
Trata-se da negação de Deus e da religião e seus adeptos predominam no mundo ocidental e na Ásia (Rússia e demais países comunistas). Existem outras minorias espalhadas ao redor de todo o mundo. Representa 12% do total. Consiste em uma postura filosófica baseada na negação da existência de qualquer Deus. Dispensa a ideia de uma justificativa divina para a existência humana. Surgiu na Europa, durante a antiguidade, mas permaneceu subjugado durante toda a idade média. Com o declínio do feudalismo, o ateísmo voltou a ganhar força. Na idade moderna, durante o Renascimento, a ideia da negação de qualquer divindade e a recusa de explicações fundamentadas no sobrenatural, aliou-se ao espírito racionalista que pregava a autonomia da razão e a exaltação da ciência e do corpo. Na idade contemporânea, têm influenciado correntes filosóficas e movimentos político-sociais, como o liberalismo, o anarquismo, o socialismo e o comunismo. Os ateus somam cerca de doze por cento da população mundial, a grande maioria concentrada na Ásia e nos países comunistas.
O Cristianismo/Catolicismo 
Possui de dois bilhões a dois bilhões e duzentos milhões de adeptos predominantes no mundo ocidental - Europa, Américas e Oceania -, África subsaariana, Filipinas e Timor-Leste - no Sudeste da Ásia. Existem, ainda, minorias isoladas no mundo todo. Representa 35% do total das religiões. O ponto principal dos ensinamentos de Jesus foi o Reino de Deus, que evoca o poder de Deus sendo usado para reinar sobre sua criação. Outros importantes aspectos da doutrina de Jesus são o amor e o perdão incondicionais. Além destes, destaca-se ainda a opção pelos pobres e desvalidos. Como resultado de sua mensagem surgiu o cristianismo, que sofreu modificações e adaptações ao longo dos anos. Em 381 DC, no Concilio de Constantinopla, o cristianismo passou a ter a denominação oficial de Igreja Católica Apostólica Romana. Os fundamentos principais da Igreja Católica são: crença na existência do Livre Arbítrio, no juízo final, na ressurreição dos mortos. Dentre seus dogmas destacam-se: a existência do céu, do inferno, do purgatório e de Satanás; a crença na Santíssima Trindade; o culto a Maria, mãe de Jesus. O catolicismo não crê na reencarnação, embora os primitivos cristãos o fizessem.
 O Islamismo 
Possui de um bilhão e meio a um bilhão e setecentos milhões de seguidores, localizados no Oriente Médio, Norte da África, Ásia Central, Sul da Ásia, África Ocidental, Arquipélago Malaio, com grandes comunidades na África Oriental, Bálcãs, Rússia e China. Representa 26,3% do total das religiões. Trata-se de religião monoteísta baseada nos ensinamentos de Maomé, contidos no Alcorão. A palavra Islã significa submeter-se e exprime a obediência à Lei e a Vontade de Alá (Deus). É a segunda maior religião do mundo, superada apenas pelo cristianismo, em número de adeptos.
          Os principais ensinamentos do Alcorão são: a onipotência de Deus e a necessidade da bondade, generosidade e justiça, nas relações entre as pessoas. Seus adeptos acreditam na vida após a morte, na vinda de um anticristo, nos anjos, nos 25 profetas e mensageiros de Deus, no juízo final, na ressurreição dos mortos e no destino (todo acontecimento que existe no mundo tem o conhecimento antecipado de Deus, descrito pela palavra Maktub -está escrito- que sintetiza a crença dos muçulmanos no destino reservado a cada um) A prática da vida religiosa dos muçulmanos (muslim = aquele que se submete à Deus) é definida pela Sharia, que estabelece normas de conduta, comportamento, alimentação e os pilares da religião.
          O islamismo está baseado em cinco pilares: o primeiro deles é a profissão de fé; isto é, existe um só Deus (Alá) e Maomé é seu profeta. O segundo são as cinco orações diárias, voltadas para Meca. O terceiro é uma taxa chamada Zakat, a ser paga anualmente e empregada no auxílio dos pobres. O quarto é o jejum completo nos dias do mês do Ramadã. O quinto é a peregrinação, pelo menos uma vez na vida, à cidade de Meca.
O Judaísmo 
 Seus seguidores representam 2,2% do total e localizam-se em Israel e ao redor do mundo através da diáspora judaica - maior parte na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia. O judaísmo é uma das religiões mais antigas de que se tem notícia (rivalizando-se com o hinduísmo) e foi a primeira religião monoteísta. Não há dúvida de que as religiões ditas cristãs, como o catolicismo romano, as diversas denominações e seitas protestantes, as igrejas ortodoxas (russa e grega), o islamismo, o espiritismo e algumas organizações esotéricas, são originarias (ou se apoiaram) na religião dos antigos hebreus. Após a tomada de Jerusalém pelos romanos, em 70DC, o controle da religião saiu das mãos dos sacerdotes e passou para a dos rabinos e as cerimônias passaram a ser realizadas nas sinagogas. Os principais princípios do judaísmo são: Deus é único, onipotente e onisciente, perfeito, imaterial, eterno, e criou o mundo e os homens; a profecia de Moisés é única e superior a todas as demais coisas; Deus jamais mudará ou revogará a Tora (constituição da lei judaica), que foi por ele entregue ao povo judeu, o povo eleito pelo Criador; as pessoas serão premiadas ou castigadas segundo o merecimento, já que a providência de Deus observa as ações exteriores e interiores das pessoas; o messias virá, ainda que se atrase e os mortos serão ressuscitados. Possui, ainda, fortes características étnicas, nas quais nação e religião se misturam.
O Cristianismo/Protestantismo 
Consiste nas Sociedades Bíblicas, Igrejas Anglicana, Metodista, Luterana, Congregacional, Presbiteriana e Batista. O número total de seus seguidores já foi incluído na estatística referente ao cristianismo/catolicismo. Religião de origem cristã, o protestantismo foi iniciado por Martinho Lutero, na Alemanha, que introduziu algumas mudanças na sua nova religião: a justificação da salvação pela fé e não pelas obras; a interpretação livre da bíblia; a abolição do celibato para os membros do clero; a doutrina da predestinação para a salvação; o repúdio a missa nos moldes católicos; a desconsideração da autoridade do papa; a manutenção de apenas dois sacramentos, o batismo e a eucaristia; a condenação do culto aos santos e a condenação da crença no purgatório.
          Pouco depois, Calvino, na Suíça, introduziu uma nova religião, também, de origem cristã (seus adeptos eram denominados presbiterianos, na Escócia; huguenotes, na França; puritanos, na Inglaterra; reformistas na Holanda e calvinistas na Suíça), cujos principais pontos eram; a vocação de uma pessoa, tanto religiosa quanto profissional, está definida por Deus e não há como alterar este fato, a predestinação para a salvação é absoluta; as pessoas devem multiplicar as riquezas, já que estas foram confiadas por Deus; o sábado judaico foi restaurado; rituais, música instrumental e imagens, foram todos proibidos, bem como as celebrações do Natal e da Páscoa foram abolidas.
O Candomblé e a Umbanda 
 Possuem juntas de 600 milhões a três bilhões de seguidores, localizados na África, Ásia e Américas. Constituem as principais religiões afro-brasileiras. O candomblé cultua os Orixás, deuses das nações africanas, dotados de sentimentos humanos como o ciúme e a vaidade.
          As cerimônias ocorrem em templos chamados terreiros; sua preparação é fechada e envolve, por vezes, o sacrifício de pequenos animais. São celebrados em língua africana e cultuados apenas 16 dos mais de 200 orixás existentes na África. A identificação do orixá, de cada adepto, ajuda o mesmo a entender a própria personalidade. Para o adepto, cultuar o candomblé significa equilibrar suas energias (Axés) com as energias do seu orixá.
          A umbanda consiste em uma religião surgida da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. As raízes da umbanda encontram-se na cabula (dos Bantos africanos) e no candomblé (da nação Nagô). A umbanda considera o universo povoado de entidades espirituais, os guias, que entram em contato com os homens por intermédio do iniciado (ou médium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-velho e a pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo europeu, criando a identificação dos orixás com os santos. Incorporam, também, ritos indígenas e práticas mágicas europeias.

                                       As religiões citadas, cujos percentuais não foram mencionados isoladamente, representam, todas, cerca de 4,4% do total.
                                           Constata-se, portanto, que as duas maiores religiões mundiais em número de seguidores são o Cristianismo e o Islamismo, que representam cerca de 61,3% do total geral de seguidores mundiais de religiões e de ateus. Na eventualidade de os ‘donos do mundo’ desejarem implantar uma única religião, como parece ser o caso dos objetivos da Nova Ordem Mundial (organização secreta e de objetivos velados que tenta implantar um governo único mundial, uma só moeda, um só território ou alguns poucos, uma só língua, uma só religião, etc.), uma destas duas maiores religiões deverá ser a escolhida, por já congregarem, juntas, os maiores contingentes de seguidores do planeta, por ambas serem monoteístas, por possuírem origens semelhantes e terem se originado  em regiões não muito distantes uma da outra, em povos de uma origem comum, isto é, semítica.
                                         Dentre as duas, creio que aquela com mais possibilidade de expansão e predomínio sobre as demais, em um mundo caracterizado pela prevalência das desigualdades e das injustiças, seja o islamismo em razão do seu radicalismo e pelo fato de não ser apenas uma religião, mas se constituir em um sistema de vida e em uma forma de governo.  Trata-se, ademais, o islamismo, de uma religião mais difícil de ser absorvida por alguma outra e aquela com maior possibilidade de absorver adeptos das demais religiões, por considerar a conversão ou a morte dos chamados hereges ou infiéis como uma missão sagrada a que todos os muçulmanos estão obrigados.  
                                         Se não fosse esse o caso, dificilmente a Europa receberia a multidão de refugiados islâmicos que recebeu até agora. Teria fechado as suas fronteiras a esta imigração, coisa que não fez. Por outro lado, dificilmente países como o Brasil, teriam feito, às pressas, leis de imigração que acolhessem, anualmente, centenas de milhares ou mais de refugiados islâmicos, conforme ocorreu no governo de Dilma Roussef.  Porque os próprios países árabes não acolheram em seus territórios estes refugiados islâmicos é uma pergunta que muitos se fazem? 
                                          Certamente, por que, por detrás desta história toda, existe a intenção de unificar as religiões através da imigração em massa de islamitas para a Europa, Américas e África, que, aos poucos, sobrepujariam, em número e em crescimento populacional (posto que praticam a poligamia e possuem maiores taxas de fertilidade), os cristãos no mundo ocidental e tomariam o lugar do cristianismo como religião com maior número de seguidores; já que, muitos daqueles que se dizem cristãos, no Ocidente, não frequentam igrejas nem seguem os preceitos do cristianismo, ao contrário dos adeptos do islã, que seguem à risca seus princípios e os impõem aos demais, por vezes, até de forma contundente e violenta, através da implantação da Sharia nos territórios para onde imigraram. Os islâmicos, ao contrário dos fiéis de outras religiões, vivem a sua religião 24 horas por dia e não a buscam com objetivos de acumular riquezas, através dela ou por intermédio dela, como costumam fazer sacerdotes e fiéis de algumas outras religiões.
                                               Ambas as religiões englobam mais da metade dos seguidores de todas as religiões existentes, como já visto anteriormente. As religiões menos expressivas são constituídas por minorias espalhadas e mais facilmente unificáveis ao islã. Se a unificação entre as grandes religiões for obtida, talvez algumas religiões menores possam, ainda, permanecer vivas e sendo praticadas, isoladamente, em determinados locais ou por determinados povos, embora a tendência seja a de unificar todas elas em uma só. 
                                         Os adeptos das religiões politeístas transformarem-se em seguidores de religiões monoteístas não será coisa difícil, pois já ocorreu inúmeras vezes no passado. Mais difícil será transformar adeptos de religiões panteístas em seguidores de religiões monoteístas, pois significará retirar Deus do meio ambiente e colocá-lo fora do planeta. 
                                            Todavia, as modernas técnicas de convencimento, de neurolinguistica, de psicologia cognitiva comportamental e de lavagem cerebral com a transvaloração de valores mediante a utilização ou não de agentes fármaco-químicos, estão tão desenvolvidas, na atualidade, que isto também poderá ser alcançado sem muitas dificuldades se assim for o objetivo dos ‘donos do mundo’.
                                          Contando, ademais, com as técnicas já desenvolvidas de Marketing e de propaganda, com a massificação das notícias proporcionada pela Mídia, com o apoio dos organismos internacionais, das autoridades eclesiásticas e dos governos, não imagino que seja impossível fazer com que o rebanho humano siga um determinado caminho (religioso, político ou ideológico) cujo rumo tenha sido pré-estabelecido por estes ‘donos do mundo’. 
                                           Dificuldades semelhantes já foram vivenciadas por eles e por seus prepostos, após o fim da Segunda Guerra Mundial (em todo o mundo, porém, mais notadamente na Alemanha e no Japão, após a Conferência de Yalta quando o mundo foi dividido entre os vencedores da WWII e os alemães e japoneses tiveram de passar por um período de reaprendizado ou de reeducação, em que os valores anteriores de suas próprias nacionalidades foram substituídos por novos valores, ditados pelos povos vencedores) e com a criação do Euro e da União Europeia.
                                                  Na atualidade, a série de livros do escritor Dan Brown sobre o cristianismo e os filmes realizados sobre algumas das obras que ele escreveu, por suas vezes, e ademais de diversos outros escândalos, de toda ordem, veiculados na Mídia, sobre as igrejas cristãs e acerca de pedofilia, da corrupção de autoridades, do desvio de recursos, da associação com a Máfia italiana, etc., fizeram com que as igrejas cristãs, de uma maneira geral, e a igreja católica, em particular, perdessem muitos de seus seguidores. Muitas delas se transformaram em verdadeiras empresas, cujo objetivo seria, tão somente, o de angariar dinheiro para seus dirigentes e criadores.
                                                 Alguns autores afirmam, até, com base em livros e documentos históricos, que o cristianismo foi uma religião ‘inventada’ pela elite romana, na época do Imperador Constantino, com base em alguns fatos verídicos (como, por exemplo, a existência real de um pregador místico chamado Jesus, igual a tantos outros que percorriam a Palestina pregando, naquela ocasião) e em inúmeros outros fatos inventados, tempos depois, por pessoas cultas e não contemporâneas de Jesus e que seriam os verdadeiros autores dos novos evangelhos.  Até porque não existe nenhum documento que tenha sido escrito por Jesus ou por algum de seus discípulos, propondo a criação de uma religião e de uma Igreja que a disseminasse pelo mundo.
                                                 Esta religião, criada pelas elites romanas, teria tido por objetivo impedir as constantes revoltas dos países conquistados pelo império. Para tanto, a docilidade natural dos cidadãos romanos, dos escravos e dos povos conquistados que aceitavam o cristianismo e a crença em um reino nos céus, onde os bons teriam vida eterna ao lado do Criador, fez com que a quase totalidade dos escravos e dos povos conquistados, que aderiram a esta nova religião, parassem de se rebelar contra Roma, aceitando de bom grado a sujeição e a correspondente servidão.
                                                Para tanto, tão logo criada esta nova religião, foi retirado o foco da mesma da cidade de Jerusalém, onde o seu protagonista principal, Jesus, vivera com sua família, e mudado este foco para a cidade de Roma, sede do império e local onde a elite romana, que a havia criado, passou a controlá-la e a expandi-la pelo território imperial e pelo resto do mundo antigo, segundo seus próprios interesses de dominação. Mais à frente, durante o reinado de Pepino ‘O Breve’, foi edificado o Vaticano, território tornado independente e cedido à Igreja, onde o Papa, pontífice máximo desta religião, passou a reinar em uma monarquia absolutista.
                                                  Sendo verdadeira a hipótese levantada anteriormente com relação a opção dos 'donos do mundo' pela implantação do islamismo como religião única (o que ainda não posso confirmar em definitivo; posto que, com relação a verdade, já naquele passado remoto da Palestina, sabiamente, perguntava Pilatos à Jesus: - Verdade, o que é a verdade?), o islã poderá ser, evidentemente, a religião a conduzir, no futuro, os destinos do rebanho humano em nosso planeta, pois reúne, sem dúvida, as características necessárias para a aglutinação de grandes massas em torno de um determinado projeto de vida, de uma concepção metafísica sobre a existência humana e de uma forma de governo, que satisfaçam as suas necessidades psicológicas, afetivas e sociais.
                                                  As Cruzadas, iniciadas no ano de 1.095 d.C., que opuseram cristãos e muçulmanos em uma guerra ‘religiosa’ sem quartel, ainda não terminaram, pode-se dizer e a bem da verdade. Inúmeros episódios recentes o demonstram. A tentativa de implantação do islamismo como a religião única, da mesma forma que é tentada pela via pacífica, também o é pela via violenta, da intimidação, das agressões, etc.
                                                      Nos dias de hoje, a perseguição aos cristãos pela religião muçulmana não é pregada apenas pelos extremistas armados; mas, também, por líderes religiosos. Na Arábia Saudita, segundo a mídia mundial, o principal representante atual do islamismo afirmou que as igrejas cristãs precisam ser destruídas. Em declaração recente, o sheik Abdul Aziz bin Abdullah, o grão-mufti do país e a maior autoridade religiosa local, afirmou, durante reunião com líderes políticos e religiosos do Kwait, que “se faz necessário destruir todas as igrejas cristãs da região”.   O sheik é o presidente do Conselho Supremo dos Ulemás (estudiosos islâmicos) e presidente do Comitê Permanente para a Investigação Científica e Emissão de Fatwas. Quando se trata do que o Islã prega, as suas palavras são imensamente importantes no mundo árabe.
                                                  Segundo documento redigido por Martin Kugler, diretor do ‘Observatório sobre a Intolerância e a discriminação contra os Cristãos’, sediado em Viena na Áustria, e divulgado no Conselho das Conferências Episcopais Europeias, foi apresentada uma síntese, desde 2010, de cerca de 1.800 casos de discriminação contra os cristãos na Europa. Segundo o documento, “os cristãos europeus são ameaçados, de um lado, pelos inimigos islâmicos que vêm de fora, trazendo uma outra cultura e colonizando o continente com uma nova religião; e são hostilizados, de outro, pelos seus próprios compatriotas, que abandonaram a fé cristã e querem vê-la cada vez mais extinta da esfera pública”.
                                               Segundo, ainda, informações da mídia, em toda a Europa tem havido um aumento crescente nos ataques às igrejas cristãs. Países como a França e a Alemanha passam por uma situação inaudita, nos últimos anos, de vandalismo violento, profanando igrejas e símbolos cristãos. Praticamente todos os dias, na França, duas igrejas são profanadas. Foram relatados 1.063 ataques contra igrejas cristãs ou símbolos como crucifixos, ícones e estátuas, no ano de 2018, na França.  Conforme declaração de Ellen Fantini, diretora executiva do ‘Observatório da Intolerância e Discriminação Contra os Cristãos na Europa’, parece haver uma crescente hostilidade, na França, contra a Igreja e os seus símbolos. Essa hostilidade é maior contra o cristianismo e seus símbolos do que contra as outras religiões e é maior na França do que em outros países europeus.
                                             Episódio recentíssimo ocorrido no Sri Lanka, produziu cerca de 290 mortos e 400 feridos entre católicos, em seis ataques à bomba realizados em igrejas e hotéis. As explosões foram provocadas por terroristas suicidas, segundo as autoridades daquele país, e foram uma tentativa de criar tensões religiosas e raciais. Rajitha Senaratne, porta voz do governo daquele país, afirmou que o grupo islâmico National Thowheeth Jawa’ath está por detrás dos atentados realizados no domingo de páscoa, 21 de abril de 2019.
                                                  Ao constatar-se que as batalhas dos Cruzados, anteriormente travadas com os islamitas no Oriente, hoje foram deslocadas para o Ocidente cristão; que o grosso dos recursos financeiros mundiais são obtidos com a exploração do petróleo e que a maior parte dele, em todo o planeta, está nas mãos dos árabes, pode-se inferir que esses episódios mundiais descritos não estão ocorrendo por acaso e sem uma orientação precisa e planejada, bem como sem grandes recursos financeiros a dar-lhes apoio.
                                                      Quais seus objetivos e quem os dirige é uma informação que muito poucos pesquisadores possuirão, no quadro geopolítico confuso e instável em que se desenrolam as ocorrências mundiais da atualidade. O que os simples mortais podem fazer é, apenas, analisar os fatos que lhes chegam ao conhecimento e tentar inferir deles algumas conclusões, como o que procuramos fazer neste texto.
                                                  Nossa opinião é a de que as pequenas religiões, em termos do número de seguidores, tenderão a desaparecer e a polarização deverá ficar entre o cristianismo e o islamismo. Este, tanto em razão do fenômeno atual da efeminação dos seguidores do  cristianismo ocidental quanto por seu tradicional espírito combativo e radical, tendo por detrás de suas ações imensos recursos financeiros (oriundos da extração e comercialização do petróleo) para sua eventual e rápida expansão e disseminação pelos quatro continentes; um povo com altas taxas de fertilidade (capacidade fisiológica que a mulher possui de ter filhos), fecundidade (média do número de filhos que uma mulher tem durante sua idade fértil) e de natalidade (número de natos-vivos que nascem anualmente por cada mil habitantes em uma determinada área ou região), ademais  do espírito da Jihad (ou guerra santa contra os infiéis ou inimigos do islã), será aquele que deverá vir a prevalecer sobre o primeiro. Além disto, a população muçulmana em alguns países europeus, e no continente em geral, deverá triplicar até 2050, chegando a representar até 14% do total, apontam as novas projeções divulgadas pelo instituto americano de pesquisa Pew Research Center. França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha são os países que mais têm recebido imigrantes.
                                                 Nos países pobres e subdesenvolvidos existe um campo fértil para a implantação e consolidação do islamismo, campo este já percebido pelos seus líderes religiosos. O grande apelo desta religião, muito parecida com o cristianismo em vários de seus aspectos, conforme já mencionado anteriormente, é o fato de ela não ter sido transformada, ao longo dos anos, em um simples comércio entre as partes, com os fiéis sendo estimulados a trocar dinheiro (oferecido aos sacerdotes e destinado, supostamente, às obras do Criador de todas as obras) por graças (a serem alcançadas através da intermediação destes mesmos sacerdotes junto ao Criador), conforme ocorre em muitas igrejas e seitas cristãs.
                                                  Alguns leitores mais curiosos estarão se perguntando sobre a veracidade ou não da existência de uma chamada Nova Ordem Mundial, que forçaria a prevalência do islamismo sobre o catolicismo. Teria isto algum fundamento ou não passaria de uma simples Teoria da Conspiração? Qual o possível objetivo desta nova ordem? Certamente é o que muitos gostariam de saber.
                                                 Minhas respostas são apenas especulações com base nos poucos dados disponíveis, pois tais assuntos não são discutidos em congressos científicos ou filosóficos, nem divulgados pela grande mídia. As poucas informações esparsas precisam ser garimpadas em sites, livros e publicações apropriados, consolidadas e avaliadas, com vistas a fornecerem alguma possível conclusão que faça sentido. Muitas vezes duvidamos das evidências, por apresentarem um quadro esdruxulo não compatível com tudo aquilo em que acreditávamos até então; porém, como a verdade nos é sempre escondida por aqueles poucos que a detém, temos que raciocinar com base unicamente naquilo de que dispomos.
                                                    Em minha opinião, dada a escassez de recursos naturais e meio-ambientais, além da crescente população mundial e a concorrência predatória pelos mercados, fatores estes que têm conduzido, historicamente, os países para as guerras; os ‘donos do mundo (as poucas famílias que controlam as riquezas mundiais), resolveram, definitivamente, implantar um governo único através do qual o controle fosse total, tanto da degradação ambiental, quando do consumo dos recursos naturais, do crescimento populacional, etc. 
                                                 Para tanto, algumas barreiras necessitavam ser vencidas: as de raça, religião, língua e estruturação da família seriam, em tese, as principais; pois são aquelas que, ao unir os pequenos, médios e grandes grupos populacionais de determinado local, os separam dos demais grupos de indivíduos de outros locais. O livre mercado concorrencial, existente em muitos países capitalistas, também necessitava ser extinto, pois a concorrência pelos mercados e pelos insumos estratégicos sempre foi uma fonte de desunião e origem da maioria das guerras que colocavam umas famílias contra as outras. 
                                                   A maneira mais fácil de implantar um sistema mundial de domínio, escolhida pelos donos do mundo, por mais paradoxal que possa parecer, teria sido o Sistema Comunista. Através deste sistema, internacionalista e apátrida, a ser implantado em todos os países, os ‘donos do mundo’ teriam o completo domínio sobre todas as fontes de riqueza e sobre a vida dos cidadãos, acabando com a concorrência predatória entre eles e, consequentemente, com as guerras; eternizando, assim, o poder de suas famílias. O controle das ‘autoridades’ deste Politburo Mundial (Comitê Executivo do Partido Comunista Mundial) seria mantido pelos ‘donos do mundo’, que seriam, também, os donos dos meios de produção ao invés destes pertencerem ao tradicional Estado Comunista.
                                                    As medidas necessárias para tanto teriam sido cuidadosamente planejadas e já estariam em execução há alguns anos, contando com muito dinheiro para comprar consciências ao redor do mundo todo e para promover as medidas necessárias aos objetivos pretendidos. Reparem que, de uma hora para outra, a maior parte das autoridades de todos os países começaram a falar uma mesma linguagem, linguagem esta que mudava conceitos antigos e tradicionais. 
                                                   Muitos países europeus, asiáticos e da América do Sul se uniram em comunidades sem fronteiras, com uma única moeda, um passaporte único, etc. Os representantes das principais religiões se encontram frequentemente e já falam em um mesmo e único Deus, comum a todas elas. Os fóruns de julgamento mundiais já se instalaram, julgaram e condenaram diversos ex governantes e ex militares acusados de genocídio em diversas partes do mundo. Organizações policiais internacionais fazem busca e apreensão em todos os países. 
                                                    A WEB tem permitido que determinados conceitos, pontos de vista, opiniões, modismos, sejam universalizados através das redes sociais. A massificação da informação e o avanço tecnológico sem precedentes, quase por si só, já está criando uma unanimidade mundial sobre muitas coisas e vencendo barreiras culturais, de raças, de distâncias, de costumes, de línguas e de religiões. 
                                                   A ONU fala na obrigação de todos os países implantarem chips subcutâneos em seus cidadãos, de modo a estes poderem ser monitorados durante todas as horas do dia e de modo a que sem os tais chips, muitas atividades não poderão ser feitas, futuramente, pelos indivíduos, como sacar dinheiro em bancos, utilizar cartões de credito, utilizar hospitais e clínicas, obter empregos, etc. Ninguém consegue mais esconder-se das autoridades mundiais, se estas desejarem encontrá-lo.
                                                      Vejam que muitas medidas tendentes ao governo único já foram implantadas e outras estão, ainda, em andamento.
                                                Outra hipótese que complementa esta, por mim mencionada anteriormente, e que pode parecer (àqueles mal informados sobre o que se passa no submundo dos serviços de inteligência mundiais) até mesmo algum conto de Literatura Fantástica, Bizarra e Inusitada, ao estilo de Edgard Allan Poe, Ambrose Bierce e de H. P. Lovecraft, é a seguinte:  
                                                    Esta proposição da Nova Ordem Mundial, já citada, tratar-se-ia de atender a um protocolo existente entre as civilizações desenvolvidas existentes no Universo, que periodicamente nos visitam desde longo tempo. Informações disponíveis no meio da Ufologia, dão ciência de que as civilizações do espaço que aqui vêm com frequência, são oriundas de planetas e sistemas solares em que vigoram estas mesmas condições e que elas constituir-se-iam em paradigmas obrigatórios de todas as raças que quisessem fazer parte de uma federação existente com o objetivo de trocar informações, comercializar e manter intercâmbio tecnológico, científico e cultural.
                                                  Vejam que relatos sobre aparição de naves e contatos com seres vindos do espaço datam tanto da Antiguidade Clássica quanto da Idade Média e da Idade Contemporânea. Há muito somos visitados e observados, quer acreditemos ou não. Os governos dos principais países do mundo já mantiveram contatos com várias destas raças, mas tais contatos são mantidos em segredo. Todavia, não existe o segredo perfeito e sempre alguma coisa extravasa, por mais bem guardada que seja.
                                                   Enquanto não possuíssemos estas características, isto é, acabássemos com todas as coisas que desunem os seres humanos e que causam violência entre nós e destruição ambiental, além de criar ameaças à ordem universal com o poderio nuclear destrutivo já disponível em nosso planeta, capaz de acabar de vez com o mesmo inúmeras vezes, não poderíamos pertencer a esta mencionada federação e dela beneficiarmo-nos. Uma civilização atrasada (em termos cósmicos) como a nossa, porém belicosa e com armas nucleares em quantidade, constitui uma séria ameaça às civilizações mais avançadas e pacíficas existentes no Cosmos; posto que, a eventual destruição do nosso planeta em uma guerra nuclear poderia trazer terríveis consequências para todo o Universo.
                                              Não peço que acreditem no que escrevi neste texto. Torço, mesmo, para que nada disto venha a ocorrer; no entanto, tudo leva a crer que as coisas caminharão, cada vez mais intensamente, neste sentido. 


_*/ Economista, Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha e membro da Academia Brasileira de Defesa.