281. Aqueles que fazem a diferença**
Jober Rocha*
Existem pessoas que, diferentemente das demais, vieram ao mundo com uma missão determinada: a de servirem de exemplo, pela cultura, pelo caráter, pelas virtudes e pelo comportamento, para os seus contemporâneos e para os seres humanos que os precederem nesta longa e, às vezes, difícil caminhada chamada vida.
Conheço, pessoalmente ou através do estudo da história mundial, inúmeras destas pessoas e seria exaustivo nomeá-las neste texto. Muitas delas tiveram seus nomes reconhecidos publicamente enquanto ainda em vida e foram inscritas nos anais da história pelo legado que deixaram. Outras, em que pese tudo aquilo que fizeram, passaram despercebidas de seus contemporâneos, apenas tendo seus valores e exemplos sido reconhecidos vários anos depois, pelos pósteros.
Mas o que caracterizaria estes seres que menciono? Quais as virtudes que marcaram as suas terrenas existências? Quais os exemplos que deixaram? O que fez com que se distinguissem dos seus contemporâneos no meio de uma multidão de indivíduos tão bem preparados e aquinhoados como eles?
Em primeiro lugar, com toda a certeza, não foi a família na qual nasceram que fez com que se tornassem aquilo que foram e fizessem aquilo que fizeram. Eles seriam os mesmos em qualquer família no seio da qual tivessem vindo ao mundo; posto que, o espírito humano é eterno e jamais regride ou consegue involuir, conforme pregam todas as doutrinas espiritualistas.
Em segundo lugar, evidentemente, nem o local em que nasceram nem os colégios em que estudaram foram fatores fundamentais para que desempenhassem as missões que tinham para desempenhar em suas vidas terrestres, pois estas já haviam sido previamente traçadas em outros planos existenciais. Muitos heróis mencionados pela história nasceram em locais distantes daqueles onde produziram os feitos que os tornaram famosos perante a eternidade.
Em terceiro lugar, as profissões que escolheram não foram os fatores determinantes, que fizeram com que se destacassem dos demais, pois eles se destacariam em qualquer profissão que, eventualmente, elegessem e acabariam por cumprir suas missões de uma forma ou de outra. A profissão pode, apenas, ter contribuído para coloca-los no lugar certo na hora certa.
O fator que fez com que se destacassem, sem dúvida alguma, foram os atos e as decisões acertadas que tomaram ao longo de suas vidas, sejam nos momentos mais favoráveis, sejam naqueles momentos mais críticos. Como sou determinista, creio que eles vieram a este mundo para o cumprimento de determinadas missões principais e especiais; embora, fatores supervenientes de ordem probabilística pudessem ter intervindo neste processo, seja impedindo-os de alcançarem seus objetivos, seja facilitando-os.
Decisões sábias, corajosas, prudentes, arriscadas, caridosas, patrióticas, visando o bem da coletividade, tiveram, inúmeras vezes, ao longo da história humana, o poder de mudar, em benefício da coletividade de algum país, nação ou região, o rumo das coisas, sejam elas de cunho econômico, político, militar ou psicossocial; como, também, determinadas decisões tomadas por alguém podem, até mesmo, ter contribuído para mudar o rumo e o destino da própria humanidade.
Fiz este preâmbulo, apenas, para destacar o papel de dois jovens brasileiros que possuem um lugar de destaque entre estes seres humanos mencionados. São jovens que fizeram a diferença por seus atos corajosos e oportunos, em uma época na qual a maioria de seus contemporâneos teve na omissão de suas responsabilidades, na complacência com os desvios de conduta alheios, na busca de uma sinecura qualquer, as suas principais características.
São dois cidadãos que durante alguns anos, em nosso triste país sem rumo e descontrolado, seguiram (e ainda seguem) remando contra a maré em uma sociedade dominada por cleptocratas que, tendo se assenhorado do poder, fazem tudo aquilo que bem entendem em benefício próprio e dos grupos a que representam, agindo à revelia das leis e da nossa Carta Magna, como se não passassem estas de simples pedaços de papel, encontrados em alguma caverna, onde estivessem gravados símbolos cuneiformes ainda não decifrados pelos arqueólogos.
Tais cleptocratas, que alçaram o poder em virtude de suas desfaçatez e esperteza; bem como, da amizade com altas autoridades e de seus vínculos políticos e ideológicos com determinados partidos políticos, ademais de suas ligações espúrias com grupos empresariais envolvidos em episódios de corrupção, concorrências fraudulentas, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilhas e manutenção de caixa dois para o pagamento de propinas, tentam desmontar o magnífico trabalho hercúleo conduzido por estes dois jovens mencionados e suas equipes de trabalho, desde longa data envolvidos na lida de combater e de tentar eliminar, definitivamente, da vida pública e privada brasileiras, esse malfadado sistema de corrupção endêmica que graça como ervas daninhas por todos os setores e em todos os poderes da república.
Os leitores já devem ter percebido que me refiro aos dois reconhecidos paladinos da nossa justiça, o ex juiz e atual Ministro da Justiça Dr. Sérgio Moro e o Procurador da República Deltan Dallagnol, vítimas recentes de espionagem eletrônica em um episódio de invasão de correspondência de órgãos públicos (juizado e procuradoria federal), cujos autores já deveriam estar sendo submetidos ao correspondente processo penal.
Dizem os espiões, já identificados (um deles estrangeiro e o outro nacional), que possuem inúmeras gravações de conversas entre o juiz e o procurador; bem como, sobre cerca de dezoito outras autoridades, envolvidas ou participantes da chamada Operação Lava à Jato, que desbaratou uma organização criminosa que agia (e alguns ramos intocados ainda agem) nos três poderes da república, desviando recursos governamentais para seus próprios bolsos. Em muitos países os crimes de espionagem e de traição são punidos com a prisão perpétua ou com a pena capital.
Aqui as nossas autoridades jurídicas resumem-se a minimizar os efeitos da transgressão dos criminosos e a maximizar a importância da suposta infração cometida pelas vítimas das atividades criminosas dos espiões.
Segundo juristas famosos, as conversas divulgadas pelas gravações ilegais são normais entre juízes e promotores, que antes do advento da eletrônica as faziam pessoalmente em seus gabinetes e que agora as fazem através de seus celulares. Da mesma forma, os juízes também conversam com a defesa dos réus.
Alguns ministros das mais altas cortes são até flagrados em festas, conversando com advogados de inúmeros réus cujos recursos ou habeas corpus serão analisados, mais a frente, pelo respectivo ministro. Estes casos são vistos pela grande mídia como normais; porém, as conversas de Sérgio Moro com Dalagnoll são consideradas, por inúmeros políticos citados nas delações premiadas de empresários e por todos aqueles que, por uma ou outra razão, querem ver extinta a lava à Jato, como ilegais e imorais.
Sergio Moro abdicou da sua carreira de juiz para implantar, como Ministro da Justiça, um projeto contra o crime organizado que atacasse a corrupção, o tráfico de drogas, de armas, de escravas brancas, o contrabando, etc. Sua iniciativa tem sido combatida pelo parlamento, pela mídia e pela esquerda que aparelhou os três poderes da república e que vivem cerceando todas as medidas propostas pelo novo governo do presidente Jair Bolsonaro, como se inexistisse a independência entre os poderes.
O próprio Jair Messias Bolsonaro (eleito presidente por um verdadeiro milagre divino; pois parecia impossível a sua vitória como candidato inicialmente sem partido e sem vice-presidente, sem apoio da mídia e de grupos empresariais, tendo contra si todo o aparelhamento político ideológico implantado no país ao longo de duas décadas de governos de esquerda), é uma dessas pessoas que fazem a diferença, da mesma forma que os dois citados anteriormente.
Por várias vezes, em seus pronunciamentos públicos, já declarou que com ele as coisas serão feitas de modo correto ou, então, não serão feitas. Já foi assediado por inúmeros políticos em busca da concessão de favores, traduzidos na venda de apoio ao governo em troca de cargos na administração pública. Resistiu a todas essas investidas.
Seu objetivo, como guerreiro que sempre foi, é o de consertar o nosso país (nem que para isto seja necessário sacrificar a própria vida, como quase já ocorreu durante a fase de campanha) destruído durante décadas de espoliação por parte de uma verdadeira organização criminosa especializada em roubar dinheiro público, cujos principais chefes já foram julgados e condenados, mas que muitos de seus membros ainda estão em liberdade, ocupando cargos políticos e públicos onde apenas buscam trabalhar contra a nova administração.
Em que pese todo este nefasto quadro, felizmente, por mais que tentem os mal intencionados, o mal jamais conseguirá triunfar sobre o bem. Digo isto não como um simples desejo psicológico inerente aos seres humanos do bem; mas, como um verdadeiro pressuposto filosófico, já intuído pelo filósofo Immanuel Kant ao afirmar que “Temos que encontrar uma ética universal e necessária; princípios ‘a priori’ de moral, tão absolutos e certos quanto a Matemática”.
Se atentarmos para as palavras do filósofo em sua obra Crítica da Razão Prática, veremos que “A mais impressionante realidade em toda a nossa experiência é, precisamente, o nosso senso moral, nosso sentimento inevitável, diante da tentação, de que isto ou aquilo está errado. Podemos ceder; mas, apesar disto, o sentimento lá está. E uma boa ação é boa não porque traz bons resultados ou porque é sábia, mas porque é feita em obediência a esse senso íntimo do dever, essa lei moral que não vem de nossa experiência pessoal, mas legisla imperiosamente e ‘a priori’ para todo o nosso comportamento, passado, presente e futuro”.
O advento das redes sociais, fundamental para a tomada de consciência de grande parte da nossa população que acabou por eleger Jair Bolsonaro, veio para ficar e já substituiu a grande mídia como formadora de opinião do nosso povo. Dificilmente, enquanto as redes permanecerem livres da censura, os internautas eleitores de Jair Bolsonaro deixar-se-ão iludir com notícias propaladas pela grande mídia visando instalar a cizânia e denegrir o presidente, sua equipe e, notadamente, os integrantes da Operação Lava à Jato, capitaneados pelos heróis nacionais Sérgio Moro e Deltan Dallagnol.
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
Membro da Academia Brasileira de Defesa.
_**/ Publicado no jornal Vale Gazeta, de 02.10.2019, S. José dos Campos, SP - seção Ideias &.
Membro da Academia Brasileira de Defesa.
_**/ Publicado no jornal Vale Gazeta, de 02.10.2019, S. José dos Campos, SP - seção Ideias &.
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