263. Recordando as velhas comédias de pastelão
Jober Rocha*
Segundo os dicionários, as comédias de Pastelão consistiam em um determinado gênero de comédias cinematográficas em que predominavam cenas de tropelias; explorando-se motivos de riso fácil e gosto discutível, implicando, por vezes, até em violência física entre os atores e coadjuvantes.
O termo em português derivou das cenas usadas com frequência neste tipo de comédia, em que um conflito ou briga acabava descambando para uma "guerra de comida", com os personagens jogando tortas e/ou pastelões uns nos outros.
Mal comparando é o que se vê, desde há muito tempo e com excessiva frequência, em vários dos representantes dos três poderes da república e em autoridades das diversas expressões do poder nacional.
As cenas são tantas e, caso suas motivações e seus efeitos perversos não conspirassem contra os destinos da própria nação para se tornar uma potência mundial e o dos cidadãos aspirarem a viver em um país desenvolvido, seriam, sem dúvida alguma, apenas motivo para muitos risos e chacotas.
Aqueles que me leem não pensem que me refiro aos três poderes da república do momento, mas, como já dito anteriormente, essa comédia de pastelão é encenada e repetida milhares de vezes (se não milhões), pelos representantes dos três poderes e outros dirigentes da sociedade civil, nos níveis federais, estaduais e municipais, desde há muitos anos e em diversas administrações.
Se duvidam de mim procurem acompanhar, através de vídeos recentes e antigos, as seções dos parlamentos federais, estaduais e municipais. Ali encontrarão cenas cômicas que, por serem tão engraçadas, deixariam ofuscados até comediantes clássicos, como Charles Chaplin, Keaton, Harold Lloyd, Roscoe Arbuckle, Harry Langdon, Raymond Griffith, André Deed, Max Linder, Stan Laurel, Oliver Hardy, Mack Sennett e os nossos Oscarito, Mazzaropi, Grande Otelo, Ankito, etc.
Pena que os atores destas cenas a que me refiro estavam dispondo, com suas falas e seus atos, sobre os nossos destinos de cidadãos e sobre os destinos do nosso país. E o pior de tudo isto é que tais artistas representando seus papéis no cenário nacional não se veem como aquilo que em realidade são, isto é, simples cômicos ou bufões a serviço de um partido, de uma ideologia ou de seus próprios interesses; mas, se imaginam como artistas sérios e importantes na ribalta, representando importantes papéis dramáticos nos palcos dos parlamentos, onde, infelizmente, suas falas, seus diálogos, seus pronunciamentos, não são mais do que simples representações teatrais que sempre fazem em busca de aplausos, porém, algumas vezes, recebendo vaias e apupos de uma ou outra plateia contrariada. Algumas vezes parlamentares atiram objetos em direção a outros parlamentares, como se tratassem de tortas das antigas comédias de pastelão.
Vejam os prejuízos acarretados ao país por medidas erradas, tomadas por certas autoridades públicas à nível ministerial, que deveriam ser especialistas nas áreas em que atuam; porém, que nada mais são do que simples políticos ali colocados em razão de acordos partidários. Muitas medidas tomadas por eles são, pouco depois, canceladas, modificadas ou substituídas por outras, para, pouco depois, serem, novamente, canceladas, modificadas ou substituídas, em um círculo vicioso atroz que demonstra incompetência e descaso. Parece, muitas vezes, que estamos assistindo àqueles velhos filmes dos Três Patetas (Moe Howard, Larry Fine e Curly Howard), nos quais as tropelias se sucediam umas às outras provocando gargalhadas do público espectador.
Observem as manobras judiciais que fazem alguns dos representantes das mais altas cortes, para condenar ou absolver determinadas personalidades políticas e empresariais que não podem ser condenadas ou, então, que devem ser condenadas. Em análises casuísticas e através de pareceres esdrúxulos, juristas ‘vendem seus peixes’ para uma plateia desatenta e desinteressada dos problemas nacionais, que aplaudem ou vaiam tão somente de acordo com suas conveniências pessoais ou ideológicas. Por vezes, assistindo à sessão de alguma alta corte sobre determinado assunto jurídico, me vem à mente cenas de alguns dos filmes de Charles Chaplin, como, por exemplo, Tempos Modernos e o Grande Ditador.
Contemplem os acordos internacionais e/ou os empréstimos, sem garantias, estabelecidos com ‘países amigos e ideologicamente afinados’, acordos e/ou empréstimos estes lesivos para o nosso país e em alguns casos criminosos. Em vários desses acordos e/ou empréstimos os verdadeiros objetivos, velados, eram apenas os de transferir dinheiro para fora do país, de modo a fortalecer as economias e as ações políticas ideológicas de determinadas nações comunistas do continente sul americano. Em outros era a de perdoar dívidas e/ou de transferir dinheiro para ditaduras africanas de modo a receber, de volta, parte deste dinheiro público depositada em contas particulares no exterior. Tais episódios assemelham-se aos daquelas comédias de O Gordo e o Magro, em que o vilão, de início levando vantagem, ao final, acaba preso e encerrado em uma cela de algum presídio situado em local distante.
Atentem para os ataques e as defesas feitas por alguns organismos da imprensa e da Grande Mídia, em geral, com respeito a diversas personalidades públicas que precisam ser defendidas (por representarem a manutenção do ‘Status Quo’ e a continuação do apoio a uma mídia venal que subsiste com recursos públicos) ou que precisam ser atacadas (por representarem o combate ao mesmo ‘Status Quo’ e o fechamento das torneiras por onde se esvaem as verbas públicas milionárias de propaganda e de publicidade). Alguns destes episódios poderiam fazer parte de comédias como Les Vacances de Monsieur Hulot, com Jacques Tati.
Mirem o que ocorre nas escolas públicas brasileiras, desde as de primeiro grau até as universidades. Alunos exercendo domínio sobre funcionários e professores; depredando instalações públicas e implantando, muitas vezes, verdadeiros regimes de terror ideológico nas instituições de ensino públicas, com agressões físicas e verbais a professores e a funcionários.
Nas altas esferas da educação nacional, supostos pedagogos e psicopedagogos, que encontraram um lugar ao sol na administração pública em virtude do nepotismo ou de alguma sinecura, introduzem novas regras nas escolas e novas matérias na grade curricular, sem se darem conta do atraso a que submetem nossos jovens estudantes quando comparados aos estudantes de outros países. Vale lembrar que em recente pesquisa divulgada pela UNESCO - The Education for All (EFA) / Global Monitoring Report (GMR), o nosso país (em um ranking, com 127 países, que mede o desempenho na educação) ficou na 88ª posição. Com este resultado, o Brasil ficou atrás de vizinhos sul-americanos como Argentina, Chile, Equador e Bolívia.
Podemos atribuir tudo isto a simples incompetência pedagoga ou, indo mais além, imaginarmos um plano macabro e maquiavélico de impedir os nossos jovens de pensarem por si mesmos, com clareza, discernimento e objetividade (e desta forma evitarem a assimilação de determinada ideologia espúria muito disseminada no meio escolar).
Poderíamos seguir discorrendo sobre tudo aquilo que ocorre em muitos outros setores nacionais; todavia, nosso objetivo não é o de despertar o riso nos leitores, como ocorre nas chamadas comédias de pastelão. Nestas comédias as cenas são fictícias e planejadas para provocar o riso do público. Em nosso país as cenas cômicas (e trágicas ao mesmo tempo) de nossas autoridades são reais e ocorrem por falta de planejamento, por ausência de protocolos de engajamento, por má fé ou por simples incompetência e despreparo dos atores.
Como a história da cinematografia evoluiu ao longo dos tempos, esperemos que a nossa sociedade faça o mesmo e que nos livremos de autoridades que, não sendo nem formadas em artes cênicas e em dramaturgia, são, contudo, especialistas em promover comédias, em inventar dramas e em desempenhar farsas...
Vejam os prejuízos acarretados ao país por medidas erradas, tomadas por certas autoridades públicas à nível ministerial, que deveriam ser especialistas nas áreas em que atuam; porém, que nada mais são do que simples políticos ali colocados em razão de acordos partidários. Muitas medidas tomadas por eles são, pouco depois, canceladas, modificadas ou substituídas por outras, para, pouco depois, serem, novamente, canceladas, modificadas ou substituídas, em um círculo vicioso atroz que demonstra incompetência e descaso. Parece, muitas vezes, que estamos assistindo àqueles velhos filmes dos Três Patetas (Moe Howard, Larry Fine e Curly Howard), nos quais as tropelias se sucediam umas às outras provocando gargalhadas do público espectador.
Observem as manobras judiciais que fazem alguns dos representantes das mais altas cortes, para condenar ou absolver determinadas personalidades políticas e empresariais que não podem ser condenadas ou, então, que devem ser condenadas. Em análises casuísticas e através de pareceres esdrúxulos, juristas ‘vendem seus peixes’ para uma plateia desatenta e desinteressada dos problemas nacionais, que aplaudem ou vaiam tão somente de acordo com suas conveniências pessoais ou ideológicas. Por vezes, assistindo à sessão de alguma alta corte sobre determinado assunto jurídico, me vem à mente cenas de alguns dos filmes de Charles Chaplin, como, por exemplo, Tempos Modernos e o Grande Ditador.
Contemplem os acordos internacionais e/ou os empréstimos, sem garantias, estabelecidos com ‘países amigos e ideologicamente afinados’, acordos e/ou empréstimos estes lesivos para o nosso país e em alguns casos criminosos. Em vários desses acordos e/ou empréstimos os verdadeiros objetivos, velados, eram apenas os de transferir dinheiro para fora do país, de modo a fortalecer as economias e as ações políticas ideológicas de determinadas nações comunistas do continente sul americano. Em outros era a de perdoar dívidas e/ou de transferir dinheiro para ditaduras africanas de modo a receber, de volta, parte deste dinheiro público depositada em contas particulares no exterior. Tais episódios assemelham-se aos daquelas comédias de O Gordo e o Magro, em que o vilão, de início levando vantagem, ao final, acaba preso e encerrado em uma cela de algum presídio situado em local distante.
Atentem para os ataques e as defesas feitas por alguns organismos da imprensa e da Grande Mídia, em geral, com respeito a diversas personalidades públicas que precisam ser defendidas (por representarem a manutenção do ‘Status Quo’ e a continuação do apoio a uma mídia venal que subsiste com recursos públicos) ou que precisam ser atacadas (por representarem o combate ao mesmo ‘Status Quo’ e o fechamento das torneiras por onde se esvaem as verbas públicas milionárias de propaganda e de publicidade). Alguns destes episódios poderiam fazer parte de comédias como Les Vacances de Monsieur Hulot, com Jacques Tati.
Mirem o que ocorre nas escolas públicas brasileiras, desde as de primeiro grau até as universidades. Alunos exercendo domínio sobre funcionários e professores; depredando instalações públicas e implantando, muitas vezes, verdadeiros regimes de terror ideológico nas instituições de ensino públicas, com agressões físicas e verbais a professores e a funcionários.
Nas altas esferas da educação nacional, supostos pedagogos e psicopedagogos, que encontraram um lugar ao sol na administração pública em virtude do nepotismo ou de alguma sinecura, introduzem novas regras nas escolas e novas matérias na grade curricular, sem se darem conta do atraso a que submetem nossos jovens estudantes quando comparados aos estudantes de outros países. Vale lembrar que em recente pesquisa divulgada pela UNESCO - The Education for All (EFA) / Global Monitoring Report (GMR), o nosso país (em um ranking, com 127 países, que mede o desempenho na educação) ficou na 88ª posição. Com este resultado, o Brasil ficou atrás de vizinhos sul-americanos como Argentina, Chile, Equador e Bolívia.
Podemos atribuir tudo isto a simples incompetência pedagoga ou, indo mais além, imaginarmos um plano macabro e maquiavélico de impedir os nossos jovens de pensarem por si mesmos, com clareza, discernimento e objetividade (e desta forma evitarem a assimilação de determinada ideologia espúria muito disseminada no meio escolar).
Poderíamos seguir discorrendo sobre tudo aquilo que ocorre em muitos outros setores nacionais; todavia, nosso objetivo não é o de despertar o riso nos leitores, como ocorre nas chamadas comédias de pastelão. Nestas comédias as cenas são fictícias e planejadas para provocar o riso do público. Em nosso país as cenas cômicas (e trágicas ao mesmo tempo) de nossas autoridades são reais e ocorrem por falta de planejamento, por ausência de protocolos de engajamento, por má fé ou por simples incompetência e despreparo dos atores.
Como a história da cinematografia evoluiu ao longo dos tempos, esperemos que a nossa sociedade faça o mesmo e que nos livremos de autoridades que, não sendo nem formadas em artes cênicas e em dramaturgia, são, contudo, especialistas em promover comédias, em inventar dramas e em desempenhar farsas...
_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.
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