quinta-feira, 25 de outubro de 2018


255. Não atirem pérolas aos porcos


Jober Rocha*


                             Em uma passagem da Bíblia, encontramos:
                                         "Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda de que eles as pisem com os pés e que, voltando-se contra vós, vos dilacerem." — Bíblia, Novo Testamento, Livro de Mateus, Capítulo 7, versículo 6.
                                    Evidentemente, quando Mateus, supostamente, escreveu esta passagem (digo supostamente, por que diversos historiadores já admitem que muitos dos textos contidos no Novo Testamento, inclusive evangelhos inteiros, foram escritos por terceiros, pessoas estas cultas, que não foram contemporâneas de Jesus e que se faziam passar pelos autores, cujos nomes os evangelhos ostentam e que aparecem como sendo os verdadeiros escritores daqueles textos; ou seja, seus verdadeiros autores não seriam simples pescadores da Galileia ou gente humilde do campo, discípulos de Jesus Cristo) certamente não pensava ofender nem aos cães nem aos porcos. 
                                 Estes dois animais possuem suas próprias idiossincrasias e instintos, razão pela qual sempre fazem aquilo que fazem, possuindo um comportamento previsível.
                                       O que, certamente, Mateus tinha em mente é que não devemos perder o nosso tempo, de professores ou de mestres, com aqueles aprendizes que não estão interessados naquilo que dizemos. Por razões várias, toda aquela experiência acumulada que, eventualmente, chegamos a deter (em razão do estudo, da idade e de uma possível inteligência privilegiada) e que julgamos importante dar a conhecer aos demais, pode não ser de nenhum interesse do público para o qual falamos.
                                        Em situações deste tipo, a melhor coisa a fazer é nos recolhermos às nossas respectivas insignificâncias ou procurarmos espíritos afins, que comunguem daqueles mesmos interesses nossos e que queiram aprender conosco e com os nossos erros e acertos; em suma, com a nossa experiência.
                                    Digo isto por que em vésperas de eleições, cruciais para o destino do nosso país, milhares de pessoas se digladiam através das redes sociais, emitindo pontos de vista dispares e eivados de preconceitos morais, sociais, políticos e ideológicos.
                                     Nestas pugnas, travadas na WEB, as armas são as palavras; as frases; os textos; os monólogos, os depoimentos e os diálogos à viva voz; as fotografias e os filmes. Muitas coisas são absolutamente verdadeiras, mas muitas outras são deslavadas mentiras ou, como vulgarmente são conhecidas, os Fakes. Todos os que navegam na WEB são movidos por seus interesses, sejam eles financeiros, religiosos, raciais, políticos, filosóficos, ideológicos, etc.
                                    Praticamente, todos os que trocam mensagens ou fazem comentários de natureza política ou ideológica, já possuem as suas convicções formadas e tentam, apenas, modificar as convicções dos demais. Em meu ponto de vista, para a maioria dos internautas, tudo isto se transforma em um material estéril ou, como disse Mateus em seu evangelho, na ação de atirar pérolas aos porcos.
                                    A ideologia, a meu ver, possui uma característica distinta da religião, da ciência e da filosofia (embora fazendo parte desta última): a ideologia, após conhecida e aceita, nos dá uma sensação de que, até então, sempre fomos enganados em nossas convicções.  
                                A religião tenta nos mostrar um caminho novo, de bondade, de perdão, de humildade, de desprendimento, de valores espirituais. 
                                 A ciência nos mostra como as coisas efetivamente se passam, independentemente de nossas vontades. 
                                A filosofia tenta nos ensinar a pensar de forma racional, coerente e lógica, na busca pelo conhecimento. 
                                   Mas a nova ideologia, está tenta vender o seu peixe buscando implantar a cizânia, criar o descontentamento na mente daquele que foi por ela inoculado, fazendo com que pense que sempre fora enganado pela ideologia anterior, dominante, e, por isto, é tão forte seu apelo para que queira derruba-la a qualquer custo, pensando estar fazendo um serviço público em prol da sua e das futuras gerações.
                                           A ideologia, normalmente, possui este apelo muito forte em virtude de, supostamente, basear-se em conhecimentos científicos. Quanto mais hermética seja e mais fórmulas matemáticas contenha, maior credibilidade adquire. Suas contradições e incoerências somente serão percebidas anos mais tarde, após testada na prática em algum país e depois de ter, com as suas mazelas expostas pela mídia, vitimado a população local. 
                                       Quando isto ocorre, muitas vezes, já é tarde demais e, para vê-la substituída por outra, só a população recorrendo aos movimentos sediciosos, às revoltas e às revoluções.
                                           Um efeito colateral das ideologias é o de provocar divergências, desavenças e inimizades entre os indivíduos, por onde quer que seus postulados; assertivas; regras; afirmações; determinações; leis, supostamente, historicamente determinadas; etc. passem. Assim, familiares brigam entre si, casais se separam, filhos abandonam a casa dos país, amizades são desfeitas, em virtude das ideologias. 
                                                  As redes sociais possuem um papel dominante nesse quadro que se desenrola na atualidade. Os países, os regimes políticos e de governo, os sistemas econômicos, as ideologias dominantes, tudo isto pode ser comparado, diariamente, pelos internautas. Cada dia está mais difícil às classes políticas e empresariais venderem peixe por carne. O cheiro do peixe tornou-se inconfundível e é percebido a distância.
                                           Ocorre, no entanto, que a raça humana necessita de um objetivo, no que respeita ao seu desenvolvimento material. Enquanto o objetivo espiritual é fornecido, para alguns, pela religião e, para outros, pela filosofia; o objetivo material é fornecido pela ideologia dominante, que determina o sistema econômico e suas inter-relações, razão pela qual não podemos viver sem uma, seja lá qual for. A forma de governo e sistema econômico estão atrelados a ideologia vigente, nos países ocidentais. Nos países orientais, muitas vezes, a religião também faz parte da ideologia dominante, influenciando-a.
                                               O fato é que os seres humanos possuem uma psique complexa. O que satisfaz a uns não satisfaz a outros. Os vícios e as virtudes comandam, em proporções variadas, todas as nossas ações e pensamentos. Dificilmente a unanimidade é obtida, seja em qualquer coisa ou em que assunto for.
                                            Todos nós, a todo momento, raciocinamos em termos de análise custo versus benefício. Custos muito elevados para reduzidos benefícios são descartados. Ao contrário, reduzidos custos para altos benefícios são rapidamente esposados. 
                                             É desta forma que raciocinam todos, notadamente os políticos. Os rigores da moral, das leis e da religião são, normalmente, os fiéis da balança que fazem com que o prato onde estão os benefícios não seja sempre o mais pesado. Ao terem aumentado os custos morais, legais e espirituais, os indivíduos pensam duas vezes antes de partirem todos para os benefícios decorrentes da imoralidade, da ilegalidade e da ausência de freios espirituais. Com isso, em média, os benefícios tendem a ser equivalentes aos custos, tornando as sociedades humanas viáveis, e não desproporcionais, fazendo-as inviáveis. 
                                               Esta é a razão pela qual vícios e virtudes sempre devem conviver, no plano material ao menos, de forma harmoniosa, sem que haja a prevalência de apenas um deles. Com apenas um deles a vida se tornaria inviável; em um extremo por ausência total de ambição e no outro pela presença exclusiva da ambição. É a presença dos dois, de forma harmoniosa, que permite a evolução material e espiritual, pois ambas se dão de forma dialética; isto é, entre a tese (virtudes) e a antítese (vícios) prevalece a síntese (evolução), que não é nem uma nem a outra, mas uma mescla de ambas. Em Direito, também, é conhecido como o Princípio do Contraditório, no qual, entre as duas versões (a da vítima e a do réu) acaba surgindo a verdade e sendo feita a justiça.
                                        Portanto, meus caros amigos, acautelem-se com relação às ideologias e os seus efeitos deletérios. Todas servem a um propósito específico, notadamente ao de quem a idealizou e ao do grupo que a financiou, divulgou e, eventualmente, implantou. 
                                        Este propósito, nem sempre é o do seu bem-estar, da sua saúde, da sua educação e da sua segurança, como aqueles que foram picados pelo inseto da ideologia sempre imaginam.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.



segunda-feira, 15 de outubro de 2018

254. As Mil e Uma Fraudes


Jober Rocha*




                                     Todos os leitores já viram ou ouviram falar sobre o livro ‘As mil e uma noites’, clássico da literatura árabe originário da Pérsia. Trata-se de uma das obras literárias mais sedutoras e mágicas já produzidas, que reúne em si vários contos coletados possivelmente entre os séculos XIII e XVI.
                                               O núcleo básico desta obra, que dá início e impulso às narrativas, envolve a relação entre o Califa de Bagdá (na época sob o domínio da Pérsia, atual Irã) e sua mais recente esposa Sherazade, supostamente, sua próxima vítima. O monarca persa, após ser traído pela primeira mulher com o próprio escravo, manda executá-la e decide se vingar do gênero feminino. Ele se casa cada dia com uma jovem, a quem mata no dia seguinte. Durante três anos ele irá praticar o mesmo ritual, até que não haja mais jovens virgens em seu reino. É quando a filha do Vizir, Sherazade, a mais bela donzela da corte na ocasião, decide se casar com o Califa, apesar de todos os riscos que sabia correr. Muito inteligente e astuta, ela arma um plano com a ajuda de sua irmã, Duniazade, que com a permissão do soberano dorme também no quarto nupcial.
                                                   Conforme combinado, a cunhada do Califa convida a irmã a lhe narrar um de seus contos fantásticos. Encantado com a narrativa que ouve e que ela, habilmente, não conclui, despertando sua inevitável curiosidade, o califa adia a execução da jovem, que vai intercalando uma história a outra, enredando-o em uma teia bem urdida, que ao mesmo tempo vai curando suas feridas e seduzindo-o. No fim das mil e uma noites o rei se revela completamente apaixonado e desiste de matá-la, bem como põe um fim a sua desvairada vingança.
                                                        Em que pese o nosso povo ser um dos que menos lê e a nossa Literatura praticamente inexpressiva,  por mais incrível que pareça, uma ex autoridade de um dos nossos governos recentes (que na atualidade se encontra presa, da mesma forma que o ex presidente ao qual serviu), através de um Termo de Colaboração que firmou na presença de um delegado e de seus advogados, compareceu, voluntariamente e com o espírito de colaborar no âmbito das investigações - segundo disse -, em audiência visando esclarecer fatos em apuração pela justiça, dando início, através do que narrou para o escrivão, a uma nova peça literária capaz de ombrear com ‘As mil e uma noites’. A esta nova peça, dei-lhe o nome de ‘As mil e umas fraudes’
                                                Como no velho livro de contos persa, as autoridades policiais viram desenrolar perante seus olhos um novelo de ações criminosas que, encadeadas entre si, pareciam jamais chegar ao fim.
                                              As ações envolviam centenas (senão milhares) de pessoas distintas, em ambientes, situações e ocasiões diferentes, maquinando golpes e fraudes variados, com o dinheiro público, em obras e negócios que envolviam empresas públicas, estatais, órgãos da administração direta e indireta, empresas nacionais e estrangeiras, estados e municípios, governos estrangeiros, etc.
                                                 Acostumados com as atividades policiais, os agentes da lei ficavam embevecidos de tanta criatividade criminosa. Aquilo tudo que ouviam superava, em muito, os melhores romances policiais de Agatha Christie e de Sir Conan Doyle; os contos de mistério de Edgard Allan Poe; os romances de espionagem de Ian Fleming, bem como as literaturas fantásticas e bizarras de Ambroise Bierce e de H. P. Lovecraft, que todos haviam lido em suas juventudes.
                                              Por sua vez, a ex autoridade presa, inteligentemente, como fizera Sherazade no passado, também evitava concluir o seu depoimento, sempre puxando um novo caso a partir do caso anterior.
                                                Assim é que, no primeiro dia, foram desfiados os casos referentes aos loteamentos de cargos em empresas estatais, para fins de arrecadação de recursos destinados ao financiamento das campanhas políticas; no segundo, os acordos financeiros para a obtenção de apoio de partidos políticos que fariam parte da base parlamentar do governo; no terceiro, a venda de atos de ofício; no quarto, a venda de emendas legislativas; no quinto, a destinação de recursos para entidades fantasmas e para programas sociais fraudados.
                                                   E assim prosseguia, dia após dia, o depoimento daquela ex autoridade. Os assuntos eram tão variados, as tramas tão intrincadas, os segredos revelados tão insuspeitos, que as autoridades policiais acabaram viciadas em ouvir, diariamente, o que aquele senhor contava. Alguns dos ouvintes dormiam pouco durante a noite, esperando o clarear do dia para, após um rápido café, correrem para o local do depoimento, sentarem-se em suas cadeiras e viajarem por aquele mundo de sonhos, de consumo e de fantasia.
                                                      Os ambientes descritos pelo depoente eram sempre riquíssimos. Gabinetes de autoridades e majestosas salas de empresários; salas de reunião e de estar, a bordo de modernos aviões a jato que cruzavam os oceanos; suítes presidenciais em hotéis cinco estrelas; palácios particulares em diversas capitais mundiais; iates que singravam os mares, transportando helicópteros para conduzir aos portos de destino seus famosos e discretos ocupantes.
                                                    As bebidas saboreadas e as comidas servidas eram o que de melhor o dinheiro podia comprar. As mulheres que frequentavam aqueles ambientes faziam parte da bagagem que acompanha, sempre, a mais fina flor das sociedades internacionais de milionários.
                                                   Como em uma película de James Bond, os ouvintes tomavam ciência do desenrolar das peripécias narradas pelo depoente. O montante de recursos públicos desviados de forma ilícita, para partidos políticos, para empresários, para políticos, para grupos estrangeiros e para funcionários do governo, já contabilizados, supõe-se que monta a casas das centenas de bilhões. Estes recursos, todavia, devem estar subestimados, por que grande parte dos desvios, supõe-se, ainda é desconhecida e deverá ser apurada mais a frente, com novas delações premiadas ou com o desenrolar de novas investigações.
                                                   Enquanto isso, do lado de fora do prédio, uma pequena multidão de militantes políticos e de pessoas (contratadas por alguns trocados, para lá se fazerem presentes gritando palavras de ordem), alheias ao teor do depoimento, pediam a libertação do criminoso alegando que se tratava de um preso político e não de um criminoso comum.
                                                     A mídia, dependente de verbas públicas, que servira muito bem àquele governo cujas entranhas estavam sendo expostas, alegava que o depoente fora torturado psicologicamente para inventar mentiras que incriminassem seus companheiros de partido e de política, de modo a se beneficiar com a libertação ou com a redução da pena. Representantes de organismos internacionais, alinhados política e ideologicamente com o partido no poder nos últimos anos (cujos principais governantes e autoridades encontram-se já presos ou respondendo à inquéritos na justiça), também fizeram infrutíferas pressões objetivando a libertação dos envolvidos cumprindo pena.
                                                      Em paralelo a isto, no resto do país, corria o processo eleitoral destinado a eleger o novo presidente da república, que ocuparia o cargo a partir do início de 2019. 
                                                 A questão que paira no ar é: será que o candidato da maioria, aquele com a maior votação no primeiro turno, conseguirá se eleger presidente no segundo e poderá, efetivamente, governar em paz, retirando o país do fundo do poço da criminalidade, do desemprego, do déficit orçamentário e da recessão econômica em que se encontra, trazendo-o de volta à superfície do crescimento econômico, do progresso e da paz social, onde brilha o sol da esperança?
                                                  Será que o novo presidente conseguirá, ele mesmo, contando, evidentemente, com a sua equipe de governo e com o novo parlamento eleito, escrever uma obra do quilate daquela persa, que nos trará orgulho pelos séculos dos séculos e que poderemos denominar de ‘As mil e uma noites de honestidade, de tranquilidade e de felicidade’?


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.



sexta-feira, 12 de outubro de 2018

253.  2019 – O Admirável Mundo Novo


Jober Rocha*



                                      A estória do romance 1984, de George Orwell (publicado em 1949) se passa, justamente, no próprio ano de 1984 (em um futuro distante para quem vivia no ano de 1949), onde o Estado impunha um regime extremamente totalitário para a sociedade, através da vigilância do Grande Irmão (câmeras onipresentes e oniscientes), imposta pelo partido no poder (onipotente), onde ninguém escapava do seu controle. Assim, o local do romance era dominado pelo medo e pela repressão, pois quem pensava contra o regime era acusado de cometer um crime.
                                                          No romance, o personagem principal, que representava o contraponto ao regime, chamava-se W. S. Logo ele começa a questionar o modo como age o Estado. W. S. faz parte do Ministério da Verdade (que tinha como função alterar dados para que toda a história, constante de livros, comunicados e documentos, estivesse de acordo com o que o partido pregava). O chamado crime ideológico (ou crimideia) acontecia, justamente, quando alguma pessoa era denunciada por questionar esses documentos. A punição era aplicada pela chamada Polícia do Pensamento, que eliminava sumariamente o indivíduo contestador.
                                                             Dentre as principais curiosidades do romance 1984, que podem ser encontradas em https://blog.poemese.com/resumo-de-1984-de-george-orwell/ , destacam-se:

– O livro possui citações marcantes, como: ‘Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado’;
– Esse romance, apesar de contar uma história transcorrida no futuro, foi inspirado em regimes totalitários já existentes das décadas de 1930 e 1940 (nazismo e comunismo), trazendo uma profunda reflexão e crítica ao fato de cidadãos comuns serem reduzidos a peças, para servir ao Estado, através do controle total. Muito mais do que o nazismo ou o stalinismo, no entanto, é possível traçar paralelos, entre o que ocorria na época em que foi escrito, com diversas formas de controle do governo e também do mercado, com respeito à sociedade humana;
– Não é novidade que o reality show, conhecido como Big Brother, foi inspirado no Grande Irmão da ficção do livro, trazendo a mesma ideia para o programa: indivíduos ficavam confinados e eram vigiados por câmeras 24 horas, como ocorria no livro 1984;
– Orwelliano virou um termo conhecido para se referir a algo totalitário, opressivo. Por exemplo, aquele país tem políticas orwellianas;
– Um exemplo marcante do que vivemos na atualidade foi o fato ocorrido em 2011, nos EUA, quando o Governo do país queria manter o monitoramento de determinados indivíduos, sem mandados judiciais, e o juiz da Suprema Corte, Stephen Breyer embasou seus questionamentos fazendo claras referências à obra de 1984;
– Na atualidade, em muitas cidades, as populações já vivem sob a vigilância de câmeras de segurança em ruas, lojas e submetidos às câmeras de celulares, tablets e computadores, algo semelhante às televisões descritas em 1984, que transmitiam as imagens de propagandas do regime, mas, que, também captavam imagens da audiência de telespectadores;
– Indo mais além, atualmente, debate-se amplamente sobre a questão da privacidade e da vigilância de dados na Internet. Até que ponto redes sociais e buscadores como o Google não estão capturando nossos dados de navegação e hábitos na rede, para influenciar nosso comportamento e nos enviar materiais publicitários e ideológicos?

                                                           O que chama a atenção de todos nós, é a capacidade de prever o futuro que possuía George Orwell, fato que o coloca entre os melhores, senão o melhor, escritor de ficção científica de todos os tempos.
                                                          O escritor Aldous Huxley, por sua vez, anteriormente a Orwell, em 1932, publicou uma obra de ficção intitulada Admirável Mundo Novo, considerada, também, um dos clássicos da literatura de ficção. Sua história se passa no século VII d.F. (depois de Ford, isto é, Henry Ford, criador da produção em série que revolucionou as indústrias no século XX), em uma sociedade futura onde os indivíduos são condicionados desde a concepção, de forma genética, biológica (por meio de substâncias misturadas aos alimentos e bebidas) e psicológica, a se conformar com as regras sociais vigentes em um Estado autoritário, porém de forma pacífica.  
                                                        Ao contrário da obra de Orwell, na sociedade imaginada por Huxley o domínio não era mantido pela repressão ou pela violência; mas, pelo incentivo dos comportamentos que o Estado julgava corretos e pelo controle dos sentimentos humanos, através de uma substância, o “Soma”, que induzia as pessoas a se sentirem felizes e conformadas com os desígnios do Estado autoritário.
                                                               No governo de Dilma Roussef, de 2011 a 2016 (isto é, sessenta e cinco anos depois que Orwell imaginou o controle total do Estado sobre pessoas e instituições e  oitenta e dois anos depois da publicação do livro de Huxley), em um país dos trópicos conhecido como Brasil e famoso por sua gente alegre, frívola, despolitizada e submissa, o Grande Irmão quase chegou a se instalar definitivamente, embora de forma ainda bastante precária, pois, afinal, nosso subdesenvolvimento é mais intelectual do que material.
                                                        Esse controle, pode-se dizer, começou ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003 e prorrogou-se até o final do governo Dilma, quando do impeachment da presidenta (como ela gostava de ser chamada). Embora com o fim do governo Dilma ele tenha diminuído, e interrompido temporariamente o assalto final a nossa democracia, ele continua bem vivo e seus tentáculos, ainda hoje, se estendem pelas instituições de um Estado aparelhado.
                                                      O controle começou com a implantação das diretrizes acertadas pelo Foro de São Paulo, organização que congrega centenas de movimentos de esquerda do continente sul-americano, e cuja finalidade última é a implantação da União das Repúblicas Socialistas da América Latina – URSAL, nos moldes da antiga URSS.
                                                        O Brasil, como o país mais rico do continente, passou a fortalecer, financeiramente, diversos países mais pobres da América Latina, visando a implantação do chamado socialismo bolivariano (modelo de governo comunista previsto pelo Foro para ser adotado em toda a América do Sul,  
                                                          Ao mesmo tempo em que assim fazia, seus dirigentes, associados criminosamente com empreiteiros de obras e de outros setores da economia, amealhavam milhões de reais (senão bilhões) recebidos como propinas e decorrentes de atos de corrupção, relativos ao favorecimento dos mencionados empreiteiros, tanto nas suas ações internas quanto externas. O governo pagou, também, na ocasião, com grande alarde, parte substancial da sua dívida externa, cujos juros eram mais baixos, e aumentou sensivelmente a sua dívida interna, cujos juros eram três vezes mais altos, enriquecendo, assim, os bancos que aqui dentro operavam.
                                                  Embora contraditório, o fato é que o capitalismo nacional jamais ganhou tanto dinheiro neste período em que o país foi governado pela esquerda, cujo lema, pode-se dizer, resumia-se em “roubar e deixar roubar...”
                                                  Por detrás deste lema e dessas ações, podemos perceber o alto grau de maquiavelismo dos ideólogos do socialismo bolivariano: Em primeiro lugar era necessário transformar o país em um local sem lei e sem ordem, rompendo as barreiras ou obstáculos que poderiam se opor à implantação do comunismo, através da destruição e do enfraquecimento da religião, da família, da escola, das polícias e das forças armadas. Em segundo lugar fazer isto de forma a, concomitantemente, enriquecer os partidos políticos de esquerda e seus dirigentes, mediante o estabelecimento de uma desenfreada corrupção.
                                               Os postulados de Antônio Gramsci (Intelectual italiano e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano, em 1921, que percebeu que a implantação do comunismo nos países do Ocidente não deveria seguir o modelo russo do uso da violência para conquistar ou tomar o Estado; mas, sim, ao contrário, primeiro conquistar o Estado e depois, então, a aplicação da violência para finalizar o processo) contemplam diversas medidas para solapar qualquer regime, no afã de implantar o comunismo. Assim, existem medidas a serem tomadas com respeito aos partidos políticos; aos poderes executivo, legislativo e judiciário; a escola e as forças armadas, dentre outros.
                                                    Para que os leitores comparem tais postulados com a situação atual do nosso país, citarei, apenas, alguns:

. Estimular o número elevado de partidos para enfraquecer a oposição e facilitar a tática de aliança, favorecendo o partido classe.
. Distribuir cargos em órgãos e empresas públicas para militantes do partido-classe e seus aliados, em todos os níveis da administração federal, estadual e municipal; isto é, aparelhar o Estado. 
. Criar uma estrutura policial que possa ser transformada em Guarda Nacional ou Guarda Pessoal ou em Polícia Política (Polícia Federal, Força Nacional) para emprego imediato, quando chegar o momento oportuno.
. Silenciar a imprensa através de emprego da verba pública destinada à propaganda, mantendo a população sem informação correta.
. Eliminar valores do processo histórico-cultural nacional.
. Mudar usos e costumes.
. Enfraquecer o moral nacional.
. Mudar traços da identidade nacional.
. Mudar valores e princípios ético-morais.
. Enfraquecer a família.
. Apagar a memória do povo reescrevendo a história para fatos e vultos nacionais relevantes.
. Mudar valores e princípios ético-morais (professores homossexuais no ensino médio e fundamental, alterando a estrutura familiar).
. Enfraquecer a união dos militares, afastando os militares da ativa dos militares inativos.
. Enfraquecer o «espírito de corpo», separando os oficiais generais da tropa.
. Introduzir, a curto prazo, o uso de drogas entre os militares.
. Disseminar, a médio prazo, o homossexualismo entre os militares.
. Preparar, a longo prazo, as gerações de chefes militares que servirão ao governo, e não à pátria, modificando a grade curricular das escolas de formação.

                                                        Conforme os leitores poderão constatar, a maioria destas medidas já foi implementada em nosso país, faltando, apenas, o golpe final, que, com o impeachment de Dilma, estaria previsto para ser dado com a vitória da esquerda na eleição presidencial deste ano. Eleito um candidato de esquerda, já no início de seu governo, a constituição seria modificada para a implantação do regime comunista, no qual o sufrágio universal estaria definitivamente extinto. O próprio ideólogo do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu, declarou a um jornalista espanhol, recentemente, que: - “Mais do que vencer a eleição, nós queremos é tomar o poder no Brasil”.
                                                          Mas, como Deus é brasileiro, conforme já diziam nossos avós, um juiz chamado Sérgio Moro e sua equipe de juízes, promotores, procuradores e delegados de polícia (cujas ações farão, eternamente, parte da História do Brasil), intercedeu na hora exata, desbaratando e impedindo o maléfico projeto das esquerdas continentais.
                                                                 A par disto, um deputado federal e ex-capitão do Exército Brasileiro, chamado Jair Bolsonaro, candidatou-se a Presidência da República e, por sua honestidade, postura política e em virtude de defender nossas tradições cristãs ocidentais, conseguiu a maioria dos votos dos eleitores no primeiro turno. Tudo indica, conforme demonstram as pesquisas de opinião, que será o vencedor também no segundo, a menos que haja fraude nas eleições.
                                                            Para um país que esteve bem próximo de se transformar no Estado totalitário descrito por George Orwell, a eleição de Bolsonaro, para presidente da república, poderá fazer com que se descortine, a partir de 2019, um admirável mundo novo para o nosso povo. 
                                                                   Não que pareçamos com o Admirável Mundo Novo de Huxley, naquilo que ele tem de ruim; mas, apenas, que sejamos semelhantes naquilo que ele tem de bom, isto é, no fato de que as pessoas se sintam felizes, satisfeitas e seguras, desempenhando as suas atividades diárias. Isto poderá, sem dúvida, ser obtido com a implantação do programa do candidato, que contempla um Estado mínimo, a desburocratização, a liberdade econômica e individual e a reativação das atividades econômicas; além da redução dos gastos públicos. O combate sério e imperdoável a criminalidade e a corrupção também constituem metas do seu governo. 
                                                             Que ele seja eternamente protegido pelo Criador, como tem feito até agora, mantendo-o vivo e fazendo com que não se desvie de sua missão, são os meus votos e, certamente, de todo o povo de bem que ainda resta em nosso país.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.



domingo, 7 de outubro de 2018


252. Vae victis!



Jober Rocha*

 


                                        A provável vitória do candidato Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição para a Presidência da República, a realizar-se no dia 28 do mês de outubro do corrente ano, faz-me lembrar de um episódio histórico ocorrido com o chefe da tribo celta dos Sênones, conhecido como Breno (Breno é a forma latina do termo celta que significa líder), que dominava a costa do Adriático conhecida como Gália Cisalpina, na Itália, em 387 a.C., e que liderou o exército gaulês na captura e saque da cidade de Roma, após ter vencido os romanos na Batalha do Ália.
                                                      Os romanos, batidos pelos gauleses, concordaram em pagar um resgate para libertar a cidade. De acordo com textos históricos preservados até os nossos dias, durante uma discussão sobre o peso do ouro a ser usado para pagar o resgate, Breno teria atirado a sua pesada espada de ferro em um dos pratos da balança, de modo a que os romanos colocassem mais ouro no outro prato para equilibrá-la, e pronunciou a célebre frase: "Vae victis!", cujo significado é: "Ai dos vencidos!". Todos sabemos que na luta entre o bem e o mal, quando este é o vencedor, ele não perdoa nem contemporiza com o vencido. Da mesma forma deve agir também o bem, quando vence o mal.
                                                    Os antigos romanos sempre foram imperialistas. Eles sempre possuíram o espírito de conquista e de dominação que permitiu a implantação e a expansão do Império Romano, tanto no Ocidente quanto no Oriente, e a submissão ou a total destruição de inúmeros povos, nações, reinos e Cidades-Estados, dos quais Cartago é apenas um exemplo. Portanto, nada mais certa do que a exclamação de Breno naquela ocasião, posto que ele agia daquela forma em represália a anterior ação das tropas romanas que haviam invadido a Gália, destruindo aldeias e vilas e matado muitos de seus habitantes.
                                                       Na minha modesta maneira de ver esta questão; isto é, sobre a tese da eterna luta do bem contra o mal - que me desculpem os religiosos pela afirmação que farei a seguir - não cabe, jamais, o perdão. O mal, por definição, sempre agirá contra o bem, a não ser que ele seja extinto naquele que o pratica, por sua própria e livre iniciativa de caráter evolutivo, ao se dar conta de que faz algo errado, ou que aquele que o pratica seja, ele mesmo, contido ou extinto pela iniciativa de terceiros. Ambas as situações nada têm a ver com o perdão da vítima do mal. Na afirmação que fiz  anteriormente, considero que existe, apenas, estas duas formas de eliminar o mal: na primeira ele pode ser extinto por quem o pratica, quando se originar de um conflito interno do indivíduo e, por ele mesmo, reconhecido e eliminado. Por sua vez, considerando a segunda forma, entendo que o mal, dependendo da sua gradação, também possa ser extinto, com a contenção perpétua ou com a eliminação, pura e simples, de quem o pratica, quando se tratar de objeto da aptidão negativa ou de um juízo negativo, intrínseco e permanente, do seu agente. É a alternativa adotada por alguns países ao estabelecerem a prisão perpétua ou a pena capital para determinados crimes.

                                                             Lembro aos queridos leitores religiosos que, durante e depois de Auschwitz, Treblinka, Sobibór, Belzec, etc. (todos eles campos de extermínio nazistas), ressurgiu na mente de muitos que por ali passaram o velho conceito de Epicuro, segundo o qual Deus é bom mas não é onipotente e não tem condições de (ou não deseja) impedir o mal. Para muitos que passaram por aquela terrível experiência durante a Segunda Grande Guerra e sobreviveram, não existe perdão para o mal de que foram vítimas (tanto para os sobreviventes quanto os que foram executados pelos nazistas, friamente, naqueles locais), quando este se trata da aptidão negativa do ser humano para produzir o mal ou da tendência de possuir um juízo permanentemente voltado para este, como parecia ser o caso dos nazistas, na ocasião, com respeito aos judeus (e também o dos comunistas, no afã de tomarem o poder, com relação aos seus inimigos a que chamam de capitalistas burgueses).  Por sua vez, quando me refiro ao bem, não considero a visão metafísico-religiosa do mundo, limitada a contextos geográficos e culturais específicos, mas, sim, a luta pela garantia das condições básicas de liberdade e justiça, para que cada indivíduo ou grupo possa focalizar e perseguir seu próprio modelo de bem e de bem-estar.

                                                            Afirmo aos meus leitores, com  plena convicção, de que este não será um simples texto buscando destilar ódio contra eventuais inimigos políticos ou ideológicos; vício este que jamais conseguiu encontrar um cantinho confortável aonde se acomodar em meu caráter, em minha mente, no íntimo do meu ser ou seja lá onde quer que os vícios habitem em nós, seres humanos.
                                                     Todavia, na muito provável vitória do povo brasileiro do bem contra as forças do mal, expressa no resultado que deverá ter a eleição em seu segundo turno, considerando o elevado percentual de cerca de 47% alcançado pelo candidato Jair Bolsonaro no primeiro, o novo presidente eleito, colocando a sua espada de capitão no prato da balança, também tem o dever e a obrigação de reafirmar na atualidade, a mesma frase que Breno exclamou na antiguidade: - Ai dos vencidos!

                                                       Alguns leitores poderão pensar consigo mesmo: - Mas a determinação do que é o bem e do que é o mal depende da interpretação de quem julga ou de que lado nós, os envolvidos, estamos! 
                                                        Nada mais longe da verdade meus caros amigos. Como disse o filósofo Immanuel Kant em sua obra Crítica da Razão Prática, “A mais impressionante realidade em toda a nossa experiência é precisamente o nosso senso moral, nosso sentimento inevitável diante da tentação, de que isto ou aquilo está errado. Podemos ceder; mas, apesar disto, o sentimento lá está. E uma boa ação é boa não porque traz bons resultados ou porque é sabia; mas, porque é feita em obediência a esse senso íntimo do dever, essa lei moral que não vem de nossa experiência pessoal, mas legisla imperiosamente e ‘a priori’ para todo o nosso comportamento, passado, presente e futuro”.
                                                             Este sentimento de justiça, que permite a distinção entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, para ele (e também para mim), é inato e se constituí em um imperativo categórico. Mesmo na ausência de leis, todos nós sabemos, por exemplo, que roubar é errado; da mesma forma que maltratar ou abandonar incapazes; como também trair a confiança de quem a depositou em nós; prejudicar, ferir ou assassinar, deliberadamente, quem nunca nos fez nenhum mal, etc.  etc. etc.
                                                        Afirmo, outrossim, sem nenhum receio de errar, que, em solo brasileiro, foi travada nas últimas duas décadas uma batalha do bem contra o mal; isto, por que, nos últimos governos de esquerda, o país quase foi destruído, tamanha a sanha de poder e de riqueza dos governantes e militantes do nefasto partido político vencedor das eleições de 2002, de 2006 e de 2010 que, através do aparelhamento do Estado com seus militantes, simpatizantes e demais partidos aliados e seus principais dirigentes, promoveram o loteamento de todos os cargos importantes das administrações Federal, Estadual e Municipal, com a exclusiva finalidade de desviar recursos públicos para as caixas dos referidos partidos e para os seus próprios bolsos e contas particulares, tanto em organizações bancárias no país quanto em paraísos fiscais do exterior, conforme evidenciado nos episódios  da nossa história recente conhecidos como Mensalão e Operação Lava a Jato.
                                                  Segundo alguns analistas políticos e historiadores, o saque perpetrado por esta verdadeira  quadrilha em nosso país, em razão de sua magnitude, pode ser considerado o maior de toda a história mundial. A maior parte dos responsáveis e beneficiários, no entanto, sequer foi arrolada nos processos ainda em andamento na justiça brasileira. Muitos dos arrolados, por possuírem foro privilegiado, têm, até agora, escapado das malhas da lei. Muito poucos, das centenas de envolvidos nos inquéritos instaurados, sofreram algum tipo de punição, demonstrando que aqui nos trópicos, onde o povo é alegre e submisso, o crime compensa; ao contrário do que ocorre em muitos outros locais onde o clima é temperado e o povo sério e politizado.
                                                   Milhões de pessoas de bem e pacatos cidadãos tiveram suas vidas prejudicadas, direta ou indiretamente, com tais desvios de recursos. Muitos milhares sofreram e morreram nos hospitais carentes de recursos e deficientes de profissionais da saúde; outros milhares foram vítimas de acidentes em nossas estradas esburacadas e sem conservação; cerca de quatorze milhões estão desempregados em razão da má gestão da economia e do desvio de recursos públicos; vários milhares foram mortos e feridos em razão da violência urbana e rural promovida por marginais e suas facções criminosas e terroristas que assolam as cidades e o campo, as capitais e o interior.
                                                    Os recursos que aqui faltavam para desenvolver o país foram carreados, objetivando o recebimento de propinas e o fortalecimento do comunismo continental, para o financiamento de obras no exterior, em países socialistas bolivarianos (comunistas) que, associados ao partido no poder em nosso país, pretendiam, através do Foro de São Paulo, a criação da URSAL – União das Repúblicas Socialistas da América Latina; isto é, implantar o comunismo em todo o continente sul-americano (vejam que o comunismo é tão imperialista quanto o capitalismo que ele busca combater).

                                                   Os países que receberam estes recursos de empréstimos sem garantias, chegada a data prevista das amortizações, simplesmente, não pagaram suas dívidas e, com certeza, jamais pagarão em virtude de vícios nos contratos já denunciados pelo Tribunal de Contas da União. Por outro lado, diversos países africanos, representados em sua maior parte por ditaduras, cujos ditadores são riquíssimos, tiveram suas dívidas com o Brasil perdoadas. Em ambos os casos mencionados, o congresso brasileiro sequer foi consultado, ademais de as referidas operações terem sido consideradas secretas e suas características e particularidades protegidas pelo sigilo e proibidas de serem divulgadas pelo prazo de vinte anos.
                                                     O montante de recursos públicos envolvidos em desvios patrocinados pelos últimos governos de esquerda, que renderam propinas aos agentes públicos e lucros exagerados aos agentes privados, segundo divulgação feita por Sóstenes Cavalcante (deputado federal pelo partido DEM), nas Redes Sociais, monta, por baixo, ao seguinte:

. 30 bilhões de reais nas obras da Copa do Mundo;
. 40 bilhões de reais nas obras dos Jogos Olímpicos;
. 121 bilhões de reais desviados da Petrobras;
. 12,6 bilhões de reais repassados a 7.700 Organizações Não Governamentais;
. 7 bilhões de reais gastos em publicidade no governo de Lula;
. 9 bilhões de reais gastos em publicidade no governo de Dilma;
. 1 bilhão de reais dados ao MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e outros movimentos ligados ao Partido dos Trabalhadores;
. 65,9 milhões de reais repassados a União Nacional dos Estudantes – UNE, nos governos de Lula e de Dilma;
. 11 milhões de reais repassados por Dilma à blogueiros petistas, às vésperas do seu impeachment, com vistas a melhorar sua imagem e desmentir os fatos noticiados pela mídia;
. 6,5 bilhões de reais em obras na República Dominicana;
. 1 bilhão de reais por ano, repassados ao governo de Fidel Castro sob o disfarce do Programa Mais Médicos, posto que os supostos médicos cubanos quase nada recebiam, no Brasil, pelo seu trabalho;
. 2,9 bilhões de dólares investidos à fundo perdido, supostamente na luta contra a AIDS em Moçambique, na África;
. 1,5 bilhão de dólares de prejuízo na falsa tomada da refinaria da Petrobras na Bolívia, doada, após este incidente diplomático, pelo presidente Lula ao presidente Evo Morales;
. 1,5 bilhão de dólares na construção de um sistema de trens subterrâneos na Argentina;
. 1 bilhão de dólares para o metrô da Cidade do Panamá;
. 900 milhões de dólares de perdão de dívidas de ditaduras africanas com o Brasil;
. 636,8 milhões de dólares na expansão de gasodutos na Argentina;
. 200 milhões de dólares para a compra de máquinas agrícolas em Cuba;
. 6 milhões de dólares para reformas no Porto de Mariel, em Cuba.


                                                   Tais valores, em reais, montam a inimaginável cifra de 229 trilhões e 412 bilhões de reais. Esta cifra, no entanto, deverá ser muito maior, na medida em que outras operações fraudulentas forem sendo descobertas e divulgadas, em novos inquéritos ou em novas investigações de inquéritos ainda em andamento.

                                                 Isto tudo, sem contar, ademais, com o prejuízo referente a compra pela Petrobras (cuja presidente do Conselho de Administração, na época, 2006, era Dilma Roussef) da Refinaria de Pasadena, nos USA, por 1,18 bilhão de dólares. Essa refinaria bilionária havia sido negociada um ano antes, entre empresas privadas, por apenas 42 milhões de dólares.
                                                  Sem contar, também, com os 3,6 bilhões de dólares que a Petrobras teve de pagar à acionistas norte-americanos, através de acordo judicial para encerrar uma ação movida por eles contra a empresa, em razão desta haver fraudado seus balanços na tentativa de esconder os recursos desviados pela quadrilha no poder em nosso país nos últimos governos petistas. Este foi, em valor, o quinto maior acordo judicial da história norte-americana que, com toda a certeza, será pago ao longo dos anos pela população brasileira, através de aumentos sucessivos pela empresa no preço dos combustíveis e demais derivados do petróleo, como já ocorre na atualidade.

                                                         Todo este desvio e toda esta malversação de recursos,  promovidos pelos governantes de esquerda em benefício próprio, eram 'vendidos' aos brasileiros (através da grande Mídia, regiamente paga com recursos do tesouro federal) como sendo projetos importantes para o nosso desenvolvimento e conduzidos, muitos deles, através de parcerias público-privadas. 
                                                                  Visando contar com o apoio popular, como fazia na antiguidade o Império Romano com a prática do 'panes et circenses', a população mais carente recebia do governo brasileiro migalhas daquilo que era desviado dos cofres públicos, sob os nomes pomposos e apelativos como 'Bolsa isto' e 'Bolsa aquilo'. Artistas já famosos e milionários eram cooptados para defender e fazer apologia do 'sistema', mediante as suas contratações superfaturadas para shows públicos  ou com a renúncia fiscal por parte do governo, através da aplicação da Lei Rouanet para custear projetos de tais artistas. Segundo informações obtidas com a delação premiada de um ex ministro da fazenda de Lula, de cada dez medidas aprovadas pelo governo nove eram vendidas àqueles a quem elas interessavam diretamente.
                                                          Obras inacabadas e feitas com materiais de péssima qualidade; pontes e viadutos que ligam nada a lugar nenhum; estradas ainda de terra, mas que constam como já tendo sido asfaltadas; transposição do Rio São Francisco, para levar suas águas até o semiárido nordestino e que, depois de cerca de 8 bilhões de reais gastos, ainda não foi concluída, encontrando-se as obras paradas e o canal construído haver desmoronado e rompido em vários pontos.
                                                     Creio que os leitores, a esta altura, já se convenceram que nestas duas décadas passadas travou-se, verdadeiramente, em nosso país, uma luta entre o bem e o mal, tendo este saído vencedor, até então. Felizmente este quadro parece ter mudado, após a constatação do resultado do primeiro turno da eleição deste ano. O bem, desta vez, com toda certeza, sairá vencedor da contenda.
                                                  Sem nenhum sentimento de ódio, mas, apenas, movido pelo desejo de justiça para com todo este sofrido povo brasileiro, que amargou décadas de vicissitudes, amarguras, suplícios, martírios e necessidades não satisfeitas, em razão da malversação das verbas públicas por autoridades governamentais que um ministro do Supremo Tribunal Federal, nomeado pelo próprio presidente Lula para tão alto cargo, acabou reconhecendo como uma Cleptocracia (ou seja, um governo de ladrões), eu exijo, nesta oportunidade, como cidadão brasileiro e em nome de todos os meus concidadãos, punição exemplar para aqueles participes dos últimos governos envolvidos em operações fraudulentas, nepotismos, sinecuras, concussões, etc., já apuradas em inquéritos judiciais concluídos ou em andamento e naqueles casos ainda por apurar.
                                          Que o novo governo promova o total desaparelhamento dos órgãos e instituições públicas dos três poderes da república, contaminados que estão por muitos adeptos e seguidores desta nefasta ideologia marxista e/ou a serviço de organizações ligadas ao narcotráfico e ao terrorismo, aproveitadores privados dos recursos que deveriam ter destinação pública.
                                                  Que nossas instituições voltem a ser republicanas, democráticas, liberais, transparentes e não comunistas, ditatoriais, autoritárias e fechadas. Que a corrupção seja considerada crime hediondo; que a censura deixe de existir; que as condenações por crimes sejam efetivamente cumpridas até o final (como ocorrem na maioria dos países sérios) e não com as liberalidades da progressão de penas aqui existentes, das saídas em ocasiões festivas, dos salários reclusão, das visitas íntimas; que as mais altas cortes de justiça tenham seus membros selecionados por concurso público e que tenham feito careira no Poder Judiciário; que o partido comunista seja proscrito, da mesma forma como ocorre com o partido nazista; que sejam definitivamente feitas todas as reformas de que o país carece; que seja extinta, de vez, a burocracia que impede o nosso desenvolvimento, que tolhe a iniciativa privada, que empobrece os cidadãos e que enriquece os cartórios, os despachantes e os governos com taxas, guias de arrecadação, impostos, etc. Esta é a grande oportunidade que temos de promover essas mudanças e, definitivamente, deixarmos de ser subdesenvolvidos, motivo de chacotas em todo o mundo e de ter o nosso país conhecido no concerto das nações como um país que não é sério, como o paraíso dos bandidos, a terra do jeitinho, o território do cambalacho, o local onde tudo é resolvido na base da propina.
                                                Que a associação da contravenção e do crime organizado com as autoridades seja desfeita, que a carreira política seja buscada por vocação e espírito altruísta e não pela má índole, pelo egoísmo e pelas mordomias sem limites, votadas pelos políticos em benefício próprio.
                                                 Esta é uma grande oportunidade com que os brasileiros, finalmente, se defrontam. Pela primeira vez em nossa História, deverá ser eleito um presidente desvinculado dos grupos econômicos e dos interesses político-partidários, compromissado, apenas, com os eleitores e com a população. Como ocorreu com os cidadãos franceses em 1789, esta é a ocasião de fazermos a nossa verdadeira Revolução Brasileira, de liberdade, de fraternidade e de igualdade, sem o falso canto das sereias do comunismo, que também promete o mesmo para obter o apoio popular em sua implantação, sabendo que, tão logo instalado no poder, a primeira coisa que retirará do povo será a liberdade. A fraternidade acabará sendo eliminada, a seguir, com a extinção da religião, por imposição de um Estado comunista autoritário e ateu; sendo a igualdade a única coisa que a elite comunista, efetivamente, proporcionara à população, pois todos serão igualmente pobres, carentes e infelizes.
                                                  Assim, na luta do bem contra o mal, como aquela que está sendo travada em nosso país (e que não terminará, simplesmente, com o resultado desta eleição), a compaixão não deve ter lugar; muito embora esta seja uma virtude sempre proclamada e inerente aos seres humanos. A compaixão (ou até mesmo o perdão) só deve ter hora e lugar, quando os vencidos reconhecem seus erros e, honestamente, se propõem a não mais cometê-los (a chamada autocrítica, tão exigida dos chamados burgueses pelos comunistas, logo que estes assumem o poder em algum país capitalista); o que não costuma acontecer em sentido inverso, com aqueles infectados pelo vírus da ideologia marxista e pelos vícios, como é o caso de muitos militantes da esquerda que se locupletaram no poder, nas últimas décadas, bem como de milhares de criminosos comuns que, unidos em facções ligadas ao narcotráfico e apoiadas por políticos venais, tocam o terror nas cidades e nos campos e constituem o braço armado da esquerda rumo à implantação definitiva do comunismo no país.

                                                          A esquerda já declarou, através de seu porta-voz petista José Dirceu, ex-presidente do PT, condenado a vinte e três anos  e três meses de prisão (pelos crimes de corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro na operação Lava Jato), preso inicialmente e logo depois solto, que muito mais do que ganhar esta eleição de outubro ela objetiva tomar, de uma vez por todas, o poder no Brasil. Muitos esquerdistas tem dado declarações de que tocarão fogo no país, caso Lula não seja solto, caso percam as eleições e novas prisões de esquerdistas, por corrupção, ocorram. Muitos falam na mobilização de um exército armado, composto por militantes do MST e por estrangeiros (sul-americanos a africanos) infiltrados em nosso país.
                                                 Urge, pois, rápidas e enérgicas providências para neutralizar as ações vingativas e maléficas de minorias que, não se conformando com a vontade da maioria nas urnas, buscarão, de todas as formas, solapar o governo do novo presidente Jair Bolsonaro a ser eleito no segundo turno. Lembremo-nos de que  já atentaram, até mesmo, contra a sua vida e, portanto, são capazes de tudo para atingir seus objetivos de dominação comunista, de poder e de riqueza.
                                                  Para estes elementos criminosos, refratários e antidemocráticos, muitos dos cidadãos brasileiros, vitimados diretamente por suas ações criminosas, consideram as penas que têm sido aplicadas muito brandas para o teor dos crimes cometidos e advogam que a espada da lei deva cair rápida e misericordiosa, segregando-os perpetuamente da sociedade ou, como já fazia em 1789 na antiga Place de la Grève, atual Place de l'Hôtel de Ville, o invento de Monsieur Joseph-Ignace Guillotin, (famoso na época por esta invenção que, no Período dos Jacobinos, fazia cumprir as decisões do Comitê de Salvação Pública), abreviando suas existências mediante a aplicação da pena capital a uma nobreza corrupta, insensível aos anseios populares e, por isso mesmo, odiosa.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.