429. Um breve ensaio sobre como os seres humanos corromperam ainda mais o projeto divino, já corrompido em suas origens
Jober Rocha
As religiões, de um modo geral, consideram a criação do Universo como sendo um projeto divino. O Criador teria, pois, criado do nada toda a matéria existente no Universo infinito, cujos átomos, depois de criados, passaram a ser eternos. Posteriormente, ainda, segundo algumas religiões, teriam sido criados os três reinos da matéria: o mineral, o vegetal e o animal. Evidentemente, embora as religiões admitam a perfeição do Criador, as Suas criações também deveriam ser perfeitas por definição (já que um Criador perfeito só criaria coisas perfeitas); porém, na realidade elas não o são.
Milhares ou milhões de estrelas encolhem e explodem, ao terminar a fusão nuclear que as manteve vivas, até então, gerando calor e energia. Seus restos, contendo ferro, ouro e rochas, sob a forma de corpos celestes (Meteoros, que são pequenas pedras ou pedaços de metal que viajam pelo espaço e têm menos de 10 metros. Asteroides, que constituem rochas espaciais de tamanho maior, com até mais de mil quilômetros e cometas, corpos formados de poeiras, rochas e gelo) que viajam a enormes velocidades, por vezes, se chocam com planetas produzindo enormes crateras e causando grandes devastações.
Matéria e Antimatéria se anulam em explosões, ao se encontrarem no espaço; buracos negros absorvem tudo aquilo que deles se aproximam, inclusive a luz. Os próprios planetas sofrem deslocamentos e acomodações das camadas inferiores do solo, aqui chamados de terremotos e que destroem cidades e matam milhares de vidas. O clima do nosso planeta, com suas variações extremas de temperatura também dificulta, impede ou destrói a vida em diversas épocas e locais. Certamente o mesmo deverá ocorrer em outros planetas. A tão propalada perfeição do Universo não é, portanto, como aquela que nós imaginávamos e nem este Universo imperfeito teria sido feito, exclusivamente, por nossa causa e em nosso beneficio, como apregoam as religiões.
A chamada Entropia é um conceito da termodinâmica que mede a desordem das partículas de um sistema físico. A entropia é uma grandeza na termodinâmica, representada nas formulações da física pela letra S. De acordo com a 2ª Lei da Termodinâmica, quanto maior for à desordem de um sistema maior será a sua entropia. Tal lei aponta que um sistema isolado pode ou permanecer fechado ou evoluir para um estado mais caótico, mas nunca para outro mais ordenado.
Pela 2ª Lei da Termodinâmica, em sistemas isolados onde ocorrem processos irreversíveis, a entropia sempre aumenta, pois sempre é necessário um desperdício irreversível de calor de uma fonte quente para uma fonte fria, para que o sistema volte ao estado original e, assim, continue a produzir trabalho a partir do recebimento de calor da fonte quente. Assim, entropia do Universo; ou seja, a desordem, está sempre aumentando. Isso significa que, em algum momento em um futuro distante, o nosso Universo chegará a um estado de desordem total, de entropia máxima. Os cientistas chamam a isso de "morte térmica". Teria o Criador do Universo infinito e eterno cometido algum erro em sua criação? Seria proposital ou algum lapso?
Segundo Wikipédia, a biblioteca da WEB, “Os seres vivos em sua evolução assumida historicamente foram entendidos como contrariando a lei da entropia física por se evoluírem e se manterem, pelo menos até o envelhecimento, ordenados em meio ao caos, graças a maquinarias moleculares capazes de enfrentar uma tendência a desordem. Contudo, cientistas observaram que a nível populacional, nas descendências, está ocorrendo um acúmulo contínuo e sutil de desordens (mutações deletérias) e alguns autores ao medirem quantas mutações positivas ocorriam para as deletérias negativas, chegaram a números alarmantes como de uma mutação positiva para cada milhão de mutações negativas. Pode-se inferir, com isto, que a proporção de mutações que são benéficas é de cerca de uma em um milhão explicando assim uma queda percentual na saúde e na inteligência humanas”.
Isto, de certa forma, contraria a tese de que os corpos e os espíritos existiriam para evoluir e que tais evoluções, no primeiro caso, seriam no sentido do aperfeiçoamento de suas boas características físicas, melhorando-as e as adaptando às condições meioambientais. Os mais aptos sobreviveriam, segundo a tese evolucionista de Darwin, e as mutações seriam sempre no sentido da maior sobrevivência; o que parece não estar ocorrendo. No segundo caso buscar-se-ia o aperfeiçoamento daqueles sentimentos considerados como pertencendo ao campo das virtudes, segundo as teses teosóficas, mas o que se vê é a expansão e o aperfeiçoamento dos vícios.
A civilização atual, com suas ideologias funestas, como o comunismo, o nazismo o fascismo, o anarquismo e o socialismo, vendidos todos como sendo o paraíso terrestre à populações despolitizadas, crédulas e ignorantes que seguem como um rebanho na direção do matadouro, direção está que lhes é indicada pelos donos do mundo (poucas famílias que controlam toda a economia mundial), só faz corromper o eventual projeto divino, desacreditando-o ainda mais.
Vê-se, pois, que, ademais de a própria Natureza trabalhar contra a perfeição deste Projeto Divino, os próprios seres vivos, também, laboram contra esta suposta perfeição como mostraremos ainda mais, a seguir.
Constata-se que o Criador, entidade que é puro amor segundo as religiões, criou as espécies animais e os seus predadores. Evidentemente que ‘quem pode o mais pode o menos’, como explicam os professores de Direito. Desta forma, todos os animais, inclusive os seres humanos, poderiam ser herbívoros por natureza, não necessitando matarem-se uns aos outros simplesmente para se alimentarem, sem nenhuma outra razão superveniente que o justifique.
Os vírus, as bactérias e os fungos, por sua vez, criados pela Entidade Suprema, existem, em sua maioria, apenas para agirem de forma deletéria contra os seres vivos, obra desta mesma Entidade; embora alguns poucos, como, por exemplo, as bactérias benéficas probióticas Bifidobactérias e os Lactobacilos (gêneros Bacteroides, Bifidobacterium e Lactobacillus), bem como as patogênicas Enterobacteriaceae e o gênero Clostridium, exerçam importantes papéis nos intestinos animais.
Esses poucos “organismos do bem” encontram-se no nosso intestino e recebem o nome de flora ou microbiota intestinal. Tais bactérias atuam no processo de digestão, imunidade, funcionamento cerebral e até influenciam no ganho ou perda de peso, com consequentes benefícios para o nosso corpo. Também algumas bactérias do bem que vivem na pele impedem a entrada de outras malignas. Mas, o fato é que a função principal da maioria destes microrganismos é causar o mal aos seres vivos em geral. Muitos destes microrganismos são obras do Criador, mas outros são criações dos próprios seres humanos, como alguns microrganismos que possuem patentes de propriedade registradas em órgãos governamentais. Para combater os vírus existem as vacinas, para as bactérias os antibióticos e para os fungos existem os antifúngicos. Assim, a indústria milionária dos produtos fármacoquimicos enriquece ainda mais as poucas famílias que tudo comandam.
As pragas agrícolas, por sua vez, criadas pelo Ser Supremo, existem para destruir as espécies do reino vegetal, este também criado pelo mesmo Ser Supremo, segundo as religiões. Estaria à própria Natureza trabalhando contra o seu Criador ou, na realidade, tudo isto não passaria de uma simples ilusão e seríamos apenas personagens virtuais de um jogo virtual, sendo jogado por entidades sobrenaturais sobre as quais nada sabemos nem imaginamos?
Hermes Trimegisto (1500 a.C – 2500 a.C), pensador e legislador que viveu na região de Nimus e autor da Tábua das Esmeraldas, já observando a insatisfação do povo da sua época, buscou divulgar sete princípios que descreveriam como as coisas funcionam neste Universo imperfeito. Seus princípios podem ser encontrados em um documento denominado Caibalion, publicado em 1908.
Os sete princípios que buscam explicar como as coisas se passariam no Universo, dizem:
Principio do Mentalismo: Axioma, “O todo é Mente; o universo é mental.”
A interpretação do axioma quer dizer que todo universo e as coisas que acreditamos são de natureza mental. Tudo que existe faz parte da imaginação do TODO.
Princípio da Correspondência: Axioma, “O que está em cima é como o que está embaixo e o que está dentro é como o que está fora.”
Esse conceito atribui a existência universal com a semelhança entre outros planos astrais e extrafísicos.
Princípio da Vibração: Axioma, “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra.”
Essa lei define bem o universo e a movimentação atômica! Tudo que nele existe vibra incessantemente e projeta energia nas outras coisas e pessoas.
Princípio da Polaridade: Axioma, “Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis.”
O equilíbrio é a chave para transpor barreiras e garantir expansão.
Principio do Ritmo: Axioma, “Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação.”
Esse princípio se popularizou como “Lei do Retorno”, que deriva do conceito indiano para Carma.
Princípio de Causa e Efeito: Axioma, “Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei.”
O sexto princípio esclarece que nada é por acaso. As chamadas: coincidências, nada mais são do que reações de causas ainda desconhecidas.
Princípio de Gênero: Axioma, “O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino; o gênero manifesta-se em todos os planos da criação.”
Toda a criação reproduz em aspectos naturais, mentais e espirituais, as energias que derivam do feminino e do masculino.
Alguns destes antigos princípios atribuídos a Hermes Trimegisto, nos quais muitos seres humanos jamais acreditaram, já podem ser observados na atualidade. O primeiro deles, o do Mentalismo, já está sendo posto em prática através do chamado Metaverso, que é a terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de "realidade virtual", "realidade aumentada" e "Internet". A própria ideia do Metaverso significa que uma parte cada vez maior de nossas vidas, trabalho, lazer, tempo, gastos, riqueza, felicidade e relacionamentos estarão dentro de mundos virtuais, ao invés de apenas estendidos ou auxiliados por dispositivos digitais e por softwares. Terrenos, casas e veículos virtuais já são comercializados pela internet. Tais bens só existem virtualmente, mas as pessoas lhes atribuem um valor monetário e os adquirem ou vendem através de moedas virtuais, as criptomoedas. Com a implantação definitiva do 5G e o desenvolvimento da Inteligência Artificial e da robótica, novos princípios de Trimegisto poderão vir a ser, com certeza, confirmados. Estaríamos, pois, na modernidade apenas confirmando aquilo que Trimegisto já imaginava na antiguidade clássica?
O segundo princípio, o da Correspondência, também tem se demonstrado verdadeiro, notadamente quando se observa o cenário político. Na política existem os partidos de esquerda e os de direita, sustentados pela doação de empresários, verbas públicas e contribuições externas. O povo, ignorante de como as coisas se passam no submundo da política, acredita que existem, realmente, políticos e partidos que se opõem entre si. Na realidade, como bem disse Trimegisto, também o que está à esquerda é como o que está à direita. A oposição é apenas ilusória, para o povo crédulo não se dar conta de sua servidão voluntária aos mesmos senhores. O escravo já nascido em cativeiro não se imagina escravo, como dizia Étienne de la Boéthie (1530 – 1563) em sua obra Discurso sobre a Servidão Voluntária. As eleições, assim, são feitas, apenas, para que o povo não se imagine escravo, mas um cidadão liberto que pode escolher entre aqueles candidatos disponíveis. Também, para que pense viver em um regime democrático e não em uma cleptocracia autocrática. Para que pense que a Constituição é algo de valor que protege e resguarda seus direitos e não um simples pedaço de papel, rasgado todos os dias pelos donos do poder.
O quarto princípio, o da Polaridade, tem sido constantemente demonstrado pela Justiça, quando considera que o igual e o desigual são a mesma coisa; que os extremos se tocam; que todas as verdades são meias-verdades; que todos os paradoxos podem ser reconciliáveis; que para tudo existe um jeito e um casuísmo oportunista; que os criminosos podem viver soltos e que os inocentes podem viver presos em determinadas épocas, como as de pandemias, por exemplo. Que as instâncias judiciais para nada valem, pois o criminoso só pode ser preso quando esgotarem todos os recursos, que são incontáveis e que podem levar toda uma vida para se esgotarem.
O sexto princípio, o da Causa e Efeito, ao indicar que não existe o acaso e que toda causa tem seu efeito e todo efeito sua causa, esclarece bem aquelas ações sem nexo e contrárias aos interesses populares, praticadas por políticos e demais autoridades governamentais. As ações, que podem ser consideradas como efeitos, tiveram suas causas em fatos por nós desconhecidos e que podem se tratar, muitas vezes, de suborno, de chantagem, de ambição desmedida, de ausência de valores morais, de traição, etc.
O último princípio, o do Gênero, que afirma que o gênero está em tudo, já que tudo tem seus princípios Masculino e Feminino e o gênero manifesta-se em todos os planos da criação, tem sido combatido pela chamada ideologia de gênero, inventada pela esquerda e que consiste na ideia de que os seres humanos nascem iguais, sendo a definição do masculino e do feminino um produto históricocultural desenvolvido tacitamente pela sociedade. Para os defensores desta "ideologia", não existe apenas o gênero masculino e feminino, mas um espectro que pode ser muito mais amplo do que a identificação somente com masculino e feminino.
Finalizando, podemos imaginar duas hipóteses: ou o Universo e os seres vivos que ele contém surgiram devidos simplesmente ao acaso, contrariando um dos princípios de Hermes Trimegisto ou, embora feitos pelo Criador, em razão de ser o primeiro Universo e os primeiros seres por Ele criados, vieram com alguns vícios de origem difíceis de serem consertados posteriormente; principalmente, em razão das Leis Universais da Natureza criadas também por Ele mesmo. Modificar uma Lei Universal, depois de tê-la promulgado, significaria o reconhecimento do erro, da imperfeição. Imperfeição está que pode ser sentida pelas próprias criaturas que nascem com malformações ou deformações físicas e mentais. Imperfeição que pode ser sentida por aqueles que são marginalizados da vida social em razão da pobreza, da discriminação racial, religiosa, sexual ou de outra qualquer natureza.
Os seres humanos, em que pesem estes eventuais vícios de origem do Projeto Divino, ainda fizeram questão de piorá-lo com as suas maquinações maquiavélicas, de modo a transformar o planeta em que estamos aprisionados em algo muito pior do que poderia ser sem a intervenção humana: o superpovoaram; poluíram rios lagos, lagoas e mares; extinguiram espécies da fauna e da flora; consumiram desnecessariamente e de forma supérflua os recursos naturais; poluíram os ares e valorizaram mais os vícios do que as virtudes.