255. Não atirem pérolas aos porcos
Jober Rocha*
Em uma passagem da Bíblia, encontramos:
"Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda de que eles as pisem com os pés e que, voltando-se contra vós, vos dilacerem." — Bíblia, Novo Testamento, Livro de Mateus, Capítulo 7, versículo 6.
Evidentemente, quando Mateus, supostamente, escreveu esta passagem (digo supostamente, por que diversos historiadores já admitem que muitos dos textos contidos no Novo Testamento, inclusive evangelhos inteiros, foram escritos por terceiros, pessoas estas cultas, que não foram contemporâneas de Jesus e que se faziam passar pelos autores, cujos nomes os evangelhos ostentam e que aparecem como sendo os verdadeiros escritores daqueles textos; ou seja, seus verdadeiros autores não seriam simples pescadores da Galileia ou gente humilde do campo, discípulos de Jesus Cristo) certamente não pensava ofender nem aos cães nem aos porcos.
Estes dois animais possuem suas próprias idiossincrasias e instintos, razão pela qual sempre fazem aquilo que fazem, possuindo um comportamento previsível.
Estes dois animais possuem suas próprias idiossincrasias e instintos, razão pela qual sempre fazem aquilo que fazem, possuindo um comportamento previsível.
O que, certamente, Mateus tinha em mente é que não devemos perder o nosso tempo, de professores ou de mestres, com aqueles aprendizes que não estão interessados naquilo que dizemos. Por razões várias, toda aquela experiência acumulada que, eventualmente, chegamos a deter (em razão do estudo, da idade e de uma possível inteligência privilegiada) e que julgamos importante dar a conhecer aos demais, pode não ser de nenhum interesse do público para o qual falamos.
Em situações deste tipo, a melhor coisa a fazer é nos recolhermos às nossas respectivas insignificâncias ou procurarmos espíritos afins, que comunguem daqueles mesmos interesses nossos e que queiram aprender conosco e com os nossos erros e acertos; em suma, com a nossa experiência.
Digo isto por que em vésperas de eleições, cruciais para o destino do nosso país, milhares de pessoas se digladiam através das redes sociais, emitindo pontos de vista dispares e eivados de preconceitos morais, sociais, políticos e ideológicos.
Nestas pugnas, travadas na WEB, as armas são as palavras; as frases; os textos; os monólogos, os depoimentos e os diálogos à viva voz; as fotografias e os filmes. Muitas coisas são absolutamente verdadeiras, mas muitas outras são deslavadas mentiras ou, como vulgarmente são conhecidas, os Fakes. Todos os que navegam na WEB são movidos por seus interesses, sejam eles financeiros, religiosos, raciais, políticos, filosóficos, ideológicos, etc.
Praticamente, todos os que trocam mensagens ou fazem comentários de natureza política ou ideológica, já possuem as suas convicções formadas e tentam, apenas, modificar as convicções dos demais. Em meu ponto de vista, para a maioria dos internautas, tudo isto se transforma em um material estéril ou, como disse Mateus em seu evangelho, na ação de atirar pérolas aos porcos.
A ideologia, a meu ver, possui uma característica distinta da religião, da ciência e da filosofia (embora fazendo parte desta última): a ideologia, após conhecida e aceita, nos dá uma sensação de que, até então, sempre fomos enganados em nossas convicções.
A religião tenta nos mostrar um caminho novo, de bondade, de perdão, de humildade, de desprendimento, de valores espirituais.
A ciência nos mostra como as coisas efetivamente se passam, independentemente de nossas vontades.
A filosofia tenta nos ensinar a pensar de forma racional, coerente e lógica, na busca pelo conhecimento.
Mas a nova ideologia, está tenta vender o seu peixe buscando implantar a cizânia, criar o descontentamento na mente daquele que foi por ela inoculado, fazendo com que pense que sempre fora enganado pela ideologia anterior, dominante, e, por isto, é tão forte seu apelo para que queira derruba-la a qualquer custo, pensando estar fazendo um serviço público em prol da sua e das futuras gerações.
A religião tenta nos mostrar um caminho novo, de bondade, de perdão, de humildade, de desprendimento, de valores espirituais.
A ciência nos mostra como as coisas efetivamente se passam, independentemente de nossas vontades.
A filosofia tenta nos ensinar a pensar de forma racional, coerente e lógica, na busca pelo conhecimento.
Mas a nova ideologia, está tenta vender o seu peixe buscando implantar a cizânia, criar o descontentamento na mente daquele que foi por ela inoculado, fazendo com que pense que sempre fora enganado pela ideologia anterior, dominante, e, por isto, é tão forte seu apelo para que queira derruba-la a qualquer custo, pensando estar fazendo um serviço público em prol da sua e das futuras gerações.
A ideologia, normalmente, possui este apelo muito forte em virtude de, supostamente, basear-se em conhecimentos científicos. Quanto mais hermética seja e mais fórmulas matemáticas contenha, maior credibilidade adquire. Suas contradições e incoerências somente serão percebidas anos mais tarde, após testada na prática em algum país e depois de ter, com as suas mazelas expostas pela mídia, vitimado a população local.
Quando isto ocorre, muitas vezes, já é tarde demais e, para vê-la substituída por outra, só a população recorrendo aos movimentos sediciosos, às revoltas e às revoluções.
Quando isto ocorre, muitas vezes, já é tarde demais e, para vê-la substituída por outra, só a população recorrendo aos movimentos sediciosos, às revoltas e às revoluções.
Um efeito colateral das ideologias é o de provocar divergências, desavenças e inimizades entre os indivíduos, por onde quer que seus postulados; assertivas; regras; afirmações; determinações; leis, supostamente, historicamente determinadas; etc. passem. Assim, familiares brigam entre si, casais se separam, filhos abandonam a casa dos país, amizades são desfeitas, em virtude das ideologias.
As redes sociais possuem um papel dominante nesse quadro que se desenrola na atualidade. Os países, os regimes políticos e de governo, os sistemas econômicos, as ideologias dominantes, tudo isto pode ser comparado, diariamente, pelos internautas. Cada dia está mais difícil às classes políticas e empresariais venderem peixe por carne. O cheiro do peixe tornou-se inconfundível e é percebido a distância.
As redes sociais possuem um papel dominante nesse quadro que se desenrola na atualidade. Os países, os regimes políticos e de governo, os sistemas econômicos, as ideologias dominantes, tudo isto pode ser comparado, diariamente, pelos internautas. Cada dia está mais difícil às classes políticas e empresariais venderem peixe por carne. O cheiro do peixe tornou-se inconfundível e é percebido a distância.
Ocorre, no entanto, que a raça humana necessita de um objetivo, no que respeita ao seu desenvolvimento material. Enquanto o objetivo espiritual é fornecido, para alguns, pela religião e, para outros, pela filosofia; o objetivo material é fornecido pela ideologia dominante, que determina o sistema econômico e suas inter-relações, razão pela qual não podemos viver sem uma, seja lá qual for. A forma de governo e sistema econômico estão atrelados a ideologia vigente, nos países ocidentais. Nos países orientais, muitas vezes, a religião também faz parte da ideologia dominante, influenciando-a.
O fato é que os seres humanos possuem uma psique complexa. O que satisfaz a uns não satisfaz a outros. Os vícios e as virtudes comandam, em proporções variadas, todas as nossas ações e pensamentos. Dificilmente a unanimidade é obtida, seja em qualquer coisa ou em que assunto for.
Todos nós, a todo momento, raciocinamos em termos de análise custo versus benefício. Custos muito elevados para reduzidos benefícios são descartados. Ao contrário, reduzidos custos para altos benefícios são rapidamente esposados.
É desta forma que raciocinam todos, notadamente os políticos. Os rigores da moral, das leis e da religião são, normalmente, os fiéis da balança que fazem com que o prato onde estão os benefícios não seja sempre o mais pesado. Ao terem aumentado os custos morais, legais e espirituais, os indivíduos pensam duas vezes antes de partirem todos para os benefícios decorrentes da imoralidade, da ilegalidade e da ausência de freios espirituais. Com isso, em média, os benefícios tendem a ser equivalentes aos custos, tornando as sociedades humanas viáveis, e não desproporcionais, fazendo-as inviáveis.
Esta é a razão pela qual vícios e virtudes sempre devem conviver, no plano material ao menos, de forma harmoniosa, sem que haja a prevalência de apenas um deles. Com apenas um deles a vida se tornaria inviável; em um extremo por ausência total de ambição e no outro pela presença exclusiva da ambição. É a presença dos dois, de forma harmoniosa, que permite a evolução material e espiritual, pois ambas se dão de forma dialética; isto é, entre a tese (virtudes) e a antítese (vícios) prevalece a síntese (evolução), que não é nem uma nem a outra, mas uma mescla de ambas. Em Direito, também, é conhecido como o Princípio do Contraditório, no qual, entre as duas versões (a da vítima e a do réu) acaba surgindo a verdade e sendo feita a justiça.
Portanto, meus caros amigos, acautelem-se com relação às ideologias e os seus efeitos deletérios. Todas servem a um propósito específico, notadamente ao de quem a idealizou e ao do grupo que a financiou, divulgou e, eventualmente, implantou.
Este propósito, nem sempre é o do seu bem-estar, da sua saúde, da sua educação e da sua segurança, como aqueles que foram picados pelo inseto da ideologia sempre imaginam.
Este propósito, nem sempre é o do seu bem-estar, da sua saúde, da sua educação e da sua segurança, como aqueles que foram picados pelo inseto da ideologia sempre imaginam.
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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