domingo, 11 de abril de 2021

 419. Estranho, muito estranho...


Jober Rocha*


O Brasil conta, na atualidade, com 212 milhões de habitantes. Do total de eleitores, que monta a 148 milhões, cerca de cinquenta e oito por cento votaram em Jair Bolsonaro; certamente, por se sentirem insatisfeitos com as três décadas de governos de esquerda, onde a tônica foi o roubo de recursos públicos, a formação de quadrilha, o aparelhamento do Estado em seus três poderes, o tráfico de divisas e de drogas, as concorrências fraudadas, o nepotismo e a tentativa de implantação de um governo socialista bolivariano, eufemismo de um governo comunista.

A vitória de Bolsonaro, candidato sem recursos, de partido pequeno, com dificuldades para obter um vice, contra a corrupção institucionalizada, vítima de uma tentativa de assassinato; considerando que o governo de então detinha o controle das eleições e de suas apurações, e que inúmeras denuncias apontaram fraude na eleição passada de Dilma Roussef, foi, de certa forma, muito fácil. Digo isto por que, caso o sistema de esquerda, já implantado no país através do Foro de São Paulo, desejasse outro resultado na eleição de 2018, seria muito fácil obtê-lo. A própria prisão de Luís Inácio Lula da Silva, como a de Sergio Cabral, parece ter sido vingança por acordos espúrios não cumpridos. Tantos roubaram tanto, desde há muito, reconhecidamente, e nada lhes aconteceu por isto.

Fico imaginando se, há vários anos, já estivesse previsto, pelos donos do mundo, o lançamento de um vírus fabricado, que daria um reset em todo o planeta, reduzindo o consumo dos recursos naturais e ambientais e, notadamente a população, da ordem de 7 bilhões de seres humanos. Consequentemente, o número de indústrias e a produção mundial seriam reduzidos, o comércio e os empregos também, além de eliminar parcela substancial da humanidade que pesa nas folhas de pagamento e na previdência social. A robótica e a inteligência artificial já chegaram para substitui-los eficazmente, assim pensam aqueles que comandam o planeta. A esquerda, evidentemente, não gostaria que seus governos fossem responsabilizados pelo caos que se seguiria.

Certamente, iriam querer atribuir todo caos e confusão à direita. Isto, caso a minha hipótese seja verdadeira e o plano para o lançamento do vírus já estivesse pronto para ser desfechado, desde há algum tempo.

Inúmeros especialistas em informática já afirmaram que as máquinas eleitorais aqui utilizadas e fabricadas na Venezuela, são facilmente fraudáveis. Não vejo razão plausível para que os partidos políticos não recebam comprovantes dos votos que seus candidatos receberam nas urnas. A não ser o desejo de os organizadores esconderem os verdadeiros resultados. E assim, o sistema implantado elegeu Jair Bolsonaro como boi de piranha.

Eleito presidente Jair Bolsonaro, o governo do país se transferiu, a sua revelia, para o STF, para a Câmara e para o Senado. Os 58 milhões de eleitores sentiram-se totalmente frustrados. A parceria entre o judiciário e o parlamento assumiu o controle do país de forma ilegal e inconstitucional, mas, de fato.

Com a retirada dos poderes do presidente no que tange a atual Pandemia de Covid 19 (poderes que não sejam, unicamente, os de liberar recursos federais) e as suas outorgas aos governadores e prefeitos, o presidente viu-se de mãos amarradas para impedir o descalabro, a prepotência, a má fé de muitos políticos desejosos de aprofundar a crise em seus Estados, de forma a macular e comprometer o governo federal atribuindo-lhe a culpa pela recessão econômica, pelo desemprego, pela inflação e pelo desabastecimento da população.

Digo isto por que na maioria dos países as autoridades Estaduais e municipais buscam combater o vírus, sem a implantação do chamado lockdown; enquanto aqui se busca, ademais de desviar dinheiro público destinado ao combate da pandemia, combater o governo federal e o seu presidente, provocando recessão econômica e desemprego.  Tanto è assim que o Brasil é a única grande economia que aparece com desaceleração, enquanto em todas as outras a situação varia entre “crescimento constante” ou “aumento da expansão”.

Por outro lado, também acho muito estranho o fato de que a parcela maior dos prejudicados com o lockdown não se manifeste através de seus sindicatos e órgãos de classe e que estes não convoquem seus membros para passeatas pelas ruas das cidades, reivindicando o fim do lockdown. Inúmeros profissionais liberais e comerciantes tiveram que cerrar suas atividades, por falta de clientes ou por não poderem manter abertos seus comércios, escritórios e consultórios. Reclamam entre si, mas não vão para a porta dos conselhos regionais, OAB, sindicatos, associações de classe, etc. reclamar o fim do lockdown, cujo caráter, sabemos, é meramente político. Será que os sindicatos existentes encontraram novas fontes de recursos que, agora, já prescindem de seus associados? Será que o crime organizado e as fações criminosas estão sustentando os desempregados da periferia, agora que os criminosos foram libertados das cadeias por ordem superior, sob o argumento frágil de não se contaminarem com o vírus, posto que as autoridades estabeleceram o lockdown para os cidadãos de bem enquanto soltaram os criminosos já confinados? Serão, esses criminosos soltos, os lideres dos moradores das periferias desempregados, em alguma convulsão social que se avizinha em futuro próximo?

A taxa de desempregados no Brasil, hoje, é de 14.2%, representando 14,3 milhões de pessoas, a maioria oriunda das classes mais pobres. Estes, no entanto, não são vistos nas inúmeras passeatas e movimentos populares já realizados no governo Bolsonaro. Será que os recursos do Bolsa Família e do Auxílio Emergencial são suficientes para mantê-los em casa? Estes recursos, no entanto, não poderão ser mantidos por muito tempo mais.

Por causa da queda de receita e dos gastos extras decorrentes da pandemia de covid-19, o governo projeta que a União fechará o ano com déficit recorde de R$ 812,2 bilhões, o equivalente a 11,3% do Produto Interno Bruto. A dívida brasileira monta a cerca de 5 trilhões de reais. Em breve não haverá dinheiro para pagar o funcionalismo, nem para investimentos públicos.

As manifestações que se veem, na atualidade, parecem mais movimentos partidos da classe média, de donos de empresas, de comerciantes e de profissionais liberais, do que de empregados da periferia que perderam os seus empregos e estão famintos e desabastecidos. A crise, parece, ainda não ter atingido o fundo do poço.

Evidentemente, nós, os escritores que não fazemos parte nem dos donos do mundo, nem das autoridades governamentais, apenas podemos especular e trabalhar com a ficção, dando vazas a imaginação.

No entanto, creio que existe alguma verossimilhança em tudo aquilo mencionado, embora eu não possa afirmar serem verdadeiras todas as suposições levantadas.

O nosso povo, além de acomodado, é crédulo, inocente, despolitizado e subserviente. A esquerda aparelhada nos três poderes sabe bem disso, razão pela qual não tem nenhum receio de agir da forma temerária como age. Se não for contida, agora, em suas pretensões, logo a miséria tomará conta do nosso país, como ocorreu com a nossa vizinha Venezuela.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.


sexta-feira, 9 de abril de 2021

418.  A Humanidade precisa de novas religiões ou as religiões precisam de uma nova humanidade?


Jober Rocha*


Em um texto anterior, lembro-me de tê-lo iniciado com a seguinte afirmação: 

    “Na sociedade humana dos dias atuais, entorpecida em virtude da corrupção, dos males da pobreza e do desemprego, da degradação ambiental, da extinção de recursos naturais, das epidemias e enfermidades, da violência, etc., muitos indivíduos sentem-se inclinados a abraçar alguma religião ou, até mesmo, a se dedicarem a uma vida monástica, de modo a se subtraírem de um mundo cuja estruturação e modo de administração não lhes agrada, cuja repartição das riquezas lhes repugna a razão e cuja existência quotidiana não lhes oferece senão padecimentos”.  “O caminho natural para estes indivíduos é o da busca por uma religião que realmente os reconforte, tanto para os que são ateus quanto para aqueles que já possuem alguma religião; religião esta, porém, que não satisfaz plenamente aos seus anseios”.

O que se nota é que muitas pessoas religiosas seguem uma tendência da raça humana, qual seja, a de acreditar em um Criador de todas as coisas e de prestar-lhe homenagens, reconhecimento e servidão, entregando aos seus sacerdotes a responsabilidade por fazer a ponte entre ambos. Dependendo do continente onde hajam nascido e da religião de seus pais, o costume natural deles, desde criança, é o de adotarem esta mesma religião dos pais, devido a pressão que sofrem na família e na sociedade.

Ocorre que todas as religiões existentes no planeta, pregam aos seus seguidores, que, somente por intermédio dela e de suas práticas, conseguirão a cura de enfermidades, o sucesso nas vidas particular e profissional; um lugar no céu das divindades; em suma, promessas de felicidade plena que nenhuma delas está apta a cumprir. Em retribuição por esta suposta prestação de serviços, são regiamente remunerados pelos fiéis. De uma maneira geral, as religiões que servem a um mesmo Deus, deveriam se ajudar mutuamente e se unir em prol de um objetivo comum. Paradoxalmente, são inimigas entre si e cada uma se proclama como a única verdadeira, aquela que conduzirá o adepto ao reino dos Céus.

Aqueles que as seguem, por sua vez, apresentam-se como pessoas corretas, honestas, caridosas, humildes, bondosas etc. , virtudes estas que a maioria delas não possui e que está longe de possuir. Ao não alcançarem o sucesso que almejavam, o seu insucesso passa a ser creditado à pouca fé que possuíam ou ao pouco recurso que desembolsaram para consegui-lo junto às divindades.

O cenário atual, no meu modo de ver, transformou-se, com o passar do tempo, em um jogo de faz de conta: As religiões em seus cultos, a troco de dinheiro, prometem aquilo que não podem cumprir e seus seguidores fazem de conta que são boas pessoas e que desejam prestar homenagens ao Criador de todas as coisas, através dos cultos daquela religião, em troca dos favores que pensam irão receber deste mesmo Criador.

Desta forma, as consciências culpadas, tanto de um lado quanto do outro, se aplacam e todos podem colocar suas cabeças nos travesseiros e dormir em paz, sonhando com um futuro glorioso...

Imagino, todavia, que grande parcela da humanidade atual já não acredita em mais nada. De tanto ver as autoridades se locupletando e agindo contra o povo, de tanto ver religiosos se aproveitando da crendice, ingenuidade e ignorância popular, de tanto ver a justiça vendendo sentenças e o parlamento se prostituindo, a Mídia propagando mentiras diariamente e produzindo desinformação e contrainformação a favor daqueles que pagam mais; qualquer ser humano, por mais medíocre que seja, percebe que algo está errado e que este sistema atualmente implantado já não o satisfaz.

O tão falado Contrato Social, que no passado foi firmado entre as autoridades e o povo, hoje já não faz mais sentido devido às suas clausulas leoninas, onde um lado pode tudo (Três Poderes) e o outo lado não pode nada (povo).

Ocorre-me, nesta hora, uma famosa frase atribuída a Santo Agostinho: "Se não há Justiça, o que é o governo senão um bando de ladrões”?

Creio que grande parte dos seguidores das religiões o faz, na atualidade, por uma ou mais destas razões; por ingenuidade; por desconhecimento histórico de suas origens; pela necessidade de uma crença em dias melhores, nesta época de crise; objetivando receber benesses e favores do Criador; etc.

No texto de número 267 deste blog, existe um resumo sobre todas as religiões, onde os leitores interessados poderão melhor se informar sobre os diversos aspectos de cada uma.

Entretanto, a se acreditar nos princípios 4, 5 e 6 do Caibalion, princípios estes herméticos que regeriam todas as coisas do Universo e que foi atribuído a Hermes Trismegisto, que exerceram grande influência na filosofia grega do século III e voltaram à tona durante a Idade Média e o Renascentismo, podemos, seguramente, imaginar, para o futuro da raça humana, novas formas de religião.

 4 - O Princípio da POLARIDADE: "Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliáveis”.

(Na quarta lei hermética, entendemos que vivemos em um mundo polarizado. Tudo tem uma dualidade: o quente e o frio, o claro e o escuro, esquerda e direita, bem e mal... Quando associamos o princípio da polaridade com o da vibração, porém, compreendemos que as dualidades são duas faces da mesma moeda - em graus diferentes. O escuro não é nada além da luz ausente; a saúde é ausência de doença. A dualidade é, também, a unidade).

A se acreditar neste principio, mal e bem, virtude e vício, crença e descrença são a mesma coisa. Todos os paradoxos são reconciliáveis; ou seja, não existem. Logo, todas as religiões nada mais são do que fábulas, mitos ou mitologias criadas pelo homem. Assim, nada impede que surjam outras no futuro.

5 - O Princípio do RITMO: "Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação”.

(Na quinta lei hermética, entendemos que vivemos em uma dinâmica de ciclos. Tudo o que vai, volta, e vivemos em uma vibração eterna de atração e repulsão, de inspiração e expiração. Assim como podemos estar por cima, certamente voltaremos para baixo, e isso vale tanto para movimentos físicos como o dos astros, frequências mentais e padrões de relacionamento. Por meio da Neutralização, é possível conquistar maior estabilidade dos ritmos).

A se acreditar neste principio, as épocas e seus costumes sempre mudam. O que já ocorreu retorna e o que hoje ocorre retornará algum dia; logo, novas religiões poderão surgir futuramente enquanto as atuais poderão fenecer.

6 - O Princípio de CAUSA E EFEITO: "Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei”.

(Na sexta lei hermética, compreendemos que as coincidências nada mais são do que acontecimentos nos quais as causas ainda não foram esclarecidas. Toda ação tem uma reação e nada é por acaso. Ao dominar os princípios desta lei, é possível ser o agente causador e não apenas sentir os efeitos, de modo que possamos propagar o bem. Quando tal mecanismo é dominado, nos tornamos mestres de nós mesmos).

A se acreditar neste principio, vemos que nada acontece por acaso e que toda ação possui uma reação. Logo, a vida humana estará sempre em mudança e nada do que hoje ocorre durará para sempre, inclusive as religiões.

Ainda, segundo este princípio, imagino que a própria raça humana deverá evoluir física e mentalmente, transformando-se em uma espécie distinta da atual. Qualquer efeito atual, embora tenha uma causa, provocará a causa para novo efeito e assim sucessivamente.

Finalizando, creio que ambas as coisas deverão ocorrer futuramente, A Raça humana se modificará e as religiões também. Muitas delas já não resistem às novas questões suscitadas pela Ciência, pela Tecnologia e pela Filosofia, demonstrando que se fossem criadas por um Deus seriam, para sempre, coerentes e atuais. Como elas foram criadas por seres humanos; possuem inúmeros erros factuais e conceituais atinentes ao nível de conhecimento da época em que foram escritas, que são encontrados nos diversos livros considerados sagrados pelas várias religiões, e explicações que não convencem e, por isso, são consideradas como dogmas (ponto fundamental de uma doutrina religiosa, apresentado como certo e indiscutível; porém, sem nenhuma prova).

Espero que a espécie humana caminhe para a sua expansão com respeito à conservação e a preservação do planeta que habitamos e das demais espécies que conosco convivem. Espero que a nova religião atinja o coração e a mente de todos nós e não de somente alguns. Que aqueles que nos governam parem de pensar, apenas, no bem estar de si mesmo e de seus grupos, para pensar no bem estar de todos os habitantes.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.





sábado, 3 de abril de 2021

 417. A História sempre se repete. A primeira vez como tragédia e a segunda como farsa (Karl Marx)

Jober Rocha*


Na obra “Guerreiros de Hitler”, de Guido Knopp, nós encontramos que antes e durante o Julgamento de Nuremberg, após o fim da Segunda guerra Mundial, a maior parte dos militares nazistas alegou obediência militar e negou qualquer culpa nos eventos criminosos de que participaram.

Um general chamado Beck, todavia, desde o início da guerra declarara: “A obediência de um soldado tem limites, que é quando o conhecimento, a consciência e a responsabilidade proíbem o cumprimento de uma ordem”. Muito poucos militares, no entanto, tiveram coragem de oferecer resistência ativa aos criminosos que controlavam o país, naquela ocasião.

Buscando ascensão nas carreiras, a maioria deles se apegou ao dubio conceito de dever e a tradicional obediência do soldado, que no dizer do teólogo Dietrich Bonhoeffer “O homem que é guiado por deveres e obediências acabará servindo ao próprio diabo”.

A única forma de por um fim a catástrofe nazista, naquela ocasião, era reconhecida pelos militares como alta traição, pois, conforme conceito da época, generais não se rebelam.

O livro de Knopp tenta desvendar por que os principais marechais e generais de Hitler usaram de suas habilidades a serviço de um déspota assassino; o que eles sabiam sobre os crimes do regime; até que ponto eles estavam implicados nestes crimes; quais os limites da obediência militar.

Não me deterei nos comentários do livro, pois são extensos e, certamente, ultrapassariam as quatro ou cinco páginas de um artigo como este.   

Meu objetivo é o de enfatizar que estes comportamentos não findaram com o término da guerra. Em inúmeros países, comandados por déspotas ou por cleptocracias, eles continuam a existir, exatamente da mesma forma como na Alemanha Hitlerista.

Uma única diferença eu percebo, todavia, nestes comportamentos: Os marechais e generais de Hitler provinham da nobreza e das classes de renda mais altas da Alemanha, enquanto que na atualidade, na maioria dos países dominados por déspotas ou por cleptocracias, os generais são oriundos das classes populares. Costuma-se dizer em nosso país que “as forças armadas são o povo fardado”.

Em seu Art. 1º, a Constituição Federal de 1988, declara: A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa

V - o pluralismo político.

Em seu artigo 1º, parágrafo único, a Constituição Federal de 1988, menciona: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Em seu artigo 2º, a Constituição Federal de 1988 dispõe sobre a corrente tripartite, ao prever que “são poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.

Em seu artigo 3º, menciona: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Em seu artigo 5º. A Constituição Federal assegura:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;


Quantas vezes estes artigos foram pisoteados por membros do legislativo e do judiciário, sob o olhar complacente dos militares? Quantas vezes a independência entre os poderes deixou de existir, com o judiciário tomando a frente do executivo e impedindo o presidente eleito, por maioria de votos, de cumprir a missão para a qual foi eleito em sufrágio universal? Quantas vezes o povo que elegeu o presidente foi às ruas, em passeatas contando com milhões de pessoas em todos os Estados da Federação, pedindo uma intervenção nos desmandos praticados pelos outros poderes, sob os olhares complacentes dos militares, para os quais “reinava a calma em todo o território nacional”.

Quantas vezes funções e decisões que são especificas do presidente da república, constitucionalmente, foram delegadas a governadores e a prefeitos, pelo judiciário, sob os olhares complacentes das Forças Armadas? 

Criminosos condenados, traficantes de drogas e chefes de facções criminosas cumprindo penas, confinados em suas celas, foram libertados pelo judiciário sob o argumento frágil de que deviam fazer confinamento em suas casas, para não contrair o covid 19. O maior criminoso do país, condenado em segunda instância, já cumprindo pena, foi libertado através de um casuísmo e, na atualidade, possui transito livre pelo país e pelo exterior, viajando as expensas do erário público, sem nenhuma manifestação crítica por parte das Forças Armadas.

Certamente, em futuro próximo, quando eclodir a convulsão social que já se antevê e muitos forem chamados a responder pelos seus atos, usarão os mesmos argumentos falaciosos usados em Nuremberg pelos generais e marechais de Hitler: cumprimento do dever e obediência aos chefes.

O cel Vitor Filho, da PMMG, está divulgando uma nota em que menciona:

CHAMADA ÀS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL*

(Por um Coronel Veterano da PMMG)

*Senhoras e Senhores Policiais Militares,*

Não é segredo pra ninguém que enfrentamos uma das maiores crises que o Brasil já experimentou. Estudamos isso nas nossas Academias e, por força da nossa profissão, nos mantemos bem informados sobre a ordem geopolítica do mundo. 

Está claro como o sol, que existe um concerto comunista para desestabilizar o Brasil e derrubar o nosso atual Presidente, que elegemos com mais de 60 milhões de votos. A pandemia da Covid 19 caiu como uma luva para os comunistas. Através dela, governadores de estados conspiram contra o Presidente, estabelecendo medidas inconstitucionais para oprimir a população ordeira e destroçar a nossa economia. E pior, estão usando as Polícias Militares como instrumento de força, para levarem à cabo essa opressão. 

Não é sobre salvar vidas! É sobre desestabilizar a economia e derrotar o nosso Presidente em 2022, senão inviabilizar o seu governo e quiçá, promover o seu impeachment, ainda no atual mandato! As forças contrárias são numerosas. Contam com políticos, a maior parte da grande mídia e do próprio Judiciário! Não fossem esses atores, o Brasil estaria experimentando crescimento expressivo em sua economia. Estaríamos voando! 

O nosso Presidente tem lutado bravamente para repelir toda sorte de ataques e pressões! Mas ele está basicamente sozinho! Apenas o povo, que não sabe direito o que fazer, apesar de assustado e aturdido, o apoia. 

Em momentos outros no passado, as Polícias Militares do Brasil tiveram papel preponderante na retomada dos rumos da lei e da ordem, quando ameaças comunistas rondavam nossa Nação. Recordemos 1924, 1932 e 1964, quando as Polícias Militares pegaram em armas e tiveram papel preponderante no restabelecimento da ordem, contra políticos comunistas que se alinharam aos governos da antiga URSS e da própria China. Hoje, no entanto, ainda não precisamos pegar em armas, por enquanto. 

O nosso Presidente está acuado, sob pressão de todos os lados e não tem muito o que fazer, a não ser resistir bravamente à frente do Comando do Brasil. Claramente, ele pede nossa ajuda, como cidadãos! As Forças Armadas não nos parecem atentas ao que acontece, senão por alinhamento contrário, talvez por preguiça. 

Mas nós, Policiais Militares podemos fazer muito e quiçá, tenhamos também a parceria das Polícias Civis e Federal, de todo o Brasil nessa nossa luta, que deve começar agora. E nem precisamos pegar em armas! Basta que não façamos qualquer intervenção policial relativa à pandemia, a não ser na prestação de socorro. Não vamos, a partir de hoje, intervir em: lock-dows, toques de recolher, fechamento de comércio ou qualquer outro ramo da economia, fiscalização de transeuntes sem máscara ou aglomeração, apoio à fiscais das prefeituras em cumprimento de decretos estaduais ou municipais relativos à pandemia, ou quaisquer outras atividades correlatas. 

Se os Governadores pretendem continuar com a opressão ao cidadão de bem e trabalhador, eles que o façam sem a participação das Polícias! Até então, todas as nossas ações nesse sentido estão indo de encontro à tudo que aprendemos em nossas Academias. Fomos forjados para servir e proteger o cidadão de bem. Oprimi-lo, em cumprimento a ordens manifestamente ilegais e até inconstitucionais, vai de encontro à nossa essência! Somos instituições de Estado e não de Governo! Devemos ser leais ao cidadão de bem e ao Estado brasileiro, mas nunca à governos autoritários! Nossas liberdades, que juramos defender, estão sendo suprimidas à conta-gotas! Toda sorte de proibições nos estão sendo impostas. Do uso obrigatório de máscaras, passando por lock-dows, toque de recolher e até o nosso direito de propriedade já está ameaçado, como decretou, recentemente, o Governador de Sergipe. Tudo, contando com a nossa cega obediência como instituições de força! Basta que não participemos desses projetos autoritários! Que os Governadores e Prefeitos inescrupulosos e mal intencionados façam cumprir suas ordens autoritárias por outros meios! Menos com a parceria das Polícias! 

Não é necessário nos amotinar e nem nos rebelar. Vamos continuar defendendo e socorrendo o cidadão e combatendo a criminalidade, como sempre fizemos! Mas cumprir ordens ilegais, não! Ordem ilegal não se cumpre!

*Esse é o chamamento que faço! Não atuar em quaisquer questões relativas à pandemia.*

Ontem, perdemos um companheiro na Bahia, abatido pelos próprios colegas! Não entro aqui no mérito da ação que vitimou nosso companheiro. Mas o que levou o militar àquela situação é assombrosamente relevante: o conflito psicológico entre o que aprendeu nos quartéis e o que estava executando em seus dias de serviço! 

Isso tem que parar! 

Não sejamos instrumentos de força desse projeto, nefasto e desumano, de poder. 

Sem a força de suas Polícias Militares e Civis, não há como os Governadores continuarem solapando e atacando nosso Presidente e arruinando nossa economia. 

Não existe poder sem força! E nós somos a força! Basta direcionar nossos esforços para os caminhos da Lei e da Ordem! 


*Concesso Vítor Filho*

*Coronel Veterano da PMMG*

P.S: Fineza compartilhar, até que essa mensagem chegue a outros estados da Federação. Precisamos de todas as Polícias irmanadas nesse objetivo


quinta-feira, 1 de abril de 2021

 416. Um breve ensaio sobre o medo


Jober Rocha*


Segundo os dicionários, o medo é uma sensação que proporciona o estado de alerta corporal, demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto física quanto psicologicamente. Quando o medo é muito intenso denomina-se pânico ou pavor. A ansiedade, por sua vez, pode ser considerada como o prenuncio do medo. 

O medo tem seu lado bom e seu lado mau. O bom é que previne ações muito arrojadas ou temerárias, que podem expor a vida do agente e de outras pessoas a sua volta. O mau, é que tolhe ações importantes que poderiam salvar a vida do agente e de outras pessoas à sua volta.

O medo acarreta estímulos físicos que se originam na mente dos indivíduos, podendo se transformar em doenças, como fobias (cujo número é enorme na Medicina Psicossomática, passando das centenas ou milhares), síndrome do pânico, etc., e que, muitas vezes, podem incapacitar os indivíduos para o trabalho e para a vida social.

Segundo alguns cientistas, trazemos conosco, algumas vezes, medos que datam do Paleolítico, do Neolítico, do Mesozoico e do Cenozoico, herdados do DNA de nossos ancestrais e que hoje fazem parte do nosso. Segundo eles o medo é um mecanismo de aprendizagem, mas, também evolutivo e de sobrevivência da espécie humana, em geral, e dos indivíduos, em particular.

Em um breve apêndice, mencionarei as idades do homem e como são contadas.

Os povos, em geral, contavam o tempo tendo por referência as suas crenças. Os judeus contam-no a partir da criação do mundo, que supõem haver ocorrido há cerca de seis mil anos. Os árabes contam-no a partir da fuga de Maomé de Meca para Medina, ocorrida 622 anos após o nascimento de Jesus. Os povos que viveram antes do nascimento da escrita são referidos com os povos pré-históricos, não fazendo, portanto, parte dos quatro grandes períodos da história da humanidade, mencionados a seguir.

A Idade Antiga é contada do surgimento da escrita, mais ou menos 4.000 anos antes de Cristo, até a queda do Império Romano, em 476 depois de Cristo (século V).

 Em 533 D.C. o monge Dionisio Exiguo, conhecido como O Pequeno, propôs a divisão da História em dois ciclos: um antes e um depois do nascimento de Cristo. O nascimento ficou sendo o ano 01 D.C, embora Jesus tenha nascido cerca de 4 a 6 anos antes. Anteriormente o tempo, no Império Romano, era contado a partir da data de fundação de Roma.

A Idade Média teve início no século V e foi até a queda de Constantinopla, em 1453 D.C. (século XV). A Idade Moderna se inicia no século XV e vai até a Revolução Francesa de 1789 (século XVIII) e a Idade Contemporânea vem do século XVIII até os dias atuais.

Voltemos agora ao cerne do nosso texto.

Os próprios familiares, desde priscas eras, se encarregavam de colocar medo nas crianças, temendo algum comportamento inusitado por parte destas que lhes acarretasse algum malefício físico ou mental. As religiões, criadas em razão do medo, de modo geral, e as cristãs, de modo particular, fazem o mesmo com seus seguidores, ameaçando-os com sofrimentos e padecimentos, após o desencarne, em regiões desconhecidas normalmente denominadas inferno e purgatório.

Mencionamos que o medo originou as religiões, em virtude de podemos afirmar, com toda a convicção, que as algemas mentais que nos prendem aos troncos da sujeição e do domínio das elites, começaram a ser colocadas com o surgimento dos mitos e das religiões.

A função do mito é, exclusivamente, a de lidar com as angustias dos indivíduos na tentativa de superar o vazio que o ser humano enfrenta diante dos mistérios da criação.

Oliveira Martins, em seu livro “Mitos da Religião” destaca: 

“A Mitologia consiste no sistema dos sonhos primitivos com que o pensamento inconsciente dos povos representa a seu modo a Natureza. O mito e o fato são, pois, na essência, uma e a mesma coisa, vista por maneiras diversas. Tanto o pensamento cria um mito quando representa ou corporifica noções mentais, como quando anima ou define objetos reais”.

“È fato conhecido e estudado que da admiração e do medo, gerados pelo instinto do conhecimento (característica intelectual da espécie humana), nascem os mitos que são a raiz da religião. Assim é absurdo negar a qualquer homem a faculdade mitogenica, como é absurdo afirmar a existência de raças sem religião”.

“A criação de mitos é, assim, uma função espontânea inerente ao espírito humano, da mesma forma que a fala”.

“A função psicológica inventora dos mitos é universal e essencialmente humana O mito é, pois, a parte subjetiva das religiões, enquanto o medo é sua parte objetiva. Este medo do inominado foi o que fez a raça humana tremer e fugir, produzindo o calafrio e a palidez; foi á impressão que levou o homem primitivo a cair de rastros adorando um Deus. Do mito que deu realidade a quimeras, nasceu o medo religioso, nasceu Deus, cuja imagem é sempre dupla “ Bem ou malfazeja, terrível como as sombras errantes animadas ou simpática à maneira da luz do céu sereno”.

“Com o primeiro Deus surgiu o primeiro sacerdote, porque uma autoridade que se sente sem se ver; a quem se obedece e se teme sem se conhecer, envolve, em si, a necessidade de um intermediário”.

“Por outro lado, a alma humana, neste momento da sua compreensão, seria a ponte que colocaria o homem em relação com a divindade, á ponte que ligaria o mundo real ao fantástico, o mundo do sonho ao mundo dos astros”.

“No Céu, no Paraíso, no Olimpo, junto aos deuses, partilhando-lhes a essência e a vida, a alma também seria um intermediário necessário”.

“A tendência para a unidade, por sua vez, é ingênita no espírito humano e toda a mitologia, quer seja animista (percepção infantil do mundo, invenção dos espíritos ou almas, seres fantásticos, etc.), naturalista (ideia de uma causa da existência humana, dos animais e das coisas) ou idealista (o mundo externo e o mundo interno representam-se para a imaginação como aspectos de substancias que, no seu desenvolver, o pensamento reduzirá à pureza de ideias), procede unificando os deuses no seio de uma Doutrina Monoteísta”.

“Houve quem chamasse a religião de uma doença (Fuerbach) e quem a radicalizasse psicologicamente no medo (Schleiermacher)”;

“A religião seria, pois, a doença do medo”. (Grifo meu)

“Outros denominam a religião como a teoria das relações entre o homem e o universo”.

“Resumindo, desde o surgimento do homem sobre a face da terra, as religiões tiveram suas origens no fato dos homens verem, sentirem e explicarem, a seu modo, a existência e, cheios de medo, colocarem-se de joelhos perante o desconhecido. Naquela ocasião tudo em sua volta consistia em sombra e morte. Não havia sociedade, nem leis: não havia moral, nem ciências, surgindo daí os mitos de representação simples. Depois, a sociedade constitui-se como uma cristalização e esboçam-se ideias científicas; isto é, percepções e opiniões obtidas pela comparação e pela observação. Surge, então, outra esfera de mitos, os mitos da invenção, porque é por via deles que o pensamento inventa os casos que solicitam a sua curiosidade”.

“Posteriormente, quando deuses morais e criadores introduzem-se, os mitos sociais e cosmogônicos progridem, pondo, a par da mitologia remota, os ditos mitos do pensamento, que são as invenções abstratas da teologia e da filosofia”.

“Assim, o medo já transformado em respeito e submissão, torna-se amor, piedade e caridade”.

“Surgidas às religiões, consolidadas e adotadas por todas as raças, como uma necessidade intrínseca do ser humano para explicar o inexplicável, surge, também, a associação do sacerdote (como intermediário entre o indivíduo e a divindade) e os detentores do poder temporal terrestre. Desta forma, um poder passa a precisar do outro; posto que, ambos se complementam”.

Desde os tempos imemoriais, os governantes governam pela graça de Deus, ou de Deuses, segundo afirmam eles próprios e confirmam os sacerdotes. Esta associação entre os poderes terrestres e os religiosos, existente em todos os cantos do planeta, além de legitimar os primeiros busca manter os povos conformados com seus destinos; pois, se Deus existe (e isto é fora de dúvida) e escolheu aquele governante, aquela oligarquia, aquele partido ou aquela religião, para cuidar dos destinos daquele povo, não há porque contestar tal escolha. Mesmo porque os verdadeiros valores, aqueles que realmente importam para os seguidores de alguma religião, são os transcendentais que os aproximam da sua divindade. Os bens que devem ser buscados não são os materiais (aqueles buscados avidamente pelos governantes e detentores do poder), mas sim os bens imateriais (as virtudes que devem ser buscadas pelo homem comum para obter uma vida melhor após a morte). Esta colocação, acatada pelas populações religiosas, evita quaisquer contestações sobre legitimidade do poder e sobre a apropriação da riqueza gerada por aquele povo.

Alguns cientistas espiritualistas afirmam que certos tipos de medo apresentado por seres humanos se tratam de experiências mal sucedidas em suas vidas anteriores, como, por exemplo: a claustrofobia (medo de lugares fechados), que teria a sua origem no fato de que o indivíduo, em outra encarnação, sofreu intensamente e veio a falecer em algum lugar fechado, de onde não conseguiu se libertar. O medo do mar, por parte de alguém, pode significar que morreu afogado em outra existência, etc.

Uma diferença importantíssima entre a fobia e a síndrome do pânico, moléstias que acometem parcela significante das populações, mormente em épocas como a que vivemos na atualidade, trata-se do seguinte: o indivíduo fóbico é capaz de se defender da ansiedade ao associá-la a um objeto externo que caracteriza a sua fobia ou medo. O indivíduo portador do transtorno de pânico não pode prever um ataque, por isso é incapaz de se defender quando ele acontece e, como afirmado, um ataque de pânico pode ocorrer a qualquer momento e em qualquer lugar. A ausência de um objeto definido, contra o qual o sujeito possa se defender, pode gerar, muitas vezes, uma sensação de morte súbita ou de iminente loucura.

O Psicólogo Sigmund Freud (1856 – 1939) sempre se interessou pelas fobias, mesmo antes da descoberta do inconsciente. Teria declarado em um de seus trabalhos: “A primeira experiência de medo, pelo menos do ser humano, é o nascimento, e este significa objetivamente ser separado da mãe, podendo ser comparado a uma castração da mãe”. 

Para Jacques Lacan (1901 - 1981), segundo texto da profa. Doris Rinaldi, “o que provoca angústia não é a nostalgia do seio materno, nem a alternância da presença/ausência da mãe. O que é angustiante é quando não há possibilidade de falta, quando a mãe está o tempo todo em cima”.

Ainda conforme o texto, “em primeiro lugar, para Lacan a angústia é um afeto”. “A angústia não é uma emoção, mas um afeto especial que tem estreita relação de estrutura com o que é um sujeito”. “Este afeto especial Lacan diz que é da ordem de uma perturbação e não de um sentimento”.

Carl Gustav Jung (1875 – 1961), em um texto sobre a angústia, afirmava: “Não tem importância saber qual a possível causa original de tal problema. A busca pela causa pode ser enganosa, já que a existência do medo continua, não porque foi originalmente iniciada num passado remoto, mas porque uma tarefa está acionada em você no momento presente, e, enquanto permanecer não finalizada, todo dia ela produz medo e culpas de novo”.

As teorias psicológicas, evidentemente, como nas demais ciências e na Filosofia se sucedem umas as outras. A verdade de hoje é abandonada amanhã, quando surge outra verdade, mais moderna e mais condizente com o pensamento e a realidade atuais. Basta ver como os médicos antigos entendiam as moléstias e as tratavam e comparar tais métodos e tratamentos com os atuais.

Tanatofobia, ou medo da morte, trata-se do medo patológico da morte e se constitui em uma das dez fobias mais comuns entre os seres humanos. Dizem que o medo da morte é a origem de todos os demais medos. Para aonde iremos, o que será de nossos projetos, de nossos familiares? São questões estas que assolam muitos indivíduos a todos os momentos, aumentando-lhes o medo da morte.

O instinto de sobrevivência, inato aos seres humanos, faz com que todos nós sintamos medo em algumas ocasiões. Todavia, como somos distintos uns dos outros, alguns superam o medo que sentem, enquanto outros se deixam por ele dominar. O medo tem muito a ver com o desconhecimento, logo, a presença do conhecimento elimina de início, muitas das razões para se ter medo.

 Muitos indivíduos considerados como heróis nada mais foram do que pessoas comuns, que conheciam o terreno em que pisavam e que tinham a plena convicção de não correrem qualquer perigo, ao fazerem aquilo que fizeram e que os elevou à categoria de heróis. Como disse o general George Smith Patton (1885 – 1945), durante a Segunda Grande guerra: “Se aceitarmos a definição consagrada de coragem como qualidade de não conhecer o medo, então nunca vi um homem corajoso”.

Diversos autores contemporâneos já discorreram sobre o medo em suas obras, como, por exemplo: Políticas do Medo, de Adauto Novaes; Devemos temer a morte, de Francis Wolf; Medos de ontem e de hoje, de Jean Delumeau; Do medo ao terror, de Jacques Ranciere; Elogio ao medo, de Maria Rita Kahl; Racionalização do medo na política, de Maria Isabel Limangi; O medo como virtude de substituição, de Nathalie Fragneux; A construção do medo no cinema, de João Luiz Vieira; O medo como procedimento heurístico e como instrumento de persuasão em Hans Jonas.

Ao longo da História Humana, alguns filósofos também se dedicaram ao tema das emoções, dentre elas o medo. A primeira Teoria das Emoções parece ter sido desenvolvida por Platão, em sua obra Filebo. Aristóteles fez uma análise filosófica interessante sobre as emoções. Inúmeros outros pensadores se dedicaram ao assunto, como Agostinho de Hipona (Santo Agostinho), Tomás de Aquino, o bispo Telésio, Thomas Hobbes, René Descartes, Kant, etc. Não é nosso propósito, porém, descrever o pensamento destes filósofos do passado.

Na atualidade, as massas humanas são conduzidas pelo medo: medo das pandemias, das enfermidades, do desemprego, do desabastecimento, das convulsões sociais, das guerras externas, da fome, da miséria, dos cataclismos, da concorrência predatória, etc. Grande parte destes medos são, artificialmente, criados pela mídia a serviço dos “donos do mundo”. O ministro da Propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbels (1897 – 1945), já dizia, quando ainda estava no poder: "A essência da propaganda é ganhar as pessoas para uma ideia de forma tão sincera, com tal vitalidade, que, no final, elas sucumbam a essa ideia completamente, de modo a nunca mais escaparem dela. A propaganda quer impregnar as pessoas com suas ideias. É claro que a propaganda tem um propósito. Contudo, este deve ser tão inteligente e virtuosamente escondido que aqueles que venham a ser influenciados por tal propósito NEM O PERCEBAM." “Dê-me o controle da mídia e farei de qualquer país um rebanho de porcos”.

Suas antigas ideias foram, desde então, aperfeiçoadas pelos detentores da grande mídia e estes aperfeiçoamentos acabaram sendo estudados pelo professor Noam Chonsky (1928 - ), linguista, filósofo, sociólogo, cientista cognitivo, comentarista e ativista político. Chomsky afirmou que "a propaganda significa para a democracia o mesmo que o porrete significa para o estado totalitário". Desta forma, para Chomsky, a massificação da cultura se dá, basicamente, através de um artifício totalitário servindo a interesses econômicos. É através do medo que somos dominados pelas elites, medo este que faz com que muitos se viciem em drogas alienantes da realidade e que consumam remédios de tarja preta e álcool.

O fato é que com o desenvolvimento de novos fármaco-químicos ansiolíticos (que causam inibição leve do sistema nervoso) os transtornos de ansiedade, como os distúrbios do pânico e as fobias sociais; os transtornos do humor, como a bipolaridade e a depressão; as síndromes psicóticas, como a acatisia; as vertigens e os distúrbios do equilíbrio, podem ser  suprimidos, permitindo aos indivíduos levarem uma  vida normal, sem nenhum medo patológico além daqueles medos comuns provocados pela Mídia, com que somos constantemente massacrados, na atualidade, pelas nossas autoridades.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha;