segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

415.  Histórias de amantes e de amores que a História preservou


Jober Rocha



            Pesquisando na WEB (http://www.educ.fc.ul.pt › hfe › abelardo › abelardohelois) encontrei um resumo da história de amor, verídica, entre Pierre Abélard (1079 – 1142) e Heloisa de Argenteuil (1090 – 1164) , que consistiu em uma história verdadeiramente dramática, como muitas que a História preservou em seus anais e outras tantas que foram, pela mesma História, esquecidas

                O romance, segundo o link resume, iniciou-se na cidade de Paris. Abelardo tinha 37 anos, era filósofo escolástico e teólogo francês e Heloísa 17 anos, escritora, erudita e, mais tarde, abadessa. Heloisa era filha da fundadora da abadia de Fontevraud, Hersint de Champagne, com Gilbert de Garlande, senescal da França. Portanto, ela pertencia a uma família da alta sociedade local.

            “Abelardo, ao ver a jovem Heloísa, ficou encantado com a sua beleza e tentou aproximar-se dela, pedindo ao seu tio Fulberto que o alojasse em sua casa, pois ficaria mais perto da escola onde lecionava e não teria as preocupações de cuidar de uma casa, ficando com mais tempo para se dedicar aos seus estudos”.

            “O tio de Heloísa viu, nesta oferta, uma oportunidade para a sua sobrinha evoluir nos estudos. Assim, Abelardo tornou-se professor de Heloísa”.

            “Todas as horas vagas que Abelardo tinha dedicava-as a ensinar Heloísa, inicialmente na presença do tio Fulberto. Algum tempo depois, Fulberto, confiando em Abelardo, deixava-os sozinhos”.

           “Como Abelardo ensinava na escola durante o dia, dava aulas a Heloísa durante a noite, enquanto o seu tio Fulberto e todos dormiam”.

           “Em pouco tempo, cresceu entre ambos um grande amor e deixaram de se preocupar com os livros e o estudo, fascinados um pelo outro. Viviam esta paixão de forma intensa”.

            “Tanto Abelardo quanto Heloísa eram dois jovens intelectuais, e ao viverem o seu amor sabiam dos perigos que corriam perante a sociedade”.

            “Numa certa noite, o tio Fulberto descobriu o amor escondido entre Abelardo e Heloísa. Furioso, expulsou Abelardo de sua casa. Entretanto, o amor entre Abelardo e Heloísa não diminuiu; pois começaram a se encontrar nos locais que Heloísa podia frequentar sem acompanhantes: sacristias, confessionários e catedrais”.

            “Heloísa engravidou e, para evitar um escândalo, Abelardo levou-a, as escondida, da casa do tio Fulberto para a sua aldeia, em Palais; onde ficou aos cuidados da sua irmã até dar à luz um menino, a que deram o nome de Astrolábio”.

            “Abelardo voltou para Paris, para continuar a ensinar; mas não conseguia estar longe de Heloísa e, assim, foi pedir ao tio Fulberto permissão para casar com Heloísa. Fulberto, embora magoado, consentiu no casamento. Heloísa deixou o filho com a irmã de Abelardo e dirigiu-se a Paris”.

            “O casamento realizou-se durante a noite, às escondidas, numa pequena ala da Catedral de Notre-Dame, de modo a que ninguém desconfiasse. Só estavam presentes os familiares de Heloísa e alguns amigos de Abelardo”.

           “Pouco tempo depois o casamento foi descoberto e Fulberto, envergonhado, resolveu vingar-se de Abelardo. Contratou uns homens para invadirem os aposentos de Abelardo durante a noite e castraram-no”. 

            “Na sua angústia e vergonha, Abelardo obrigou Heloísa a ingressar no mosteiro de Santa Maria de Argenteuil. Heloísa tinha vinte anos. Heloísa fez os votos monásticos e ingressou na vida religiosa por amor a Abelardo. Abelardo retirou-se para o mosteiro de Saint-Denis. Durante muitos anos Abelardo e Heloísa não se viram, apenas trocavam cartas um com o outro. Nestas cartas Heloísa expressava toda a sua dor pela triste sorte do seu amor e toda a sua rebeldia por ter ingressado na vida religiosa e ter vestido o hábito”.

            “Heloísa e Abelardo nunca deixaram de se amar. Anos mais tarde, Abelardo construiu uma escola-mosteiro perto de Heloísa. Viam-se diariamente; mas não se falavam, apenas trocavam cartas”. 

            “Abelardo morreu em 1142, com 63 anos de idade. Heloísa mandou construir uma sepultura em sua homenagem”.

           “Em 1162 morre Heloísa e, a seu pedido, foi sepultada ao lado de Abelardo. Em 1817 os restos mortais dos dois amantes foram levados para o cemitério do Père Lachaise, em Paris”.

 

                 O motivo desta introdução foi o de despertar o interesse dos leitores para uma simples história de amor que, infelizmente, a História esqueceu; mas, que ainda deve permanecer viva na mente de alguns sobreviventes que dela participaram, direta ou indiretamente. Por incrível que pareça, está história também ocorreu na cidade de Paris.

                   Eu tomei conhecimento dela através de um ex combatente brasileiro da Segunda Grande Guerra, que esteve internado em um hospital norte americano, no mesmo quarto em que também estava um dos dois personagens  principais desta bela história de amor, recuperando- se de desnutrição e de diversas moléstias adquiridas em um campo de concentração na Alemanha. Como ambos os pacientes internados conviveram durante meses, juntos naquele mesmo quarto, acabaram por consolidar uma sólida amizade e um ficou conhecendo a história de vida do outro.

                        Anos depois conheci o ex combatente brasileiro que me relatou esta incrível história. Resolvi escrever sobre ela para que, ao menos, em algum lugar do planeta ficasse registrada para a posteridade e algumas pessoas dela tomassem conhecimento.

                        A história que irei relatar, portanto, trata do amor entre  Johnny Rock e Holly Hellen, iniciada durante a vigência da Segunda Grande Guerra Mundial.

                      Johnny era, ao inicio da guerra, um oficial submarinista da Marinha e, posteriormente, por razões de saúde, foi transformado em um agente norte americano servindo na Europa, para apoiar a criação de movimentos de resistência às tropas alemãs. Hellen era uma agente inglesa, também atuando na Europa com finalidades semelhantes; porém, ambos não se conheciam. 

                   A base de operação dos dois era na cidade de Paris.

                    O problema que levou Johnny da Marinha para as ações clandestinas de um agente infiltrado na Europa foi o seguinte:

                  Durante sua vida de submarinista, praticou uma operação bastante arriscada em um porto italiano.  Conduzindo um mini submarino, conhecido também como submarino de bolso pelo seu reduzido tamanho, armado com explosivos, penetrara em um porto italiano com a missão de afundar um cruzador inimigo ali atracado. Conseguiu, na calada da noite, adentrar o porto com a sua carga e posicioná-la debaixo do cruzador; fugindo nadando em seguida. A espoleta de tempo detonara quando ele já se encontrava bem afastado. O navio foi destruído e cerca de três mil marinheiros italianos pereceram nesta operação.

                   Ele, todavia, foi visto nadando nas águas do porto e, rapidamente, aprisionado. Após interrogatórios feitos no local, foi enviado para o quartel da Gestapo, na Alemanha.

                   Ali padeceu torturas intensas. Todavia, como era um militar treinado em fuga e evasão, em breve já tinha pronto um plano de fuga.

                    Tendo conseguido concretizá-lo, fugiu da Alemanha para a Holanda. Passou a seguir pela Bélgica e pela França ocupadas, pela Espanha e conseguiu chegar a Portugal, onde manteve contato com a Marinha do seu país, que o recambiou para os USA.

                   Lá desembarcando, como ele estava tremendamente debilitado, passou meses em tratamento para recuperar-se e poder retornar ao serviço ativo.

                      Como era considerado um herói de guerra, aceitaram logo o pedido que fez para tornar-se um agente infiltrado na Europa. Deram-lhe treinamento adequado e enviaram-no para a França, onde saltou de paraquedas próximo da cidade de Paris. A resistência francesa necessitava do apoio das forças aliadas, para ter uma expressão mais significativa que ultrapassasse as atividades clandestinas e as lutas de guerrilha.

                   Com documentos falsos e dinheiro, conseguiu atingir a capital ocupada, onde manteve contato com os maquis (Maquis é um termo que designa, ao mesmo tempo, os grupos da resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial que se escondiam em zonas montanhosas com vegetação tipo bosques ou maquis, para atacar de surpresa as tropas nazistas, assim como para designar os locais onde eles se escondiam). Os maquis de Paris denominavam-se FFI ou ‘FiFis’, como eram chamados. Eram as Forças Francesas do Interior, que passou a ser a designação dos membros da Resistência Francesa na fase final da Segunda Guerra Mundial. 

                     Em outubro de 1941, no seio da França livre de De Gaulle, foi criado o Bureau Central de Renseignement et d'Action Militaire (BCRA), dirigido pelo coronel Passy e especializado em missões de sabotagem e de informação. As redes do BCRA, criadas e dirigidas em Londres, estavam, portanto, na fronteira entra a Resistência no exterior e a Resistência no interior.

                     Três serviços secretos britânicos passaram a operar em território francês: o Special Operations Executive (SOE), encarregado da execução das operações; o MI6, encarregado da informação; o MI9, encarregado das evasões. Segundo o historiado Michael R. D. Foot, o SOE enviou para a França durante o conflito 1.800 agentes, dos quais 1.750 homens e 50 mulheres, sendo Holly Hellen uma delas. 

                      Um em cada quatro destes agentes foi preso enquanto durou a guerra, sendo está uma proporção elevada; todavia, inferior à de outros países: um em dois nos Países Baixos, um em três na Bélgica. Os agentes do SOE armaram 250.000 resistentes franceses e executaram operações de sabotagem importantes.

                     Quis o destino que Johnny e Hellen se conhecessem durante uma operação de emboscada, montada pelos ‘FiFis’ contra tropas alemãs de ocupação. Nesta operação, Hellen teve a oportunidade de salvar a vida de Johnny.

                        Para comemorar o sucesso da operação procuraram um bar isolado, em um subúrbio da cidade, para beber alguma coisa e conversar. Hellen pediu pastis (bebida alcoólica aromatizada com anis, cujo nome vem do provençal, significando ‘mistura’), enquanto Johnny pediu leite. Ao estranhar seu pedido, pois o leite era racionado (já que estava destinado às crianças), Hellen ouviu dele a história da sua captura e tortura pela Gestapo, quando ficara desnutrido e com a saúde comprometida. Por isso, sempre que podia, ele tomava leite.

                     Hellen, como muitas inglesas de origem celta, era loura e de olhos azuis. Johnny, como americano de ascendência grega, era branco com cabelos pretos e olhos castanhos.

                  Em um clima de guerra, longe das famílias e sozinhos em uma terra estranha, o amor surgiu facilmente entre eles.

                     A partir daquele dia, embora cada um dos dois continuasse desenvolvendo suas próprias atividades junto aos ‘Fifis’, eles procuravam ficar juntos sempre que possível.

                  Costumavam passear de mãos dadas, durante a tarde, pelo Bois de Vincennes (um parque no estilo jardim inglês, a leste de Paris. O parque tem o nome da cidade vizinha de Vincennes), como um casal de namorados. Nestes momentos esqueciam que o mundo estava em guerra e o imaginavam como um lugar de paz e tranquilidade, onde dois amantes podiam conversar coisas de amor, se beijar e desfrutar da Natureza.  Não faziam planos para o futuro, pois este era, naturalmente, incerto.

                       Deixaram os locais onde se hospedavam desde que haviam chegado clandestinamente a Paris e alugaram um pequeno quarto em uma hospedaria. Ambos possuíam documentos de identidade falsos que os tornavam cidadãos franceses e, como ambos falavam fluentemente o francês, imaginaram uma estória de cobertura para justificar suas estadias na cidade, caso fossem parados em alguma ‘blitz’ nazista ou questionados por pessoas locais.

                       Naquele novo alojamento onde se instalaram, podiam desfrutar um do outro sem nenhum receio. Nas frias noites de Paris se amavam debaixo das cobertas até adormecerem cansados. Dormiam, então, abraçados; como dois irmãos siameses unidos pelo coração e pela mente.

                      Em diversas ocasiões marcavam encontro com os ‘Fifis’ no cemitério Père Lachaise, localizado no 20º Arrondissement. Ali, junto com os Maquis, como uma família chorando por entes queridos mortos, em algum túmulo se reuniam, combinavam suas ações armadas e planejavam suas estratégias, aguardando o dia do desembarque das tropas norte americanas, inglesas, canadenses e neozelandesas no continente europeu. A data do desembarque, conhecido como o Dia D, seria anunciada, na véspera de sua ocorrência, através de mensagens de rádio divulgadas pela rádio BBC de Londres. Mal sabiam que naquele cemitério, em duas covas juntas, estavam enterrados os restos mortais de Abelardo e Heloisa, amantes como eles, falecidos quase oitocentos anos antes.

                     Todavia, em uma operação de sabotagem mal sucedida, a instalações militares alemãs, acabaram sendo presos pelos nazistas. Interrogados em Paris, foram levados para o quartel da Gestapo na Alemanha. Após alguns meses de sofrimento com interrogatórios e torturas, foram enviados para o campo de trabalhos forçados de Dachau, na própria Alemanha. Ficaram em alas diferentes, ele na de homens e ela na de mulheres.

                        Aos poucos, conseguiram se comunicar mediante bilhetes enviados através de alguns prisioneiros que possuíam mais liberdade de circulação dentro daquele Campo de Concentração.

                       Johnny ficou sabendo que Hellen estava grávida. Alguns meses depois, soube que ela perdera a criança. Naquele campo a alimentação era escassa e os trabalhos forçados intensos. Ambos se encontravam desnutridos e com diversas moléstias típicas da promiscuidade entre pessoas, da falta de asseio e do frio intenso.

                    No ano de 1945, forças norte-americanas libertaram mais de 20.000 prisioneiros no Campo de Buchenwald e, em seguida, liberaram os campos de Dora-Mittelbau, Flossenbürg, Dachau e Mauthausen.

                  Johnny, com pneumonia e desnutrido, foi, imediatamente, recambiado de volta aos Estados Unidos. No hospital onde ficou foi que conheceu o ex combatente brasileiro que eu conheci mais tarde e que me relatou esta comovente história de amor que ouvira do próprio personagem principal.

                    Após ter se recuperado, Johnny buscou incansavelmente localizar Hellen. Suas buscas, todavia, foram infrutíferas. Jamais conseguiu localizá-la.

                  Fico imaginando quantas belas histórias de amor, semelhantes ou não a esta, devem ter existido ao longo da trajetória do homem sobre a face do planeta e ficaram totalmente desconhecidas da posteridade.

                  Pesquisando, certo dia, na WEB encontrei uma carta escrita em um velho pergaminho de papiro depositado no Musee de L’homme, em Paris. O museu, vinculado ao Museu Nacional de História Natural, é dedicado à apresentação de um vasto painel relativo às ciências humanas, com itens que vão da pré-história até a contemporaneidade, passando pelas áreas da antropologia, etnologia, arqueologia, biologia, meio-ambiente, história e geografia, sempre tendo a raça humana, com sua evolução e cultura, como ponto focal.

                 A carta havia sido descoberta durante uma expedição científica francesa ao Egito, logo após o ano de 1798, quando Napoleão Bonaparte com dezoito mil soldados chegou ao Cairo, dando início a Campanha do Egito, realizada durante a Revolução Francesa. As escavações realizadas na ocasião, no local onde o pergaminho foi encontrado, descobriram túmulos e monumentos da XXV dinastia, que ocorreu entre 724 a.C e 717 a.C (A XXV dinastia egípcia, também conhecida como Dinastia Núbia ou dos Faraós Negros, foi a última do Terceiro Período Intermediário do Egito, que ocorreu após a invasão Núbia. A XXV dinastia era uma linha de faraós que se originaram no Reino de Cuxe, localizado no atual norte do Sudão e no Alto Egito).

                   A correspondência, basicamente, tratava de uma comunicação particular entre um amante preterido e a sua amada. Seus termos eram os seguintes:


“Amiga,

Perdoe-me por chamá-la assim, mas, tendo você comigo rompido, não posso - e não devo mais - tratá-la da maneira carinhosa e apaixonada com que sempre a tratei. 

Não que eu tenha deixado de ter por você o afeto que sempre tive ou que meu amor tenha diminuído um milímetro que seja; mas é que, tendo desfrutado outrora de um infinito amor do qual me julgava correspondido, hoje disponho apenas da memória para manter vivas as belas recordações dos tempos em que estivemos juntos. 

Creio que o mesmo não ocorre com você e, por esta razão, chamo-a apenas de amiga.

Gostaria de dizer-lhe que sua simples passagem pela minha vida, foi suficiente para fazer com que esta se justificasse inteiramente perante os Deuses. 

Pode ser até que estes objetivassem para esta ínfima centelha de vida que criaram, trazendo-me a este mundo, algum propósito maior, nesta breve existência terrestre, de fama, de fortuna ou de sabedoria.

Quero que saiba, entretanto, que de tudo isto eu abdicaria - no caso desta hipótese ser verdadeira - apenas para manter o seu amor, por mim, igual àquele que ainda mantenho por você. 

Creio que basta o amor para justificar, plenamente, a existência humana; pois, tudo o mais passa a ser acessório na vida de dois verdadeiros amantes como nós já fomos.

Reconheço que não são muitas, ao longo da história, as almas denominadas ‘gêmeas’ que conseguiram, após terem se encontrado, continuar unidas e felizes até a extinção de suas apaixonadas vidas. 

A grande maioria sempre ficou pelas margens do caminho; principalmente, porque eram apenas denominadas ‘gêmeas’, não sendo, na realidade, aquilo tudo que pensavam ser. 

Não sei se este será o nosso caso; pois, até agora, não entendi as razões alegadas para o rompimento.

Considerando que tais razões verdadeiramente existiram, peço-lhe, mais uma vez, que as releve. Se destas razões fizer parte o seu amor por outra pessoa, não lhe pedirei tanto; pois o amor que sinto é grande o bastante para desejar vê-la feliz para sempre, não importa que não tenha sido ao meu lado”. 


                        A História oficial sempre documentou inúmeros casos de amor entre pessoas de sexos diferentes, bem como entre indivíduos do mesmo sexo. As principais histórias entre amantes, que estão documentadas historicamente, referem-se aos seguintes personagens mencionados a continuação.

                       Os leitores interessados em conhecer suas histórias, poderão obtê-las em livros ou pesquisando na WEB. Os personagens não estão ordenados por ordem cronológica no tempo. Imagino que para cada uma dessas histórias lembradas devam existir milhares de outras esquecidas.

                        Afinal, o amor, como a força mais sutil de todas, é um sentimento que está sempre além do bem e do mal (como costumava dizer Friedrich Nietzsche) e presente em todas as pessoas, épocas e lugares. Os principais amantes heterossexuais cujas histórias poderão ser conhecidas, pois foram registradas para a posteridade, são:

                         Dante e Beatriz, Pedro I de Portugal e Inés de Castro, Joana ‘a louca’ e Filipe ‘o belo’, Mumfaz Mahal e Shah Vohan, Diego Marcilla e Isabel de Segura, Princesa Diana e Dodi Al Fayed, John Lennon e Yoko Ono, Salvador Dali e Gala, Sissi da Baviera e Francisco José, Liu Guojiang e Xu Chaoqing, Lola Montez e Luis I da Baviera, Pedro I e Domitila de Castro Canto e Melo, Luís Carlos Prestes e Olga Benário, Jesus e Maria Madalena,  Ana Emília Ribeiro de Castro e Dilermando Cândido de Assis, Madame Pompadour e Luís XV, Servilia Caepionis e Júlio César, Marie Walewska e Napoleão Bonaparte, Bonnie e Clyde, Aspasia e Péricles, Salomão e a Rainha de Saba, Henrique VIII e Ana Bolena, Cleopatra e Marco Antônio, Marilyn Monroe e John F. Kennedy, Camila Parker e Príncipe Charles da Inglaterra, Wallys Simpson e Eduardo VIII da Inglaterra, Katherine Hepburn e Spencer Tracy, Khatarina Schratt e Francisco José da Áustria, Monica Lewinsky e Bill Clinton, Pocahontas e John Rolfe, Giuseppe Garibaldi e Anita Garibaldi, Margarida de Valois e Joseph Boniface de La Mole, Frida Kahla e Léon Trotsky.

                             Alguns dos principais amantes homossexuais, cujas histórias também ficaram registradas oficialmente, são: 

Adriano e Antinoo, Oscar Wilde e Alfred Douglas, Willian Shakespeare e William Hart, Rock Hudson e Mark Kristian, Alexandre da Macedônia e Heféstion, Cary Grant e Randolph Scott, Sócrates e Alcibiades, Ricardo Coração de Leão e Felipe II da França.

                               As próprias mitologias grega, hindu, romana, celta, nórdica, maia e egípcia, estão cheias de amores entre os deuses, entre si, e dos deuses com os humanos. Mencionarei alguns destes casos, como, por exemplo, na Mitologia Grega: de Afrodite e Adônis, Eros e Psiquê, Páris e Helena, Hades e Persefone, Orfeu e Eurídice, Hero e Leandro, Aquiles e Pátroclo, Apolo e Daphne, Perseu e Andrómeda, Zeus e Europa. Na Mitologia Hindu: Rama e Sita, Arjuna e Daupradi, Shiva e Parvati, Krishna e Radha, Akash e Akita.

                            Na Mitologia Romana: Daphnis e Chloe, Aeneas e Dido, Marte e Vênus. Na Mitologia Celta, Artur e Guinevere, Tristão e Isolda, Diarmuid e Gráinne, Deirde e Naoise, Oisin e Niamh, Cúchulain e Emer, Midhir e Etain. Na Mitologia Nórdica: Hagbard e Signy, Njord e Skadi, Odin e Frigg, Bragi e Iduna, Baldes e Nanna, Thor e Sif, Loki e Sigyn. Na Mitologia Maia: Ixchel e Itzama.

                            Na Mitologia Egípcia: Osíris e Ísis, Set e Anat, Hórus e Hator, Nut e Geb, Anúbis e Anput.

                          Estou convencido de que cada leitor, se questionado a respeito, teria também uma bela história de amor a contar, talvez até mais emocionante que as citadas. 

                           Sua história, talvez, só não tenha passado para os anais da História, certamente, pela falta de um escritor, de um historiador ou de um cronista social da época, que a relatasse sob a forma de um conto, de um romance, de uma novela, de uma poesia, de uma notícia ou de um fato histórico digno de ser mencionado.

                         Esta é a razão pela qual estes artífices das palavras embora, por vezes, partidários, tendenciosos, enganosos, falsos, dissimulados e astuciosos, têm o poder de conduzir os indivíduos da total obscuridade histórica para os holofotes do palco em que se desenrola a comédia humana, nomeada assim por Honoré de Balzac; isto é, a vida social, onde eclodem todas as paixões.


_*/ Economista e doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.





            

            

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