quarta-feira, 11 de setembro de 2019

304. A Concorrência Pública


Jober Rocha*



                          Durante o início da minha carreira profissional, tive a oportunidade de estagiar em uma repartição pública na Capital. Naquele local, tendo entrado como aprendiz, passei logo a categoria de mestre, tantas foram as oportunidades que tive de conhecer a natureza humana e suas idiossincrasias. 
                                        Aquele simples estágio acabou revelando-se, para mim, mais do que um mestrado ou um doutorado, tantas foram as coisas que aprendi trabalhando junto com empregados comuns, muitos deles subalternos e alguns poucos chefes. Cheguei à conclusão, ao final do estágio de alguns meses, de que na vida pública nada é o que parece. Sob a capa da honestidade e da moralidade, em muitas repartições, praticam-se, sorrindo, as maiores venalidades e dilapidações do patrimônio público.
                                      Quem participa dos esquemas montados, de tudo sabe e recebe sempre a sua parte ou quinhão, conforme previamente combinado. Quem não participa dos referidos esquemas, evidentemente, nada percebe daquilo que se desenrola a sua volta. A minha repartição funcionava como um verdadeiro templo religioso, onde, em meio a exaltação da fé, da esperança, da caridade e das demais virtudes, de um modo geral; também operava, secretamente, uma organização esotérica maligna dedicada aos vícios e às maldades humanas. 
                                     Digo maldades por que, embora ninguém praticasse um ato considerado como tal, diretamente contra algum semelhante, indiretamente os efeitos daquelas ações que ali eram maquinadas, gestadas e concluídas prejudicavam milhares, senão milhões, de seres humanos, em virtude dos valores superfaturados e da baixa qualidade dos produtos, serviços e obras, adquiridos através de concorrências dirigidas, cujos vencedores já eram conhecidos antecipadamente. 
                                  O custo daquelas obras, mercadorias e serviços licitados, como mais tarde vim a saber, dariam para adquirir, no mínimo o dobro do que estava sendo comprado. A péssima qualidade dos materiais empregados, fazia com que tudo se deteriorasse rapidamente, tendo que ser realizada, em seguida, uma nova concorrência. Muitas vezes, adquiriam-se itens em quantidades inimagináveis, que durariam mais de cem anos para serem totalmente consumidos naquela repartição.
                               Inicialmente, por sorte minha que sempre fui muito curioso e gostava de aprender de tudo, fui lotado logo no setor de concorrências. Eu, que era um jovem totalmente inocente, despolitizado, de família humilde e religiosa, que sempre acreditara nos valores espirituais, nos bons sentimentos e princípios, na nobreza de caracteres, me vi, repentinamente, jogado em um covil de feras onde todas possuíam dentes afiados e olhar feroz. Conviviam bem entre elas próprias; a menos que alguma, com mais fome do que as demais, avançasse no pedaço da carcaça do animal abatido pertencente a alguma outra. Aí, então, o ‘pau quebrava’, sendo preciso a intervenção dos outros envolvidos para conter os ânimos. Os territórios e as porções eram sagrados entre aqueles abutres.
                       Foi naquele setor que pude conhecer com maior intimidade os nossos fornecedores. Faziam todos eles parte de uma família numerosa, cujo sobrenome era Mutreta, composta por pai e oito filhos, cada qual com sua firma individual e todas localizadas no mesmo endereço, um velho galpão em um subúrbio distante.
                                    Durante meses, eu, como simples aprendiz, apenas, observava os procedimentos internos, tomando notas mentais e sem interferir em nada. Procurava captar as conversas em voz baixa, quase sussurradas, entre vários colegas. Na hora do almoço, por vezes, algum deles deixava escapar alguma frase comprometedora que, juntando-a com outra frase dita mais tarde por outro colega, permitia que eu me inteirasse de algo que já suspeitava, mas de que não tinha plena certeza.
                                      Resolvi, finalmente, como um agente infiltrado em um ambiente hostil, oferecer-me a um amigo mais chegado para, eventualmente, participar de qualquer atividade extra ali desenvolvida, mesmo que fosse à margem da lei, pois, argumentei, estava noivo e precisava de dinheiro para adquirir o enxoval.
                                            Através deste amigo, fui apresentado a um outro que me apresentou a outro. Este último disse que iria me colocar no grupo de análise das concorrências em andamento, de modo a ser mais um empregado a referendar os resultados. Não falou em dinheiro, mas ressaltou que, se eu trabalhasse bem, só teria a ganhar fazendo parte daquele seleto grupo.
                                         A partir de então, cada vez que o meu chefe anunciava uma concorrência para aquisição de determinada mercadoria ou material, os irmãos Mutreta concorriam com o preço mais baixo e com o preço mais alto. Se algum concorrente, estranho à família, oferecesse um preço intermediário, o irmão com o preço mais baixo ganhava. Se nenhum concorrente estranho aparecesse, o irmão com preço mais baixo desistia e o ganhador era o irmão com o preço mais alto. Já forneciam para aquela repartição há muitos anos. O edital anunciando as concorrências eram afixados atrás da porta da sala do chefe, três dias antes da data da mesma, de modo a que apenas a família Mutreta, que vivia naquele gabinete do chefe, sabia da realização da mesma.
                                           Meu chefe, que frequentava assiduamente a casa deles, recebia inúmeras cestas com alimentos e bebidas, em ocasiões festivas tais como seu aniversário, natal, carnaval, finados, etc. 
                                            Notando eu a baixa qualidade das mercadorias e dos materiais que forneciam para a repartição; bem como, o alto preço unitário daqueles itens, face aos preços de mercado, iniciei por criar um banco de dados com os preços de todos aqueles bens, informações estas que eu coletava mensalmente junto aos fabricantes.
                                           Por outro lado, consultando a legislação sobre concorrências, descobri a existência de normas que impediam a participação de empresas localizadas no mesmo domicilio e pertencentes a uma mesma família.
                                             Na primeira concorrência realizada após a minha chegada, na hora da abertura das propostas, afirmei, com base nas normas por mim coligidas, que as empresas da família Mutreta não poderiam participar por serem da mesma família e estarem localizados no mesmo endereço. 
                                                Após a enorme confusão que se seguiu, fui voto vencido, pois, naquele dia, meu chefe e vários dos seus assessores fizeram parte da comissão de licitação e a única voz discordante foi a minha. Para todos os demais as normas em vigor estavam sendo respeitadas.
                                                  Ao ser posto para fora da sala aos empurrões, ainda consegui argumentar que o preço apresentado pelo irmão vencedor, estava quinhentos por cento acima do preço de mercado; porém, meu chefe, que, imagino, não entendia daqueles aspectos legais e econômicos, deixou-se, mais uma vez, enganar, ordenando que a sala das licitações fosse trancada a chave e ficando sozinho, junto com os irmãos concorrentes, incomunicável pelo resto do expediente do dia.
                                             Como era uma sexta-feira fui direto para casa estudar toda a legislação referente a concorrências e processos licitatórios, buscando uma brecha para anular aquela concorrência, que me parecia totalmente fraudulenta. 
                                                Tendo, finalmente, descoberto um caminho legal bastante promissor, ao chegar cedo na segunda-feira para comunicar o fato ao chefe, não encontrei mais a minha mesa na sala da repartição. Fui informado, por um continuo, que a mesma havia descido, na própria sexta-feira anterior, para o oitavo subsolo onde funcionava a gráfica.
                                                  No lugar onde antes ficava a minha mesa encontrei caído ao chão um bilhete, escrito a mão em uma pequena folha de caderno. Tratava-se de um soneto (ou trova) com apenas uma estrofe de quatro versos ou linhas, que guardei, até hoje, de memória. O soneto (ou trova) dizia:

Todo aquele curioso intrometido
Que se envolve onde não é chamado,
Terá seu corpo para sempre desaparecido
Ou em alguma cova será encontrado...

                                          Sempre fui um grande admirador de poesias, tendo, até mesmo, me arriscado a enveredar em alguns concursos literários com alguns poemas de minha autoria. Aquele soneto (ou trova), entretanto, falou-me logo ao coração. Ademais de apreciar a rima e a métrica do mesmo, percebi que havia sido escrito exclusivamente para mim, por algum poeta anônimo da seção, tentando me alertar sobre algo lúgubre e tenebroso com respeito ao meu futuro naquela repartição pública.
                                          Resolvi, pois, por precaução, ir trabalhar na gráfica, no oitavo subsolo do edifício.
                                    O tanto que aprendi naquele novo local, para os leitores que se interessarem pelo assunto, ficará para ser narrado em próximos textos, como capítulos de uma apostila a serem distribuídos em um curso de pós-graduação em malandragem...

_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

303. A Amazônia é nossa?


Jober Rocha*



                       Segundo o escritor português Eça de Queirós (1845 – 1900), com a proclamação da república em nosso país acabaria, também, além da monarquia, o Brasil. 
                                   Em uma obra publicada depois de sua morte, sob o título de "Cartas Inéditas de Fradique Mendes” (segundo Eça, tais cartas foram as únicas coisas que teriam restado de um grande homem – Fradique - que é apresentado na obra como se tivesse realmente existido. Para corroborar esta ideia, Eça de Queirós introduz personagens autênticas no livro, que tiveram existência verdadeira e que testemunham sobre Fradique), este personagem, criado pelo escritor, escrevendo uma carta sobre a nossa história, diria:
                                     “Daqui a pouco, o que foi o Império estará fracionado em Repúblicas independentes de maior ou menor importância. Impelem a esse resultado a divisão histórica das províncias, as rivalidades que entre elas existem, a diversidade do clima, do caráter e dos interesses, e a força das ambições locais. Por outro lado, há absoluta impossibilidade de que São Paulo, a Bahia e o Pará queiram ficar sob a autoridade do general fulano ou do bacharel sicrano, presidente, com uma corte presidencial no Rio de Janeiro. Os Deodoros da Fonseca vão-se reproduzir por todas as províncias. Cada Estado, abandonado a si, desenvolverá uma história própria, sob uma bandeira própria, segundo o seu clima, a especialidade da sua zona agrícola, os seus interesses, os seus homens, a sua educação e a sua imigração. Uns prosperarão, outros desaparecerão. Haverá talvez Chiles ricos e haverá certamente Nicaráguas grotescas. A América do Sul ficará toda coberta com os cacos de um grande império”.
                                               Diversos historiadores são acordes em afirmar que foi a manutenção da monarquia, logo após a independência de Portugal, que impediu o nosso esfacelamento em diversos países menores, conforme acabou ocorrendo na América Hispânica. Todavia, ao contrario do que previu Eça de Queirós, a república não chegou para esfacelar o Brasil. Evidentemente, a previsão do escritor português não se consumou, até agora. 
                                                Mas, creio que está em vistas de se consumar brevemente, face a escalada crescente e contínua de ações, no âmbito da chamada Guerra Híbrida ou de Nova Geração a que estamos sendo constantemente submetidos, levada a efeito pela cobiça internacional de nossos recursos minerais e de biodiversidade, existentes em profusão na Amazônia; bem como, de percentagem significativa das reservas de água potável do planeta (cerca de 15 a 20 por cento destas se encontram naquela região). Em alguns mapas que circulam pelo mundo, a Amazônia já é tida como não pertencente ao Brasil.
                                                    É fato que a região se desenvolveu bastante durante os governos militares, com a construção de usinas hidrelétricas; com a abertura de estradas como a transamazônica; com a criação da zona franca de Manaus; com o levantamento aerofotogramétrico da região; com o mapeamento dos recursos minerais; com a construção de aeroportos e portos; com a criação de empresas mineradoras; com uma maior presença das forças armadas, com a criação de novos quarteis e a com a transferência de unidades militares de outros Estados da Federação para aquela região.
                                                 Todavia, nos governos militares e naqueles que se seguiram, não se restringiu a livre implantação de ONG’s na região nem a circulação de estrangeiros, como fazem inúmeros países, notadamente aqueles comunistas e muitos dos islâmicos.
                                                     Os governos de esquerda que se sucederam no país nas últimas três décadas, ao mesmo tempo em que sucatearam as nossas forças armadas e desarmaram a população (com vistas a facilitar a implantação do socialismo bolivariano, uma forma cabocla de comunismo tropical), permitiram e incentivaram a venda de terras (inclusive terras indígenas) na Região Amazônica para cidadãos, empresas e Organizações Não Governamentais estrangeiras. 
                                                        A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) atual considera nulas as vendas de terras indígenas feitas para estrangeiros nos anteriores governos de esquerda, por que, segundo notícias da mídia, o governo atual teria detectado 36 contratos de venda, totalizando uma área do tamanho do Estado da Bahia, vendida pelos índios (que as receberam durante os governos petistas) para estrangeiros. Uma das áreas teria sido vendida por U$ 120 milhões para uma empresa irlandesa. Embora a FUNAI atual afirme não reconhecer estas vendas, o Direito Internacional, com certeza, as reconhecerá e qualquer cerceamento de atividades de extração mineral ou de biodiversidade, nestas áreas vendidas, aos seus atuais proprietários, certamente, motivará a intervenção de uma força estrangeira dos países cujas empresas ou cidadãos tenham sido afetados pelo governo brasileiro.
                                                      Hoje um grande percentual da Região Amazônica (e também da Região Centro-Oeste e sul) já não está mais em mãos de cidadãos ou de empresas brasileiros, adquiridos que foram por estrangeiros durante os governos de esquerda. Por outro lado, a população ribeirinha de pescadores e de agricultores; bem como, os que se dedicam ao garimpo e ao extrativismo, têm (segundo informes colhidos em campo, por militares e civis, e divulgados nas redes sociais) sido doutrinados, por Organizações Não Governamentais de esquerda que ali possuem livre trânsito, no sentido de aceitar a internacionalização da região, formando um exército de guerrilheiros junto com integrantes do MST- Movimento dos Trabalhadores sem Terra, prontos a combater contra as forças armadas brasileiras no caso de uma invasão estrangeira. 
                                                    Muitas destas ONG’s recebem verbas diretamente de países europeus e através do Fundo da Amazônia. As informações que têm sido divulgadas mencionam a existência de cerca de cem mil destas organizações na Amazônia. Muitas delas foram responsáveis pela criação de verdadeiros exércitos de potenciais guerrilheiros, buscados entre os caboclos ali residentes e que foram doutrinados e treinados por muitas destas organizações. Tais habitantes da floresta andam armados e possuem experiência de sobrevivência na selva, podendo somar-se às eventuais forças armadas de potências invasoras e tornando inviável, na prática, a defesa da região; reduzindo a afirmação ufanista de que “a Amazônia é nossa” a uma simples frase, cada vez menos proferida pelas pessoas conscientes da nossa vulnerabilidade naquela região.
                                                   Crianças de escolas públicas, em vários Estados da Federação, sem ao menos saber cantar o hino Nacional e reconhecer os símbolos da pátria, falam em revolução social e em ditadura do proletariado, influenciadas por professores e doutrinadores marxistas contratados pelos anteriores governos de esquerda com esta finalidade específica de doutrinação da nossa juventude. Em diversos Estados, ademais, verifica-se a existência de fortes movimentos separatistas, que chegam até a postar matérias a respeito nas redes sociais. 
                                               O caminho para o separatismo e para a implantação de uma grande república socialista bolivariana (ou de várias delas em muitos dos Estados da Federação, notadamente nas regiões Norte, Nordeste e Sul) já se encontra, pois, preparado. A sua deflagração é uma questão de tempo e de oportunidade. Tudo isto que até aqui foi dito não se trata de Teoria da Conspiração, formulação quase sempre feita de forma sardônica e em tom de zombaria, com a qual a esquerda gosta de esconder os seus verdadeiros propósitos e maquinações; bem como, as suas atividades deletérias de cunho ideológico propostas por Marx, Lenin, Stalin, Gramsci, etc.
                                                  Por sua vez, o jornalista e historiador Laurentino Gomes, em sua obra ‘1889’, menciona logo no início que “dos 193 países que, na atualidade, compõem a Organização das Nações Unidas - ONU, 149 se definem como republicanos. A própria Coréia do Norte se intitula uma república democrática popular, embora seja, na realidade, uma monarquia absolutista governada pela dinastia dos Kim, onde o poder passa de uma geração para a outra dentro da mesma família. A China, por sua vez, se apresenta como uma oligarquia de partido único, na teoria comunista, mas, na prática, capitalista”. 
                                                Cuba se apresenta como uma república socialista. É um estado centralizado, organizado segundo o modelo marxista-leninista. O Partido Comunista Cubano é o único partido político oficial e foi comandado pelo ditador Fidel Castro durante 49 anos, isto é, desde 1959 até 2008, passando o governo, a seguir, para o seu irmão Raul Castro. A Venezuela, recentemente, transformou-se em uma República Socialista Bolivariana. Segundo a ONU, o país se encontra em 'estado de exceção'. A esquerda mundial cobra democracia dos países e governos, mas são as primeiras a suprimirem a democracia naqueles países onde alcançam o poder pelo voto ou pela força.
                                                    Inúmeros países no Sudeste da Ásia e na Áfricas se proclamam repúblicas democráticas, mas, na realidade, não passam de ditaduras de partido único ou de monarquias. A própria Rússia se apresenta como uma república semi-presidencialista constitucional, de partido único; mas, seu atual presidente, Vladimir Putin, já se encontra no poder há 12 anos. 
                                               Muitos dos países islâmicos ou são monarquias ou repúblicas democráticas socialistas de partido único. Mesmo nas repúblicas democráticas socialistas de múltiplos partidos, os militares, de uma maneira geral, como na Argélia, permanecem sendo os detentores do poder.
                                                   Portanto, embora inúmeros países ao redor do mundo se intitulem, na atualidade, como uma república (forma de governo na qual o povo é soberano, governando o Estado por meio de representantes investidos nas suas funções em poderes distintos), na prática, nada mais são do que simples ditaduras, onde famílias ou partidos políticos únicos se sucedem e eternizam no poder. 
                                                        As repúblicas verdadeiramente democráticas, com vários partidos políticos de diversos matizes e correntes ideológicas, inclusive comunistas e socialistas, como é o nosso caso, tornam-se muito vulneráveis a cizânia e a influência externa; bem como, ficam difíceis de governar devido ao fato do eventual presidente no poder ser impedido de realizar as mudanças e as reformas necessárias, caso não faça acordos com o legislativo; acordos estes que implicam, quase sempre, em desembolso de dinheiro público ou em concessões de cargos na administração direta, indireta e nas empresas públicas, autarquias, etc. 
                                                O presidente que não tiver o apoio de forte base parlamentar, nada conseguirá implementar. No caso da chamada velha política, em que o apoio parlamentar costuma ser vendido ou trocado por favores (conforme ficou provado no episódio do chamado Mensalão), se o presidente se negar a participar destes esquemas, o problema estará criado; isto é, o presidente não conseguirá aprovar praticamente nada daquilo que vier a propor, inviabilizando, desta forma, a sua administração. Ocorre, ainda,  ser comum a interferência de um poder na esfera de atuação de outro, criando uma situação esdruxula em que todos mandam, menos o presidente da república que foi eleito pelo povo para mandar.
                                           Uma das contradições flagrantes deste nosso sistema é a possibilidade de um Partido Comunista poder concorrer com candidato à Presidência da República. Na hipótese de um candidato deste partido chegar a alcançar a presidência, logo buscará transformar o país em um regime comunista, mudando a constituição, eliminando todos os demais partidos e nacionalizando a economia, como ocorre nos países comunistas. A nossa constituição, felizmente, possui artigos de salvaguarda que, bem empregados na hora certa, podem colocar o país desgarrado de volta aos trilhos novamente, quando, no plano interno, a falência das instituições e a crise social se tornarem patentes e, ainda mais, quando sofrermos ameaças externas com relação a nossa soberania sobre o território nacional, como ocorre na atualidade.
                                                   Mais recentemente, a nível mundial e como uma expansão do globalísmo, foi tentada a implantação daquilo que se chamou de Nova Ordem Mundial, cujos objetivos explícitos, dentre outros, consistiriam na criação de um governo mundial, na abolição das fronteiras entre países, na adoção de uma moeda única, de uma única religião e de sistemas jurídico, político e econômico únicos, para todos os países. Aparentemente esta tentativa, ainda, não deu certo; não estando, todavia, descartada a ideia, apenas, em virtude dos percalços até então encontrados para a sua implantação.
                                                 O Tratado de não proliferação de armas nucleares (TNP) é um acordo entre Estados soberanos assinado em 1968, vigorando a partir de 5 de março de 1970. Atualmente conta com a adesão de 189 países, cinco dos quais reconhecem ser detentores de armas nucleares: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China — que são também os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Índia, Paquistão e Israel são não signatários do tratado, mas os dois primeiros admitem que já realizaram testes nucleares enquanto Israel nunca o fez; no entanto, nunca negou que tenha armas nucleares. Se Israel nunca o fez e chegou até onde chegou, evidentemente, qualquer país que possua o ciclo completo do urânio (jazidas e tecnologia de enriquecimento próprias) também conseguirá fazê-lo. Tratados e acordos, como já disse alguém, são feitos para serem rompidos ou denunciados.
                                               Até o presente, 189 países ratificaram o documento, e nenhum deles se retirou do Pacto, exceto a Coreia do Norte, que o fez em 2003 e, atualmente, já é uma potência nuclear. O Irã segue o mesmo caminho. Em 1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, já no final de sua primeira gestão, decidiu assinar o acordo. A tramitação, no Congresso brasileiro, do projeto que solicitava a autorização para o país subscrever o tratado teve fim em julho de 1998, após passar pelo Senado Federal.
                                               Além da assinatura do TNP, mencionado, o Brasil tem assinado todos os tratados sobre mudanças climáticas. Na ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, foi promovida também a implantação da Declaração sobre as florestas, que tem como principal objetivo ressaltar a necessidade de preservação das florestas existentes no planeta, e a Convenção sobre a Diversidade Biológica que estabelece uma ligação entre preservação e produção econômica a partir da extração de elementos naturais, como matéria-prima para as indústrias.
                                                  Posteriormente no Protocolo de Kyoto, em 1997, foram realizadas várias alterações em relação às metas propostas no Rio, como por exemplo, a de que o conjunto dos países mais industrializados deveria diminuir a emissão de gases de dióxido de carbono.
                                   A Segunda Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida no Brasil como Rio+10, deu origem a uma declaração que endossa e atualiza as resoluções anteriores, e trata de desenvolvimento sustentável de forma mais abrangente e menos restrita ao aquecimento global. O fato é que o Brasil tem sido um dos primeiros países a assinar tratados que nos prejudicam, coisa que muitos países não fazem quando se sentem prejudicados. Os USA deixaram de assinar estes tratados sobre meio ambiente e mudanças climáticas, bem como a China. Ambos são países responsáveis, em grande parte, pela poluição do planeta. Um dos principais objetivos não declarados destes acordos ambientais, consiste na tentativa de redução do desenvolvimento da agropecuária e da industrialização de países emergentes. A atual crise entre Brasil e frança acerca da Região Amazônica, na qual a França se recusa a aceitar o acordo Mercosul  X União Européia, supostamente, em razão das queimadas criminosamente ateadas por pessoas contrárias ao atual governo, esconde, na realidade, interesses de agricultores franceses preocupados com a exportação de produtos agropecuários brasileiros, mais baratos que os franceses, para os demais países da União Européia.
                                            Se desejamos o Brasil pertencendo aos brasileiros, de hoje e das futuras gerações, devemos seguir um exemplo protecionista similar ao do atual presidente norte-americano, que fechou o seu país à imigração, conclamou e incentivou as empresas norte americanas a saírem da China, denunciou antigos tratados de desarmamento e de não proliferação de armas nucleares; bem como, não participou de tratados globais relativos ao clima e ao meio ambiente e retirou-se da Comissão de Direitos Humanos da ONU. 
                                               Note-se que a maior potência mundial, com as forças armadas mais poderosas do planeta, se fechou e se resguardou, temendo o aumento do poderio da China e da Rússia, em aliança para ocupar espaço geoestratégico no mundo, inclusive no continente sul americano e na África. Infelizmente, temos sido dos primeiros a aderir a todo tipo de tratados e acordos internacionais, mesmo aqueles que nos prejudicam na atualidade e, também, quanto ao nosso futuro. Nossa vulnerabilidade atual, em que pese o ufanismo de muitos, é imensa e não teríamos como resistir e rechaçar uma iniciativa de internacionalização da Amazônia. A única solução para não perdermos a região e retomarmos o comando do país é agindo preventivamente, como fez os USA. Neste particular, uma aliança plena com o 'grande irmão do norte' é de fundamental importância, notadamente quando a China e a Rússia buscam aumentar suas influências no continente com a abertura de bases militares e a assinatura de tratados de defesa com alguns países latino-americanos.
                                                  Recentemente, um político brasileiro favorável ao levantamento de restrições à venda de terras para estrangeiros, na Amazônia e em outros Estados, declarou “A Constituição já tem mecanismos para assegurar a soberania nacional”, esquecendo que a soberania nacional é assegurada por forças armadas numerosas, bem armadas, bem treinadas e pela coragem e patriotismo de nossos cidadãos e não por algum documento, alguma lei ou algum decreto presidencial. Este, caros amigos leitores, como podem ver, é o nível daqueles que fazem as nossas leis.
                                                     Um país que possua as nossas dimensões e que contenha recursos minerais estratégicos e raros, aquíferos e biodiversidade em grande escala como os nossos, com forças armadas obsoletas e não sendo uma potência nuclear, certamente, será alvo da cobiça internacional, cobiça esta que acabará mais cedo ou mais tarde por obter frutos, mormente estando o país na ocasião sob o eventual controle de políticos e de autoridades dos demais poderes da república, venais e/ou ideologicamente alinhados com o marxismo apátrida e internacionalista.   
                                                         Se não quisermos ver o nosso país passando por uma convulsão social, fragmentado em vários outros países menores ou termos a nossa Região Amazônica internacionalizada em pouco tempo, creio que devemos passar da fase de irresponsabilidade esquerdista, entreguista e venal, das últimas décadas (quando os governos de esquerda, de maneira traiçoeira, forneceram recursos financeiros escassos dos brasileiros para fortalecer os movimentos comunistas do Continente, além de se beneficiarem com propinas recebidas de grandes empreiteiras de obras públicas), para uma nova fase de responsabilidade politico-militar, conservadora e patriótica.
                                            Reconheço que em época de "comportamentos politicamente corretos", pregados pela esquerda como forma de transvaloração de valores (quando os vícios passam a ser considerados como virtudes e estas consideradas como vícios), as presentes proposições podem soar como verdadeiras heresias, para aqueles mesmos esquerdistas de plantão que não respeitam as religiões...
                                                      Para que alcancemos os nossos objetivos mencionados, portanto, medidas duras e drásticas necessitariam ser tomadas, tal a ordem do aparelhamento das instituições governamentais herdadas dos governos anteriores e da oposição sistemática e antipatriótica da grande mídia, dependente de verbas públicas cujas torneiras foram fechadas pelo atual presidente, alvo, logo a seguir, de campanha difamatória por parte desta grande mídia. Para tal, deveríamos poder contar com o apoio de algumas grandes potências, nos organismos e foros internacionais, de forma a neutralizarmos as ações da esquerda internacional que, sem dúvida alguma, se farão sempre presente tentando desestabilizar um governo de direita.
                                             Teríamos, novamente, a mesma coragem e determinação de nossos ancestrais, que colonizaram e construíram este país para nós, os seus desconhecidos descendentes, os quais (por lhes faltarem visão, patriotismo e liderança) colocariam tudo a perder, no futuro ou na atualidade, entregando à sanha estrangeira um extenso e rico território a duras penas conquistado por nossos ascendentes? 

                                          Seria a nossa dependência econômica e a nossa subserviência política  de tal ordem que jamais conseguiremos romper este paradoxo impeditivo, de uma potência emergente que não emerge, de um país subdesenvolvido que não se desenvolve, de uma nação soberana que vai pegar o dever de casa em organismos internacionais como no FMI ou nas reuniões do G7? 
                                            Essas são questões a serem respondidas pelos brasileiros de todas as cores, raças e religiões. A maioria deve decidir entre sermos todos livres, em um Brasil soberano para os brasileiros, ou sermos escravos de outros povos e de ideologias comunistas espúrias, em uma servidão consentida motivada pela nossa covardia, pela nossa ignorância e pela nossa tradicional venalidade; esta última, hoje, reconhecida mundialmente após a Operação Lava à Jato, operação esta conduzida de forma brilhante e patriótica por uma equipe de juízes, procuradores da república e  agentes policiais federais, verdadeiros heróis nacionais.


_*/ Economista e Doutor pela Universidade de Madrid, Espanha.